P R O T E S TA N T I S M 0
Martin Luthero criador do Protestantismo
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Corrente do cristianismo que surge com a
Reforma Protestante, iniciada no século XVI pelo teólogo alemão Martinho
Lutero. Ele rompe com a Igreja Católica e defende uma reaproximação com
o cristianismo primitivo. Defende ser a fé o elemento fundamental para a
salvação do indivíduo, condena a venda de indulgências pela Igreja e a
degradação moral do clero da época. Fixa na porta da igreja do Castelo
de Wittenberg, no seminário onde leciona, 95 teses questionando dogmas,
preceitos e práticas adotados pelo Vaticano. Essas teses são
consideradas heréticas pela Igreja Católica, e, em 1519, Lutero
afasta-se definitivamente do catolicismo ao negar o primado do papa.
Dois anos depois é excomungado pelo papa Leão X. Com a simpatia de
diferentes setores da nobreza e dos camponeses, o luteranismo difunde-se
na Alemanha.
Expansão e correntes - As teses de Lutero encontram receptividade em
outros países da Europa e acabam por gerar um movimento pela reforma da
Igreja. O nome protestante é atribuído, na época, aos partidários da
reforma que protestam contra a Dieta (assembleia convocada pelos reis)
de Espira, em 1529.
Apesar de perseguido pelo Vaticano, Lutero é amparado pela
aristocracia, traduz a Bíblia para o alemão e funda uma nova igreja. Ele
abole a confissão obrigatória, o culto aos santos e à Virgem Maria, o
jejum e o celibato clerical. Dos sete sacramentos católicos, ele só
aceita os do batismo e da eucaristia. Nem todas as suas teses, porém,
são aceitas por seus aliados em outros países e, em razão disso, o
protestantismo dá origem a diferentes correntes de pensamento teológico e
ao nascimento de novas igrejas cristãs, como a dos seguidores do
francês João Calvino e do inglês John Wesley.
Os protestantes, também chamados de evangélicos, dividem-se atualmente
em três grandes grupos de afinidade teológica. O do protestantismo
histórico, criado a partir da reforma; o pentecostal, surgido no começo
do século XX, e o neopentecostal, o grupo mais recente. No Brasil, o
protestantismo começa a se estabelecer no início do século XIX e hoje
reúne o maior número de adeptos da América do Sul.
Todas as igrejas protestantes celebram Natal, Páscoa, Pentecostes e as
demais festividades cristãs. Também há comemorações particulares a cada
uma delas, como o Dia de Ação de Graças, celebrado pelos luteranos, e o
Dia da Escola Dominical, comemorado pelos metodistas.
PROTESTANTES HISTÓRICOS - Corrente do protestantismo que compreende as
igrejas formadas a partir da reforma, como a Luterana, a Presbiteriana, a
Episcopal Anglicana, a Batista e a Metodista.
Igreja Luterana - É a primeira Igreja saída da reforma, fundada por
Martinho Lutero. A comunidade pode escolher seus pastores e todos os
batizados estão aptos a ser considerados sacerdotes. Acentua-se a
autoridade única da Bíblia, não sendo necessária a interpretação de um
sacerdote. Cada igreja é independente e não é submetida a uma
hierarquia.
Igreja Presbiteriana - Fundada pelo escocês John Knox (1514-1572), tem
seus princípios fundamentais enunciados na Confissão de Fé de
Westminster, em 1643. Segue a doutrina religiosa do teólogo francês João
Calvino (1509-1564), que funda uma corrente do protestantismo. Enfatiza
a leitura e a interpretação da Bíblia e adota o sacramento do batismo
por unção, após o nascimento ou em qualquer idade, e da eucaristia,
chamada de Santa Ceia. As igrejas presbiterianas escolhem seus pastores,
que habitualmente oficiam os cultos e outras atividades, mas são
dirigidas por conselhos de presbíteros, pessoas eleitas pela comunidade
de fiéis e também aptas a realizar o trabalho sacerdotal.
Igreja Episcopal Anglicana - Igreja oficial da Inglaterra criada pelo
rei Henrique VIII, que em 1534 rompe com a Igreja Católica. A reforma
anglicana consolida-se em 1558, sob o reinado de Elizabeth I. Da
Inglaterra difunde-se para as colônias, especialmente a América do
Norte. Assemelha-se ao catolicismo quanto à liturgia. O anglicanismo
admite mulheres como sacerdotes desde 1994.
Igreja Batista - Fundada em Londres, em 1611, por um grupo de luteranos
liderados por Thomas Helwys (1550-1616). Valoriza o sacramento do
batismo e defende sua realização em idade adulta, por imersão em vez de
unção. Para os batistas, a salvação eterna não está relacionada à
execução de boas obras. Difundida principalmente nos Estados Unidos, a
Igreja Batista não usa a cruz como símbolo.
Igreja Metodista - Formada em 1740, com a obra do clérigo anglicano
John Wesley (1703-1791), tem forte influência calvinista. Wesley passa a
fazer reuniões metódicas para exercício de meditação, daí o nome
metodista. A Igreja Metodista aceita o batismo simbólico das crianças.
Defende ser a palavra de Deus suficiente para a salvação, mas critica a
interpretação individual dos textos sagrados. Acredita na cura divina e
na manifestação do Espírito Santo.
PENTECOSTAIS - Movimento que surge em Chicago, Estados Unidos, em 1906,
de uma dissidência dos metodistas, e se difunde rapidamente por outros
países, principalmente na América Latina. Sua doutrina e liturgia
acentuam a atuação do Espírito Santo, como a cura de enfermidades, o
exorcismo e o dom de falar línguas estranhas (glossolalia), manifestação
iniciada com os apóstolos no Dia de Pentecostes. As igrejas
diferenciam-se conforme a ênfase maior ou menor em aspectos doutrinários
específicos.
Adotam, em geral, preceitos mais rígidos que os protestantes históricos
quanto ao comportamento pessoal e social de seus membros. Entre as
igrejas pentecostais tradicionais destacam-se a Congregação Cristã,
Assembleia de Deus e Igreja do Evangelho Quadrangular, fundadas por
missionários estrangeiros no Brasil.
NEOPENTECOSTAIS - Corrente do pentecostalismo mundial nascida nos
Estados Unidos na década de 70 com base nos princípios da Teologia da
Prosperidade. Prega que o sucesso, a felicidade e a prosperidade podem
ser alcançados nesta vida. As igrejas neopentecostais também enfatizam
as manifestações e atuações do Espírito Santo, mas são menos rígidas que
as pentecostais tradicionais em relação ao comportamento pessoal e
social de seus fiéis. Pertencem a esse grupo as igrejas brasileiras
Universal do Reino de Deus, Sara Nossa Terra e Renascer em Cristo.
CRISTÃOS INDEPENDENTES - Formam um grupo específico dentro do
protestantismo porque acreditam que a própria doutrina foi revelada por
uma ação divina especial. As principais igrejas são a Adventista, a
Mórmon e a Testemunhas de Jeová.
Igreja Adventista - Doutrina criada nos EUA por William Miller
(1782-1849), que anunciava a volta de Cristo à Terra em 1844. Divide-se
em vários ramos, como Cristãos Adventistas União da Vida e Advento e
Adventistas do Sétimo Dia, que consideram o sábado dia sagrado. Os
adventistas acreditam que a volta de Cristo está próxima e que os mortos
dormem até a ressurreição.
Igreja Mórmon - Também chamada de Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, é fundada em 1830 pelo norte-americano Joseph Smith
(1805-1844). Mórmon é o nome do livro que o fundador teria recebido das
mãos de um mensageiro de Deus.
Testemunhas de Jeová - Igreja formada em 1875 pelo norte-americano
Charles Russel (1852-1916), por um ramo da Igreja Adventista. Os fiéis
rejeitam as noções de imortalidade da alma e de inferno. Acreditam que
religião e governo são criações do diabo. Defendem a moral rígida e
recusam-se a prestar o serviço militar. Seus locais de encontro se
chamam salões do reino.
Pré-Reforma
A Pré-Reforma foi o período anterior à
Reforma Protestante no qual se iniciaram as bases ideológicas que
posteriormente resultaram na reforma iniciada por Martinho Lutero.
A Pré-Reforma tem suas origens em uma denominação cristã do século XII conhecida como valdenses, que era formada pelos seguidores de Pedro Valdo, um comerciante de Lyon que se converteu ao cristianismo por volta de 1174. Ele decidiu encomendar uma tradução da Bíblia para
a linguagem popular e começou a pregá-la ao povo sem ser sacerdote. Ao
mesmo tempo, renunciou à sua atividade e aos bens, que repartiu entre os
pobres. Desde o início, os valdenses afirmavam o direito de cada fiel
de ter a Bíblia em
sua própria língua, considerando ser a fonte de toda autoridade
eclesiástica. Eles reuniam-se em casas de famílias ou mesmo em grutas,
clandestinamente, devido à perseguição da Igreja Católica Romana, já que negavam a supremacia de Roma e rejeitavam o culto às imagens, que consideravam como sendo idolatria.[4]
John Wycliffe.
No seguimento do colapso de instituições monásticas e da escolástica nos finais da Idade Média na Europa, acentuado pelo Cativeiro Babilônico da igreja no papado de Avinhão, o Grande Cisma e
o fracasso da conciliação, se viu no século XVI o fermentar de um
enorme debate sobre a reforma da religião e dos posteriores valores
religiosos fundamentais.
No século XIV, o inglês John Wycliffe,[5] considerado
como precursor da Reforma Protestante, levantou diversas questões sobre
controvérsias que envolviam o cristianismo, mais precisamente a Igreja Católica Romana. Entre outras ideias, Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva pobreza dos tempos dos evangelistas,
algo que, na sua visão, era incompatível com o poder político do papa e
dos cardeais, e que o poder da Igreja devia ser limitado às questões
espirituais, sendo o poder político exercido pelo Estado, representado
pelo rei. Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a
pobreza dos padres e os organizou em grupos. Estes padres foram
conhecidos como "lolardos". Mais tarde, surgiu outra figura importante deste período: Jan Huss.
Este pensador tcheco iniciou um movimento religioso baseado nas ideias
de John Wycliffe. Seus seguidores ficaram conhecidos como hussitas.[6]
Razões políticas na Reforma
A Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero, embora tenha sido motivada primeiramente por razões religiosas,[7] também foi impulsionada por razões políticas e sociais[7][8][9]
·
os conflitos políticos entre autoridades da Igreja Romana e governantes
das monarquias européias, tais governantes desejavam para si o poder
espiritual e ideológico da Igreja e do Papa,[10][11] muitas vezes para assegurar o direito divino dos reis;
· Práticas como a usura eram condenadas pela ética católica romana, assim a burguesia capitalista que
desejava altos lucros econômicos sentiria-se mais "confortável" se
pudesse seguir uma nova ética religiosa, adequada ao espírito
capitalista, necessidade que foi atendida pela ética protestante e
conceito de Lutero de que o homem é justificado pela fé, sem as obras da
lei (Romanos 3:28) (Sola fide);[11][10][12][13][14][15]
·
Algumas causas econômicas para a aceitação da Reforma foram o desejo da
nobreza e dos príncipes de se apossar das riquezas da igreja romana e
de ver-se livre da tributação papal que, apesar de defender a
simplicidade, era a instituição mais rica do mundo.[16] Também
na Alemanha, a pequena nobreza estava ameaçada de extinção em vista do
colapso da economia senhorial. Muitos desses pequenos nobres desejavam
as terras da igreja. Somente com a Reforma, estas classes puderam
expropriar as terras;[17][18][19]
· Durante a Reforma na Alemanha, autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,[20] substituindo-os por religiosos com formação luterana;[21]
·
Lutero era radicalmente contra a revolta camponesa iniciada em 1524
pelos anabatistas liderados por Thomas Münzer,[21] que provocou a Guerra dos Camponeses.
Münzer comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois
propunha uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade privada,[21] Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina,[21] motivo pelo qual eles romperam.[16] Lutero escreveu posteriormente: "Contras
as hordas de camponeses (...), quem puder que bata, mate ou fira,
secreta ou abertamente, relembrando que não há nada mais peçonhento,
prejudicial e demoníaco que um rebelde".[21]
Na Alemanha, Suíça e França
No início do século XVI, o monge alemão Martinho Lutero, abraçando as ideias dos pré-reformadores, proferiu três sermões contra as indulgências em 1516 e 1517. Em 31 de outubro de 1517 foram pregadas as 95 Teses na porta da Catedral de Wittenberg, com um convite aberto a uma disputa escolástica sobre elas.[22] Esse fato é considerado como o início da Reforma Protestante.[23]
Essas teses condenavam a "avareza e o paganismo" na Igreja, e pediam um debate teológico sobre o que as indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Após um mês se haviam espalhado por toda a Europa.[24]
Após diversos acontecimentos, em junho de
1518 foi aberto um processo por parte da Igreja Romana contra Lutero, a
partir da publicação das suas 95 Teses. Alegava-se, com o exame do
processo, que ele incorria em heresia. Depois disso, em agosto de 1518, o processo foi alterado para heresia notória.[25] Finalmente,
em junho de 1520 reapareceu a ameaça no escrito "Exsurge Domini" e, em
janeiro de 1521, a bula "Decet Romanum Pontificem" excomungou Lutero. Devido a esses acontecimentos, Lutero foi exilado no Castelo de Wartburg, em Eisenach, onde permaneceu por cerca de um ano. Durante esse período de retiro forçado, Lutero trabalhou na sua tradução da Bíblia para o alemão, da qual foi impresso o Novo Testamento, em setembro de 1522.[26]
Enquanto isso, em meio ao clero saxônio,
aconteceram renúncias ao voto de castidade, ao mesmo tempo em que outros
tantos atacavam os votos monásticos. Entre outras coisas, muitos
realizaram a troca das formas de adoração e terminaram com as missas,
assim como a eliminação das imagens nas igrejas e a ab-rogação do
celibato. Ao mesmo tempo em que Lutero escrevia "a todos os cristãos para que se resguardem da insurreição e rebelião". Seu casamento com a ex-freira cisterciense Catarina von Bora incentivou
o casamento de outros padres e freiras que haviam adotado a Reforma.
Com estes e outros atos consumou-se o rompimento definitivo com a Igreja
Romana.[27] Em janeiro de 1521 foi realizada a Dieta de Worms,
que teve um papel importante na Reforma, pois nela Lutero foi convocado
para desmentir as suas teses, no entanto ele defendeu-as e pediu a
reforma.[28] Autoridades de várias regiões do Sacro Império Romano-Germânico pressionadas pela população e pelos luteranos, expulsavam e mesmo assassinavam sacerdotes católicos das igrejas,[20] substituindo-os por religiosos com formação luterana.[21]
Toda essa rebelião ideológica resultou também em rebeliões armadas, com destaque para a Guerra dos Camponeses (1524-1525).
Esta guerra foi, de muitas maneiras, uma resposta aos discursos de
Lutero e de outros reformadores. Revoltas de camponeses já tinham
existido em pequena escala em Flandres (1321-1323), na França (1358), na Inglaterra (1381-1388), durante as guerras hussitas do século XV, e muitas outras até o século XVIII. A revolta foi incitada principalmente pelo seguidor de Lutero, Thomas Münzer,[21] que
comandou massas camponesas contra a nobreza imperial, pois propunha uma
sociedade sem diferenças entre ricos e pobres e sem propriedade
privada,[21] Lutero por sua vez defendia que a existência de "senhores e servos" era vontade divina,[21] motivo pelo qual eles romperam,[29] sendo que Lutero condenou Münzer e essa revolta.[30]
Em 1530, foi apresentada na Dieta imperial convocada pelo imperador Carlos V, realizada em abril desse ano, a Confissão de Augsburgo, escrita por Felipe Melanchton [31] com o apoio da Liga de Esmalcalda. Os representantes católicos na dieta resolveram preparar uma refutação ao documento luterano em agosto, a Confutatio Pontificia (Confutação),
que foi lida na dieta. O imperador exigiu que os luteranos admitissem
que sua confissão havia sido refutada. A reação luterana surgiu na forma
da Apologia da Confissão de Augsburgo, que estava pronta para ser apresentada em setembro do mesmo ano, mas foi rejeitada pelo Imperador. A Apologia foi
publicada por Felipe Melanchton no fim de maio de 1531, tornando-se
confissão de fé oficial quando foi assinada, juntamente com a Confissão de Augsburgo, em Esmalcalda, em 1537.[32]
Ao mesmo tempo em que ocorria uma reforma em um sentido determinado, alguns grupos protestantes realizaram a chamada Reforma Radical. Queriam uma reforma mais profunda. Foram parte importante dessa reforma radical os anabatistas, cujas principais características eram a defesa da total separação entre igreja e estado e o "novo batismo" [33] (que em grego é anabaptizo).[34]
João Calvino.
Enquanto na Alemanha a reforma era liderada por Lutero, Na França e na Suíça a Reforma teve como líderes João Calvino e Ulrico Zuínglio.[35]
João Calvino foi inicialmente um humanista.
Foi integrante do clero, todavia não chegou a ser ordenado sacerdote
romano. Depois do seu afastamento da Igreja romana, este intelectual
começou a ser visto como um representante importante do movimento
protestante.[36]Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1533 [37] onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se
um centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece desde
então como uma figura central da história da cidade e da Suíça. Calvino
publicou as Institutas da Religião Cristã,[38] que são uma importante referência para o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas.[39]
Os problemas com os huguenotes somente concluíram quando o rei Henrique IV, um ex-huguenote, emitiu o Édito de Nantes,
declarando tolerância religiosa e prometendo um reconhecimento oficial
da minoria protestante, mas sob condições muito restritas. O catolicismo
romano se manteve como religião oficial estatal e as fortunas dos
protestantes franceses diminuíram gradualmente ao longo do próximo
século, culminando na Louis XIV do Édito de Fontainebleau,
que revogou o Édito de Nantes e fez de Roma a única Igreja legal na
França. Em resposta ao Édito de Fontainebleau, Frederick William
de Brandemburgo declarou
o Édito de Potsdam, dando passagem livre para franceses huguenotes
refugiados e status de isenção de impostos a eles durante 10 anos.
Ulrico Zuínglio foi
o líder da reforma suíça e fundador das igrejas reformadas suíças.
Zuínglio não deixou igrejas organizadas, mas as suas doutrinas
influenciaram as confissões calvinistas. A reforma de Zuínglio foi
apoiada pelo magistrado e pela população de Zurique, levando a mudanças significativas na vida civil e em assuntos de estado em Zurique.[40]
No Reino Unido
O curso da Reforma foi diferente na Inglaterra. Desde muito tempo atrás havia uma forte corrente anticlerical, tendo a Inglaterra já visto o movimento Lollardo, que inspirou os hussitas na Boémia. No entanto, ao redor de 1520 os lollardos já não eram uma força ativa, ou pelo menos um movimento de massas.
Henrique VIII Rei da Inglaterra - 1537, Museu Thyssen-Bornemisza
Embora Henrique VIII tivesse defendido a Igreja Romana com o livro Assertio Septem Sacramentorum (Defesa dos Sete Sacramentos),
que contrapunha as 95 Teses de Martinho Lutero, Henrique promoveu a
Reforma Inglesa para satisfazer as suas necessidades políticas. Sendo
este casado com Catarina de Aragão, que não lhe havia dado filho homem, Henrique solicitou ao papa Clemente VII a anulação do casamento.[41] Perante a recusa do papado, Henrique fez-se proclamar, em 1531, protetor da Igreja inglesa. O Ato de Supremacia, votado no parlamento em novembro de 1534, colocou Henrique e os seus sucessores na liderança da igreja, nascendo assim o anglicanismo. Os súditos deveriam submeter-se ou então seriam excomungados, perseguidos [42] e executados, tribunais religiosos foram instaurados e católicos foram obrigados à assistir cultos protestantes,[43] muitos importantes opositores foram mortos, tais como Thomas More, o bispo John Fischer e alguns sacerdotes, frades franciscanos e monges cartuxos. Quando Henrique foi sucedido pelo seu filho Eduardo VI em
1547, os protestantes viram-se em ascensão no governo. Uma reforma mais
radical foi imposta diferenciando o anglicanismo ainda mais do
catolicismo romano.[44]
Seguiu-se uma breve reação romana durante o reinado de Maria I (1553-1558). De início moderada na sua política religiosa, Maria procura a reconciliação com Roma, consagrada em 1554, quando o parlamento votou o regresso à obediência ao papa.[41] Um consenso começou a surgir durante o reinado de Isabel I. Em 1559, Isabel I retornou ao anglicanismo com o restabelecimento do Ato de Supremacia e do Livro de Orações de Eduardo VI. Através da Confissão dos Trinta e Nove Artigos (1563), Elizabeth alcançou um compromisso entre o protestantismo e o catolicismo romano: embora o dogma se aproximasse do calvinismo, só admitindo como sacramentos o Batismo e a Eucaristia, foi mantida a hierarquia episcopal e o fausto das cerimônias religiosas.
John Knox.
A Reforma na Inglaterra procurou
preservar o máximo da Tradição Romana (episcopado, liturgia e
sacramentos). A Igreja da Inglaterra sempre se viu como a ecclesia anglicanae, ou seja, A Igreja cristã na Inglaterra e não como uma derivação da Igreja de Roma ou do movimento reformista do século XVI. A Reforma Anglicana buscou ser a "via média" entre Roma e o protestantismo.[45]
Em 1561, apareceu uma confissão de fé com
uma Exortação à Reforma da Igreja modificando seu sistema de liderança,
pelo qual nenhuma igreja deveria exercer qualquer autoridade ou governo
sobre outras, e ninguém deveria exercer autoridade na Igreja se isso
não lhe fosse conferido por meio de eleição. Esse sistema, considerado
"separatista" pela Igreja Anglicana, ficou conhecido como congregacionalismo.[46] Richard Fytz é considerado o primeiro pastor de uma igreja congregacional, entre os anos de 1567 e 1568, na cidade de Londres. Por volta de 1570, ele publicou um manifesto intitulado As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo.[47] Em 1580, Robert Browne, um clérigo anglicano que se tornou separatista, junto com o leigo Robert Harrison, organizou em Norwich uma congregação cujo sistema era congregacionalista,[48] sendo um claro exemplo de igreja desse sistema.
Na Escócia, John Knox (1505-1572), que tinha estudado com João Calvino em Genebra, levou o Parlamento da Escócia a abraçar a Reforma Protestante em 1560, sendo estabelecido o presbiterianismo. A primeira Igreja Presbiteriana, a Igreja da Escócia (ou Kirk), foi fundada como resultado disso.[49]
Nos Países Baixos e na Escandinávia
Erasmo de Roterdão
A Reforma nos Países Baixos,
diferente de alguns outros países, não foi iniciado pelos governantes
das Dezessete Províncias, mas sim por vários movimentos populares que,
por sua vez, foram reforçados com a chegada dos protestantes refugiados
de outras partes do continente. Enquanto o movimento anabatista gozava
de popularidade na região nas primeiras décadas da Reforma, o
calvinismo, através da Igreja Reformada Holandesa, tornou a fé
protestante dominante no país desde a década de 1560 em diante. No
início de agosto de 1566, uma multidão de protestantes invadiu a Igreja
de Hondschoote na Flandres (atualmente Norte da França) com a finalidade de destruir as imagens católicas,[50][51][52] esse
incidente provocou outros semelhantes nas províncias do norte e sul,
até Beeldenstorm, em que calvinistas invadiram igrejas e outros
edifícios católicos para destruir estátuas e imagens de santos em toda
a Holanda,
pois de acordo com os calvinistas, estas estátuas representavam culto
de ídolos. Duras perseguições aos protestantes pelo governo espanhol
de Felipe II contribuíram para um desejo de independência nas províncias, o que levou à Guerra dos Oitenta Anos e eventualmente, a separação da zona protestante (atual Holanda, ao norte) da zona católica (atual Bélgica, ao sul).[49]
Teve grande importância durante a Reforma um teólogo holandês: Erasmo de Roterdã.
No auge de sua fama literária, foi inevitavelmente chamado a tomar
partido nas discussões sobre a Reforma. Inicialmente, Erasmo se
simpatizou com os principais pontos da crítica de Lutero, descrevendo-o
como "uma poderosa trombeta da verdade do evangelho" e admitindo que, "É
claro que muitas das reformas que Lutero pede são urgentemente
necessárias.".[53] Lutero
e Erasmo demonstraram admiração mútua, porém Erasmo hesitou em apoiar
Lutero devido a seu medo de mudanças na doutrina. Em seu Catecismo
(intitulado Explicação do Credo Apostólico, de 1533),
Erasmo tomou uma posição contrária a Lutero por aceitar o ensinamento da
"Sagrada Tradição" não escrita como válida fonte de inspiração além da
Bíblia, por aceitar no cânon bíblico os livros deuterocanônicos e por reconhecer os sete sacramentos.[54] Estas e outras discordâncias, como por exemplo, o tema do Livre arbítrio fizeram com que Lutero e Erasmo se tornassem opositores.
Catedral luterana em Helsinque, Finlândia
Na Dinamarca, a difusão das ideias de Lutero deveu-se a Hans Tausen. Em 1536 [55] na Dieta de Copenhaga,
o rei Cristiano III aboliu a autoridade dos bispos católicos, tendo
sido confiscados os bens das igrejas e dos mosteiros. O rei atribuiu a
Johann Bugenhagen, discípulo de Lutero, a responsabilidade de organizar uma Igreja Luterana nacional.[56] A Reforma na Noruega e na Islândia foi uma consequência da dominação da Dinamarca sobre estes territórios; assim, logo em 1537 ela foi introduzida na Noruega e entre 1541 e 1550 [55] na Islândia, tendo assumido neste último território características violentas.
Na Suécia, o movimento reformista foi liderado pelos irmãos Olaus Petri e Laurentius Petri. Teve o apoio do rei Gustavo I Vasa,[57] que rompeu com Roma em 1525, na Dieta de Vasteras. O luteranismo, então, penetrou neste país estabelecendo-se em 1527.[55] Em 1593, a Igreja sueca adotou a Confissão de Augsburgo. Na Finlândia,
as igrejas faziam parte da Igreja sueca até o início do século XIX,
quando foi formada uma igreja nacional independente, a Igreja Evangélica
Luterana da Finlândia.
Em outras partes da Europa
Na Hungria,
a disseminação do protestantismo foi auxiliada pela minoria étnica
alemã, que podia traduzir os escritos de Lutero. Enquanto o luteranismo ganhou uma posição entre a população de língua alemã, o calvinismo se tornou amplamente popular entre a etnia húngara.[58] Provavelmente, os protestantes chegaram a ser maioria na Hungria até o final do século XVI, mas os esforços da Contrarreforma no século XVII levaram uma maioria do reino de volta ao catolicismo romano.[59]
Fortemente perseguida, a Reforma praticamente não penetrou em Portugal e Espanha. Ainda assim, uma missão francesa enviada por João Calvino se estabeleceu em 1557 numa das ilhas da baía de Guanabara, localizada no Brasil, então colônia de Portugal. Ainda que tenha durado pouco tempo, deixou como herança a Confissão de Fé da Guanabara.[60] Por volta de 1630, durante o domínio holandês em Pernambuco, a Igreja Cristã Reformada (Igreja Protestante na Holanda) instalou-se no Brasil. Tinha ao conde Maurício de Nassau como seu membro mais ilustre. Esse período se encerrou com a Guerra da Restauração portuguesa.[61] Na Espanha, as ideias reformadas influíram em dois monges católicos: Casiodoro de Reina, que fez a primeira tradução da Bíblia para o idioma espanhol, e Cipriano de Valera, que fez sua revisão,[62] originando a conhecida como Bíblia Reina-Valera.[63]
Contrarreforma
Massacre de São Bartolomeu.
Uma vez que a Reforma Protestante desconsiderou e combateu diversas doutrinas e dogmas católicos, e provocou as maiores divisões no cristianismo,[64][65] a Igreja Católica Romana convocou o Concílio de Trento (1545-1563),[66] que resultou no início da Contrarreforma ou Reforma Católica,[67] na qual os jesuítas tiveram um papel importante.[68] A Inquisição e
a censura exercida pela Igreja Romana foram igualmente determinantes
para evitar que as ideias reformadoras encontrassem divulgação em Portugal, Espanha ou Itália, países católicos.[69] As
igrejas protestantes por sua vez, ao mesmo tempo em que propagavam a
bíblia e suas ideias graças a invenção da máquina tipográfica de Johannes Gutenberg,[10] também tornaram proibidos uma série de livros católicos e outros que contrariavam suas doutrinas.[70] Edward Macnall Burns observou que "do câncer maligno da intolerância", "não escaparam católicos nem protestantes".[71]
O biógrafo de João Calvino, o francês Bernard Cottret, escreveu:
“
|
Com o Concílio de Trento (1545-1563)…
trata-se da racionalização e reforma da vida do clero. A Reforma
Protestante é para ser entendida num sentido mais extenso: ela denomina a
exortação ao regresso aos valores cristãos de cada "indivíduo".
|
”
|
Segundo Bernard Cottret, diferente da pregação romana que defende a salvação na igreja [72]:
“
|
A reforma cristã, em toda a sua
diversidade, aparece centrada na teologia da salvação. A salvação, no
cristianismo, é forçosamente algo de individual, diz mais respeito ao
indivíduo do que à comunidade.[73]
|
”
|
Seguiram-se uma série de importantes acontecimentos e conflitos entre as duas religiões, como o Massacre da noite de São Bartolomeu, ocorrido como parte das Guerras Francesas, organizada pela casa real francesa contra os calvinistas franceses (huguenotes), em 24 de agosto de 1572 e duraram vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas. Números precisos para as vítimas nunca foram compilados,[74] e até mesmo nos escritos dos historiadores modernos há uma escala considerável de diferença,[75] que
têm variado de 2.000 vítimas, até a afirmação de 70.000, pelo
contemporâneo e apologista huguenote duque de Sully, que escapou por
pouco da morte.[76][77]
Nos países protestantes por sua vez, foi feita a expulsão e o massacre de sacerdotes católicos,[78] bem como a matança em massa de aproximadamente 30 000 anabatistas, desde o seu surgimento em 1535, até os dez anos seguintes.[7] Na
Inglaterra, por sua vez, católicos foram executados em massa, tribunais
religiosos foram instaurados e muitos foram obrigados à assistir cultos
protestantes,[79] forçando assim sua conversão ao protestantismo mediante o terror.[79]
Protestantismo
Um dos pontos de destaque da reforma é o
fato de ela ter possibilitado um maior acesso à Bíblia, graças às
traduções feitas por vários reformadores (entre eles o próprio Lutero) a
partir do latim para as línguas nacionais.[80] Tal liberdade fez com que fossem criados diversos grupos independentes, conhecidos como denominações. Nas primeiras décadas após a Reforma Protestante, surgiram diversos grupos, destacando o luteranismo, que foi o grupo originador do movimento de Reforma da Igreja Católica e as Igrejas Reformadas ou calvinistas (presbiterianismo e congregacionalismo). Nos séculos seguintes, surgiram outras denominações com destaque para os batistas e os metodistas.
EXPANSÃO E CORRENTES, PROTESTANTES HISTÓRICOS, IGREJA LUTERANA, IGREJA
PRESBITERIANA, IGREJA EPISCOPAL ANGLICANA, IGREJA BATISTA, IGREJA
METODISTA, PENTECOSTAIS, NEOPENTECOSTAIS, CRISTÃOS INDEPENDENTES, IGREJA
ADVENTISTA, IGREJA MÓRMON, TESTEMUNHAS DE JEOVÁ.
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