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  Augusto Alves Vilela 

 

                

 
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Agente executivo de 1902 a 1905
 
Nasceu em Perdões, sul de Minas, em 14 de agosto de 1846.
Casou-se aos vinte anos com Dona Carlota Maria Vilela que, naquela época contava apenas com 12 anos de idade. Após o casamento, radicou-se em Campina Verde, onde abriu uma farmácia. Mudou-se para a Vila Platina (Ituiutaba) e teve 12 filhos. Foi indicado agente executivo e governou Vila Platina de 1902 a 1905. Naquela época, o povoado pertencia ao município de Prata, e já apresentava progresso na pecuária, despertando na população a vontade de emancipar-se, o que aconteceu por força da lei estadual nº 139, de 16 de setembro de 1901 passando o arraial de São José do Tijuco a chamar-se Vila Platina.
Em 1º de janeiro de 1902, houve a posse dos eleitos, com a grande festa abrilhantada pela Banda de Música “Lira Congressista”, do Sr. Coleto de Paula.
Na igreja, pela manhã, houve missa cantada, celebrada pelo Padre Ângelo e, à tarde bênção do santíssimo sacramento.
A primeira iluminação era a luz de carbureto (gás acetileno) inaugurada em 1905, pelo agente executivo Francisco Alves Vilela.
Naquela época lampiões colocados em postes nas esquinas, eram acesos todas as tardes por Joãozinho Garcia.
Foi também nessa época que uma comissão de jovens entusiastas sob a direção de Tito Teixeira, construiu o primeiro jardim público, no largo da matriz.
Outra personalidade da época é o médico Dr. José Petraglia. José Petraglia nasceu em Piaggine, província de Salermo (Itália) em 12 de janeiro de 1846. Foi o primeiro médico que aqui fixou residência. Caridoso, dava assistência gratuita aos pobres. Outro médico importante foi Antônio Guimarães, o segundo a fixar-se na Vila Platina.
O primeiro Grupo Escolar criado chamava-se “Vila Platina” e funcionava em prédio próprio, hoje, atual residência do Sr. Odilon Machado, já falecido. Depois de alguns anos, esse Grupo Escolar passou a chamar-se “João Pinheiro”. Teve como primeiro diretor Benedito Chagas Leite, e o segundo diretor o professor Francisco Antônio de Lorena.
O Tenente-Coronel Augusto Alves Vilela era um homem sem vaidades político e inteiramente destituído de ganância do poder. No entanto, apesar de sua desambição de mando, no curso dos mandatos eletivos que exerceu, no cenário político de Vila Platina, revelou-se possuidor de aguçado censo de dever, bom tijucano adotivo, político de mãos limpas, que não transige com interesse excusos. Aceitou o cargo de primeiro agente executivo, como uma convocação e cumprimento de exercício de um apostolado. Essa é a imagem irretocável que deixou aos pósteros, como homem público, o desempenho de primeiro mandatário do município e de vereador em subseqüentes legislaturas.
Demonstrou de entrada, ser pessoas objetiva, com um governo, justiceiro e transparente.
É dele a expressão: “ou vai ou o rabo arranca” (José Temístocles Petraglia), que seria retomada meio século depois, por José Arsênio de Paula, em sua campanha populista ao cargo de prefeito em 1958. Talvez, Augusto não haja alcunhado a frase, nem seja dele o dito, e tenha-o trazido de Cana Verde. Nada há de original sobre a terra.
A gestão de Augusto Alves Vilela, na prática, mostrou somo sendo honesto, dinâmico e prático, assessorado por equipe competente; teve a cooperação da câmara, dentro de suas atribuições; Apoio da opinião pública; orçamento compatível com as necessidades; boa aplicação do dinheiro público e obras seletivas e planejadas.
O município recém-criado, com rara e despecuniosa população, desguarnecido de fonte aplicável de renda, as verbas orçamentárias de Vila platina timbravam pela modéstia.
Situava-se em faixa modestíssimas. Realmente, o primeiro orçamento consubstanciou-se na simples aprovação dos lançamentos elaborados e votados pelo antigo conselho distrital (Lei nº 3) que, inexplicavelmente, traz a data de 10 de janeiro de 1904. Os demais igualmente não ensejam grandes realizações. Dizem os testemunhos que haviam idéias “em penca”. Faltava, porém, o dinheiro. O entusiasmo transbordante e natural do povo, prevalecente, à véspera da emancipação, descortinou-se logo depois, pontos sérios de “escape”.
Comerciantes e proprietários face a nova orientação tributária apelaram para aos vereadores que autorizou o prefeito a minorar as importâncias lançadas. Isso está nas atas, na lembrança de muitos. No tocante ao imposto territorial rural, devido ao Estado Minas Gerais, vigorou o mesmo clima, com grande latifúndios lançados a 500 Réis o alqueire.
Em contrapartida, predominava a vontade de acertar nos negócios públicos, de progredir e desenvolver um novo município. O Executivo e o Legislativo trabalhavam de mãos dadas com um único pensamento de organizar a casa da melhor maneira e sem maiores reclamos. Tudo colaborava nesse sentido, em especial pelo fato de haver atmosfera harmoniosa administrativa, com ausência total de oposição.
Assim começou a arrumação. A Lei n º 1, de 10 de janeiro de 1902, estabeleceu o perímetro urbano e suburbano. A de nº 2, da mesma data criou pequeno quadro de funcionários municipais: Escriturário, contínuo, porteiro, fiscal e alinhador. Fixou os vencimentos do agente executivo em 2 Contos de Réis anuais, o que se modificaria no ano seguinte para 5% sobre a renda municipal e perduraria por muitos anos (Lei nº 25).
Nessa época, pelo seu posicionamento na parte baixa da cidade, a Rua do Brejo (16) recebia quantidade imensa de água, originária dos terrenos situados acima, numa queda natural, e formadora de um brejo intransponível em certas ocasiões do ano. Nesses atoleiros, vacas, e bois vinham perecendo desde os velhos tempos de São José do Tijuco.Por estranho que pareça, ali morreu um burro de propriedade do ourives José Teodoro, animal de muita serventia nas famosas pescarias dos platinenses durante o mês de outubro, em Cachoeira Dourada. As reclamações populares eram muitas contra aquele estado de coisas. Ale, disso, à noite, cada vez mais aumentava o coaxar dos sapos e a invasão das casas pelas pererecas, oriundas do córrego e do lodaçal.
Augusto mandou esgotar o brejo, com rasgões profundos, num brutal trabalho de engenharia prática. Por ironia, a água desviada era tanta, que passou a tocar monjolo, assentado em terreno abaixo, na casa do mesmo José Teodoro, cunhado do vereador Marinho Dias Ferreira... (Lafaiete Alves Vilela).
No cruzamento da Rua do Comércio (18), com as avenidas 13 e 15, construiu uma espécie de ponte de terra, para facilitar a passagem de pedestres. Abriram-se novos rasgões na rua 14, para dar saída às águas represadas, dentro de um sombrio quadro de problemas, a desafiar as administrações vindouras.
O Poder Público Municipal preocupou-se por igual, com o aspecto urbano. Instrumentalizou essa preocupação numa série de medias adequadas e oportunas.
A Lei n° 11, de 09/04/1902, autorizou a executar o serviço de meio-fio, ou, como posteriormente o denominava “construção de filetes de pedra nas ruas: Municipal (18), do Carmo (7), São José (11), e Antônio Guimarães (13)”.
Estabeleceu que nenhuma edificação poderia iniciar-se na Vila Platina, sem prévio alvará, pena de multa de vinte mil réis (Lei n° 5).
Fixou limites mínimos para os lotes e gabaritos para prédios, com o objetivo claro de defender o urbanismo, a evolução e expansão das construções e loteamentos. Dispôs às claras na Lei: “Não poderão, no largo, ser construídos sem que tenha pelo menos 50 palmos de frente por 17 de pé direito”. Melhor ainda: obrigou que, no largo, os posseiros construíssem no prazo de um ano, sob pena de perda da posse (Lei n° 4) revogada pela n° 70, de 21/09/1907.
Devido não ter onde abater o gado, que era abatido em terreno baldio na Rua 20 com Av. 13, o que gerava muitas reclamações dos platinenses devido o mau cheiro, de longe dava para notar os urubus que amontoavam em busca do resto das rezes que eram abatidas. Em razão disso devido o descontentamento reinante o executivo Augusto Alves Vilela providenciou a construção do primeiro matadouro municipal, próximo do córrego Pirapitinga, na atual Av. 14 esquina da Av. 7, (Lei n°3, que traz a data de 1904, mas é de 1902). Tratava-se de uma construção despretensiosa e simples. Atendia, contudo, às exigências mínimas de higiene, para fornecimento de carne fresca à população.
Nos bons tempos de São José e de Vila Platina, o dia certo e maior de compra, no comércio, se dava aos sábados, quando o movimento de gente à pé e a cavalo invadia as ruas, procedentes da zona rural. Famílias chegavam de carro de boi. Muitas já com seus colchões de palha e travesseiros de paina, banquinhos de madeira para sentar debaixo do carro na hora da refeição, um couro de pano para fazer uma barraca e cozinha no caso de chuva ou muito sol. É bom que se explique que o transporte comum das famílias se fazia, nessas e outras viagens, num carro de boi toldado e de construção simples. Era, por assim dizer, o automóvel ou o ônibus de nossos avós, feito com zelo e cuidado. Cortavam-se doze fueiros, redondos, não lavrados, a não ser no lugar para encaixe. Assentava-se seis deles de cada lado, paralelos, na mesa do carro com aproximadamente um metro de altura, de pitanga, aroeira nova, unha-de-cabrito ou unha-de-boi (madeiras rijas que agüentavam o rojão sem quebrar). Ripavam-se as palhas do carro, em cada lado, com tabocas verdes, amarradas com cipó-imbé ou cipó unha-de-gato, de modo a não deixar vazamento ou perda de mercadoria. Em seguida, uniam-se os fueiros em arco por meio de um pau que envergue (pitanga ou cipó grosso), com um traçado que prendia sua ponta superior. Ripava-se, também, por cima dos arcos, com taboca verde, atada com cipó e, depois, cobria-se com folha de buriti verde. Após tudo isso, costuravam-se três couros crus de boi, por cima do carro, com sedenho, muito bem torcido. A costura se completava através dos buracos abertos à faca, no couro esticado. Ficavam o couro no cabeçalho, como toldo, outro na traseira, para não deixar bater o sol, evitar chuva, poeira, e o terceiro pegava o primeiro no cabeçalho e o segundo, na traseira. (Narrativa feita por Antônio Inácio Franco).
Numa antecipação a futuras leis trabalhistas no Brasil, com atenção ao descanso de patrões e empregados, a Câmara Municipal votou a Lei nº 6 que proibiu a venda, pelo comércio de seus artigos, depois “das 3 horas da tarde de domingo e dias santificados, e no dia de sexta-feira da paixão, sob pena de multa de 100 mil réis, não aplicável às farmácias e casas que vendem somente gêneros alimentícios”. Como vemos nesta e em outras leis, predominava o casuísmo legal, minuncioso e previdente. Os licurgos municipais não queriam equívocos na interpretação da lei.
Umas das primeiras iniciativas dos vereadores da Câmara recaiu sobre a precariedade da “ponte do Rio Tijuco”. E daí, a lei nº 8, de 12 de abril de 1902, autorizava ao executivo ultimar o conserto de seu aterro. E sentindo a gravidade do problema, determinou o legislador, no art 1º, que esse trabalho deveria ter preferência sobre qualquer outro.
Não adiantou a recomendação. As chuvas chegara fortíssimas e a ponte rodou, para maior desespero do povoado. Na seção extraordinária de 9 de dezembro de 1902, Pio Goulart passou a presidência ao vice-presidente Antônio Pedro Guimarães, que ocupou seu lugar no plenário e propôs à casa: reconstrução da ponte; colocação provisória de uma balsa por conta da municipalidade, para favorecer a corrente comercial e trânsito público; empréstimo para tal fim pelo executivo, junto a particulares, de importância necessária, com prazo de dois anos (naquele tempo, era comum a prefeitura tomar dinheiro emprestado a particulares, com juros capitalizados ou simples, pelo Brasil afora); teve aprovação imediata das providências sugeridas, com dispensa do interstício legal de votação. As proposições foram aprovadas unanimemente. O caso era de calamidade pública. Registrou ata de Pio Goulart Brum, cumprimentando os vereadores presentes pela rapidez da medida votada em favor do Comércio e Desenvolvimento da Vila, numa prova de cortesia reinante na Câmara e de seu bom estilo em tratar a coisa pública.
A ponte sobre o Rio Tijuco ruiu em fins de novembro de 1902, sobre o ímpeto de famosa enchente. Não houve danos pessoais. A cidade ficou isolada, ilhada, sem ligação com os municípios vizinhos. Comerciantes, políticos e moradores se reuniram, e, com ajuda da Câmara e do Executivo, opinaram pela rápida construção de uma barca a carretel, que, de pronto foi construída de madeira de paineira, por falta de tamboril na ocasião. Consistia numa embarcação presa num cabo de aço, com carretel. Para seu movimento não precisava remar. Controlava-se o barco por via de duas cordas, uma de ir e outra de vir. O barqueiro puxava a corda, a barca ficava meio atravessada e a correnteza do Rio Tijuco a tocava até chegar à margem contrária (Antero Guimarães). A barca era muito pesada, e, por essa razão, não agüentou o fluxo do tráfego; em uma das suas travessias, afundou-se. Salvou-se o pessoal. Morreu, entretanto, um burro muito bonito. Na hora do “Deus nos acuda”, ninguém se lembrou de desamarrá-lo da barca (Heitor Fratari). Sal e mantimentos passaram a faltar na Vila Platina. Isso obrigou os habitantes a um racionamento de emergência, visto que os carros-de-boi não podiam transitar com destino às fontes de suprimento.
Providenciou-se, imediatamente, a construção de uma outra segunda barca, mais sólida e duradoura.
A Lei nº 24 de 23 de março de 1903, outorgou concessão a Simão João e Joaquim Pedro malta, para reconstrução, uso e gozo (cobrança de pedágio) da ponte sobre o rio Tijuco, com ressalva de a municipalidade, no futuro, encampar a obra a ser realizada mediante pagamento a arbitrar.
Desarte, surgiu uma nova ponte, reconstruída e explorada pelos manos, Malta, até o governo de Fernando Alexandre com reembolso aos construtores e liberação ao público.
A primeira Câmara mostrou-se operosa. Votou 39 leis. O primeiro secretário da prefeitura e da Câmara foi Coleto de Paula, que recebia 1 conto de réis ao ano.
A título de curiosidade informa-se que o primeiro orçamento a se ter notícia para Vila Platina em 1903, publicado em 17 de outubro de 1902 (Lei n° 20) era de 26.712.50 mil réis.
O Tenente-Coronel, que o povo carinhosamente chamava de Capitão Augusto, do mesmo modo que seu irmão Coronel Pedro Alves Vilela, sempre foi tratado como Capitão Pedro, faleceu em 27 de janeiro de 1919.
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