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Deus – Inteligência Suprema do Universo causa primária de todas as coisas. Ontem, hoje e sempre, meu amparo, meu refúgio, me protegendo dos desafetos e de todo mal.

Dedico esse livro a todos os radialistas desta cidade, aos presentes e a aqueles que partiram para o além túmulo, invocando a proteção divina para todos eles.

Prefácio

O presente livro é uma obra produzida, através da experiência do autor, que durante 38 anos trabalhou nas principais emissoras de rádio de Ituiutaba. O material aqui descrito tem como finalidade principal mostrar fatos e personagens que ao longo dos anos mostraram a importância dessas emissoras e dos profissionais que passaram por elas, em épocas diferentes, cada um a seu modo, registra a importância dessas emissoras e o que elas representaram na área da comunicação, desde a década de quarenta, quando começaram suas atividades, para o desenvolvimento desta cidade e região.

Aqui o leitor e os apaixonados por rádio irão conhecer a importância de uma emissora de rádio desta cidade, na vida das pessoas e qual o papel que ela exerceu na economia regional e quem é considerado o ícone do rádio em todos os tempos na cidade, e o que ele representou para os ouvintes, para a radiofonia propriamente dito, e para as futuras gerações de profissionais de rádio.

Irá se deleitar com as pérolas do rádio, os micos que marcaram humoristicamente os profissionais que entram diuturnamente, através dos aparelhos de rádio, nos lares daqueles que não vivem sem rádio. Irá saber como agem e como se relacionam esses ouvintes, com os profissionais de rádio.

O leitor irá conhecer fatos que ocorreram nesta cidade e que se não fosse às emissoras de rádio e os profissionais de rádio, teriam ficado no anonimato e mais tarde certamente trariam inúmeros prejuízos para o desenvolvimento desse município.

Nesse livro o leitor vai ficar sabendo, qual foi o primeiro radialista que se elegeu a um cargo público nesta cidade, quando tantos outros tentaram, e qual a importância desse fato para a população.

O Livro, Eu e as emissoras de Rádio, conta o surgimento do Rádio no Brasil e os bastidores do rádio nesta cidade e como os empresários das empresas de rádio agiam com relação aos profissionais de rádio e qual a importância que davam a essas emissoras e a seu público alvo, “os ouvintes”.

José Moreira Filho

Professor e Escritor

Aparelho de rádio usado no Brasil até a década de 80

Segundo alguns autores, a tecnologia de transmissão de som por ondas de rádio foi desenvolvida pelo italiano Guglielmo Marconi, no fim do século XIX, mas a Suprema Corte Americana concedeu a Nikola Tesla o mérito da criação do rádio, tendo em vista que Marconi usara 19 patentes de Tesla em seu projeto.

Invenção das emissoras de Rádio

Antena de transmissão de rádio

Na mesma época em 1893, no Brasil, o padre Roberto Landell de Moura também buscava resultados semelhantes, em experiências feitas em Porto Alegre, no Bairro Medianeira, onde ficava sua paróquia. Ele fez as primeiras transmissões de rádio no mundo, entre a Medianeira e o morro Santa Teresa.

Surgimento do Rádio no Brasil

Em  7 de setembro de 1922, no centenário da Independência do Brasil, o presidente Epitácio Pessoa, acompanhado pelos reis da Bélgica, Alberto I e Isabel, abriu a Exposição do Centenário da Independência no Rio de Janeiro. O discurso de abertura de Epitácio Pessoa foi transmitido para receptores instalados em Niterói, Petrópolis e São Paulo, através de uma antena instalada no Corcovado.

No mesmo dia, à noite, a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, foi transmitida do Teatro Municipal para alto-falantes instalados na exposição, assombrando a população ali presente. Era o começo da primeira estação de rádio do Brasil: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Edgar Roquette Pinto, a emissora foi doada ao governo em 1936 e existe até hoje, mas com o nome de Rádio MEC. Essa transmissão é tida como a pioneira, no âmbito oficial. Porém, a emissão radiofônica pioneira deu-se no Recife, em 1919, através da Rádio Clube de Pernambuco. Em abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro é inaugurada, sob a direção de Edgar Roquette Pinto, e é reconhecida como a primeira Rádio do Brasil, no entanto, em fevereiro de 1923, a Rádio Clube de Pernambuco, já operava com um transmissor de 10 watts.

Primeiras transmissões realizadas

O início da história do rádio foi marcado pelas transmissões radiofônicas, sendo a transcepção utilizada quase na mesma época. Consideram alguns que a primeira transmissão radiofônica do mundo foi realizada em 1906, nos Estados Unidos por Lee de Forest experimentalmente para testar a válvula tríodo.

As primeiras transmissões para entretenimento regulares, começaram em 1920 na Argentina e nos Estados Unidos.

No Brasil, inicialmente apenas militares poderiam ter aparelhos de rádio, a lei foi revogada por Francisco de Sá, e a primeira transmissão civil foi realizada no dia 6 de abril de 1919, a partir de um estúdio improvisado na Ponte d'Uchoa, no Recife, pela PRA 8, Rádio Clube de Pernambuco, tendo à frente o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. Sobre este fato o Jornal do Recife (já extinto) noticiou no dia 7 de abril de 1919:

- Consoante convocação anterior, realizou-se ontem na Escola Superior de Eletricidade, a fundação da Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio. Ninguém desconhece a utilidade e proveito dessa agremiação, a primeira do gênero fundada no País.

- Idealizada, construída, operada e direcionada para um grupo elitista, a emissora não teve muita repercussão, por não existirem receptores nas residências àquela época. Mas hoje existem bilhões de receptores de rádio espalhados pelo  mundo todo, dando a essa ferramenta de comunicação o prêmio de primeiro lugar na preferência popular por ser mais importante veículo de comunicação existente no planeta, pois é capaz de transmitir de qualquer parte do mundo na hora que os fatos estão acontecendo, sendo mais importante que a própria televisão que é audiovisual. É sobre esse instrumento magnífico que vou falar agora, o Rádio, na cidade de Ituiutaba. Antes porém vamos conhecer um pouco da história do precursor do rádio no Brasil. Edgar Roquette-Pinto:

Edgar Roquette-Pinto – Pai do Rádio Brasileiro

Edgar Roquette-Pinto no estúdio da primeira emissora de rádio do Brasil, a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro

Muitas pessoas já dedicaram parte de sua vida ou toda ela, à construção e desenvolvimento do Brasil. Uma delas foi Edgard Roquette-Pinto, principalmente quando percebeu profeticamente em 1922, a importância do rádio como a forma de comunicação popular e democracia cultural em nosso país. 

Médico, antropólogo e educador brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, em 25 de setembro de 1884, Roquette-Pinto foi o precursor da radiodifusão brasileira, sempre com o objetivo de difundir cultura e educação. Graduou-se em medicina, com especialização em medicina geral, mas logo rumou para a Antropologia, sendo nomeado professor assistente de antropologia do Museu Histórico Nacional em 1906. 


Conheceu então uma das figuras mais marcantes para sua biografia e para história do Brasil, o tenente-coronel Cândido Mariano da Silva Rondon. Roquette-Pinto acompanhou Rondon em uma de suas expedições a Serra do Norte, tendo contato com os índios Nhambiquaras e pioneiramente filmando uma civilização que ainda vivia na pré-história em plena alvorada do século XX. Filmava e tomava apontamentos a todo instante em seus cadernos de viagem. Nessa expedição – e em toda a sua vida - foi etnógrafo, sociólogo, geógrafo, arqueólogo, botânico, zoólogo, linguista, farmacêutico, legista, fotógrafo, cineasta e folclorista. Com todas as experiências e anotações que trouxe na bagagem, Roquette-Pinto passou os 4 anos seguintes escrevendo um dos marcos da Etnografia brasileira, o livro “Rondônia”, que o levaria posteriormente à Academia Brasileira de Letras. Em 1922 a então rádio telefonia é mostrada ao País na exposição comemorativa do centenário da Independência do Brasil. Roquette-Pinto entusiasmou-se com os novos equipamentos que não despertava especial atenção dos freqüentadores da referida feira. Vislumbrou-lhe o futuro. 

No início de 1923, convicto da importância educativo-cultural do rádio, sensibilizou com suas ideias o presidente da Academia Brasileira de Ciências e fundou, em 20 de abril daquele mesmo ano, a primeira estação de rádio no Brasil, a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro, instituição de caráter basicamente educativo-cultural que funcionava como uma sociedade real, sobrevivendo das doações de seus sócios. Anos depois, para não transformá-la em um veículo comercial, Roquette-Pinto preferiu doá-la ao Ministério de Educação e Cultura. Nascia assim a atual Rádio MEC. Em 1927 ingressou na Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira 17.

Dois anos depois realizou as primeiras demonstrações televisuais no Brasil. Incansável, em 1934 fundou a Rádio Escola Municipal do Rio de Janeiro, emissora de caráter estritamente educacional atuando nos vários níveis de ensino. Em 1946 a Rádio Escola passou a se denominar Rádio Roquette-Pinto, homenageando seu fundador e idealizador, que idoso e enfermo, não concordava com a homenagem. Mesmo assim o Prefeito Henrique Dodsworth, à revelia, deu o nome de Roquette-Pinto, ainda em vida, à emissora. Edgard Roquette-Pinto, este grande pioneiro, viria a falecer alguns anos depois, a 18 de outubro de 1954 aos setenta anos de idade. Deixando a sua marca de realizações e idealismo. Ideal este retomado pelo Governador Sergio Cabral e a atual orientação da emissora, que se iniciou em 2007 com o radialista Artur da Távola e continua a partir de 2008, com a jornalista Eliana Caruso trazendo para a 94,1 FM uma comunicação moderna, com programação própria de música, jornalismo, cultura abrangente e democrática, sem perder o enfoque educativo e de prestação de serviço. 

A Rádio MEC descende da pioneira Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923, por Roquette-Pinto, Henrique Morize e outros membros da Academia Brasileira de Ciências e da sociedade da época. Como, naquela época, o modelo de programação mais próximo do que pretendiam botar no ar era a programação das agremiações lítero-musicais, movidas a palestras e recitais, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro constitui-se como uma agremiação desse tipo – com o diferencial de que podia irradiar os seus saraus. Durante seus 13 anos de existência, a emissora manteve uma programação eminentemente “cultural”, e, demonstrando que cultura também “educa”, “ensinou” poesia, literatura e ciência, “educou” ouvidos para a música de concerto e “deu as primeiras aulas” de pronúncia padrão brasileira da língua portuguesa.

Ninguém tem dúvida de que o rádio brasileiro foi um dos principais responsáveis pela unificação linguística do país, mas nem todos sabem que a coisa começou com a Rádio Sociedade, Assim, apesar de transmitir uma programação cultural, a Rádio Sociedade também foi o berço da ideia do rádio educativo – uma idéia que amadureceu enquanto Roquette-Pinto era seu diretor, e que estava pronta, quando ele doou a estação ao governo. Em 1936, a nova lei de comunicações exigiu que todas as estações aumentassem a potência de seus transmissores e, Roquette-Pinto, que dirigia a descapitalizada Rádio Sociedade, descartando a possibilidade de buscar capital na praça e tornar-se um empresário do ramo das comunicações, preferiu doar a emissora ao, então, Ministério da Educação e Saúde. Mas impôs as condições de que a rádio transmitisse apenas programação educativa/cultural e não fizesse proselitismo de qualquer espécie – comercial político ou religioso. Tal compromisso, assumido através de ato jurídico perfeito, foi mantido até 1995, quando, logo no início de seu governo, Fernando Henrique Cardoso desvinculou a Rádio daquele ministério e colocou-a, junto com a TVE - atual TV Brasil, sob a tutela da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. 

A Rádio Ministério da Educação e Saúde, depois Rádio Ministério da Educação e Cultura e hoje Rádio MEC, é uma rádio de resistência cultural, e tem prestado um inestimável serviço. Uma legião de ilustres colaboradores produziu, ao longo de sete décadas, uma programação única. Produtores, músicos, escritores, rádioatores, poetas e jornalistas como Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Manoel Bandeira, Geny Marcondes, Fernanda Montenegro e Fernando Torres, Sergio Viotti, Otto Maria Carpeaux, René Cavé, Fernando Tude de Souza, Magalhães Graça, Edna Savaget, Francisco Mignone, Alceo Bocchino, Edino Krieger, Marlos Nobre, Paulo Santos, Nelson Tolipan, entre muitos outros.

Filme faz nascer inspiração para eu seguir carreira de radialista

HD início de carreira

Início a narrativa dessa história nos idos de 1967, quando pela primeira vez pensei em ser radialista. Isto aconteceu quando eu tinha apenas 21 anos de idade. Assisti a um filme épico chamado Bem Hur, gostei muito de um texto interpretado (dublado) no início do filme, pelo consagrado Radialista brasileiro Rames Calheiros, onde ele narrava a saga dos judeus em um filme sobre o nascimento de Jesus e que contava a história do Judá Ben Hur.

Fiquei com aquele texto na cabeça e uma semana após ter assistido aquele filme um grande radialista de saudosa memória desta cidade, Gilson Humberto, amigo do meu irmão Hélio Dias, que também era radialista, nos fez uma visita, naquela oportunidade me ouviu interpretando o referido texto da abertura do filme que eu havia decorado. O texto foi esse: “No ano em que nasceu Jesus, a Judéia era dominada por Roma, por Cezar. Os judeus obedeciam pagavam tributo aos romanos, mas nunca esqueciam as velhas tradições que um dia viria o Messias prometido, para tirar os judeus do julgo da tirania de Roma.

“Aproximava-se a Páscoa, e todos os judeus tinham que voltar a cidade de origem para serem cadastrados pelos romanos, mas eles voltavam, era para comemorar o dia mais importe para o seu povo: A Páscoa que significa passagem”. Ele ficou empolgado com minha voz e me sugeriu que fosse fazer um teste na emissora onde ele e meu irmão Hélio trabalhavam. 

Confesso que fiquei empolgado com a ideia, ser radialista representava uma grande conquista profissional para mim, o rádio sempre foi e sempre será um grande instrumento de comunicação de massa, formador de opinião, quem era radialista tinha como tem até hoje, um grande prestígio em todas as classes sociais. Isso tanto é verdade, com a ajuda do rádio me elegi vereador por quatro mandatos em Ituiutaba.

Com o respaldo de meu mano Hélio que desfrutava de muito prestígio junto aos proprietários da emissora onde trabalhava, por ser um excelente profissional, uma semana depois eu fazia um teste de locução na Rádio Difusora AM, arrendada pelos cancellas que eram proprietários também da Rádio Cancella AM. Como era de se esperar, para minha alegria, confirmando o que havia previsto anteriormente, o amigo Gilson Humberto, passei no teste e fui trabalhar de auxiliar de locução com um ícone do rádio ituiutabano, Elmory Pereira Lisboa (Pereira). Isso acontecia em fevereiro de 1967. Foi na verdade o amigo Pereira que me deu as primeiras aulas de impostação de voz, de como interpretar um texto, para que o ouvinte entendesse com clareza a mensagem anunciada.

Durante todo o ano de 1967, fiz locução comercial na rádio Difusora AM, para minha alegria faziam programas nesta emissora, Dr. Manoel Tiburcio (Social), Sergio Danilo, Osvaldo de Barros, Hélio Dias, Gilson Humberto, Elmory Pereira Lisboa, (Esportes, noticioso e Disk Jokey).

Rádio Platina, e Rádio Cancella AM, as primeiras emissoras de Ituiutaba

A Rádio Cancella foi inaugurada no dia 17 de março de 1963, os cancellas que já tinha arrendado a Rádio Difusora AM inauguravam a sua própria emissora, sob a direção competente do Sr. José Manoel Pinheiro e sob a gerência de J. Reis, com o objetivo de dinamizar e oferecer ao público ouvinte de Ituiutaba uma nova opção no setor de comunicação, pois já existia na cidade a tradicional Rádio Platina AM, inaugurada em 1946, uma das mais antigas emissoras de rádio do país.

A Rádio Cancella para alcançar seus objetivos contratou uma equipe de consagrados locutores, com: José de Oliveira Arantes, Manoel Alves Valadão, Eduardo Gouveia, Olgmar Eudes Matos, Eduardo Gomes, Sebastião Barbosa, Gilson Humberto, Rui Barbosa Castanheira, Elmory Pereira Lisboa, Hélio Dias.

Foto: Revista Os Meios de Comunicação - Manoel Alves Valadão e José Manoel Pinheiro – Diretor da Rádio Cancella AM

Outros consagrados - Visrael Bragante, Antônio Humberto e Silas Paulo, esse último Silas Paulo, enlutou o rádio ituiutabano na década de setenta, com seu passamento trágico. Estava pescando no Rio Paranaíba, e devido uma forte chuva ocorreu uma grande enchente e como eles estavam pescando no meio do rio em canoa de motor, devido às fortes ondas, o barco virou e segundo consta, ele não sabia nadar e foi levado pelas águas traiçoeiras do Paranaíba, na localidade chamada Porto do Gouveinha. Amigos e demais familiares salvaram-se por milagre. Silas a exemplo de seu irmão Antônio Humberto foram dois grandes comunicadores que passaram pelo rádio tijucano. Silas era casado com a professora que depois se tornou vereadora, Neuza Domingues, eles tiveram um filho, meu amigo Flávio Domingues, empresário na área de mídia (interage), a quem rendo minhas homenagens pelo papel que ele desenvolve em favor da mídia em Ituiutaba. Mas a emissora não parou ai, tempos depois trouxe de Uberlândia, Sergio Martinelli, Nhô Cido, Jota Vasco, mais tarde fez parte ainda do quadro de locutores: Edvaldo Brito. Osmar Silva, João Batista Rodrigues, Agenor Humberto Silvério e J. Silva, e eu Hairton Dias.

Lembrando que Waldir Fonseca, Olavo Drumond, Lamberto Fontes e José Cortez (NhôQuim), comandaram os primeiros programas sertanejos da emissora.

Por sua vez a Rádio Platina, a pioneira tinha em seu quadro funcional, verdadeiras lendas do microfone: Élvio Sena, Fernando Santiago, Ricardo Abalém, Agnaldo Zócolli, Abadio Costa, Cezar França, Raul Paulo, Horácio Costa e Maurício Fabiano que mais tarde abandonou o rádio e ingressou na televisão, onde trabalha até hoje, fazendo brilhantes reportagens (TV Integração/Rede Globo).

Rádio Difusora AM a partir de 1969 vive uma nova fase em Ituiutaba

Com a inauguração da Rádio Cancella, a Rádio Difusora que era oriunda da cidade de Araxá, foi adquirida pela família Abdulmassih, de Tupaciguara, pelo Sr. Fauzi Abdulmassih e irmãos, e por uma questão comercial, não transferiu a emissora para aquela cidade, mesmo porque, em Tupaciguara já possuíam uma emissora com o mesmo nome. Mas voltando a Ituiutaba, a Rádio Difusora que havia sido adquirida pelos Abdulmassih iria funcionar a partir de 1969, em sua nova fase, na Av. 17, entre as ruas 22 e 24, nº 1045, sob a direção de um dos irmãos do Sr. Fauzi, Dr. Jeuid Abdulmassih.

A partir dessa nova fase, a Rádio Difusora AM, contratou para fazer parte de seu Cast de profissionais: Abadio Costa, João Batista Rodrigues, Ronei Bentes, Fausto Carvalho, Naby Gouveia, Marcos Roberto, Edvaldo Brito e Agenor Humberto. Mais tarde veio outros profissionais, como Ricardo Abalém, Marco Antônio, Codady da Silveira, Taquaral, Jota Silva, Leitão, Cezar França, Elmory Pereira Lisboa, Marco Antônio (Boca), Marquinhos de Almeida, Adeilton José, Donizete Oliveira, Donizete de Freitas, Zildomar de Oliveira, Hairton Dias (1992).

Sonoplastas responsáveis pelo som das emissoras de rádio

As emissoras de rádio para funcionarem precisam de sonoplastas, encarregados de rolar os discos, jingles, vinhetas, passar o microfone para os locutores e realizar produção dos programas. Destaques da Rádio Cancella: Geraldo Nogueira, Sebastião Irineu (Muchacho), Ronan Oliveira, Lázaro Cruz, Carlos Alberto Vasconcelos, Edmar Mariano, João Zete e Odeir Pimenta. Na Rádio Platina, Toninho Silva, Euzair Bernardes, Bernadete Gonçalves, José Duran e Rony silva. Na Rádio Difusora: Marco Antônio (Boca), Marquinho de Almeida, Romes Assis e Chiquinho, Donizete Oliveira e Adeilton José. Hoje ainda existem os sonoplastas, mas grande parte das emissoras têm o chamado D'Jei, que além de fazer locução, faz também sonoplastia.

Com as três emissoras de rádio funcionando a concorrência era muita grande. Cada uma queria ser melhor que a outra. No final da década de sessenta a cidade contava com pouco mais de setenta mil habitantes e era difícil manter uma boa equipe de rádio, devido os custos que eram altos, para se ter um bom profissional.

Programa Ofertas Musicais o mais consagrado programa de Utilidade pública do rádio brasileiro

A Rádio Platina por ser a pioneira sobressaía às concorrentes, pois tinha em seu quadro funcional, nome igual a um dos ícones do rádio triangulino Fernando Santiago que apresentava o programa, “Nosso Sítio”, campeão de audiência por mais de 40 anos no ar. Sem falar no mais consagrado programa de utilidade pública que o rádio brasileiro já apresentou: “Ofertas Musicais” ficou no ar desde que a emissora entrou no ar, até a mudança de nome, para Rádio Globo, em 2011.

Este programa apresentado pela Rádio Platina cumpriu um papel importantíssimo na área de comunicação, pois antigamente o Telefone existia praticamente nas capitais brasileiras; não existia Jornal; e nem Televisão; internet nem pensar; correio, postar uma carta levava até trinta dias para chegar ao seu destino; já existia o Telégrafo, mas de uso apenas oficial, o rádio era o meio de comunicação de toda esta região do Brasil central, da emissora partia aviso para cidades dos estados de Matogrosso, São Paulo, Goiás e toda região do Triângulo Mineiro, cidade e campo. Isso representava um grande rendicap para a emissora.

Todo mundo usava a Rádio Platina para anunciar o seu produto ou passar avisos pessoais ou de interesse comercial. Exemplo: João comunica que irá vender todo o algodão; Joca tem quinhentas sacas de arroz para vender, interessados tratar nas Três Vendas; Interessados em comprar banha de porco em lata deve tratar com o Sr. José Dias, no açougue Primavera; Antonio avisa que seguirá com lotação para o nordeste, no inicio do mês de março, saída da Pensão São Pedro; Cícero avisa aos fazendeiros que chegou um grande número de peões do nordeste, interessados tratar na Pensão São Pedro. Vista e calce toda família, com os artigos das Casas Pernambucanas, e assim a coisa ia fluindo.

Mas passou também alguns avisos muito curiosos e folclóricos, para toda zona rural dos municípios de Ituiutaba, Capinópolis, Santa Vitória, Ipiaçu, Centralina, Campina Verde, Prata, Guarinhatã, Canápolis, Cachoeira Dourada de Minas e de Goiás, Caçu, Mateira:

“Atenção Fazenda Três Vendas – Maria avisa seu esposo que deu a luz a um lindo garoto. mãe e filho passam bem. Pede pra trazer galinha para fazer sopa”;

 “Atenção fazenda Córrego do Macaco – Baracate avisa ao Pedro fulano de tal que se não vier acertar o que deve na loja irá ai e vai cobrar, além da dívida, toda despesa da viagem. Esse tipo de aviso hoje, da processo por danos morais;

 “Atenção Fazenda Fumo Azedo, Município de Inacelândia/GO, Joana avisa sua mãe, Maria Aparecida, que levou pau no corte e segue para Fazenda Barriguda”. Explicação para esse aviso: a Joana veio fazer curso de corte e costura, não passou no curso, como ia para fazenda, de nome Barriguda, passou o citado aviso para sua mãe que morava na fazenda fumo azedo. Esse aviso acabou sendo um dos mais curiosos e polêmicos, já passados pela emissora.

 Outro: Atenção Fazenda Bauzinho: “João avisa sua esposa Tereza que vai hoje no ônibus das quatro horas; pede levar animal no ponto”.

Mais outro: “O Sr Joaquim da Silva avisa seu filho Henrique, na região do Salto que o negócio do cavalo não entrou (era dinheiro)”.

Outro: “Marcos avisa, sua mãe Lúcia no município de Prata que seu pai sarou da coqueluche e está passando bem, não precisa preocupar-se”.

Outro: Atenção fazenda Córrego do Macaco: “Margarida avisa seu esposo João Clemente que seu filho, fiinho, está com dor de barriga, pede para vir, para levá-lo ao médico”

Outro: Atenção fazenda Baú Velho: "João Carabina avisa seu irmão Zé Garrucha que seu pai Zé da faca faleceu.

Outro: Atenção córrego da Periquita: Gustava avisa ao seu irmão Bedêgo que o cavalo de seu pai caiu na ponte e quebrou a pata. Pede trazer galinhas.

Ituiutaba fica sitiada e a Rádio Platina e o programa Ofertas Musicais orientavam à população

1957 - Fila de caminhões e carros dois dois lados do rio devido a grande enchente que levou a ponte

Quando a ponte sobre o Rio Tijuco caiu em 1957, devido à grande enchente do rio, foi a Rádio Platina e o seu Programa Ofertas Musicais que comunicou e orientou os moradores da cidade e do campo desta região, sobre a queda. Nesta mesma enchente, o Rio da Prata também transbordou e toda região ribeirinha ficou isolada, no entanto, a Rádio Platina e o programa Ofertas Musicais orientava os moradores como proceder. Inclusive um morador ficou preso em uma ilha que formou em uma localidade chamada Salto, do Rio da Prata. Para não morrer ele subiu em um pé de angico, na proporção que a água ia subindo ele fazia o mesmo, não morreu por que, um outro morador, Moacir Marchiori, morador da cidade de Ituiutaba, estava ouvindo a emissora e tomou conhecimento do fato.

Enchente leva ponte construída sobre o Rio Tijuco, atravessar só de balsa - 1957

Num gesto heróico e demonstrando muita coragem, usando canoa a motor enfrentou a forte correnteza e resgatou aquele morador que estava quase sendo levado pelas águas. Fatos como estes marcaram a existência da Rádio Platina na radiofonia em Ituiutaba. A Rádio Platina funcionava bem desde a sua inauguração, porque Ituiutaba tinha a empresa Ituiutaba de energia elétrica, graças à Usina Salto de Morais, construída a partir de 1922, por Hilarião Rodrigues Chaves e vários outros empreendedores. A usina foi inaugurada em 1935.

Toda a produção de arroz dos municípios circunvizinhos concentrava-se em Ituiutaba e eram comercializados, como em uma bolsa de valores, sendo o anuncio feito através da Rádio Platina e do programa Ofertas Musical. Luiz tem duzentas sacas de arroz para vender, e assim os lavoristas iam vendendo toda a produção.

Anunciar na Rádio Platina era produto vendido

Anunciar na Rádio Platina significava venda fácil dos produtos anunciados. As empresas anunciavam a venda dos mais diversos produtos, por exemplo: rádio. Os moradores da zona rural desta região quando iam comprar esse tipo de aparelho, faziam a seguinte pergunta: Esse rádio pega a Rádio Platina, se não pegar eu não levo, tal era a popularidade da emissora junto à população. Havia pessoas que afirmavam que a Rádio Platina era tão popular e possante que pegava até em caixa de abelha.

Rádio Platina cumpriu um papel social muito importante na área radiofônica em Ituiutaba

A Rádio Platina registrou ao longo da sua história radiofônica os tempos floridos de Ituiutaba Capital Brasileira do Arroz, nas décadas de 50 e 60 (funcionava em prédio de um andar onde é hoje as Casas Pernambucanas), mas também registrou um tempo difícil quando a cidade ficou sitiada devido à queda da ponte sobre o Rio Tijuco em 1957, registrou a matança dos pais de Zé Gordinho, sendo ele o responsável, pelo fatídico acontecimento que enlutou a cidade em 1972, e a chamada fraude eleitoral em 1978. Noticiou em 1972, a presença de Orlando Sabino, na região de Capinópolis, o denominado Monstro do Pontal, que aterrorizou toda esta região.

A emissora foi implantada no governo de Dr. Omar de Oliveira Diniz, por Adelino Alves de Moura e Hélio Alves Guimarães e depois passou para o comando de Alcides Gomes Junqueira e Luiz Alberto Franco Junqueira, que depois a venderam para o Grupo Cancella no final da década de 80, mas a emissora deixou registrado na história a sua contribuição em favor do desenvolvimento desta cidade, porém, a história, que ela escreveu, lamenta e cobra o encerramento desse prefixo: ZYL4-1240 KHTS – Rádio Platina de Ituiutaba Ltda. AM, devido o papel importantíssimo que exerceu desde a sua fundação, em 28 de agosto de 1946, até hoje. Se tivesse no ar, estaria completando neste ano de 2015, 69 anos. Uma das emissora mais antiga do país. Quando a Rádio Platina encerrou as suas atividades, funcionava em um prédio alugado em cima da sede do antigo Armarinhos Lord na Av. 15, com frente para Rua 22.

Fernando Santiago ícone do Rádio em todos os tempos

Fernando Santiago o maior ícone do rádio tijucano

Os profissionais que trabalhavam na Rádio Platina tinham uma popularidade fora do comum, todo mundo os convidava para ser padrinhos de batismo de seus filhos, paraninfos de casamento dos filhos e das filhas. Fernando Santiago, um dos nomes mais populares da emissora nasceu em Portugal, veio para o Brasil, para a cidade de Santos com dois anos de idade, aos dezoito anos transferiu-se para Ituiutaba, onde viveu até morrer. Foi um dos mais importantes radialistas de todos os tempos nesta cidade, um exemplo de profissional, recebia uma média de cem cartas por dia em seu programa, Nosso Sítio.

 A população que o acompanhava diariamente, especialmente a residente na zona rural, por gostar muito dele, o presenteava com sacos de arroz, feijão, leitoas, porcos, frangos, lata de banha, ovos, liguiça, carne de porco cortida na banha, e etc. Era uma verdadeira festa. O Fernandão sempre alegre era corintiano, entrava em parafuso, quando o seu time perdia, chegava até a correr lágrima em seus olhos, tal era a paixão pelo Corinthians. Fernando foi um dos mais consagrados radialistas que passou pelo rádio de Ituiutaba e eu tive a honra de trabalhar com ele, como também com Cezar França, outro monstro sagrado do rádio ituiutabano.  

Uma marca registrada do programa Nosso Sítio, do Santiago era a abertura, com a música de Nono e Nana, Uma Casa de Caboclo. Mas o ponto alto era a oração que ele fazia invocando Nossa Senhora Aparecida: “Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil protegei a nossa gente da cidade e do campo, as nossas criancinhas, oh! Santa Mãe querida”!.. Fernando Santiago será sempre lembrado pelo que foi e fez em favor do rádio Ituiutabano e como um dos grandes apresentadores das exposições agropecuárias desta cidade, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento de Ituiutaba.

Ricardo Abalém fez história no rádio

Ricardo Abalém

Outro nome que enriqueceu o rádio ituiutabano, pertencente também aos quadros da Rádio Platina, Ricardo Abalém (Bela Vista de Goiás), meu conterrâneo, pois nascemos no mesmo estado de Goiás. Tive também a oportunidade de trabalhar com ele na Rádio Platina, na década de oitenta. Eu era vereador e por motivo político eu havia perdido o emprego na Rádio Cancella (1981), onde fui trabalhar depois de ter saído da Radio Difusora na década de 70.

Ricardo Abalém apresentava o programa, a Voz do Povo, das 11 às 12, outro que ficou marcado no calendário do tempo, como um dos mais importantes do rádio interiorano, pois o seu apresentador fazia denúncias graves contra a omissão das autoridades constituídas desta cidade e região. Em função desta sua postura conseguiu se eleger vereador em 1982, com a maior votação registrada naquela época, 3.314 votos, mas ele não foi o primeiro radialista a se eleger vereador em Ituiutaba – o primeiro fui eu em 1972 e em 1976, tivemos também uma das maiores votações já registradas na história política de Ituiutaba, 1.386 votos.

Ele fazia um comentário em seu programa que deixava até as pedras arrepiadas, tal era a eloquência destes comentários, o que lhe dava uma popularidade extraordinária. Num final de semana o convidei para pescar no Rio Paranaíba, éramos parceiros de pescaria. Na ida paramos em uma cidadezinha chamada Ipiaçu, para comprar algumas garrafas com água. Neste bar tinha muita gente, quando ouviram o nome de Ricardo Abalém, que estava ali, eles que o ouviam apenas pelo rádio, ficaram todos ouriçados, queriam pegar na mão dele, falar com ele – isso provocou um atraso de mais de uma hora em nossa descida para a pescaria.

Ricardo Abalém trabalhou aproximadamente 34 anos no Rádio tijucano, ou seja: Nas rádios Platina, Cancella e Difusora. Aposentado continua vivendo nesta cidade. - Outros nomes famosos da Radio Platina: Horácio Costa, Elvio Sena, Raul Paulo, Mauro Melo, Toninho Pop, Manoel Alves Valadão (gerente da emissora de 1980 até a venda em 1989. Uma das vozes mais bonitas do radio ituiutabano), Vilibaldo Alves e eu, Hairton Dias, Rony silva, Toninho Silva (in memorian) e Zé Duran, estes três últimos eram sonoplastas.

Hélio Dias o mais versátil radialista de Ituiutaba

Hélio Dias trabalha hoje na Rádio Fraternidade (web) de Uberlândia

Para ser um bom profissional de rádio exige-se, além de uma boa voz, dicção clara e leitura correta, certo grau de cultura, para interpretar os textos que a profissão exige, para manter o ouvinte bem informado e que esse ouvinte possa entender a mensagem transmitida. Um dos mais versáteis radialistas dessa cidade foi o consagrado locutor, Hélio Dias, que iniciou sua carreira radiofônica, através da rádio Cancella, nos idos de 1964, um ano após a inauguração da emissora. Dono de uma voz grave, ele foi considerado o mais completo radialista de sua época, pois além de noticiarista, apresentador de programa, foi um dos mais versáteis repórteres que trabalhou no rádio desta cidade.

Nos meados da década de setenta assumiu a direção da radio Cancella, onde além dirigir à emissora, era apresentador de programa sertanejo de auditório, noticiarista, repórter social, esportivo, político e policial.

Em 1972, comandou reportagens feitas do município de Capinópolis quando àquela cidade e região foram sobressaltadas por alguém que matava bezerros, pessoas, sem deixar pista, causando um verdadeiro terror nos moradores daquela cidade e dos municípios vizinhos. Mas tarde descobriu, se tratar de um andarilho, de nome Orlando Sabino, que gostava de açúcar e carne de galinha. Segundo a polícia militar, ele foi preso quando tentava atravessar o Rio Paranaíba, tentando fugir para o vizinho estado de Goiás. Essas reportagens deram muito prestígio aos repórteres da Rádio Cancella, Helio Dias e Sebastião Barbosa. Orlando Sabino foi condenado a mais de 30 anos de reclusão, e por ter problemas mentais foi transferido para o presídio manicômio, de Barbacena/MG, onde cumpriu a pena e morreu. 

A carreira de repórter de Hélio Dias foi marcada pela sua cultura, nas transmissões que participou, se destacava por seu linguajar, recheado de muitas informações devido o seu nível cultural elevado. Era capaz de fazer transmissão de duas a três horas sem cansar os ouvintes devido os recursos intelectuais que possuía. Hélio Dias abandonou a profissão de radialista no final da década de oitenta, se aposentando. Ele mora hoje na cidade de Uberlândia, onde retornou ao rádio, Rádio Fraternidade (web) e dedica o seu tempo a doutrina espírita, fazendo programas e palestras, e transmitindo essas palestras, para o mundo inteiro, através da internet.

Pérolas do Rádio

- Um amigo meu, MR, radialista e apelidado de Jacaré, deu um nó em um dono de bar nesta cidade. Como o comerciante era ouvinte assíduo do Jaca, entrou direitinho em suas lábias (171): com muita vontade de tomar algumas cervejas, e sem um centavo sequer no bolso, o Jaca chegou a um bar que existia na Av. 17 com 34 e 36, e disse ao proprietário:“será que você me fiaria umas duas cervejas e um tira gosto, pois esqueci minha carteira em casa, e o pagamento será o prazo de me dirigir até minha residência, em poucos minutos estarei de volta, então acerto a conta... Para não ter dúvida da minha palavra empenhada, estou aqui com meu gravador e posso deixá-lo como garantia até eu acertar a conta”.

Logo em seguida, entregou ao proprietário um embrulho do tamanho de uma rapadura (gravador daquela época) e o dono do bar, sem desconfiar, guardou o embrulho e começou a servir o Jaca que tomou uma meia dúzia de cervejas, umas cinco pingas e, como tira gosto, alguns espetinhos. Assim, quase caindo de bêbado, despediu-se e foi embora com o compromisso de voltar logo.

O dono do bar vendo a situação do Jaca saindo praticamente bêbado, não esquentou a cabeça e disse: amanhã quando ele melhorar passa aqui e me paga. Na contramão do que havia pensado, passaram-se uns cinco dias e nada do Jaca aparecer para acertar a conta. Foi quando ele se lembrou que o dito cujo havia deixado o gravador como garantia. Murmurou então: “se ele não vir até amanhã, eu vendo o gravador, para receber a dívida contraída”. Pegou o embrulho, abriu-o e surpreso indignou-se, pois no lugar do gravador havia dois tijolos... Somente então percebera que tinha caído no velho conto do vigário. Até hoje deve estar se mexendo na sepultura de raiva do Jaca, porque, uns seis meses depois, se enfartou e morreu.

- Donizete de Oliveira todo dia atendia uma ouvinte, de voz meiga e carinhosa, sem saber de quem se tratar. Conversa vai, conversa vem, ele muito galinha, apaixonou-se pela voz da moça que todo dia ligava e pedia uma música a qual lhe dedicava com amor e carinho. Querendo saber quem era detentora daquela voz meiga, carinhosa e com segundas intenções, convidou-a a se encontrar com ele na Praça. Perguntou a moça como ela estaria vestida, sem hesitação ela logo informou.

Chegando a hora marcada, ele todo assanhado chegou primeiro e ficou esperando. De uma hora para outra surge à sua frente, uma moça dessas solteironas aparentando ter uns 37 anos de idade, meio zarolha, baixinha e gorda, um dente de ouro na boca, pesando uns 80 quilos e se apresentando como a ouvinte do telefone. Sem saber o que dizer, pois pensava ser uma bela ragazza, saiu sem dizer nada, perdeu a voz, assustado com a feiúra da moça deve estar correndo até hoje.

- Uma forma diferente de apresentar programas era a do locutor Eduardo Roque de Paula. Muito culto, fazia questão de trazer ao conhecimento do público as mais diversas informações sobre os mais variados assuntos. Mas o que marcara de fato a sua passagem no rádio, era o encerramento de seu programa noturno, apresentado em uma emissora local. Ele dizia: “como é triste a dor do parto, mas eu tenho que partir”.

Todo mundo repetia nas rodas de amigos, quando ia se despedir: como é triste a dor do parto, mas eu tenho que partir. A minha homenagem póstuma ao bom amigo e locutor “Eduardo Roque de Paula”. Minha homenagem também aos amigos e grandes radialistas de saudosas memórias: Fernando Santiago, Abadio Costa, Joanilson Morais, Gilson Humberto, Cezar França, Elmory Pereira Lisboa, Codady da Silveira e Manoel Alves Valadão.

- Outro locutor folclórico que passou pelo rádio ituiutabano foi Giovane Júnior, o popular show colorido.  Tudo que falava no microfone sempre repetia: “eu sou o show colorido e cheguei para ficar, mas não sei se vou agradar, mas se você é colorido venha pra cá”.

- Por falar em programa folclórico não podemos esquecer o programa Vanderlei Nascimento pelo misto de informações, mas, sobretudo, porque é o único apresentador que conta piadas e ria sozinho das mesmas.

- Transmissão direta do Estádio do Maracanã (Rio de Janeiro), Brasil X Paraguai: Hélio Dias fazendo reportagem de campo com um rádio transmissor, sistema VTP (aparelho sem fio UHF), infelizmente na mesma frequência da polícia militar que fazia a segurança do espetáculo esportivo.

Num dado momento, Hélio, todo entusiasmado no centro do gramado chama o cronista João Batista que fazia a transmissão na cabine central. João não ouviu o chamado que saiu também no aparelho do comandante da polícia que fazia a segurança do jogo: imediatamente ele pergunta quem é o imbecil que está no ar falando ai? O Hélio todo desconcertado respondeu: “caí, não estou mais no ar”. Em seguida eles prenderam essa aparelhagem de reportagem, vindo a devolvê-la somente após o encerramento do jogo. Brasil 2 X 0 Paraguai (1974).

- Fui fazer uma cobertura esportiva no Estádio Serra Dourada, em Goiânia/GO, antes da Copa do Mundo de 1978, realizada na Argentina. Jogo Brasil 5 X 1 Seleção Goiana. Jogo realizado no domingo às 17h. Cheguei sexta-feira na capital goiana, porém, o diretor que me designou para fazer a cobertura daquele jogo esqueceu-se de me avisar que naquela sexta-feira, às 20 horas, iria acontecer um jantar entre a crônica esportiva brasileira, presente para a cobertura do jogo e os representantes da CBF e da Federação Goiana de Futebol, para credenciamento dos profissionais que iram trabalhar naquela transmissão. Como eu não sabia não fui.

Cheguei domingo às 16 horas no Estádio Serra Dourada, para fazer a cobertura do acontecimento. Ao apresentar minhas credenciais, as quais tinham sido fornecidas pela Associação de Imprensa dos Cronistas do Estado de Minas Gerais, fui barrado. Eles alegaram que eu não podia entrar porque não portava a credencial da CBF. Argumentei que meu chefe havia se esquecido de me comunicar sobre esse credenciamento.

Foi a mesma coisa de bater em ferro frio. Então dei o tiro de misericórdia. Perguntei a um dos representantes, o amigo pode chamar o presidente da Federação Goiana de Futebol, naquela oportunidade Jairo Aguiar de Souza. O representante da federação me fez esse favor, chamou o Jairo para mim. Usei a seguinte tática: olha companheiro, viajei quase quinhentos quilômetros para fazer esta cobertura, não sabia do credenciamento, não querem me deixar entrar, vão me deixar voltar de mãos vazias para casa?

É esta, a solidariedade que existe em nossa classe? Impedir um colega de trabalhar? Não foi preciso dizer mais nada. O companheiro Jairo fez a seguinte afirmação: Você venceu pode entrar. Agradeci-o e fui direto para o centro do gramado, onde as feras já batiam bola. Moral da história: Com jeito, há quem diga que se põe em qualquer sujeito.

- Essa é do Luiz Carlos, repórter e noticiarista. Um dia desses teve que dormir na emissora, ficou até tarde produzindo os seus noticiários, foi dormir lá pelas tantas, acordou por volta das 9h da matina, e tinha que ler o noticiário naquele horário. Estava tão avariado de sono que saiu com está: “amigos, boa noite! São 9 horas, chove copiosamente em Ituiutaba e a chuva deve permanecer por toda noite”. O mais hilário é que o sol estava brilhando, porque o tempo estava firme. Alguém ligou na emissora e perguntou se ele estava bêbado ou ficando doido.

- O Joanilson Morais, um garanhão da madrugada, namorava as primas, mas não pagava o cachê. Ficava devendo e todo dia quando ele ia apresentar programa de auditório na Difusora, as meninas iam lá para o auditório e ficavam dando taca pra ele, cobrando o idílio amoroso. 

- O amigo Gilson Humberto certa ocasião andou revoltado com um programa novo, levado ao ar de forma independente por uma seita religiosa, na emissora que trabalhava. Sua indignação era com o profeta pregador, que no auge do entusiasmo prometia milagres inconcebíveis. E o povo simples de Ituiutaba, gente da periferia e do meio rural, davam suporte à audiência que era maior a cada dia. O estúdio da emissora ficava lotado diariamente no horário do programa e o telefone não parava, com fieis pedindo os milagres mais estapafúrdios. E o milagreiro prometia, falando com entusiasmo fora do comum.

Ouça meu irmão, se você tem uma dor que não passa nunca, compareça aos nossos cultos que ela será curada, pois Jesus não quer o seu sofrimento.

E o povo, crente, rejubilava-se de emoção incontida, cheio de fé e esperança, pois o homem prometia curar até câncer. E foi num desses dias que o Gilson aprontou uma das suas. Entrou sorrateiro, postou-se diante do quadro envidraçado que separava no estúdio a sala de locução do operador de som e ficou observando. Diante de seu ar curioso e cinicamente piedoso o pregador entusiasmou-se mais do que o esperado, falando com muito mais energia e vaidade, dramático e teatral. Não sabendo de quem se tratava dirigiu-se através do vidro ao Gilson, que o encarava:

Se você tem uma dor de cabeça muito forte, venha que eu beijo sua testa em nome de Jesus e a cura é imediata, se a dor é no braço um simples toque meu em nome de Jesus a faz passar; se a dor é... – não continuou porque foi interrompido: O senhor cura Hemorróidas? – Perguntou intempestivamente Gilson deixando o milagreiro perplexo sem saber o que dizer.

- Falar no microfone é um perigo, se o locutor não ficar atento pode pagar mico. Veja a mancada que o Ricardo Abalém deu quando apresentava noticiário na Rádio Platina. Ele saiu com esta – “Um avião da FAB japonesa acaba de cair no oceano Atlântico”, segundo Abalém, quem redigiu a nota foi Horácio Costa e diz não saber por que ele fez aquilo, fazendo-o pagar o maior Mico da história.

- Mas por falar em mancada no microfone, veja esta do Pereira Lisboa ao transmitir o jogo entre Cruzeiro X Ituiutaba Esporte, em 1969, no Estádio da Fazendinha. O estádio estava lotado e no início da partida fez-se um minuto de silêncio em homenagem a um diretor boveta que havia falecido. O Pereira fez esta afirmação no microfone da emissora que ele transmitia a partida: “silêncio ensurdecedor no estádio da Fazendinha”. Essa mancada foi publicada em uma revista de circulação nacional “O Cruzeiro”, com o título (O impossível acontece em Ituiutaba)

Pereira Lisboa e Fernando Santiago em transmissão esportiva

- No final década de sessenta, num jogo do campeonato amador da cidade, entre Ituiutaba Esporte X Associação Esportiva Ituiutabana, três emissoras AM de rádio da cidade transmitiam aquela partida, pois a rivalidade era muito grande. A Rádio platina transmitia através do cronista esportivo Pereira Lisboa, reportagens Fernando Santiago e eu Hairton Dias, comentário de Osvaldo de Barros. Naquela época não existia a tecnologia de hoje, quem fazia reportagem de campo tinha que ficar puxando fio pra lá e pra cá. Num dado momento do jogo, Pereira pergunta para o repórter Fernando Santiago. Como estão as coisas aí em baixo Fernando? Isso porque existia cabine de transmissão feita de madeira, de onde os narradores transmitiam as partidas. O Fernandão responde sem pestanejar: “aqui ta um cu de burro danado Pereira! Isso porque, os fios dos microfones de reportagens das emissoras que estavam transmitindo tinham enrolado um nos outros, virado uma muvuca danada. Esse fato foi comentado por semanas na cidade.

- As mancadas não param ai, está foi minha: Quando estava iniciando a carreira de radialista, em 1967. O Pereira me levou um texto para ser lido no programa noticioso que ele iria apresentar na Rádio Difusora. O texto era de uma marca de café que era vendido na região. O texto dizia: “Café flor da primavera torrado, moído e empacotado a vácuo, o que lhe proporciona um alto teor de qualidade e o melhor sabor. Eu li assim: “Café flor da Primavera tórrido, muado e encapotado a vaco o que lhe proporciona um alto teor de qualidade e o melhor sabor. Esta foi de arrepiar.

- Do Hélio Dias ao anunciar uma música chamada: Côco, só côco, Maria côco. Ele inverteu a pontuação e saiu assim: Cocô, só cocô, Maria Cocô... viu o mico e caiu na gargalhada.

- Mico do Badião, apresentando na Rádio Difusora o seu programa e estava fazendo um calor de matar. O Abadio para dar brilho ao seu programa, pois era muito versátil, anunciou: nuvens brancas e negras desfilam de mãos dadas nas avenidas do céu. Ao lado do estúdio tinha uma caixa d’água que ficava justamente em cima da emissora. Derrepente a caixa encheu e transbordou e começou a cair água, passando em frente ao vitrô, onde ficava o estúdio. Ele displicentemente disse: ouvintes chove copiosamente em Ituiutaba. O Dr. Jeuid, gerente da emissora, que ouvia o programa do escritório saiu gritando, não está chovendo não Badião é a caixa d’água que esta derramando seu...

- Do Vanderlei Nascimento na Rádio Difusora – ao anunciar um romance (livro) de Ágata Christie, promoção de uma loja de revista da cidade de Ituiutaba saiu com está: O novo romance de a gata cristi pode ser encontrado a preços de banana na loja Itacolomy.

- Do Horácio Costa no microfone da Rádio Platina; ao fazer o noticiário da emissora, era comum anunciar a hora certa para ler as notícias. Alguém tirou o relógio da parede que ficava em frente ao estúdio para acertar as horas. Quando ele foi anunciar as horas: em Ituiutaba são: ..., claro o relógio não estava lá. Ele fez a seguinte pergunta gritando e que saiu no ar: quem foi o filho da puta que tirou o relógio da parede?  

- Dos sonoplastas da Rádio Cancella na década de sessenta: Geraldo Nogueira, Lázaro Cruz, Ronan, Sebastião Irineu e o locutor Agenor Humberto. A emissora estava fora do ar, porque havia acabado a energia, foram para o estúdio contar piada. Porque faltava energia, não perceberam que o microfone tinha ficado ligado. Um conta uma piada, outro conta, mais uma, não perceberam que a energia tinha voltado e aquelas piadas pornográficas e pesadas estavam saindo no ar. Quem ouvia a Rádio Cancella ficou horrorizado com a baixaria que estava saindo no ar. Ligaram para o diretor da emissora. O telefone toca no estúdio, o Agenor atende uma voz irritada diz: vocês estão demitidos, seus irresponsáveis. Foi ai que descobriram que haviam deixado o microfone ligado, mas já era tarde demais. Esta mancada foi comentada durante várias semanas na cidade, mas ninguém perdeu o emprego.  Está é a parte folclórica e engraçada, do rádio, que sujeita qualquer locutor menos atento a passar.  

- Transmissão histórica do Maracanã em 1974, jogo Brasil 3 X 1 México, antes da Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. Equipe que transmitiu: João Batista Rodrigues (narrador), Osvaldo de Barros e Hairton Dias (repórteres de campo) e Eduardo Gomes (comentarista). Nesta transmissão aconteceu um fato inesperado, o maior mico de minha vida.

Sempre sonhei assistir um jogo da seleção brasileira, mas nunca pensei que um dia iria assistir transmitindo uma partida de futebol em que a nossa Seleção Brasileira tivesse jogando. A emoção foi tanta que me deu uma forte dor de barriga, Eu estava no centro do gramado do Maracanã, quando isto aconteceu. Sai correndo para sair daquela situação. Ao invés de perguntar onde tinha sanitários no andar de baixo, paralelo ao gramado, subi e fui procurar sanitário no andar de cima, perto de nossa cabine.

Havia muitos sanitários, mas a pressão de minha Barriga foi tanta que quase cego entrei no banheiro feminino, uma verdadeira muvuca, gritos: homem, sai, sai, muitas mulheres gritando. Do jeito que entrei sai e ai sim, entrei no sanitário masculino e pude aliviar a pressão. Ainda bem que ninguém me conhecia e ficou o dito pelo não dito. Este foi o maior mico de minha vida radiofônica.

Evolução tecnológica aumentou qualidade estrutural das emissoras de rádio

Antigamente não existia a tecnologia que existe hoje, o sistema de transmissão das emissoras de rádio de Ituiutaba era os convencionais da época, transmissor com Válvulas, hoje são chips, fibra ótica, linhas de transmissão que vivia arrebentando por que os caminhões de carga sempre as arrebentavam, quando o fogo dos pastos por onde estas linhas passavam para chegarem nos transmissores não, às queimavam, tirando as emissoras do ar. Hoje o sistema de transmissão é mantido com fibra ótica, os gravadores usados para fazer reportagens eram maior que uma rapadura e muito pesados, hoje são digitais; os gravadores internos eram grandes do tamanho de uma televisão de vinte polegadas, hoje também são digitais, esses microfones de pouca amperagem, hoje super modernos e com sistema de filtro para não pegar a expressão labial do locutor. As musicas eram roladas em disco 78 RPM e Vinil, hoje CDs, por sistema digital.

A potência era muito pequena de apenas duzentos e cinquenta WATTS, o que dava um alcance máximo em um raio de oitenta quilômetros. Hoje as nossas emissoras AM e FM são mais potentes, de cinco a quinze mil WATTS de potência, atingindo um raio de mais de quinhentos quilômetros. Quantas transmissões deixaram de ser feitas por causa de falta de tecnologia nas emissoras de rádio, algumas também por falta de sinal das operadoras de telefonia, como ainda acontece até hoje. Isso não mudou.

Transmissões históricas

 - A Rádio Cancella fez muitas transmissões históricas, uma delas a cobertura jornalística da apuração da eleição de 1978, quando foram contados os votos em branco em favor dos candidatos a deputa estadual desta cidade. Essa cobertura contou com a participação dos rádios-jornalistas: Luiz Carlos, Hélio Dias, Olgmar Eudes Matos, Rui Barbosa Castanheira, Pereira Lisboa, João Batista Rodrigues e Daniel Paulo. 

- Outra transmissão que marcou época na Rádio Cancella, foi quando o Santos Futebol Clube de Pelé veio jogar aqui contra a União Tijucana de Esportes, naquela oportunidade eu estava iniciando como repórter esportivo e tive a honra de entrevistar o Rei Pelé, que sempre foi muito simpático com crônica esportiva brasileira e mundial. Naquele jogo tinha torcedor nos galhos das árvores, até em cima da cabeça dos outros torcedores, pois o Estádio da Fazendinha ficou pequeno para tantos torcedores.

- Transmissão memorável que a emissora realizou foi quando transmitiu direto do Estádio Mário Filho “Maracanã”, do Rio de Janeiro, a partida entre Brasil 3 X 1 México, jogo preparatório da seleção, para a Copa do Mundo realizada na Alemanha, em 1974. Participou desta transmissão esportiva: João Batista Rodrigues, Eduardo Gomes, Osvaldo de Barros e eu. Naquela oportunidade a emissora estava inaugurando um novo sistema de transmissão que incluía quatro aparelhos VTP UHF já naquela época. Realmente, esta foi uma transmissão histórica, pois seria a primeira vez que a Seleção Brasileira ia jogar sem o rei do futebol. Edson Arantes do Nascimento “Pelé”.

- Cobertura em 1972 da caçada a Orlando Sabino, o monstro do Pontal do Triângulo Mineiro. Na verdade mais tarde descobriu-se, de acordo com a publicação de um livro por um jornalista da cidade de Campina Verde, que Orlando Sabino foi bode expiatório, para camuflar a Operação Pente Fino contra guerrilha no Pontal do Triângulo Mineiro. Operação ante-comunista, da Polícia Militar e do Governo Federal. Nesse mesmo sentido o escritor Popo de Estrela do Sul garante em seu livro, que Orlando Sabino fez mesmo todas as atrocidades atribuídas a ele. A emissora fez várias outras reportagens.

Em cobertura jornalística do município de Centralina, o deputado Homero Santos foi desmascarado

Hairton e Luiz Carlos

Centralina, num dia de campo, estavam presentes neste encontro várias autoridades, dentre elas, o deputado federal Homero Santos, da cidade de Uberlândia. Ele que sempre foi muito bem votado em Ituiutaba, nas eleições que disputou, mas nunca fez nada Em uma cobertura que eu e o companheiro Luiz Carlos fizemos do município de em nosso favor, só levava os nossos votos. Tratei com o companheiro Luiz Carlos: vamos desmascarar esse deputado que só pega nossos votos e ainda fica dizendo que gosta muito de nossa cidade, mas na prática nada faz para justificar isso!

O Luiz cumprimentou o deputado e pediu que ele fizesse uma mensagem ao povo de Ituiutaba e região: Ele demagogicamente fez o seguinte comentário: “Um bom dia ao povo de Ituiutaba, aliás, aproveito para dizer que considero a cidade de Ituiutaba, a menina de meus olhos. Quando ele falou isso, eu entrei na entrevista e fiz a seguinte observação: o senhor disse que Ituiutaba é a menina de seus olhos, o senhor foi sempre um deputado dos mais votados lá; por favor, mencione um benefício que o senhor tenha levado para Ituiutaba, para justificar a votação que sempre teve em nossa cidade, que o senhor diz ser a menina de seus olhos?

Ele ficou vermelho, branco, roxo, amarelo, pardo, gaguejou e não conseguiu citar nenhum benefício, por que ele, nunca fez nada para o município. Naquele ano ele tinha conseguido dez mil votos em Ituiutaba. A entrevista acabou ali, pois, os assessores do deputado interromperam a nossa entrevista. Isto aconteceu numa sexta-feira.

Na segunda-feira seguinte colocamos no ar a entrevista, e o povo de nossa cidade ficou sabendo que durante as últimas três eleições o deputado Homero Santos foi o mais votado na cidade, mas que nunca tinha trazido um benefício se quer para Ituiutaba. Tiramos a máscara deste deputado que de Ituiutaba só queria os votos. Na eleição seguinte, o deputado Homero Santos teve poucos votos em Ituiutaba e perdeu a eleição. Este fato contribuiu também para minha dispensa da Rádio Cancella, como será visto a seguir.

Hairton Dias consagra o rádio em Ituiutaba com o Programa Tarde Noite Cabocla

Prefeito Publio Chaves visita o programa Tarde Noite Cabocla, na comemoração dos 30 anos no ar

Como já foi dito, a Rádio Cancella inaugurou-se, em 17 março de 1963, tinha uma equipe de locutores classe A, devido a qualidade vocal e profissional de cada um, porém, quem sobressaiu em popularidade desde sua implantação fui eu. Sem falsa modéstia, ajudei a dar uma nova dimensão e audiência a emissora, trouxe a população pra dentro dela, exerci várias funções: gerente, relações públicas, produtor de mídia e artístico, repórter, diretor comercial, discotecário e comunicador, o resultado de tanta dedicação, o povo me elegeu por dois mandatos de vereador em Ituiutaba, quando trabalhei na emissora.

Nós que tínhamos iniciado a carreira de radialista em 1967, na Rádio Difusora AM, até então arrendada pelos cancellas. Trabalhei também na área esportiva na Rádio Platina na equipe de Vilibaldo Alves, isso por volta de 1972, mais tarde ele foi para Rádio Guarani de Belo Horizonte. Antes de ir fazer oficialmente o Programa Tarde Noite Cabocla, um dos campeões de audiência em todos os tempos do Rádio interiorano, participamos de vários programas da emissora:

“Ituiutaba das 11 às 12 (Jornalismo), Show do Meio Dia (Disk Jokey), HD no Sertão, Paradão Sertanejo, transmissões Esportivas e no período noturno fiz o Programa Show Noturno e o Desfile dos Bairros”, este último programa eu fazia no estúdio, mas usava um gravador maior que uma rapadura para gravar ao vivo em todos os bairros da cidade, quando cobrava os benefícios para os moradores, que na década de 70, a maioria não tinha rede de água, rede de esgotos, energia elétrica, asfalto, posto de saúde, nem moradias populares e nem segurança para a população.

Fiz o rádio ficar a serviço dos moradores dos bairros, deixei os moradores destes bairros cobrarem os benefícios que precisavam para terem uma melhor qualidade de vida e pedir também a música preferida. Apresentei este programa até o final de 1975, a partir de 1° de janeiro de 1976, iniciei o Programa, Tarde Noite Cabocla, das 17 às 19 horas. Foi uma verdadeira muvuca, a cidade captava muito pouco, os sinais de televisão é o rádio era o passa tempo preferido da população, especialmente naquele horário. O programa era todo produzido com vinhetas, abertura e encerramento. Somente nas grandes emissoras de São Paulo tinha programa produzido igual o meu. Abertura do programa era assim:

Hairton na abertura do programa Tarde Noite Cabocla

“Ao abrir as janelas coloridas do crepúsculo... ao apagar dos raios rotineiros do astro solar... ao acender as luzes das estrelas... na sorridente expectativa da noite que chega e do dia que vai embora... a Rádio Cancella apresenta com o comunicador Hairton Dias, mais um programa da série ilustrada: Tarde Noite Cabocla... Aqui, o sertão canta mais bonito”!

- Vinheta: “Aqui desfila músicas do tempo que já se foi, do tempo da vovó, do vovô, do lampião e do carro de boi. Músicas que os brotinhos não conhecem e que o vovô e a vovó, não esquecem”.

- “Tarde Noite Cabocla. Onde desfila musicas de todos os tempos no encontro de gerações. Aqui o sertão canta mais bonito”, e várias outras.

Com a apresentação do programa, em horário nobre, eu podia agora explorar melhor aquele projeto que iniciei quando fazia o programa à noite, das 20 às 23 horas, com uma audiência que eu ajudei criar, pois as pessoas não tinham o hábito de ouvir muito rádio a noite, deitavam cedo. Apresentando o programa, a partir das 17 horas, rolando música sertaneja raiz de todos os tempos, inclusive, a apaixonada, consegui logo milhares de ouvintes, na cidade e em toda zona rural, pois além das musicas, eu atendia cartas, no Clube da Amizade, um quadro que criei e que ajudou a popularizar ainda mais o programa e a rádio.

Recebia uma média de 150 cartas por dia, quem escrevia pedia para eu oferecer música e passar recado para os amigos que moravam na cidade ou na zona rural, do município de Ituiutaba ou de qualquer outro município do Pontal. Outro ponto alto do programa eram as orações que eu fazia todos os dias no meio e no encerramento do mesmo, “Prece de Cáritas” e "Poema Prece", pessoas de todas as idades rezavam comigo, era um momento sublime, de enlevo espiritual, muitos ouvintes colocavam um copo com água em cima do rádio, segundo vários depoimentos de pessoas da região, alcançaram a cura rezando comigo. Para agradecer faziam cópias das preces e distribuíam para amigos e familiares. Eu também fiz milhares de cópias e distribuía para meus ouvintes. Eu rezava assim:

Prece de Cáritas

Deus

nosso Pai, 
que Sois todo poder e bondade, 
dai força àqueles que passam pela provação, 
dai luz àqueles que procuram a verdade,
e ponde no coração do homem a compaixão e a caridade. 
Deus, 
dai ao viajante a estrela Guia, 
ao aflito a consolação, 
ao doente o repouso 
Pai, 
dai ao culpado o arrependimento, 
ao espírito, a verdade, 
à criança o guia, 
ao órfão, o pai.

Senhor, 
Que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criaste. 
Piedade, Senhor, para aqueles que não Vos conhecem,
esperança para aqueles que sofrem. 
Que a Vossa bondade permita aos espíritos consoladores, 
derramarem por toda à parte a paz, a esperança e a fé. 
Deus, 
um raio, uma faísca do Vosso divino amor pode abrasar a Terra, 
deixai-nos beber na fonte dessa bondade fecunda e infinita, e
todas as lagrimas secarão,
todas as dores acalmar-se-ão. 
Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, 
como um grito de reconhecimento e de amor. 
Como Moisés sobre a montanha,
nós Vos esperamos com os braços abertos. 
Oh! bondade, Oh! Poder, Oh! beleza, Oh! perfeição, e 
queremos de alguma sorte merecer Vossa misericórdia.
Deus,
Dai-nos a força de ajudar o progresso, afim de subir até Vós,
   Dai-nos a caridade pura,
Dai-nos a fé e a razão,
Dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas
O espelho onde se deve refletir a Vossa Santa e sublime imagem.

Era uma verdadeira festa de fé e alegria, todos os dias no programa, porque todo mundo queria me conhecer (especialmente o belo sexo) e participar do mesmo ao vivo. Eu que já era vereador resolvi voltar a fazer o programa ao vivo nos bairros, onde os moradores podiam cobrar os benefícios das autoridades constituídas para viverem melhor. Esses moradores podiam ao mesmo tempo pedir a sua música preferida. Fiquei mais de dez anos na rádio Cancella apresentando o programa do mesmo jeito, quatro dias no estúdio e uma vez por semana em um bairro.

Com isso ia-me inteirando de todos os problemas existentes na periferia da cidade. Foi assim que me tornei um exepert e conhecedor dos problemas dos bairros e seu grande defensor. Fiz os microfones da Rádio Cancella e depois da Rádio Platina e da Rádio Difusora ficarem a serviço da população, com isso estas emissoras também ia ganhando popularidade.

Campanhas feitas por mim no programa que mudou a vida de algumas pessoas

Uma certa vez eu estava apresentando o programa, quando recebi a visita de uma senhora de mais ou menos uns quarenta e cinco anos, o motivo de sua visita era me contar que sua netinha de três aos de idade estava com câncer no rosto do lado esquerdo e não tinha recurso para realizar o tratamento. Fiquei muito solidário a dor daquela senhora e me propus a fazer uma campanha através do programa.

A operação para extrair o tumor que estava iniciando ficava em aproximadamente em 380.000,00 cruzeiros (dinheiro da época). Não tive dúvida, no dia seguinte, uma terça-feira, contei para meus ouvintes o que havia acontecido e que uma garotinha de apenas três anos precisa da ajuda de todos para operar um câncer em seu rostinho inocente. Vou chamá-la aqui de Rosa, porque ela reside no Bairro Natal desta cidade. Por uma semana eu fiz o apelo em favor da menina Rosa e graças a Deus e aos meus ouvintes consegui arrecadar quase quatrocentos mil cruzeiros, (dinheiro da época). Convidei a avó e a mãe da Rosa e entreguei a quantia arrecadada.

Dois meses e meio depois recebi a visita da avó e da mãe, daquela criança totalmente curada, a operação e as aplicações de rádio-terapia tinha sido um sucesso e ela estava curada. Fiquei muito feliz de ter colocado o meu programa e a rádio Cancella a serviço das pessoas. Tempos depois eu fazia um comentário sobre as pessoas terem otimismo, não desanimar quando as coisas ficam difíceis, parecendo que todo mundo nos abandonou; que um pedaço do céu parece ter caído em nossa cabeça. Falava para as pessoas acreditarem mais em Deus e tirar as ideias ruins da cabeça. Sem querer falei: “joga fora o que você tem na cabeça e nas mãos, isso foi numa sexta-feira, na segunda-feira seguinte, recebi a visita de um senhor (residente hoje no Bairro Santa Edwiges), foi ao meu programa agradecer pelo que eu havia feito por ele.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele perguntou se podia dar um depoimento no ar, eu disse que sim. Mandei ligar o microfone e ele fez essa revelação: eu ia suicidar-me, porque minha filha desonrou nossa casa, perdeu a virgindade e quando fui falar com ela, quase apanhei. Então, diante daquela situação de desonra não via outra saída, fui até a dispensa peguei um copo americano despejei umas três colheres de tiau, remédio de matar rato, estava preparando para beber, quando o rádio da vizinha estava alto e você Hairton falando para seus ouvintes acreditar mais em Deus e jogar fora aquela ideia ruim que podiam ter na cabeça e nas mãos. Senti uma força estranha, como me ordenando joga isso fora.

Então, num impulso joguei aquele veneno fora. Só uma colherzinha seria suficiente para matar-me. “Muito obrigado, meu amigo Hairton Dias, você salvou a minha vida”! Confesso, não aquentei chorei no ar, junto com aquele senhor que até hoje é meu amigo. Nessa época eu apresentava o programa na Rádio Platina.

Em uma outra ocasião, uma residência pegou fogo no Bairro Natal, duas crianças, uma de sete e uma de dez anos estavam no interior da casa e o fogo queimou mais de setenta por cento do corpo do menino que tinha dez anos e pouco mais de vinte por cento da outra que tinha sete anos. As crianças foram internadas no Hospital São José. A de dez anos morreu porque não suportou a queimadura, a outra, graças a Deus salvou-se. Coloquei o programa a disposição daquela família e fizemos uma campanha de material de construção e em poucos dias ganhamos todo o material para levantar a casa novamente, inclusive roupas, alimento e remédio para a criança que precisa continuar o tratamento. Fiquei muito feliz por ajudar a construir aquela casa que foi consumida pelo fogo, triste porque, uma das crianças morreu.

Outra campanha que fiz no programa, uma das mais importantes que fiz durante os 30 anos do programa no ar. Desta feita em favor da Lurdinha que varria as ruas de Ituiutaba. Fui procurado pela professora Valnice que acompanhava o dia a dia desta inditosa senhora, que morava debaixo de pés de manga no Bairro Progresso. Pediu-me se eu podia fazer uma campanha no meu programa para construir uma casa pra Lurdinha. Disse que sim, não só fiz a campanha, onde ganhei todo material, mas também, consegui com o prefeito Romel Anísio a doação de um terreno no Bairro Novo Horizonte para construir a casinha dela.

Lurdinha viveu ainda muitos anos em sua casinha, até que em 23 de março de 2008, ela disse adeus a esse mundo de ilusão. Naquela oportunidade eu que já havia deixado o rádio escrevi esta crônica que foi publicada no jornal do Pontal, na edição de 26 de março de 2008: Morreu Lurdinha – A varredeira da cidade:

“Por muito e muitos anos, o povo desta cidade teve a oportunidade de assistir à uma cena que a todos comovia e que se repetia centenas de vezes – Lurdinha, de vassoura em punho, ora na 20, na 22, na 15 ou na 17. Na Praça da Prefeitura, não importa onde, sempre ali ela estava, quem sabe, varrendo o que as pessoas passam e jogam, sujando a rua, enfeando as calçadas, porém limpando a vereda que por certo, um dia lhe serviria de estrada, para ir ao encontro de Deus, na sua outra morada. “Lurdinha”, assim era conhecida e por todos chamada.

Pessoa simples, de família muito humilde, porém de uma generosidade tamanha, com sua vassoura de coqueiro, cedo ou de madrugada, lá ia a Lurdinha mais uma vez cumprir sua jornada, sem nada pedir em troca, naquela tarefa danada. Varria, varria, de cabeça sempre agachada, se alguém chamava seu nome, ela não respondia nada, porém continuava sua sina, que era sua alegria, chegar ao final da rua com mais uma tarefa cumprida. Voltar à noitinha para casa era o que mais queria, rezar para sua santinha, a nossa mãe Virgem Maria, para que cuidasse dela e não há deixasse ao relento, para que tivesse força nos braços e também no pensamento, que Jesus lembrasse dela, nem que fosse por um momento.

Foi o que aconteceu na quinta-feira Santa (20 de março de 2008), Jesus veio buscar aquela que na terra soube os seus males  limpar e a todos perdoar. Acometida por uma pneumonia e sem explicação, teve uma parada cardíaca que venceu o seu coração, partindo desse mundo de dor, sofrimento e ilusão, mas foi ao encontro de Deus receber seu galardão. Lurdinha nasceu em Ituiutaba em 1924, teve mais três irmãos, inclusive um deles vive nesta cidade, Mário, conhecido como Tigrilo; possui ainda sobrinhos e primos. No dia 24 de março de 2008, completaria 84 anos. Ela viveu seus últimos dias no Lar do Idoso “Pe. Lino José Correr”, onde era muito bem tratada. – Agora, a nossa Lurdinha com sua vassoura de “Luz” irá varrer as avenidas do céu, ao lado dos anjos e do nosso mestre Jesus.

Aquela que não foi esquecida pelos homens, pelas autoridades, foi uma exemplar trabalhadora, pois durante muitos anos varreu as ruas desta cidade, sem receber um salário, sem sequer mover qualquer ação trabalhista contra ninguém, sem reclamar de nada, ao contrário, nasceu, viveu e morreu na simplicidade, como simples são as grandes almas, assim como era a de Lurdinha”.

Ela teve sua história contada em livro, escrito pela professora Valnice Pereira em que narra nossa atuação em favor da nossa amiga Lurdinha. Mas voltando as campanhas fiz várias outras e por isso de uma ora para outra eu tinha a cidade inteira me procurando na emissora, para que resolvesse os mais diversos problemas, eu atendia a todas as pessoas com muito carinho e amizade, mas nem sempre eu conseguia atender aos pedidos que me traziam, porque eram demais.

Um dos fatos que mais marcou a minha passagem no rádio

Esse fato, não tem nada a ver com as campanhas que fiz, porém, não posso deixar de registrar aqui nesse livro, porque foi algo que marcou muito pra mim, mexeu com a minha sensibilidade, com o meu interior de ser humano, de radialista, de político, por que eu era candidato a reeleição, na eleição de 1988, a uma cadeira do legislativo tijucano. Estava apresentando o meu programa Tarde Noite Cabocla, na Rádio Platina, quando recebi a visita de uma ouvinte, por nome Maria Lucia. Ela residia no Bairro Gardênia. Ela me visitou pra comunicar, que tinha feito um voto, pra eu ganhar a eleição daquele ano. Que iria de Ituiutaba a Romaria a pé, caso eu me elegesse vereador naquela eleição. Veja bem o tamanho do sentimento e a grande estima, carinho e consideração que essa ouvinte, amiga, eleitora, companheira tinha por mim.

Segundo ela, o que estava fazendo, nada mais era que retribuir tudo o que eu ao longo de minha carreira política havia feito em favor de seu bairro, dos demais bairros da cidade, pois quase todos quando iniciei minha carreira radiofônica e política, em 1967/1972, não tinham quase infraestrutura alguma e nem saneamento básico, água e esgoto, energia, asfalto, mais acima de tudo, pelo que eu sempre fiz pelas pessoas, dar atenção, ajuda, especialmente, pelo que fiz, por ela, e por sua filha de 12 anos, que tinha ficado doente, e quem havia dado cobertura, para ambas naquela hora fui eu. Isso ela falou ao vivo no meu programa, eu nem me lembrava desse fato. Confesso fiquei muito emocionado, por receber daquela ouvinte, daquela criatura, tamanha consideração. Fiquei quase sem saber o que falar para retribuir tanta doação, tanta estima tanta consideração. Todos os dias eu falava que Maria Lucia tinha feito aquele tipo de voto, para eu ganhar a eleição.

Deu certo, realizada a eleição, me reelegi vereador mais uma vez e com uma ótima votação. Agora era hora de retribuir toda ajuda que a minha amiga, a minha ouvinte, a minha companheira, a minha quase parente, fez por mim.  Tudo que eu fizesse ainda seria pouco. No ano seguinte, nos meados do mês de julho ela saiu a pé de Ituiutaba com destino a Romaria, foi agradecer a Nossa Senhora da Abadia, pela minha grande vitória, pois mais uma vez tinha me elegido vereador gastando dinheiro só com os chamados santinhos. Esse foi um dos fatos mais importante que marcou minha passagem no rádio e no meu programa “Tarde Noite Cabocla”, nos seus trinta anos no ar

Minha posição política me tirou da Rádio Cancella e me levou para Rádio Platina

Na eleição de 1982, devido a minha popularidade fui convidado por um dos diretores do Grupo Cancella, que era defensor do grupo arenista na cidade a integrar a ARENA, oferecendo-me, se eu quisesse, candidatar-me a prefeito, em uma sob-legenda. Não aceitei a proposta, pois naquela ocasião eu pertencia, como pertenço até hoje aos quadros do PMDB, do qual fui um dos fundadores em Ituiutaba. Fui alertado por um funcionário que não me lembro mais seu nome, que na primeira oportunidade eu ia ser mandado embora.

Não demorou muito, a emissora realizava naquela época dentro de seu tradicional programa de rádio-jornalismo “Ituiutaba das 11 as 12”, um Pinga Fogo, dirigido pelo companheiro Luiz Carlos Souza e que tinha a minha participação, do Rui Barbosa Castanheira, Dr. Manoel Tiburcio, e Agnaldo Zóccoli. O programa já tinha entrevistado todos os políticos da cidade, só faltava eu que era vereador, em meu segundo mandato. Chegou o dia de minha participação naquele pinga fogo, qual não foi minha surpresa, ao iniciar o programa veio uma ordem expressa dos diretores da emissora: não era para realizar o programa comigo. Inconformado com aquela decisão, o companheiro Luiz Carlo, diretor e aprodutor do programa me convidou no ar, me perguntando seu eu sabia qual o motivo daquela proibição. Respondi que não, mas afirmei que imaginava serem os meus desafetos ocultos que tinham se encarregado de fazer fofoca juntos aos proprietários da emissora, pois tinham medo da verdade que eu estava disposto a contar naquele pinga fogo, verdades que eles tanto temiam. Bastou apenas eu dizer isso, em seguida fui chamado no escritório e demitido de minhas funções de diretor comercial da emissora e de apresentador do programa de maior audiência da cidade.

Mais tarde fiquei sabendo que o motivo de minha demissão foi o desentendimento com um dos diretores da emissora, por minha demissão, devido a entrevista com Homero Santos em Centralina e a minha recusa de passar para a ARENA, onde eu seria usado para apoiar a candidatura do Romel Anísio Jorge para prefeito. Fiquei uns sessenta dias fora do rádio, mas quem tem amigo não morre pagão: fui convidado pelo Sr. Alcides Gomes Junqueira e seu filho, Luiz Alberto Franco Junqueira, para ir trabalhar na Rádio Platina, isso no início de 1982. Eles pertenciam aos quadros do PMDB. Trabalhei 8 anos na emissora, no final de 1989, A Rádio Platina foi vendida para o Grupo Cancella e eu perdi o emprego.

Luiz Calos de Souza um dos melhores Rádio jornalista de Ituiutaba

Luiz Carlos de Souza

Este grande profissional iniciou no rádio nos idos de 1972, levado pelo meu mano, Hélio Dias que era gerente da Rádio Cancella. Detentor de uma voz grave, de um Tibre inigualável, iniciou sua carreira na Rádio Cancella pouco depois que eu havia iniciado, por volta de 1972. Trabalhar com ele era muito fácil, devido o profissionalismo que sempre marcou sua carreira de radialista. Juntos fizemos dezenas de programas de rádio-jornalismo, principalmente, o Ituiutaba das 11h às 12h e neste programa tivemos a oportunidade de debater a cidade, de questionaras coisas erradas e de apontar diretrizes para o seu desenvolvimento.

Nos Pinga Fogo que fizemos com os políticos desta cidade, nós procuramos mostrar o perfil de cada um, isto porque, no ano seguinte ia ter eleição municipal, e nada melhor, para o eleitor conhecer o perfil de cada um que viesse a se candidatar. O Luiz é que escolhia os entrevistados e os temas que iam ser usados no debate. Foi por causa destes pinga fogo e por causa do desentendimento que tive com um dos diretores da emissora e  da entrevista em que desmascaramos o deputado Homero Santos é que perdi o emprego na Rádio Cancella, como já mencionei anteriormente.

Mas o companheiro Luiz Carlos, contrariado com aquela situação intercedeu por mim na época, mas como eu era vereador do PMDB e não deixava a batata assar, me tirar o microfone era a forma mais fácil de apagar o sucesso que eu fazia, devido minha atuação como vereador e como radialista. Deixo aqui registrado a minha homenagem e o meu agradecimento ao companheiro Luiz Carlos, e o meu reconhecimento ao extraordinário profissional que sempre foi e continua sendo.

Registro aqui também o nome de outro grande profissional, o companheiro Daniel Paulo do Nascimento que entrou também no rádio por intermédio do meu irmão Helio, quase na mesma data que eu estreava na rádio Cancella com o Programa Show Noturno. Daniel foi discotecário e depois de algum tempo iniciou o Programa Daniel Paulo e Iara Ramos que ele comanda até hoje na Rádio Cancella.  (Ainda falarei sobre o amigo e companheiro Daniel, com outras informações). 

Mesmo tendo saído por motivos políticos da Rádio Cancella, lá deixei grandes amigos, como Luiz Carlos de Souza, Daniel Paulo do Nascimento, Vanderlei Nascimento, Elmory Pereira Lisboa, Osvaldo de Barros, Cezar França, Edmar Mariano, dentre outros.

A Rádio Cancella ampliou sua estrutura na área de comunicação, em 1984, inaugurou nesta cidade a sua segunda unidade a Rádio Cancella FM, com o objetivo de alargar os horizontes desta cidade na área de comunicação. Em 1989, adquiriu a Rádio Platina e instalou também nesta cidade a TV Cancella, criando a partir desta criação, o Sistema Cancella de Comunicação.

Deixo aqui a minha homenagem aos diretores do Sistema Cancella de Comunicação: José Manoel Pinheiro; Gildo Vilela Cancella ( esse em memória) e Ricardo Alves, pelo que já fizeram em favor do desenvolvimento de Ituiutaba, mas, sobretudo, aos antigos e atuais funcionários, companheiros da comunicação: Cancella AM – Valmir Teixeira, Luiz Carlos de Souza, Daniel Paulo do Nascimento, Adeilton José, Flor Delis, Tales Fidelis, Maria José, Maria da Guia e João Vilela. Cancella FM – Alécio Venâncio, Aniceto Elias, Diniz Vitor, Emerson Melo e Renata Lima. Radio Globo – Valdemar Camargo e Adeilton José. Minha homenagem também ao ex-funcionário, Saveedra Fontes, foi um grande profissional de rádio.

Minha estreia na Rádio Platina foi aguardada com muita expectativa

Hairton estréia na Rádio Platina

De um lado existia uma expectativa muito grande por parte de meus ouvintes quanto a minha volta ao rádio, apresentar novamente o programa Tarde Noite Cabocla, por outro lado havia apreensão de meus adversários políticos que haviam contribuído para minha dispensa da Rádio Cancella. 1º de jevereiro de 1982, ano político, 17 horas, entrava no ar novamente mais um programa da serie ilustrada: Tarde Noite Cabocla. Frustrei todos os meus desafetos, porque não toquei no assunto sobre minha dispensa. Disse apenas que perdoava todos os meus inimigos porque eles também eram filhos de Deus. Por esta minha fala recebi dezenas de telefonemas de cumprimento pela minha posição de grandeza. Entendi que perdão também é vingança.

Voltar a Rádio Platina depois de vários anos que havia passado por lá, era uma alegria e uma honra, porque ia ter de fato a oportunidade de trabalhar com grandes profissionais, o mais importante de todos os profissionais de rádio desta cidade; Fernando Santiago, o mestre de todos nós, Manoel Alves Valadão, Ricardo Abalém, Mauro Melo, Toninho Silva, Raul Paulo, Toninho Pop. Iria trabalhar na emissora que representava uma parte da história da Terra de São José do Tijuco, a mais tradicional.

Talvez tivesse a oportunidade de fazer o programa mais tradicional do rádio brasileiro “Ofertas Musicais”. Em 1982, há trinta e seis anos no ar. Apresentar Tarde Noite cabocla na Rádio Platina significava aumentar minha audiência, pois trazia meus ouvintes e herdava os ouvintes da emissora, e do horário. Por outro lado surgia a oportunidade de aumentar o número de patrocinadores do programa e a oportunidade de aumentar os ganhos. Isto aconteceu, pois dentro de seis meses passei o faturamento de pouco mais de quatrocentos e cinquenta mil cruzeiros, para aproximadamente um milhão e meio de cruzeiros (dinheiro da época).

O meu programa de duas horas que tinha 10 anunciantes que foram comigo para aquela emissora, aumentei para vinte anunciantes, dobrei o faturamento. Todas as tarde, a partir das dezessete horas, eu entrava no ar, sempre com uma mensagem de otimismo que agradava aos meus ouvintes. Como por exemplo: Só vence aquele que acredita no poder de vencer – outro: Para viver em paz temos que fazer como o sábio, mesmo com o coração partido ter um sorriso nos lábios. O mal maior não é para quem recebe, mas para quem pratica!

Durante os trinta anos no ar, o programa Tarde Noite Cabocla recebeu a visita de quase todos os grandes artistas da música sertaneja do Brasil

Hairton e companheiros da comunicação, João Negrinho e Barbosão

Outro registro importante do meu programa, os artistas sertanejos que visitavam esta região do Brasil central sabiam que nossa cidade, celeiro de artista estava localizada em um ponto estratégico, no Pontal e que em termos musicais influenciava as demais cidades da região, o artista que tivesse a felicidade de ter um disco seu rolando nas emissoras locais, especialmente no Programa Tarde Noite Cabocla, tinha sucesso garantido em outras regiões do país. Assim todos os artistas que visitavam a cidade iam no meu programa.

No detalhe: Bruno, HD e Marrone

Um detalhe importantíssimo, nunca cobrei jabá para rolar musica de qualquer artista que visitou meu programa. Recebi a visita de Milionário e José Rico; Chitãozinho e Chororó; Tião Carreiro e Pardinho, Lucas e Luan, Alan e Aladin, João Mineiro e Marciano, Felipe e Falcão, Teodoro e Sampaio, Cezar e Paulinho, Zezé de Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, Pedro Bento e Zé da Estrada, Irmãs Galvão, Luiz Gonzaga, Gino e Geno, Cacique e Pajé, Zé do Rancho e Zé do Pinho, Jacó e Jacózinho, Trio Parada Dura, As Marcianas, Guilherme e Santiago, Ronaldo Viola e João Carvalho, Christian e Ralf, dentre outros.

Pedro Bento, Hairton Dias e Zé da Estrada

Todos os artistas citados tive também, a oportunidade de apresentar shows, com a participação deles, em Circo, Comícios e na Expopec. Em uma visita que me fez o grande Luiz Gonzaga, em um dado momento, quando eu o entrevistava, eu perguntei a ele: você já deve ter comido muita poeira da estrada viajando por este país, não é mesmo Luiz?  Simplesmente me respondeu filosofando. A poeira que faz mal, Hairton, não é a poeira da estrada, mas sim, a poeira que vive nas gavetas dos armários palacianos deste país. Outra visita importante que recebi e destaco, com prazer foi a dos consagrados reis e criadores do pagode no Brasil “Tião Carreiro e Pardinho, que me presentearam com os 57 LPs gravados durante a carreira. Eu os homenageei com um título de Cidadania honorária, devido à música que fizeram dedicada a cidade, intitulada "Saudade de Ituiutaba", divulgando a nossa cidade nos quatro cantos do País. 

João Negrinho e filho, Ataide, Hairton e Alexandre

Daniel Paulo faz sucesso com seu programa radiofônico

Daniel Paulo e Yara Ramos - Foto: Portal Notícias

Outro personagem importante no contexto do Rádio Tijucano é o consagrado radialista Daniel Paulo, que está completando 39 anos no ar, com seu programa “Daniel Paulo e Iara Ramos”, hoje o mais tradicional programa de rádio desta região do Triângulo Mineiro.

Daniel é de uma família de radialista, pois, além dele temos outros chavões do rádio desta cidade: Raul Paulo (hoje residindo e trabalhando em Uberlândia), Vanderlei Nascimento, Flor de Liz e Eduardo Roque de Paulo, esse último, convocado pelo mestre Jesus foi integrar a equipe de radialista no além, mas que fez história aqui nesta cidade, quando era figurinha carimbada de todos os álbuns, e que fazia sucesso na emissora que trabalhou.

Mas voltando ao nosso homenageado e ressaltando a força do rádio, Daniel Paulo, através do seu programa ficou tão popular que foi convidado a ingressar na política, Filiou-se ao PMDB, conseguindo se eleger vereador com uma expressiva votação, assim como aconteceu comigo em quatro mandatos. Uma observação: o rádio dá popularidade, porém, o radialista tem que colaborar ter conteúdo, saber usar o microfone, ser útil à população, levar uma mensagem sadia, construtiva, caso contrário não adianta nada o radialista ficar conhecida, é preciso primeiro ter conteúdo, qualidade, ser diferente e fazer a diferença, caso contrário não chegaria lá, mas se chegasse seria por pouco tempo. Como já aconteceu com alguém.  

No programa Daniel tem de tudo, boa música, boa informação, horóscopo, com a especialíssima astróloga brasileira, Iara Ramos, utilidade pública, e quando é necessário, Daniel faz comentários sobre os mais diversos assuntos da vida desta cidade, às vezes chamando a atenção das autoridades constituídas, ou então, cobrando atitudes dessas autoridades em favor do desenvolvimento do município.

No horário em que apresenta o seu Programa, ou seja, das 8h às 11h, Daniel é líder de audiência, pois todo mundo quer saber o que vai acontecer, no seu dia a dia, através das informações astrológicas da Iara, mas também, devido ao bom papo do apresentador Daniel Paulo.

Daniel Paulo pode bater o recorde nesta região do Triângulo Mineiro, de permanência no ar com um programa radiofônico, Daniel Paulo e Iara Ramos, na Rádio Cancella AM, que até então, pertencia ao nosso saudoso Fernando Santiago; quarenta anos no ar, com o programa “Nosso Sítio”, na Rádio Platina. Parabéns companheiro!

Rádio Platina possuía um grande acervo musical em 78 RPM e Vinil

Na Rádio Platina tive a oportunidade de conhecer um dos maiores acervos culturais, uma coleção de discos 78 RPM e também em Vinil, que datam de 1935 a 1951, a partir de sua inauguração. Os primeiros sucessos de Tonico e Tinoco, Raul Torres e Florêncio, Mazaroppi Chico Alves, Carmem Miranda, Ataulfo Alves, Orlando Silva, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino, Caruzzo, Pepino de Capri, Gigliola Cinquetti, Geani Morandi e tantos outros.

Tive a honra de apresentar o programa Ofertas Musicais

Uma certa manhã, eu estava visitando a rádio, quando o amigo Valadão que era o gerente da emissora, me  pediu se eu podia substituir o locutor que fazia o programa Ofertas Musicais, que precisava ir ao médico naquele horário. Respondi que sim, era um prazer poder ajudar um colega de trabalho e claro ter a honra de apresentar o programa mais tradicional do rádio, do interior brasileiro. O programa começava às 12h e terminava às 15 horas. No horário certo eu estava ali, confesso emocionado, em ter a oportunidade de fazer aquele programa que fazia parte da história do rádio de Ituiutaba e desta região do Triângulo Mineiro:

Boa tarde ouvintes! Estamos iniciando Ofertas Musicais – música, recados e utilidade pública, um programa a serviço de Ituiutaba e região. Foi assim que abri o programa, naquele dia 20 de janeiro de 1983. À medida que o tempo ia passando eu ia lendo os recados e avisos que as pessoas passavam, e oferecendo as músicas que eram pedidas para serem oferecidas aos aniversariantes. Tive a oportunidade de passar vários avisos com esse tipo de recado: Atenção Fazenda Baú Velho – Antônio avisa a esposa Maria que chegou de viagem de São Paulo, segue no ônibus das 7 horas de amanhã. Pede buscá-lo no ponto.

Outro: Fazenda Campo Alegre – Vilsinho avisa aos amigos que terá jogo neste domingo. Pede o comparecimento dos jogadores e da torcida. Mais um para exemplificar: Josefa avisa seu marido Rubens na fazenda Serra da Aroeira, que deu a luz a uma linda garota. Mãe e filha passam bem.

Para mim foi uma grande alegria, eu estava realizado, apresentava um programa que era campeão de audiência, Tarde Noite Cabocla e tive o prazer de apresentar o mais tradicional programa do Rádio Brasileiro – Ofertas Musicais.

Quero destacar também o papel que exerceu o repórter Agnaldo Zócolli, na condução do Programa, a Voz do Povo, na Rádio Platina, na década de sessenta, antes mesmo do rádio-jornalista, Ricardo Abalém. Foi um grande repórter, tinha uma característica sui-gêneres, franco, objetivo e sarcástico às vezes. Quando entrevistava alguém, especialmente político, que fazia promessas, usava a expressão: Deus ta vendo. Esta afirmação desarticulava o entrevistado. Costumava afirmar também em seu programa: "Se precisar de uma gota de suor de um funcionário público para salvar uma vida, ele morre.

Fazia esta afirmação sem temer qualquer tipo de retaliação, por parte dos funcionários públicos da época. Agnaldo foi um dos grandes repórteres do Rádio ituiutabano. Atualmente mora em Uberlândia para onde se mudou com a família".

Radio Difusora me convidou para fazer o Programa Tarde Noite Cabocla e ser seu Diretor Comercial

Hairton apresentando programa na Difusora

Fiquei um bom período sem trabalhar em rádio, pois precisava descansar, mas quem experimenta um microfone, não esquece jamais, aceitei o convite, do Dr. Jeuid Abdulmassih e, no dia 1° de fevereiro de 1992, iniciei uma nova faze no rádio e do meu programa Tarde Noite Cabocla. Foram 13 anos de luta em favor daquela emissora. Onde tive a oportunidade de ganhar muito dinheiro, por que era um bom diretor comercial e bom consultor de publicidade.

Como não poderia deixar de ser, o programa sempre ficou a disposição dos ouvintes, que de acordo com relatos custavam a esperar chegar às 17 horas, para me ouvir. Eu tinha um fã clube permanente que me acompanhou até os últimos dias de minha jornada radiofônica. Na Difusora AM, tive a honra de trabalhar novamente com o companheiro Elmory Pereira Lisboa, que há alguns anos havia se transferido para a queridinha da cidade, onde era redator, produtor e apresentador de programa esportivo, cronista esportivo e noticiarista.

Foi um grande prazer trabalhar novamente com ele. O Pereira devido ser um grande locutor, de um timbre de voz diferenciada (voz média), tinha recebido o slogan “Pereira Lisboa, o homem da fala boa”. Trabalhei também com o Marco Antônio (o popular Boca), Cezar França e Laila, Ricardo Abalém, Odeemes Brás, Caio de Souza, Marquinhos de Almeida, Codady da Silveira, Taquaral, Donizete de Freitas, Sinval Bispo, Zildomar de Oliveira, Marcos Dias, Darci Gonçalves, Donizete Oliveira, Ismael Barbosa (Barbosão) Adeilton José, Luiz Azevedo, Lourival Gonçalves (Leitão), Edilson Carlos, Eurípedes Filho, Marco Túlio, Edna e Dr. Jeuid Abdulmassih.

Deixei a Rádio Difusora no dia 3 de setembro de 2005, após fazer pela última vez o Programa Tarde Noite Cabocla, e encerrei com esse Poema Prece, após esta data, a emissora saiu do ar e só voltou ao ar em outubro de 2006. Veja uma das páginas literárias que enriqueceu o meu programa durante trinta anos no ar. Foi à última vez que rezei essa prece no rádio.

Poema Prece

Enê Enoi Navarro

Obrigado Senhor, pelos dois olhos que tu nos deste

Com eles podemos ver o céu, as nuvens errantes

O mar verde beijando a areia,

O por do sol, as flores

O mundo em fim, numa sinfonia de cores,

Mas ao lado da nossa alegria, há tristeza dos cegos

Nós te pedimos por eles senhor!

Dá-lhes a fé e a luz interior.

Obrigado Senhor, pelas duas mãos que tu nos deste,

Com elas podemos na escola e no lar, não só escrever

Mas também trabalhar,

Abençoa as mãos que acalentam o filho no seio

E as mãos que acalentam o filho alheio.

Abençoa as mãos que curam,

As mãos que semeiam,

As mãos que constroem

As mãos que escrevem,

As mãos que criam o belo,

As mãos que em defesa batalham

E todas as mãos que trabalham!

Obrigado Senhor, por que nos destes dois pés tão perfeitos,

Que podem andar sem nunca cansar,

Conduzi-os, por favor, na trilha do bem e na trilha do amor,

E aqueles que perderam as mãos

Ou aqueles que perderam os pés,

Nós te pedimos por eles,

Consola-os pai, que saibam também

Que um dia no além, já lá do outro lado

São todos perfeitos nenhum mutilados!

Obrigado Senhor, pelos dois ouvidos que tu nos deste,

Há tanta música na terra,

Há o lamento do vento nos pinheiros

E o canto triste dos boiadeiros.

Há o coaxar dos sapos no banhado

E o tamborilar da chuva no telhado,

E a música ingênuo do povo,

As cantigas descem do morro

E a música dos mestres imortais

Que se ouve uma vez e não se esquece jamais!

Mas ao lado dos que vivem isolados,

Nós te pedimos pelos que não têm ouvidos,

Aumenta-lhes o pai os outros quatro sentidos.

Obrigado Senhor, pela voz que tu nos deste,

Abençoa os que com a voz ensinam

E também os que com a voz doutrinam,

E aos que não tem o dom da linguagem,

Nós te suplicamos dá-lhes consolo e dá-lhes coragem

Porque se na terra não podem falar,

Em teu reino até podem cantar.

Obrigado Senhor, porque temos um lar

Que rico ou modesto no mundo inteirinho

Não há um só lugar como esse nosso cantinho,

A ti que nos cobre de bênçãos,

A ti que nos dás tanto amor,

Obrigado Senhor, obrigado senhor!

Após fazer essa oração o meu programa saiu do ar, no dia 03/09/2005.

Registro: Em 2001, o meu programa Tarde Noite Cabocla comemorou o seu Jubileu de Prata, 25 anos no ar. Naquela oportunidade apresentei o programa direto do Ginásio Municipal Romão, quando eu trouxe para comemorar a data, os consagrados artistas sertanejos, Dino Franco e Mouraí, em show ao vivo no programa

Em 2 de setembro de 2005, dia do meu aniversário, recebi a visita no programa de uma das mais consagradas duplas sertanejas da nova geração, Guilherme e Santiago. Durante duas horas eles cantaram e encantaram, os meus ouvintes da cidade e do campo. Nesse dia, não sei de onde saiu tantas garotas que queriam ver, abraçar, pedir autógrafo e tirar foto com esses consagrados artistas, meus conterrâneos, do Estado de Goiás. Foi uma grande festa para mim.

Rádio Difusora disputa audiência com as demais emissoras da cidade

Pereira Lisboa sendo entrevistado fala da importância da Rádio Difusora

Por volta de 1981, a Rádio Difusora que tinha em sua direção meu amigo Dr. Jeuid Abdulmassih disputava com sua equipe Papagaio, naquela altura dos acontecimentos, a audiência da população, fato comum na época, com a Rádio Cancella e Radio Platina, pois conseguia levar para seus quadros funcionais os melhores comunicadores da cidade. Tal como João Batista Rodrigues, Fernando Santiago, Ricardo Abalém, Sebastião Barbosa, Gilson Humberto, dentre outros. Era uma disputada Saudável e todas emissoras trabalhavam para ajudar a incrementar o desenvolvimento de Ituiutaba.

O diretor da Rádio difusora Jeuid Abdulmassih, além do rádio, deu a sua contribuição também como presidente da União Tijucana de Esporte (UTI), em 1972/73, Presidente da ACII e como vereador por dois mandatos de 1983 a 1992, graças à popularidade alcançada com seus comentários pelos microfones da Queridinha da Cidade “A Radio Difusora”.

A rádio Difusora foi à única emissora a transmitir direto do gabinete do prefeito Acácio Cintra, em 1978, a visita do Governador Aureliano Chaves de Mendonça, quando destinou recursos para pavimentar a Av. Professor José Vieira de Mendonça, que liga o centro ao Bairro alvorada, onde estão situados o Parque JK, o Ginásio Poliesportivo Municipal Romão e o Estádio Municipal de Futebol, Julia Prado, em construção.

Transmitiu a visita que o governador Eduardo Azeredo fez a ACII, quando destinou recursos para construir o Conservatório Estadual de Musica de Ituiutaba, em 1997. Cobriu a visita que o governador Tancredo Neves fez a esta cidade em 1983. Transmitiu por diversas vezes as reuniões da Câmara Municipal de Ituiutaba.

Gincanas radiofônicas arrecadavam viveres para entidades e aumentava audiência da emissora

Dr. Jeuid Abdulmassih e sua netinha

Para aumentar ainda mais a audiência a Difusora, sob o comando do Dr. Jeuid promovia campanhas em forma de gincana, em favor das entidades filantrópicas da cidade. Essa movimentação era feita ao vivo do centro da cidade, ora da Rua 22 com Av. 17, ora da Av. 15 com Rua 22 e todo mundo participava, fazendo doação com gêneros alimentícios. Os motoristas faziam questão de passar naqueles locais só para participar e fazer suas doações. Além destas campanhas, a emissora fazia enquete também ao vivo, sobre questões de relevância para a cidade, era um verdadeiro furor todo mundo participava dando a sua opinião.

Cezar França um dos maiores declamadores de poemas do rádio brasileiro

Cesar França

Considerada a voz de veludo do rádio ituiutabano, Cesar França deixou um grande legado para o rádio tijucano e para os artistas que estavam em início de carreira, pois a todos apoiava sempre com a mesma dedicação e cortesia, marcante em sua carreira. De Terno e Chapéu branco, uma marca registrada em sua forma de vestir, chegava meia hora antes de entrar no ar e iniciar muitos de seus programas.

 Um deles que apresentava ao vivo nos auditórios das Rádios Platina e Cancella, e que eu que tive a honra de participar com ele na apresentação; “Sertão do Meu Brasil, com apresentação de algumas duplas sertanejas de destaque, como: Os irmãos Oliveira (Iragi e Valtinho) Solevante e Soleni, a cantora Sueli, Trio Flor de Minas (Zezé, Tatão e Ribeirinho) e Marcio Ribeiro, que inclusive, assumiu o sobrenome “França”, Passando a chamar-se Marcio França (homenagem ao Cezar), pois recebeu do amigo Cezar França toda cobertura para se apresentar no Programa do Chacrinha, da TV Globo, no Rio de janeiro, tendo vencido o concurso, “O Melhor Calouro do Brasil”. E a partir daí tornou-se artista profissional fazendo por muito tempo grande sucesso .

Eu ainda me lembro como o amigo e companheiro, Cesar França abria seus programas: “Bom dia, meus amigos da cidade e do campo, fazendeiros, pecuaristas, lavouristas, tratoristas e meninas moças, quem tem o prazer de lhes cumprimentar e esse amigo de vocês Cezar França”.

Mas a marca registrada do Cesar pra mim era os poemas sertanejos que declamava, inclusive, possuía uma coleção de livros só de poemas, cada um mais bonito do que o outro. Um deles – “Lenço Preto”, que contava a história de um casal de namorados, (Rosinha e Lenço Preto), que no dia do casamento deles, descobriu-se que eles eram irmãos. Ele emocionava a gente, tamanha era sua eloquência e interpretação. “Senhor padre, encerre essa cerimônia agora, porque pela lei de Deus e pela lei dos homens é pecado e proibido, casar irmã com irmão. Esse era um trecho do poema que cansei de ver gente se emocionar e encher os olhos d’água, no auditório das emissoras, quando, o Cezar o declamava, tal era sua beleza.

Um outro poema que ele interpretava, e que deixava as pessoas arrepiadas era uma adaptação feita por ele mesmo, das músicas Cabocla Tereza e Chico Mulato, que narra a história de amor de Chico Mulato Pela Cabocla Tereza, músicas composta por João Pacifico e gravada inicialmente por Torres e Florêncio. Ele dava um verdadeiro show nessa declamação: Ah, seu moço eu vou contá, um causo triste que aconteceu no arraiá, uma historia de amor que o destino não quis deixá vigá, do amor de Chico Mulato por aquela Cabocla Tereza, que todo sertão se enamorou, mas que arrebentou coração de Chico, e essa caboclinha danada, desprezou esse amô, foi com seu cunhado, o irmão de Chico, seu rivá, se casá! Só sei esse pedacinho mais ou menos. Isso se perdeu com desencarne do nosso companheiro Cezar França.

 Pra mim no Brasil, só existe dois grande declamadores de poemas sertanejos: Rolando Boldrin, que ainda vive e o nosso inesquecível amigo e grande profissional, Cesar França, que acima de tudo, era um grande homem, de qualidades inquestionáveis.

Além de ser um dos maiores radialistas que já trabalhou nas emissoras de rádio desta cidade, Cesar França era também corretor de imóvel, um dos melhores desta região do Brasil central. Só vendia grandes fazendas, em várias regiões do país. Essa Frase é dele: “Imóvel meu amigo, você compra a valorização paga”. Ele afirmava em seus programas radiofônicos, “só perde quem dá escritura, rico é quem compra e recebe escritura, mesmo que temporariamente, tenha feito um mal negócio”.

Além de todas as qualidades já citadas, Cesar França era músico, compositor, cantor, diretor, produtor sertanejo, mas acima de tudo, era um grande homem, de qualidades morais inquestionáveis.

Uma das músicas compostas por ele e gravada pelo Trio da Vitória (Venâncio, Venancinho e Inhozinho): “Fortuna dos namorados”, sucesso em todo Brasil:

 “Embora a vida nunca venha ser o que sonhei! Embora a vida nunca venha ser o que espero! Pelo amor de Deus minha querida não me abandones!..

Trabalhei com o Cesar França, nas três emissoras AM de Ituiutaba: Platina, Cancella e Difusora. Um dos mais alinhados e cultos radialistas que conheci. A ele onde estiver minha homenagem.

Programa de auditório da Rádio Difusora revelou muitos artistas

Hairton Dias recebeu em seu programa especial o Grupo Raiz

Hairton Dias recebeu em seu programa especial o Grupo Raiz

A Rádio Difusora AM, além de sua programação normal, levada ao ar de segunda a sexta-feira, apresentava aos domingos um programa de auditória, intitulado Encontro de Violeiros (existe até hoje, sendo apresentado por Darci Gonçalves), apresentado, naquela época, ora pelo mestre Badião, ora por Fernando Santiago que já haviam deixado a Radio Platina, eu mesmo chequei a apresentar esse programa, onde foram revelados inúmeros artistas desta cidade, como Bianca, Badiínho, Cleber e Fábio, Solevante e Soleny, Sueli, Irmãos Oliveira, Geraldo Viola e Dino Guedes, Irmãos Camargo, Hilário e Zito Rocha, Freitas e Miranda, Grupo Raíz, Marcelito e Marcelo Brito e tantos outros. Em um desses programas especiais que apresentei na Rádio Difusora, a Rede Globo de Televisão gravou, produziu e mostrou para o país e o mundo a importância do rádio e dos programas de auditório, para a descoberta de novos talentos para a musica popular, e para musica sertaneja do Brasil. O meu programa foi divulgado no pais e no mundo, sem falar que dei ibope no Programa da Ana Maria Braga "Mais Você", em uma produção do repórter Marcelo Honorato.

Publico prestigiando o programa especial apresentado pelo comunicador Hairton Dias

Para emoldurar a presença radiofônica, a Difusora inaugura sua FM em Ituiutaba

Como a nova onda era Rádio FM, os diretores da Rádio Difusora iniciaram um projeto para implantar nesta cidade uma nova rádio, sua FM que pudesse ser, além de uma emissora com som estéreo, mas, sobretudo, pudesse demonstrar através de sua onda sonora, a grandeza de Ituiutaba e desta região. Foi pensando assim que o processo de instalação da nova emissora iniciou-se sob a direção do Dr. Jeuid Abdulmassih que era gerente da Difusora AM e que teve a participação importante na conclusão do projeto de montagem, de Eduardo Abdulmassih, filho do empresário, Fauzi Abdulmassih que já era um dos proprietários da Rádio Difusora AM de Ituiutaba e que tinha mais duas emissoras na cidade de Tupaciguara.

À esquerda em pé: o diretor da Rádio Difusora FM, Eduardo Abdulmassih e amigos como: Paulo Tarso (locutor), Adelaide Pajuaba, Ronaldo, Mª Angélica e Luiz Gustavo

Assim no ano de 1987, a cidade acordava alegre e feliz porque entrava no ar a Rádio Difusora FM, sob a direção de Eduardo Ferreira Abdulmassih e com uma equipe de comunicadores da mais alta qualidade, como Márcio Santos, Márcio Gama, Paulo Tarso, D´Joe chocolate e Claudio Amarante. Depois vieram outros como Marcelo Belchior, ao lado de D´Joe Chocolate revelaram-se fenômenos na comunicação em rádio FM nesta região, Hoje prestando serviço em outras emissoras do país.

Faço este registro para homenagear estes dois grandes profissionais, extensivo aos atuais comunicadores: Paulo Tarso, Marcio Santos, Sergio Cândido, Claudio Amarante, Donizete de Freitas, Divino Pop, Wilson Barreto, Gilmar Conceição (Free Lancer), a recepcionista Maria das Graças Costa, e o diretor presidente, Eduardo Ferreira Abdulmassih.

Odeemes Braz inaugura uma nova fase na Rádio Difusora AM

Odeemes Braz

A Rádio Difusora AM, que paralisou suas atividades radiofônicas no dia 03/09/2005, por motivos que desconheço, só voltaria às suas atividades normais em julho de 2006, ficando, portanto, quase um ano fora do ar. Quando saiu do ar funcionava, na Av. 17, n° 1045, bem no centro da cidade e tinha a direção de um de seus proprietários, Eduardo Ferreira Abdulmassih. 

A cidade sem saber os motivos dessa súbita paralisação questionava as razões que havia levado seus proprietários a tomar tal atitude, já que a emissora desfrutava de uma grande audiência e popularidade junto aos seus ouvintes. O tempo passou, e assim como saiu do ar, sem dar maiores explicações ela voltou ao ar, com nova direção e em novo endereço, iria funcionar na Av. 15, Calçadão, Edifício Jockey Clube, 10º andar.

Coube ao companheiro Odeemes Braz assumir a gerência local da emissora, mas em sua retaguarda assumia a direção o empresário Omar Abdulmassih, sobrinho do Dr. Fauzi Abdulmassih, também um dos sócios da emissora.

Nessa nova fase, a Rádio Difusora AM, trazia a proposta de levar o público para dentro daquela emissora e abrir os seus microfones para a população denunciar as omissões e a falta de compromisso das autoridades constituídas do Município e ao mesmo tempo cobrar as soluções para todas essas situações.

Para tanto assumiu o comando do jornalismo, que até então era dirigido pelo por outro brilhante companheiro, Ismael Barbosa, o destemido radialista e gerente administrativo da emissora, Odeemes Braz, que tem procurado desempenhar com toda transparência, o papel ao qual se propôs, diga-se de passagem importantíssimo em nome da sociedade, cobrar das autoridades constituídas que compram o seu papel constitucional. Acima de tudo de respeito ao povo desta cidade.

Realmente, essa e a missão do rádio, cobrar, debater e discutir os problemas existentes na cidade, e isso o radialista Odeemes Braz faz muito bem, às vezes, pondo em risco a sua própria segurança. É isso Odeemes, é de pessoas como você que esta cidade precisa.  

Elmory Pereira Lisboa o maior narrador esportivo de Ituiutaba

Pereira Lisboa, o locutor da fala boa

Elmory Pereira Lisboa nasceu nesta cidade, em 27 de outubro de 1940, filho de Nicolina Pereira Lisboa e Oliveiro Lisboa. Era casado com Divina Helena Alves Lisboa com quem teve duas filhas, Elma e Simone. Iniciou sua carreira radiofônica na Rádio Platina, nos idos de 1957, tendo trabalhado com grandes profissionais do rádio, como José Maria da Costa, Fernando Santiago, Elvio Sena, Horácio Costa Cesar França e mais tarde com Vilibaldo Alves, Ricardo Abalém, Mauro Melo e comigo dentre outros, que tive a honra de trabalhar com ele nas três emissoras de rádio AM desta cidade.

Pereira era dono de uma voz média inconfundível, excelente redator, noticiarista, repórter esportivo, comentarista e grande narrador esportivo. Devido à forma fácil com que narrava futebol, criou-se para ele o seguinte slogan: “Pereira Lisboa, o locutor da fala boa”. Tal era a eloquência e vibração com que transmitia as partidas de futebol envolvendo o esporte amador e profissional de Ituiutaba. Destaque para os Jogos Estudantis desta cidade, criados por mim em 1976.  Grande incentivador do futebol amador e profissional de Ituiutaba. Pereira Lisboa criou no final da década de sessenta O torneio 1º de Maio, que foi abraçado e patrocinado pela Rádio Cancella e apoiado pela Liga Ituiutabana de Futebol (Sob a presidência do Dr. Airton Carvalho Vilela). Além de todas essas qualidades profissionais Pereira era um ser humano admirável, de um coração generoso, bom filho, bom pai, bom esposo, de qualidade morais irrepreensíveis.

Em 1983 com a posse do prefeito Romel Anísio Jorge, devido seu talento como Rádio-Jornalista, Pereira foi convidado pelo prefeito para ser o assessor de imprensa da Prefeitura de Ituiutaba, desempenhando um brilhante trabalho como assessor; de 1983 a 1988, depois prestou concurso e foi ser assessor de imprensa do Terminal Rodoviário Fernando Alexandre desta cidade. Paralelo ao cargo de assessor de imprensa do terminal rodoviário exerceu o cargo de redator chefe do Jornal Diário Regional de Ituiutaba.

Teve uma participação importante nas transmissões esportivas, na década de setenta quando o futebol profissional de Ituiutaba foi representado pela União Tijucana de Esportes que teve nele um grande incentivador, destacou-se também na transmissão dos pleitos eleitorais, devido à rapidez e precisão dos dados divulgados por ele e da equipe que ele comandava nas emissoras em que trabalhou, até o final de 2004, quando se aposentou, com problemas de saúde, de ordem cardiovascular, em 11/03/2010, sofreu infarto agudo do miocárdio, vindo falecer no hospital Nossa Senhora da Abadia.

Elmory Pereira Lisboa foi um dos grandes profissionais de rádio de Ituiutaba, um grande mestre do microfone, com ele, no início de minha carreira no rádio aprendi a impostação de voz, como interpretar um texto, como falar no microfone para que a mensagem ou texto fosse bem capitado pelos ouvintes. Ele foi meu grande mestre.

Pereira Lisboa com seu passamento deixou uma tremenda lacuna no rádio de Ituiutaba, mas deixou também escrito nas paginas da história radiofônica desta cidade e nas páginas da eternidade, uma das mais belas páginas escritas por um grande profissional rádio, que ele sempre foi. A ele aonde estiver a minha mais sincera homenagem.

Rádio Interativa FM

Em 2006, a radiofonia tijucana ganhava mais uma emissora, entrava no ar, a Rádio Interativa FM, integrante de um grupo formado por várias emissoras, com sede na Capital de Goiás, Goiânia, pertencente ao empresário goiano José Luiz. Essa emissora vinha com uma proposta diferente das rádios FM já existente na cidade, de apenas rolar música, em sua grade de programação constava a apresentação de programas jornalísticos, onde os problemas da cidade seriam levantados ao ar e discutidos. Coube a um conterrâneo meu Flávio Siqueira comandar nas manhãs tijucanas, o polêmico Programa, A força do Povo, levado ao ar as sete da matina, com repórter fazendo movimentação de vários pontos da cidade, levantando os problemas da comunidade. Entrevistas, participação de ouvintes dava a esse programa um toque especial, campeão de audiência no horário.

Wanderson Rodrigues líder de audiência na Interativa FM

Outro programa produzido e apresentado pela emissora de bastante sucesso intitula-se “Wanderson Rodrigues Amigo da Gente”, levado ao ar, das oito às 12 horas de segunda a sexta. Nesse programa seu apresentador faz alusão aos sofrimentos que enfrenta à população, criando um quadro em que conta através do rádio as dificuldades de cada um, as chamadas histórias que a vida conta. Esse programa rendeu ao seu apresentador um mandato de vereador, pois ele se elegeu com mais de três mil votos na eleição de 2012, repetindo assim o sucesso alcançado no passado por um outro radialista, eu que me elegi em 1976, com mais de hum mil e trezentos votos quando a cidade tinha pouco mais de cinquenta mil eleitores e depois Ricardo Abalém (1982) que teve mais de três mil votos também.

A emissora também se destacou com o programa do radialista Alan Moreno “Segura Peão”, onde ele que tem empresa de narração de rodeio, levou para o programa essas narrações alcançado muito sucesso, pois as trovas inventadas sempre eram precedidas de boas modas sertanejas, que dava a esse programa um colorido especial. 

A emissora tem ainda outros bons locutores como Del Morais, Adilson Santana e Serginho Cândido, além das educadas recepcionistas. A Rádio Interativa FM inaugurou uma nova fase na radiofonia FM da cidade.

Ituiutaba ganha mais uma emissora de rádio – Favorita FM

Estava previsto também a inauguração em 2014, mas precisamente em setembro, no aniversário da cidade, uma nova emissora, eu me lembro quando foi liberada sua concessão iria chamar-se Sociedade Rádio Tijucana Ltda., projeto feito pelo então radialista Manoel Alves Valadão (in-memória) que era o gestor desse projeto. Ela entrou no ar, no mês de outubro de 2014, com o nome de Favorita FM, pertencentes ao Sistema Cancella de Comunicação, proprietário das rádios: Cancella AM e FM, Rádio Platina (Rádio Globo) e agora Favorita FM. Entrou no ar com força total, tendo inclusive noticiário de hora em hora e participação de um grande jornalista brasileiro, Alexandre Garcia com comentário político que enriquece a sua programação. Sem falar que ela é cem por cento Sertaneja.

Considerações finais     

Dedico esse pequeno compêndio aos amigos radialista com quem tive a oportunidade de trabalhar e aprender muito, alguns já passaram para o andar de cima, mas deixaram registrado nas páginas da eternidade e da história radiofônica desta cidade, os seus nomes gravados com letras douradas, pois eram grandes profissionais e deram enorme contribuição para o desenvolvimento desta cidade em todos setores: Fernando Santiago, Manoel Alves Valadão, Cesar França, Elmory Pereira Lisboa, Abadio Costa, Gilson Humberto, Eduardo Roque de Paula, João Divino Manoel (João Negrinho), Sinval Bispo, Codady da Silveira, Rui Barbosa Castanheira, Toninho Silva. E para os que continuam na lida diária: Luiz Carlos Souza, Hélio Dias, Ricardo Abalém, Mauro Melo, Vanderlei Nascimento, Marcelo Belchior, João Batista Rodrigues, Olgmar Eudes Matos, Daniel Paulo do Nascimento, Toninho Pop, Marquinhos de Almeida, Adeilton José, José Duran, Donizete de Souza, Donizete Oliveira, Paulo Társio, Claudio Amarante, Wilson Barreto,Donizete de Souza, Márcio Gama, Divino Pop, Gilmar Conceição, Maurício Guimarães, Marco Antônio (Boca), Wanderson Rodrigues, Alan Moreno, Flávio Siqueira, Edmar Mariano, Ismael Barbosa (Barbosão), Carlos Alberto Vasconcelos, Marcos Dias, Luiz Azevedo, Odeemes Braz e aos demais radialistas que continuam fazendo a história do rádio nesta cidade.

Edson Dias da Silva

Dedico ao meu irmão Edson Dias da Silva (Silva Alfaiate), pelo que ele fez por mim na minha infância e adolescência, dedico também a minha esposa Margarete, as minhas filhas Andréa e Priscila, aos meus enteados Flávia e Durval, aos netos: Eduardo, João Pedro, Lucas, Ana Júlia, Sophia, Mariana e Rafaela, pessoas importantíssimas na história de minha vida.

Obrigado meu Deus, por elas existirem!

Hairton Dias da Silva - HD

Frase: Brasileiro não vive sem Rádio!      

Oração do Radialista

Léo Saballa

Senhor, faça deste microfone um condutor da verdade.

Mantenha-me firme e sereno para equilibrar o meu senso de justiça.

Direcione o meu conhecimento para produzir faíscas de esperança.

Não permita que me perca pelos caminhos distantes da razão.

Jamais deixe algum sentimento distorcer a essência do que precisa ser dito.

Senhor, ilumine as minhas palavras para que elas carreguem alento.

Conceda-me sabedoria para falar e bastante paciência para saber ouvir.

Inspira-me com bons pensamentos e que eu defenda apenas o que acredito.

Senhor, mantenha-me seguro todos os dias na sinuosa pista da humildade.

Que a minha voz se faça ouvir sem frieza nem sensacionalismo.

Livra-me da arrogância, do medo, da vaidade e da indiferença.

Evite que usem indevidamente a minha voz para prejudicar alguém.

Faça de mim porta voz da cidadania, da credibilidade e da isenção.

Senhor, impeça que eu induza a pré-julgamentos ou a condenações.

Corrija o meu excesso de individualidade e me torne mais flexível.

Dá-me firmeza para eu não possa escorregar nas armadilhas da palavra.

Senhor, proteja minhas cordas vocais, ferramenta do meu ganha pão.

Proteja, Senhor, a todos os meus ouvintes, razão do meu trabalho.

Amém.

 

Ituiutaba, setembro de 2014.