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Crônicas na terra do Conto

 

 

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CRONICAS  DE  HAIRTON  DIAS

 

Hairton Dias da Silva

 

60 anos de Ituiutaba

 

Hoje 8 de junho de 2018 fazem exatamente 60 anos que tive a felicidade de pisar o solo sagrado desta querida cidade. Oriundo do estado de Goiás, eu morava em Buriti Alegre, minha terra natal, de lá fui morar em Goiânia de onde sai em 1954, mudei-me para Uberlândia, onde residi aproximadamente 06 meses.

Como tinha inúmeros parentes de minha saudosa mãe Laura Gonçalves Severino que aqui residiam, para ficar perto deles e pelas inúmeras oportunidades que a cidade oferecia ela achou por bem que nós viéssemos morar aqui. Chegamos a Ituiutaba, em 8 de junho de 1958, um domingo, mais ou menos às 13h30, a seleção Brasileira tinha jogado com a Áustria, pelo Copa do Mundo daquele ano. Tinha vencido o jogo por 3 a 1 e os tijucanos muito eufóricos estavam todos na rua comemorando. Eu era ainda uma criança, mas fiquei admirado com o número de caminhões estacionados nas ruas 28 e 26, dos dois lados da rua carregados de a arroz. A fila de caminhões se estendia da Av. 5 até a Av. 17.

Ituiutaba, ontem era uma pequena cidade de mais ou menos uns 25 mil habitantes, mais grandiosa em meus sonhos, pois aqui cresci, casei, onde nasceram meus filhos e netos, me tornei representante do povo, com quatro mandatos de vereador, onde aprendi as profissões de alfaiate, radialista e jornalista. Tornei-me escritor com dois livros já publicados, um sobre minha vida profissional, como radialista: Eu e as emissoras de rádio, e o outro sobre a minha vida política, intitulado: Política – Minha Vida, Meu Ideal Minha dor. Ambos publicados na internet, no site: www.portalituiutaba.com.br .

Faço esse pequeno relato para registrar minha alegria, minha satisfação de poder hoje estar comemorando os meus 60 anos de Ituiutaba, e agradecer ao seu povo generoso e abençoado, pelo acolhimento e pela amizade com que fui alvo durante todos esses anos. Muito obrigado, meus irmãos tijucanos, pois através de lei do Legislativo sou um de seus irmãos e consequentemente filho desta terra abençoada. Muito obrigado Ituiutaba pelo que fez por mim e por meus familiares. Assim sendo eu quero dizer ainda:

Ituiutaba, Minha Terra Querida!

 

Inda que eu aqui não tenha nascido,

Tu me acolheste como filho da terra.

Um filho que não deixará de te amar,

Irmão do teu povo, soldado da tua luta...

Uno-me aos tijucanos para cantar bem alto:

Terra nutriz, bendita e amada por todos nós.

A minha história de vida está entrelaçada à tua história.

Busquei o saber, e em teus educandários aprendi.

Agora, só me resta dizer: em teu seio eu quero morrer!

 

                                                                                             Hairton Dias

ITBA. 08/06/2018

 

 

Crônicas de Adelaide Pajuaba  Nehme 

 

Adelaide Pajuaba Nehme

 

A necessidade de ser forte

 

Em determinadas situações não é fácil ser forte, porém quando se consegue vencer barreiras e vicissitudes, pode se considerar um deles. A relação de obstáculos, e dificuldades, em sua grande maioria é intransponível. Ao analisar, o que foi definido nada melhor do que raciocinar… Vejamos:
“SER FORTE…É amar alguém em silêncio… É irradiar felicidade quando se é infeliz… SER FORTE… E tentar perdoar alguém, que não merece perdão… É esperar quando não se acredita no retorno… SER FORTE… É manter-se calmo, num momento de desespero… É demonstrar alegria quando não se sente… SER FORTE … É sorrir, quando se deseja chorar… É fazer alguém feliz, quando se tem o coração em pedaços… SER FORTE… É consolar alguém, quando se precisa de consolo… É calar quando o ideal seria gritar a todos sua angústia… SER FORTE … É elogiar quando se tem vontade de maldizer… SER FORTE… É ter fé naquilo que não acredita… Por isso por mais difícil que sua vida possa parecer, ame-a e seja FORTE”
A palavra têm sentido amplo ou restrito, porém seu significado a qualifica ou a diferencia.
“A palavra mais egoísta… “EU” Evite-a. A mais satisfatória… “NÓS” Use-a. Apalavra mais venenosa …“EGOISTA” Destrua-a. A mais usada… “AMOR” Valorize-a. A mais prazerosa … “SORRISO”Mantenha-o. Porém aquelas que se espalham mais rapidamente “FOFOCAS”… Ignore-as. A palavra que às vezes é a mais difícil …“SUCESSO” Conquiste-a. A palavra mais destruidora …“INVEJA” Distancie-se dela. A palavra mais essencial … “CONFIAR EM DEUS” Acredite nisso, acredite mesmo…”
O texto é verdadeiro e deve ser analisado, refletido e colocado em prática… Fazer o que é devido, não causa transtorno para quem está convicto…

Adelaide Pajuaba Nehme- ALAMI

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Marcadores: Adelaide Pajuaba

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Crônicas da Adelaide Pajuaba

 

“AMIGOS PARA SEMPRE”

 

Comemorou-se nesse mês de julho, com muita expressividade o “Dia do Amigo”. Quanto adjetivo, quanto vocabulário para identificar um grande amigo… Desnecessário… Amigo é amigo e pronto…!!! A própria palavra diz tudo, se é amigo, o será sempre sem meio termo… Quando se destaca uma pessoa como tal, é fim de linha… Sem duvida uma das coisas mais sérias que existe. Não se brinca de amigo; pelo menos na concepção daqueles que sabem sê-lo sem reservas. Trair a confiança, menosprezá-lo, magoá-lo, substituí-lo é inadmissível… Só o amigo sorri e se empolga com sua felicidade… Sem aparato e rodeios. Segundo um palestrante, só pessoas boas e éticas têm “amigos”… os outros são conhecidos e concorrentes; diz ainda que “aqueles” que se dizem amigos, não suportam o sucesso, a felicidade e as conquistas do outro… Será verdade ?! Há quem concorde… E ele completa:” Basta olhar nos olhos daqueles que se acercam, quando você está feliz”… “A vida nos dá os irmãos, mas o coração escolhe o amigo” “Amigo não se procura, o coração encontra” “Fazer amigo é um dom; ter um é uma graça; Conservá-lo é uma virtude”…”Único sentimento maior que a amizade é o amor de Mãe”. São tópicos em evidência pelo dia, e que devem ser observados, pela importância… Afinal trata-se de “AMIGO”… O cantor e compositor Osvaldo Montenegro, na música “A Lista” assim se expressa com relação ao assunto:
Faça uma lista de grandes amigos, quem você mais via há dez anos atrás; Quantos ainda vê todo dia, quantos você já não encontra mais… Faça uma lista dos sonhos que tinha, quantos você desistiu de sonhar Quantos amores jurados para sempre, quantos você conseguiu preservar?
Onde ainda se reconhece, na foto passada e no espelho agora, Hoje é do jeito que achou que seria. Quantos amigos você jogou fora… Quantos mistérios que você sondava, quantos conseguiu entender? Quantos segredos que você guardava, hoje são bobos ninguém quer saber…
Quantas mentiras você condenava, quantas você teve de cometer Quantos defeitos sanados com o tempo… Eram o melhor que havia em você… Quantas canções que você não cantava, hoje assovia pra sobreviver, Quantas pessoas que você amava, hoje acreditam que amam você…
Que se tenha sempre bons e grandes Amigos…Aqueles que sorriem e chorem juntos…

Adelaide Pajuaba Nehme- ALAMI -

 

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terça-feira, 19 de abril de 2016


REFLEXÕES COTIDIANAS 


Repassar o que pode ser útil para alguém é obrigação de todos àqueles que detém qualquer conhecimento. Ser receptivo e captar com sagacidade às novidades e informações oriundas de leituras, de amigos, de mestres, de consultas, de pérolas deixadas pelos filósofos, da observação pela pesquisa de campo é muito salutar e deve ser compartilhada. As informações do dia a dia, e os conhecimentos adquiridos, enriquecem a bagagem itinerante, que só tem valor absoluto, quando repassadas. “Os dias bons te dão felicidade, os ruins te mantém forte, as provas te mantém humano, as quedas te mantém humilde, mas somente Deus te mantém de pé”… “Quando um pássaro está vivo, come as formigas; quando morre, são as formigas que o comem”… “Tempo e circunstâncias podem mudar a qualquer instante, por isso não se pode desvalorizar o que está a nossa volta. Pode-se deter o poder hoje, porém o tempo é mais poderoso que qualquer um.” “Com uma árvore se faz milhões de palitos de fósforo, porém basta apenas um para acabar com milhões de árvores…” “O mérito da informação está em sua divulgação.” “Alegria da alma constitui os belos dias da vida, em qualquer época”. “Simplicidade é a Sofisticação máxima”… “Solidariedade é não esperar nada em troca”. “Sê apoio e defensor da vítima da opressão; sê um lar para aquele que perambula… Sê um balsamo para quem sofre; os olhos para um cego e uma luz para os pés errantes… Sê causa de júbilo, para o entristecido; um mar para o sequioso; um refúgio para o aflito…” “Tenha sempre palavras e braços confortadores para os angustiados e deprimidos…” “A mudança faz parte da lei da vida”… “ELE ERA TÃO POBRE, TÃO POBRE, QUE SÓ TINHA DINHEIRO”…Irmã Dulce Enquanto irmã Dulce fazia o curativo nas ulcerações inflamadas em um hanseniano, alguém disse à ela: “Não faria isso por dinheiro nenhum…! “Nem eu… Respondeu ela, sem olhar o interlocutor… “Você pode ter o controle do que faz, mas nunca do que sente…” Gustave Bom proveito para os leitores…

Adelaide Pajuaba Nehme- Acadêmica da ALAMI

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

 

Assim caminha a sociedade

Uns acompanhados, outros só, mas todos em busca de algo… Até os que nada procuram, acabam por encontrar… Caminham em função de tudo que ai está; seres perambulantes em busca de esperança, contatos, alegria, paz, justiça, nutrientes e até o desconhecido; de forma ignorada buscam Deus. Pessoas vazias, insatisfeitas, desprovidas de verdades, de direções, calor humano, e de palavras… Caminham porque a inércia conduz a estagnação. Cada um com sua carga homérica, personificada ou não, de acordo com seus egos, atitudes e posturas. Uns encontram objetivos propostos, outros nem tanto, seguem caminhos distorcidos da equivalência. Analisar indivíduos ou pessoas é algo inerente à Sociologia; descobrir seus conceitos, dogmas, instintos, despercebidos até aos olhares dos que o cercam, é algo notório. A experiência fornece os instrumentos para se decifrar enigmas obscuros, porém muito transparentes aos olhos do conhecimento. A diversidade do ser humano retrata sua vida familiar, social e humana e se justifica pelas causas evidentes. Querer mudar isso traz consequências para principiantes… Uns gastam o que não têm, outros nada gastam… Uns “fino trato” sabem ser agradáveis, gentis e cordiais; outros “dono do Universo”, verdadeiros “pierrôs” fantasiados de “paxás”… O pensamento divaga em forma de incógnitas, e essa busca é permanente… Muitos conseguem visualizar respostas; Deus nem sempre responde imediatamente aos nossos anseios, talvez tenha propósitos diferentes para o filho, claro que a Seu tempo que se difere do nosso. Tudo tem seu preço… Quando se planta laranja, colhe-se laranja… As coisas materiais e espirituais se diferem no peso… O momento da quarentena santa é propício para se rever valores. Segundo Einstein “o Sucesso vem na frente do Trabalho só no dicionário”… É uma pena que o ser humano demore tanto para enxergar o lado Divino da vida. A passagem pelo Planeta é curta e maravilhosa, porém, segundo entendidos a vida eterna é que conta… O papel dos apóstolos é “cutucar” sempre com vara curta… “Nas horas difíceis não se deve baixar a cabeça, já que os problemas não estão no chão, mas sim na determinação”. “Independente do que está sentindo, levante-se, se vista e saia para brilhar” Saber lidar com dificuldades é sem dúvida uma arte. Conquistar a Deus que tudo pode, e que transforma o impossível em possibilidades, é também uma arte. A humanidade caminha e divaga… A busca será constante até o momento de sua entrega total…

Adelaide Pajuaba Nehme- Acadêmica da ALAMI

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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O sol nosso de cada dia

 A temperatura continua alta em todo pais, terrivelmente alta. Problemas de desidratação em crianças e idosos têm sido expressiva, dado ao temível aquecimento global. Com o racionamento da água tudo se complica. A água é grande sustentáculo da energia elétrica, uma depende da outra, e ambas racionadas. Há grande necessidade de se ingerir porcentagem bem maior de líquidos. Quem seria o responsável por essa situação calamitosa?! Claro que todos nós que não seguimos à risca os preceitos em favor da natureza, do meio ambiente. As advertências têm sido feitas, porém aqueles que atendem são minoria, razão da mãe natureza, do ecossistema estar se ressentindo das agressões. Poluição continua a todo vapor, nos rios, na terra e no ar, e em alta escala. O que se constata na Baia de Guanabara, uma das sedes das próximas disputas internacionais, é algo lamentável e tenebroso. Os entulhos, detritos que são ali jogados causam espanto, sem falar na poluição por toda a baia, inclusive nas orlas, onde os lixos se multiplicam, muita sujeira. Por quê agir dessa forma, por quê ?! Até carro velho, sofás, mobílias são lançados nos rios, sem falar na quantidade de dejetos, ali depositados, cotidianamente… Verdadeiro depositário de inutilidades… Terrenos baldios tornaram-se depositários de quinquilharia, sobras de alimentos, lixo e coisas imprestáveis… Além do desagradável cheiro exalado, a procriação multiplicada de ratos, baratas, escorpiões, botando em risco a vida de uma população e principalmente de crianças. Reclamações generalizadas… A educação ainda é a maior aliada do progresso, do desenvolvimento e principalmente da saúde, já que a higiene é base notória da saúde… Fica-se a imaginar a consciência daqueles que cometem tais vandalismos. Realmente não existe outra resposta a não ser a falta de conhecimentos básicos, para a vida. Há pessoas analfabetas, cuja educação de berço expressiva supera a acadêmica; têm senso crítico a respeito de tudo; herança daqueles que se primam pelos bons costumes. Vamos aguardar ansiosos, as propaladas chuvas… E elas virão… Vamos aguardar também esperançosos que a educação habite a razão e o coração de seres humanos… A natureza vai agradecer…!


Adelaide Pajuaba Nehme- Acadêmica da ALAMI

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

 

AMIGOS... TESOURO QUE SE ACHA SEM TÊ-LO PERDIDO...

  Que sentimento forte é esse, que nos envolve, nos arrebata por inteiro?!

   Pessoas que se apoderam de nosso coração, sem nossa permissão, sem aviso prévio e que a princípio não se encontra explicação... Mas depois... Não deixamos e nem queremos que  se afaste...faz parte de nossa vida...

  É um afeto puro, desinteressado, despretensioso, transparente, cuja reciprocidade se estabelece de  forma gratuita, informal e fraterna. Muitos se indagam, como seria a vida sem amigos ?! Como alguém consegue viver sem esse coringa ?!

  São imprescindíveis, fabulosos, inigualáveis. Uma preciosidade, cujo valor não se consegue descrever.

   O amigo se antecipa a qualquer chamamento e tem sempre a solução para problemas cruciais. Comemora as vitórias do outro, como se fossem suas, com alegria e entusiasmo.

  Nunca se omite, e de forma  clara e objetiva, enfrenta desafios, sem alarde e sem cobranças...

  Sinceridade e fidelidade estão estampadas em suas ações, atitudes, gestos, parceria.

  Presente sempre nas “vacas gordas e nas vacas magras”. Perdoa faltas, deslizes, e procura de forma delicada entender e situação justificada. Não se aceita inveja ou disputa entre amigos, não existe concorrência...

  Intercede pelo outro até diante de Deus. Defende, briga, impõe seu ponto de vista.

  Para este nobre sentimento não existe meio termo, ele exige tomada de posição, sem divagações, sem dúvidas, sem desconfiança; não é admissível “ficar em cima do muro”.

  Ou se é amigo... ou não... Nem Deus suportou os mornos...

  Amigo é aquele anjo que Deus colocou na vida das pessoas a serviço do bem; retira as arestas, destaca as qualidades e se coloca sempre a disposição para servir...

  Não se pode nunca decepcionar, ferir, duvidar, mentir e principalmente trair um  amigo!!!

  A amizade é uma delicada flor que nasce sem ser plantada, mas que requer cuidados especiais, muita atenção, muito zelo, para não perecer ou se tornar frágil...

    Felizes aqueles que têm vários amigos...

    Há um ditado popular que diz: Amigos conta-se nos dedos da mão, e ainda sobra dedo !!!  será ?! Ser amigo de verdade é um ato de entrega, de doação, e de adoção...

     Ter amigos é muito bom, porém Ser considerado amigo de alguém é ótimo !!!

      Nossa homenagem aos queridos AMIGOS, neste Dia do Amigo.

                                                 Adelaide Pajuaba Nehme

                                                 Acadêmica da ALAMI

                                                 pajuaba@ituiutaba.uemg.br 

 

Crônicas Arth Siva

 

     

Arth Silva

Habilitação de eleitor

Chato saber que o futuro do nosso país pode e será decidido nessas eleições por desentendidos, ou melhor, por gente que vota por farra, porque o pastor mandou ou ainda por não terem a menor ideia do que estão fazendo, estão apenas cumprindo sua obrigação. Resumindo, desculpe o palavreado: Nessas eleições o destino do Brasil será escolhido por idiotas.

É claro que nem todos são idiotas, porém grande maioria é exatamente dessa forma que citei. É que a democracia nesse caso específico (eleições), teoricamente parece algo lindo e perfeito, afinal, todos nós temos direitos iguais e o dever de dia 5 de outubro votar nos nossos representantes, mas infelizmente na pratica essa “democracia inconsequente” nos destrói.

 

Aqui vai uma indagação para me justificar: Por mais que pareça justo e “democrático” que todos possam dirigir seus carros por ai, acho que você concorda que antes de conduzir um veículo, é mais seguro que o motorista tire uma carteira de habilitação e esteja apto a dirigir um veiculo né? Que conheça as regras de transito e saiba o que pode e o que não pode fazer com o carro. Principalmente se ele for um motorista que transporta dezenas de passageiros em um ônibus. Dificilmente você deixaria a vida do seu filho nas mãos de um motorista de vã escolar não habilitado.

Acha que qualquer pessoa poderia fazer uma cirurgia sem antes ter passado por uma faculdade e conquistado um diploma? A questão é que existem várias atividades sérias que envolvem consequências que podem muitas vezes serem perigosas, por isso não devemos deixar algo tão importante na mão de qualquer um. E esse “qualquer um” não é no sentido de classe social, credo, cor, partido político ou time de futebol, e sim de pessoas que comprovaram que possuem o conhecimento para exercer tal atividade que pode definir o futuro de uma nação.

Por isso sou a favor da ideia que não exista o título de eleitor e sim a “habilitação de eleitor” e, pra tirar essa “habilitação” o interessado deveria fazer provas de conhecimento teórico que comprove que ele saiba pelo menos o básico do que é um sistema legislativo, e saiba também o que é e o que podem fazer pelo país um Deputado Estadual, um Deputado Federal, um Senador, um Governador e também um Presidente. Para se habilitar, o eleitor teria que ter no mínimo algumas noções básicas de economia , direito, sociologia para que possam realmente cobrar dos parlamentares de forma racional. Não seria um curso duradouro, poderia ser como a auto escola onde o aluno deve cumprir algumas horas/aula antes de fazer a prova. Enfim, essa habilitação de eleitor faria com que o cidadão soubesse da importância do que está fazendo, para que não vote apenas no candidato é mais engraçado, bonito, que tem o jingle mais grudento, que prometeu coisas impossíveis ou obrigatoriedade. Com esse diploma, o eleitor saberia votar com mais sabedoria e com certeza traria mais benefícios para seu município, estado e país.

Essa é uma ideia que pode ir contra o que a grande maioria preza pela tal “democracia”, mas acredito que enquanto não começarmos a filtrar de forma habilitada, as pessoas que escolhem o futuro do nosso pais, assim como importantes empresas fazem hoje para contratar seus profissionais e terem uma qualidade maior dos seus serviços, não teremos um desenvolvimento mais eficiente em saúde, educação, segurança e todas as áreas importantes que são as mais cobradas dos nossos representantes.

Enquanto não cobrarmos a qualidade dos eleitores, não temos muito direito de cobrar maior qualidade dos eleitos.

Agradecimento especial a Clarion de Laffalot.

Arth Silva é escritor, desenhista, designer e redator publicitário, especialista em perder canetas azuis.

Autor do livro "Contos à Queima Roupa" e da coletânea de memórias dos idosos de Ituiutaba "Gavetas da memória".

Seus trabalhos literários podem ser lidos na página "Sonhando a Deriva".
fsarthur@yahoo.com.br

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domingo, 27 de julho de 2014

 

Olhares

[Arth Silva]


Sorrir com os olhos é encontrar alguém que não te desperte um amor a primeira vista, e sim um amor a todo instante.
Quem já teve alguém assim a ponto de gostar mais dos seus próprios olhos quando tinha os dela ou dele refletidos nos seus, sabe do que estou falando... 

Olhos de decote que não te deixam tirar os olhos...
Olhos de ressaca, que te embriagam e viciam.
Olhos de semáforo, que por segurança ou costume te fazem olhar atentamente até que mudem de repente e, com a língua do olhar, te dizem tudo que você deve ou não fazer. 
Olhos de bola de gude, olhos emoldurados por óculos... Olhos castanhos que te dizem tudo aquilo que sua boca nunca conseguiu pronunciar...

Olhos que sorriem mais do que a boca e a sua pupila morde cada palavra escrita por ela...

Quem já teve a esperança verde dos olhos de alguém sabe do que falo...

Arth Silva é escritor, desenhista, designer e redator publicitário, especialista em perder canetas azuis.

Autor do livro "Contos à Queima Roupa" e da coletânea de memórias dos idosos de Ituiutaba "Gavetas da memória".

Seus trabalhos literários podem ser lidos na página "Sonhando a Deriva".
fsarthur@yahoo.com.br

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domingo, 30 de março de 2014


O princípio da incerteza de um jurado literário


- VIII Concurso de Contos do Tijuco - 

No fim do ano de 2013, Enio Ferreira, o Presidente da ALAMI, como um grande amigo das letras e por saber da minha paixão pela leitura, me convidou pra ser um dos jurados do “VIII Concurso de Contos do Tijuco”, concurso esse que, uma vez inclusive (2007), fui selecionado pelo miniconto “O pipoqueiro”.

Honrado pelo convite, aceitei.

Pois bem... Minha tarefa árdua, juntamente com mais duas juradas, Tereza Martins e Maria Tereza Moreira era ler atentamente todos os contos enviados ao concurso, contos esses que vieram de quase todos os estados brasileiros e de países como Suíça e Japão, e selecionar os 9 melhores textos, além de, é claro, escolher o conto premiado.

Legal, eu estava preparado! Que começasse a leitura!

Porém, fazer a leitura de tantos textos de qualidades distintas seguidamente, e diante de um prazo corrido é uma situação que me fez lembrar e temer o Princípio da Incerteza de Heisenberg, e fazer um equivalente literário dele. Pra quem não sabe, esse princípio diz que é impossível medir ao mesmo tempo a velocidade e a posição de uma partícula subatômica, uma vez que fazer essa medição altera a realidade observada. (entenderam? Não? Educação brasileira é mesmo um caos!)

Um equivalente literário desse princípio anunciaria a impossibilidade de medir talentos em concursos literários. Só que nesse caso essa medição altera não só a realidade do objeto observado (texto), mas também a do próprio observador (jurado), já que esse tem de ler inúmeros textos de boa qualidade seguidos por dezenas de textos com qualidade tão baixa que me pergunto como alguém teve coragem de enviar tal texto pra um concurso (suspeito que seja apenas pra sacanear os jurados)...  Enfim, essa quantidade de textos de baixa qualidade lidos em sequência, dá ao jurado uma angustia e um pessimismo quanto às próximas leituras, que altera o seu estado de consciência diante de cada próximo texto avaliado, podendo atrapalhar no julgamento de um conto.

Por isso, muitas vezes uma pergunta me pousou à cabeça: Será que eu saberia qualificar o texto de um novo Luiz Fernando Veríssimo, um novo Carpinejar ou até um novo Machado de Assis sem saber o nome dos autores e após ler  tantos textos de qualidade tão ruim?

Talvez enfrentar esse Princípio seja um mal de toda mesa julgadora de concursos literários, mas que deve ser encarada com profissionalismo e dedicação em busca dos contos realmente bons que participam dos concursos para que a apresentação de resultados não decepcione.

Quando finalmente consegui ler todos no inicio do mês de fevereiro, pra minha surpresa e alegria, 98% dos textos que selecionei como bons batiam com os resultados da Tereza Martins, e foram confirmados pela Maria Tereza. Inclusive, o texto que eu selecionei como o melhor, "Salto sem barreiras" de autoria do escritor Celso Antonio Lopes, também estava no topo da lista das duas juradas.

Como mineradores, nós jurados tivemos que garimpar ao máximo em meio a muita coisa sem tanto valor até encontrarmos lá no fundo as preciosas pepitas de ouro literário. Muitos eram tremendamente banais, já outros obras, eu gostaria de ter tido a ideia pra escrevê-los como “Encontro no Bistrô” do gaúcho Danilo Silvio Aurich e “Anjo” do paulista André Telucazu Kondo; contos que eu, particularmente, gostei muito e que estarão no livro “VIII Concurso de Contos do Tijuco”, publicado em breve pela ALAMI.  Livro que com certeza será bem recebido por todos aqueles apreciadores do “Princípio da boa literatura”.
 

Arth Silva é escritor, desenhista, designer e redator publicitário, especialista em perder canetas azuis.

Autor do livro "Contos à Queima Roupa" e da coletânea de memórias dos idosos de Ituiutaba "Gavetas da memória".

Seus trabalhos literários podem ser lidos na página "Sonhando a Deriva".
fsarthur@yahoo.com.br

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

 

O amor é uma droga? - Critica literária

É uma sensação única ver meu nome nas dedicatórias oficiais de um livro. Melhor ainda é ler parte de um texto meu como citação no conteúdo da obra.

O livro a que me refiro tem o curioso nome de “O amor é uma Droga”, de autoria do Ituiutabano Gladiston Jr; nesse livro cuja trama se passa nos EUA e todos os personagens são gringos, Gladiston narra as desventuras de um jornalista chamado Willian Lenox que, durante as experiências de cada página, tenta definir o amor ou ao menos compreendê-lo e, com isso, publicar o livro cujo nome é uma frase que ouve e passa a dizer com frequencia: “O amor é uma droga”.

Ali, o personagem Lenox, assim como Gladiston, vive a ansiedade de escrever seu primeiro livro, por isso a obra é uma mistura de ficção com autobiografia e anseios pessoais. São 290 páginas bem interessantes, inspiradas nitidamente em séries da TV norte-americanas como The Newsroom, Californication e outras; com ótimos diálogos e vários personagens fascinantes; mesmo que com dezenas de errinhos de português "básicos" que são avisados logo no início do livro onde podemos ler: (1ª Edição – Não revisado). Aqui muitos talvez se perguntem: “Como o cara lança um livro sem revisão?”. Também me perguntei isso, e fiz varias marcações para que ele possa corrigir. (Mas o melhor mesmo seria pagar um revisor).

Desde 2011 mantenho contato através da internet com Gladiston, sobre publicação independente, estilo literário e essas coisas; em alguns momentos li esboços do seu livro, mas por falta de tempo não pude acompanhar a evolução da obra.

A questão era que eu não sabia se acreditava naquele jovem com pretensões de ser escritor, conseguiria ele vencer todas as etapas desse sonho?
Até que no inicio do ano de 2014 me deparei com o livro pronto em minhas mãos, o qual pensei que leria um pouco e desistiria antes da metade, mas fui surpreendido quando vi que a versão final não tinha mais nada a ver com aquelas primeiras versões que há anos eu havia recebido por e-mail. Agora o texto era melhor, não perfeito, mas mostrava claramente o amadurecimento de Gladiston Jr como autor.

Por mais que repleto de “errinhos”, o livro tem uma boa estrutura e conseguiu prender minha atenção. E olha que sou chato, o que tem de livro de amigo ou conhecido e até de autor famoso que não me cativam, por isso nem consigo terminar a leitura... Isso mostra que, mais importante do que escrever corretamente é conseguir passar ao leitor a ideia do texto. E Gladiston conseguiu isso muito bem.

Independente de qualquer coisa, admirei a vontade e a persistência do autor em escrever e publicar de forma totalmente independente sua obra. Principalmente porque onde vivo, Ituiutaba/MG, dezenas de potenciais escritores nunca começam a escrever suas ótimas idéias ou, se começam desistem antes da metade.

Durante o livro, vários trechos chamaram minha atenção, principalmente os diálogos de Lenox com o personagem Will, que em minha opinião, é o melhor personagem do livro e o amigo de Lenox, Doyle, que de tão legal deveria ter continuado em mais páginas. Um ponto interessante do livro é que em alguns parágrafos lemos trechos com a visão de amor escrito por amigos de Gladiston, como o excelente texto da gaúcha Naiumy Roani e de vários ituiutabanos, muitos até que eu conheço e não sabia que escreviam tão bem como a tijucana Ana Carolina Oliveira, que talvez tenha melhor texto sobre amor do livro.

Enfim, a trama do livro é muito interessante e deve ser lida por aqueles que tenham a mente aberta e sejam pensadores livres. Infelizmente o livro “O amor é uma droga” de Gladiston Jr, não irá conseguir te passar a visão definitiva do que é o amor, até porque, talvez esse sentimento não tenha definição correta; cada um possui uma visão diferente do amor, por isso, nada melhor do que amar, ou melhor, ler o livro para tirar suas próprias conclusões.

Ah! O livro já está a venda na Drummond Livraria e na Itacolomy em Ituiutaba.

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Marcadores: Arth Silva, Gladiston Jr

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

 

O beijo a queima roupa

Nos rascunhos da memória, vez ou outra me deparo com lembranças que me transportam no tempo.

Em um desses dias chuvosos entrou pela janela o cheiro dos meus 8 anos (talvez 7, o calendário das memórias nunca é preciso), época em que pelas tardes da estação “Infância” eu driblava as pernas da idade.

Lá estava eu no colégio católico, vestido à moda da época, roupas e penteado cuidadosamente escolhidos pela mamãe. A professora com voz de bruxa de programa infantil riscava a lição no quadro negro, me ensinando coisas que provavelmente nunca colocarei em prática. 

O porteiro assopra com força o apito, era o recreio; sim, o recreio da Escola Infantil Anjo da Guarda era anunciado pelo soar de um apito. O “recreio” era um momento sagrado, onde eu colocava as brincadeiras em dia, mas foi na fila do lanche que a infância tomou sua decisão.

Zeca era um menino que andava sempre suado, portador de um sorriso banguela, era o único negro da escola, isso lhe rendia apelidos, que relevava desenvolvendo bom humor. Mas enfim, Zeca chegou de mansinho, como que querendo furar a fila, baixou o tom de voz e proferiu sua frase de impacto: - Ei Arthur... Ta sabendo? O Leandro beijou a Camila.

Narrou a cena com uma perfeição de cineasta: Leandro, menino porradeiro e malicioso, de estatura maior que a maioria das crianças da escola, intimidava com sua panca de brigão e descolado, na espreita deixou Camila ficar sozinha no pátio do colégio, quando teve a chance não perdoou, agarrou-a violentamente pelo braço e sem proferir uma única palavra lascou-lhe o beijo sem dó.

Zeca me mostrou até as pegadas rasgadas que ficaram tatuadas na face do barro pelo pátio da escola.

Aquela historia entrou nos meus ouvidos como um alarme de incêndio, minha infância estava pronta pra ser queimada com aquela revelação, não que eu sentisse ciúmes ou algo parecido, era mais que isso, até aquele dia um beijo na boca era um privilégio exclusivo dos adultos, ou dos artistas da TV. Uma criança se submetendo a isso era um crime capital que, se descoberto pelos funcionários da escola teria uma punição sumária, e não deu outra, além de banguela, Zeca era um tremendo fofoqueiro, a notícia se espalhou mais rápido que herpes em carnaval.

Rapidamente os pais de Camila e Leandro já estavam na escola; entraram com ar de tragédia.

O suor rútilo e frio já era visível na testa de Leandro. Os dois alunos incriminados foram chamados na secretaria , de onde ouvimos apenas frações de gritos, choros e ameaças por uma coleção indefinida de minutos.

Camilla que era uma menina extremamente linda e branca feito a candura de um anjo, manteve aquelas olheiras de choro por semanas.

O Incidente, embora praticado em dupla, sobrou para nós humildes virgens de boca. A professora gritava com toda sala, sua veia carótida estava a segundos de romper. Disparava intimidações de que se o crime, ou o pecado, como também citou, ocorresse novamente todos seriam punidos; ameaçava nosso maior tesouro: caso fosse repetido o incidente, ficaríamos até o fim do ano sem recreio. 

Essa maligna advertência causou a castidade de alunos por vários anos (alguns até os 18, outros eternamente). Atrasando inconscientemente nossa entrada no mundo das paixões físicas. 

Aquilo ficou carimbado em nossas mentes: o beijo é um crime, e nós, como bons meninos, jamais o praticaríamos. Mal sabíamos que um dia nos tornaríamos meliantes, furtivos criminosos armados até os dentes disparando beijos a queima roupa.

Tal trauma me afastou dos grupinhos da puberdade, onde a brincadeira da garrafa era a lei e o primeiro beijo acontecia. Ao invés disso, eu ia pro meu quarto começar meus primeiros escritos, exercendo uma espécie de celibato sem batina, mas o instinto animal é mais forte e com o tempo acaba rompendo a barreira do platônico indo muito além do toque de lábios...

Por razão disso, ainda hoje mesmo após ter vencido esse trauma, o cheiro de chuva faz o projetor da memória rodar aquele filme de quando beijar era crime, e nosso instinto delituoso apenas adormecia. 

Postado por Arth Silva às 10:24 Nenhum comentário:

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

 

Olhos de clarão

Certa vez conheci uma guria de olhos de clarão.

Olhos que me acendiam e não se apagavam; que sabiam enxergar toda a quilometragem estampada no velocímetro do meu peito.

Eram olhos que me assaltavam a atenção e não me davam trégua, disparando a melhor parte minha que dei a ela.

Até eu, que na língua do olhar sempre me achei mudo e analfabeto, passei a gostar mais dos meus olhos quando tinham o reflexo dela estampada neles.

Em instantes que ainda estão presos nos holofotes de nossas retinas, essa garota me ensinou que é na língua do olhar onde nascem os melhores beijos. Dessa forma, em debates platônicos que por vezes duravam a eternidade de alguns segundos, nós nos comíamos com os olhos e nos devorávamos em sonhos.

Trocando os pontos finais, por pontos de vista. E fazendo de cada um desses pontos uma trilha de reticências que nunca teve fim... e ainda hoje pode ser visto por trás do horizonte em nosso olhar.

A felicidade é quando sua cor preferida é a cor dos olhos de quem você gosta.

Postado por Arth Silva às 08:35 Um comentário:

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

 

O olhar de decote

A verdade é que a mulher possui um gene tão oposto quanto necessário.

Que te faz “esquecer das horas e abusar das demoras”, só pra ficar mais com ela e, depois de muito diálogo, serem pegos calados, admirando o interior de cada um. Ali o idioma falado não é importante, inglês, português, francês, não importa; sua língua preferida é a dela.

 

Muitas vezes, ela te seduz com detalhes e te abandona quase que por reflexo enquanto você finge que não teve culpa. Ao lado delas, levamos alguns segundos para nos apaixonarmos e uma vida inteira pra conseguir esquecer.

E, mesmo diante de pretéritos imperfeitos junto a elas. Continuamos cadentes pela fragrância da certeza de que a mulher não é triste nem trágica, é um mistério indispensável; seu sorriso acentuado e o beijo menta temperam o vício doentio que nos embriaga a alma, e enche nosso copo de anseio pela próxima dose.

Talvez todo esse fascínio tenha começado quando a Terra era confusão, treva e caos, exatamente como agora. Daí nos próximos seis dias, deus concebeu as ervas, sementes, o sol, a lua, os animais e Adão, que era o homem perfeito, até o dia que deus tirou-lhe uma costela para criar a mulher e ele ficou incompleto. Por isso hoje, nós homens precisamos tanto de uma mulher pra nos completar, ela tem aquilo que nos falta. Somos descendentes desse bíblico transplante de órgãos.

Depois disso o casal foi punido por desobedecer às ordens do chefe. Punição severa e injusta essa, afinal: como punir um casal que não teve infância pra aprender bons modos?

Mas enfim, desde o inicio aquele requinte erótico que provoca um solo de bateria no seu peito e parece justificar cada instante é algo tão surreal e mágico como um flerte acidental.

O beijo de pipa que voa pelo céu da sua boca.

Aquele sorriso de tudo ou nada que completa a sua gargalhada.

Sem falar no jeito único que só ela tem: meio flor, meio bandida.

E o olhar. Ah, o olhar! Existem mulheres cujo olhar é um decote. E convenhamos, o decote atrai bem mais que a nudez. 

Algumas mulheres são uma espécie de NADA que TUDO tem.

Lutam contra o tédio da perfeição.  Abraçam-nos com palavras e nos acolhem com o olhar.  A mulher quando quer, faz do sorriso seu melhor batom e o usa pra escrever a vida nos nossos lábios. E o mais importante, você a adora, não pelas qualidades e sim, apesar dos defeitos.

Dentro do seu abraço, pela eternidade de cada segundo, você não quer ser melhor do que os outros, mas melhor para si. É como sempre digo: O amor só existe (leia: presta) quando encontramos alguém, que nos transforme no melhor que podemos ser.

Sei que muita gente deve estar pensando: “poxa, ele só fala de mulher, e o mundo não é só isso”. Tudo bem pessoal, é que me esqueci de mencionar na narração bíblica que, no início, deus criou o Homem em três formatos: O homem, a mulher e o fã de Restart.

O leitor poderá ter esse mesmo fascínio que tenho pelas mulheres só que por diferentes gêneros.  Mas aqui, talvez por falta de conhecimento, me limito apenas aos pensamentos artesanais sobre o gene XY.

Esse gene feminino que tem o sorriso maior que sua altura.

Cuja companhia é o endereço certo pro melhor abraço.

Postado por Arth Silva às 18:24 Nenhum comentário:

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segunda-feira, 11 de março de 2013

 

O que será o Amor?

Hoje vi um ato de amor verdadeiro.

Uma filha enquanto andava pela rua ao lado da mãe, ergueu os olhos em direção a ela e gentilmente tocou seus cabelos sobre a orelha como que arrumando algo, mesmo que os fios do cabelo da mãe tenham ficado quase que imóveis. A mãe baixou a vista gentilmente, fitou a filha e sorriu com os olhos, agradecendo o gesto.

O amor está nisso. Nos pequenos detalhes quase invisíveis a olho nu. São simplicidades que os olhos não veem e que só a alma pode enxergar. Quando você ama alguém você faz isso quase sem perceber. Passa a mão só pra sentir o calor. O amor é um instinto.

Amar é retocar a perfeição.

Querer largar tudo pra ficar com aquela pessoa? E dizer que deve deixar o sentimento falar mais alto? Isso não é amor. É paixão.

Amor é você gostar de alguém e fazer planos para seu futuro ao lado dela. Cuidar dos mínimos detalhes para que o plano habilmente arquitetado se realize.

Amar é se fazer concreto para edificar um sonho.

Paixão é querer dividir um momento, um mês, uma cama. Amor é querer dividir uma vida.

A paixão faz seu coração disparar. O amor faz seu coração bater em compassos firmes, no ritmo da sua música preferida.

O amor é impessoal, não respeita credo, cor ou classe social, por isso, muitas vezes, o que não está à venda é que faz o coração bater (exceto o marca-passo, claro).

Muitos reclamam, principalmente as mulheres: “Ah! Ainda não achei o homem perfeito! Por isso tô solteira!”

Caso você pense assim, desista. Isso é uma ilusão utópica de menina ingênua.

Só queira encontrar a pessoa perfeita, quando você também for perfeito. E convenhamos, aquelas suas manias esquisitas não se encaixam na categoria Perfeição.

Costumo dizer que o amor é como um quebra cabeças. Onde todos são peças imperfeitas com lados assimétricos e confusos. Durante a vida encontramos diversas peças que não se encaixam bem em nós por mais que tentemos. Até o dia que você encontra aquela peça rara, também imperfeita, com um formato rebuscado, mas que se encaixa perfeitamente nas suas laterais incorretas e juntos formam uma linda figura.

Diante disso, por ironia do universo, muitas vezes são seus defeitos que te fazem mais perfeita.

Saiba viver a eternidade a cada instante. A vida é muito curta para não se gastar cada segundo tentando ser feliz.

O amor nasce nos detalhes. Nos pequenos pontos que apontam um sorriso. No olhar fixo por 3 segundos. Num gesto bobo de gentileza despercebida. Amar é ver o invisível, ouvir o inaudível, tocar o intangível.

Amar é ganhar em se perder, tentando se encontrar.

Postado por Arth Silva às 18:01 Nenhum comentário:

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domingo, 30 de dezembro de 2012

 

Tempo

Já reparou em como o tempo passa e você nem vê? É como aqueles erros em filmes que quando te contam, você liberta um leve sorriso preso nos lábios e se pergunta: Como não vi isso antes?

Assim é o tempo, só nos damos conta dele quando já passou.

Quando você vê que seu Beatle preferido era o John e agora é o Paul. Quando você nota que a foto da sua carteira de identidade não se parece mais com você. (será falsificada?). Ou quando você destila a fatídica frase: No meu tempo era melhor.

Sempre digo que, se as fotos são o registro do corpo, a memória é a fotografia da alma. Tente relembrar um momento da sua vida. Lembrou? Reparou que você não se lembra necessariamente de uma imagem física, e  sim de um sentimento, de uma sensação? Há, você está novamente tentando se lembrar, só que agora fixando em detalhes. Não conseguiu, se conseguiu é a esquizofrenia se apoderando de você. Enfim. Acho que a lembrança é a única que enxerga realmente o tempo.

Quando crianças, pensávamos que o tempo era tão devagar, hoje ele parece mais rápido e amanha ele correrá mais que um keniano em prova de atletismo. A verdade é que quanto mais velhos, mais o tempo será breve. Para um cara de trocentos bilhões de anos, uma eternidade de evoluções químicas é realmente míseros seis dias e o dia de descanso deve estar durando até hoje. Mas se você ainda é daqueles que dizem que o tempo agora está passando rápido demais, entre em uma fila de banco que você irá mudar de ideia.

Olhando amigos e parentes, notamos que muitos mudaram completamente, outros parecem iguais, alguns se foram, outros ficaram.  Muitos que eram tão importantes para nossa vida, hoje estão mais sumidos que a mãe da Chiquinha. A maioria tatuou rugas sob os olhos, exceto aquela sua colega que você morre de inveja, mas não admite. No fim você se dá conta que não está sozinho. O tempo é contagioso, estamos todos envelhecendo. Somos feitos de tudo aquilo que sentimos, ouvimos, vemos, provamos e vivemos.

Para finalizar, certa vez li um sábio pensamento de um poeta conterrâneo (Eder Asa) que resume tudo o que eu disse aqui, no pensamento ele dizia: “Tempo logo existo”.

Reflita sobre isso enquanto ainda há tempo, antes que o ponteiro lhe empurre para o fim desse relógio.

Clique AQUI e leia mais texto insanamente lúcidos de Arth Silva

Postado por Arth Silva às 15:28 2 comentários:

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domingo, 16 de setembro de 2012

 

O beijo à queima roupa

Nos rascunhos da memória, vez ou outra deparo-me com lembranças que me transportam no tempo, são golpes de nostalgia que de tão fortes, parecem saudade.

Em um desses dias chuvosos entrou pela janela o cheiro dos meus 8 anos (talvez 7, o calendário da memória nunca é preciso), época em que pelas tardes da estação “Infância” eu driblava as pernas da idade.

Lá estava eu no colégio católico, vestido à moda da época, roupas e penteado cuidadosamente escolhidos pela mamãe. A professora com voz de bruxa de programa infantil riscava a lição no quadro negro, me ensinando coisas que provavelmente nunca colocarei em prática.

O porteiro assopra com força o apito, era o recreio; sim, o recreio da Escola Infantil Anjo da Guarda era anunciado pelo soar de um apito. Como eu ia dizendo, o “recreio” era um momento sagrado, onde eu colocava as brincadeiras em dia e iniciava meu ofício de inventar estórias (qualquer dia escrevo sobre isso).

Mas foi na fila do lanche que a infância tomou sua decisão.

Zeca era um menino que andava sempre suado, portador de um sorriso banguela, era o único negro da escola, isso lhe rendia apelidos, que relevava desenvolvendo bom humor.

Mas enfim, Zeca chegou de mansinho, como que querendo furar a fila, baixou o tom de voz e proferiu sua frase de impacto: - Ei Arthur... Ta sabendo? O Leandro beijou a Camila.

Narrou a cena com uma perfeição de cineasta: “Leandro, menino porradeiro e malicioso, de estatura maior que a maioria das crianças da escola, intimidava com sua panca de brigão e descolado. Na espreita, deixou Camila ficar sozinha no pátio do colégio, quando teve a chance não perdoou, agarrou-a violentamente pelo braço e, sem proferir uma única palavra lascou-lhe o beijo sem dó”. Zeca me mostrou até as pegadas rasgadas que ficaram tatuadas na face do barro.

Aquela historia entrou nos meus ouvidos como um alarme de incêndio, minha infância estava pronta pra ser queimada com aquela revelação. Não que eu sentisse ciúmes ou algo parecido, era mais que isso, até aquele dia um beijo na boca era um privilégio exclusivo dos adultos, ou dos artistas da TV. Uma criança se submetendo a isso era um crime capital que, se descoberto pelos funcionários da escola teria uma punição sumária. E não deu outra, além de banguela, Zeca era um tremendo fofoqueiro, a notícia se espalhou mais rápido que herpes em carnaval.

Rapidamente os pais de Camila e Leandro já estavam na escola; entraram com ar de tragédia.

O suor rútilo e frio já era visível na testa de Leandro. Os dois alunos incriminados foram chamados para a secretaria e de lá ouvimos apenas frações de gritos, choros e ameaças por uma coleção indefinida de minutos. Camilla que era uma menina extremamente linda e branca feito a candura de um anjo, manteve aquelas olheiras de choro por semanas.

O Incidente, embora praticado em dupla, sobrou para nós humildes virgens de boca.

A professora gritava com toda sala, sua veia carótida estava a segundos de se romper. Disparava intimidações de que, se o crime, o pecado como também citou, ocorresse novamente todos seriam punidos; ameaçava nosso maior tesouro: caso fosse repetido o incidente, ficaríamos até o fim do ano sem recreio.

Essa maligna advertência causou a castidade de alunos por vários anos (alguns até os 18, outros eternamente). Atrasando inconscientemente nossa entrada no mundo das paixões físicas.

Aquilo ficou carimbado em nossas mentes: o beijo é um crime e nós, como bons meninos, jamais o praticaríamos. Mal sabíamos que um dia nos tornaríamos meliantes, furtivos criminosos armados até os dentes disparando beijos a queima roupa.

Tal trauma me afastou dos grupinhos da puberdade, onde a brincadeira da garrafa era a lei e o primeiro beijo acontecia. Ao invés disso eu ia pro meu quarto começar meus primeiros escritos, exercendo uma espécie de celibato sem batina, mas o instinto animal é mais forte e, com o tempo, acaba rompendo a barreira do platônico e indo muito além do toque de lábios.

Por razão disso, ainda hoje, mesmo após ter vencido esse trauma, o cheiro de chuva faz o projetor da memória rodar aquele filme de quando beijar era crime, e nosso instinto delituoso apenas adormecia.

*Arth Silva é um exímio autor de cartas de amor que nunca serão enviadas. É leitor compulsivo e escritor vocacional. Dono de um estilo rápido, mas sem banalidades, ao reler suas próprias obras acabou influenciando a si mesmo. Como escritor nada lhe dá mais prazer do que escrever o espanto e o fascínio nos olhos das pessoas. Nas horas vagas, quando lhe falta mentiras, inventa a verdade... Aos 2 anos começou a falar; aos 3 aprendeu a mentir; teve meningite aos 7; foi assaltado aos 15; e catapora aos 18. Odeia ervilhas.

Leia mais textos tragicômicos de Arth Silva na página:http://sonhandoaderiva.blogspot.com.br/

 

Crônicas de Diogo Vilela

 

Diogo Vilela

pacote é todo seu

Hoje cedo vi uma criança comendo uma paçoquinha. Nada mais que duas mordidas são suficientes para que se finde uma dessa inteira e nem duas vezes se pensa antes de largar o papelzinho da embalagem ali, no chão mesmo. Esse tipo de situação, seja na rua, no ônibus ou em qualquer lugar sempre me incomodou.

O ponto (de interrogação) que mais me é recorrente quando presencio esse tipo de atitude por parte de alguém é o seguinte: quando você compra determinado produto, este vem embalado, certo? E, salvo as óbvias exceções a essa premissa, a embalagem é parte integrante do produto e não pode ser vendida separadamente. Sim, tudo isso é ridiculamente óbvio. Por que então não damos às embalagens tratamento de produto adquirido assim como os produtos que elas embalam? Pagamos também por elas, ora.

O fato é que temos uma tentação tremenda e imediata de satisfazer o que quer que seja com o produto que compramos e nessa ávida corrida muitas vezes não prestamos devida atenção nesse detalhe monstruoso: a embalagem do seu produto é responsabilidade sua também. A menos que você vá ao mercado com sua jarra e o vendedor amigavelmente lhe sirva o guaraná do almoço. Aí sim você estaria pagando somente pelo líquido. Porém a realidade é que pagamos pela embalagem e somos responsáveis por ela.

Se déssemos a mesma importância, seja de descarte ou consumo, às coisas que compramos muitas mazelas da atualidade como alagamentos em grandes centros e consequentes prejuízos (sem falar do impacto ambiental da baixíssima taxa de reciclagem) seriam evitados. Há ainda tempo de mitigar esses impactos.

              Por agora nos resta honrar nossa condição bípede e assumir que o papel de bala é tão importante quanto nosso papel civilizado dentro da sociedade. Abra seu olho, porque o pacote é todo seu.

*Diogo Vilela

deeogoo@gmail.com

Postado por cronica tijucana às 05:12

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Um comentário:

Arth Silva - 2 de outubro de 2014 19:33

Pensamento muito interessante.
Fui educado de uma forma muito radical no sentido de jogar lixo no lixo, gostei muito do texto pra justificar ainda mais meus atos.
Boa reflexão Diogo.

 

Crônicas de Edgar Franco

 

Edgar Franco

 

Os Aforismos do Ciberpajé Edgar Franco (1)

 

Seja leve, não revide, não gaste suas energias com doentes que não podem criar, ou sobrevivem regozijando-se nos fracassos alheios. Deixe que falem de você pelas costas, sempre falam, deixe que ironizem, que vociferem. Mantenha-se puro e esqueça-os, não se ocupe deles, assim se blinda. As pessoas sempre falam de quem tem sucesso em qualquer coisa. Ninguém vilipendia mendigo. (Ciberpajé)

*

Me disseram que hoje é o dia da saudade. Pois eu destituo a data de significado e instituo todos os dias do ano como DIAS DO AGORA! Uma data a se comemorar AGORA! (Ciberpajé)

*

A noite sempre vem, o dia pode ser o mais luminoso, com uma luz fosfórica que nos cega por seu brilho incandescente, mas a noite sempre suplantará o brilho e trará a escuridão. Por isso viva seu dia, viva sua noite. Não queira transformar a sua existência em dias eternos, ou noites eternas. Flua serenamente e selvagemente entre as noites e os dias, pois chegará o momento em que não existirão mais os dias, nem as noites. (Ciberpajé)

*

A mente quer o que imaginou, o coração quer o que é preciso.(Ciberpajé)

*

A humanidade vive a doença grave da não aceitação de si, as pessoas elegem ídolos (famosos ou não) e passam a simulá-los, copiá-los, tentar ser como eles. NINGUÉM PODE SER COMO O OUTRO! Seja você mesmo, só assim algo de real pode surgir, ame-se, crie a partir de suas experiências. Viva a sua vida e esqueça a de outrem. Você é um fenômeno único no Cosmos, aproveite! (Ciberpajé)

 

Edgar Franco é Ciberpajé, artista transmídia, pós-doutor em artes pela UnB, doutor em artes pela USP, mestre em multimeios pela Unicamp e professor do Programa de Doutorado em Arte e Cultura Visual da UFG. Acadêmico da ALAMI, suas obras nas áreas de arte e tecnologia, performance, música, ilustrações e histórias em quadrinhos já receberam vários prêmios nacionais. 

 

 

Crônicas de Enio Ferreira

 

Enio Eustáquio Ferreira

La golondrina

É impossível falar de cinema e não falar das musicas que marcaram época, musicas eternas que se imortalizaram através das telas dos cinemas. A música na linguagem de cinema tem a função de criar um clima no desenrolar da cena, emocionar, arrancar lágrimas, causar tensão.    Muitas vezes, a popularidade das músicas supera a das imagens, do enredo e do trabalho dos atores. 

Exemplo de filmes (entre centenas) que ficaram na memória também pelas suas músicas: O Homem que sabia demais, 1956; Top Gun,1986; Grease,1978 - nos tempos da brilhantina –; Romeu e Julieta,1968; Os embalos de sábado á noite,1977; O Guarda Costa,1992; Guerra nas Estrelas,1977; Titanic,1997; Ghost: Do outro lado da vida,1990.     

Não é a toa que muitos dos principais sucessos da história do cinema são lembrados por suas músicas e é inúmero os filmes, impossível relatar todos, mas dá pra entender um tanto da importância da musica no cinema. E em nossas vidas.

Em “Meu ódio será a tua herança”, um faroeste de 1965, eu ouvi pela primeira vez “La Golondrina” e, na verdade a minha lembrança deste filme é justamente por essa maravilhosa canção. Canção que já atravessou mais de um século e continua cada vez mais popular e viva em nossa recordação.  

Para quem também aprecia La golondrina um pouco da sua historia:    
La golondrina (a andorinha) é uma canção escrita em 1862, pelo médico mexicano,  Narciso Serradell Sevilla (1843-1910), que na época foi exilado para a França devido à intervenção francesa no México. A letra em espanhol usa a imagem de uma migração de andorinha para evocar sentimentos de saudade da terra natal. La golondrina se tornou a canção hino dos mexicanos exilados. Gravada pela primeira vez em 1906 por Señor Francisco e a partir daí a letra desta canção foi traduzida por quase todas as línguas do planeta e os maiores nomes da música mundial a gravaram: Caterina Valente; Nat King Cole; Plácido Domingues; Caetano Veloso; Júlio Iglesias; Nana Mouskouri; Elvis Presley e vários outros cantores famosos pelo mundo a fora.  (Wikipédia)   

Letra de La golondrina (espanhol) 

A donde ira, veloz y fatigada, la golondrina que de aqui se vá

por si em elviento, se hallara extraviada buscando abrigo y no lo encontrara. 

Junto a mi lecho le pondrés unido en donde pueda la estación pasar.

También yo estoy em la región perdido, OH Cielo Santo! y sin poder volar.

 Deje también mi patria idolatrada esa mansión que me miró nacer.

mi vida esho y errante y angustida y ya no puedo a mi mansión volver.

Ave querida amada peregrina, mi corazón ao tu yo acercare.

voy recordando tierna golondrina recordare mi patria y llorare

***

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quarta-feira, 18 de maio de 2016

 

E falando de arte... 

Entre a pintura e poesia eu fico com as duas. As duas se assemelham, pois, trazem um sentimento parecido. São artes nascidas do completo silêncio e pessoalidade, é, realmente, uma criação do autor, sem interferência de outras pessoas, solitária.      

A composição de uma canção, por exemplo, até ficar totalmente pronta, tem a participação de várias pessoas – uma faz a letra, outra a música, os cantores ou as cantoras a interpretam, mais ou menos assim – E o cinema, a sétima arte, seus filmes tem a integração de produtores, diretores, vários artistas, cada um cuidando de uma parte pré-estabelecida até chegar aos expectadores. 

Mas, de uma maneira geral, o que é mesmo importante é a arte, pois, se trata de uma manifestação de tudo que vemos e vivemos, não tem como nos interagir no mundo sem conviver com algum tipo de representação artística, já que a própria natureza é a mais significante de todas as artes.

Também, a arte não é só criar a beleza, o agradável, pode, inclusive, contribuir para a compreensão da vida real e expressão da verdade. Os artistas com suas obras de artes podem chamar a atenção e buscar mais dignidade para as pessoas, uma sociedade melhor, mas justa, onde todos possam ter acesso aos bens culturais de consumo e ao lazer.                                  

Os movimentos relacionados à arte existentes no mundo – música, teatro, cinema, artes plásticas, etc., são responsáveis por um maior desenvolvimento  pessoal e social, sem estar condicionado ao financeiro, porque aí, vale mais a sensibilidade e a oportunidade de apreciar.  

Felizmente, em nosso país, a arte está bem servida, pois, o que não nos falta são artistas de talentos. Sobra para nós, a doce oportunidade de apreciar.

Postado por cronica tijucana às 04:52 Nenhum comentário:

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sexta-feira, 29 de abril de 2016

 

 Os brilhantes olhos de dona Rita Helena

 A beleza dos olhos de dona Rita Helena é coisa Divina - azuis como um céu sem nuvens, brilhante como diamantes lapidados. E não era para estar tão belos assim, já que ela estava padecendo de dores agudas nos joelhos provocados pela artrose e pelas dilatadas veias das pernas por causa das varizes. Mesmo assim ela não deixava ninguém ali por perto, seus vizinhos e amigos, preocupados, buscando deixar todos felizes dizendo que estava melhorando.

 Mesmo nos seus piores dias, com seus olhos sempre brilhantes e, agora, às vezes lacrimejantes, dizia que estava melhorando, que os joelhos estavam menos inchados. Mas, todos percebiam que isso não parecia a verdade, pois, ela se apresentava mais magra e com as pernas mais grossas. Infelizmente, pela lógica natural da vida, se torna muito difícil contornar a decadência do corpo humano. Quando se chega a certa idade em que o organismo passa a não responder aos tratamentos convencionais as perspectivas de cura são um tanto remotas.

 Acontece que, para a lógica natural da vida, tem coisas, como a Fé, que podem contrariar essa mesma lógica. E, nesse caso, o que estava certo mesmo eram os brilhantes e belos olhos azuis da dona Rita Helena. Ela dizia que estava melhorando e estava mesmo. Com a sua Fé, força de vontade de sarar e, também, na sua insistente intenção em agradar os amigos, melhorou de vez das suas doenças.

Ainda temos muito que aprender na leitura do brilho nos olhos das outras pessoas. 

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sexta-feira, 19 de setembro de 2016.

 

A bola furou!

Enio Ferreira - ALAMI

Com os craques: Sarará, Loíso, Vilson Cascão, Chupinha, Galdino, Pancho, Neocir, Zé Abadio, Índio, Francês, entre outros, fundamos o Bandeirante Futebol Clube, usando um grande lote de terreno ali na Rua 22 com a Avenida 27 e 29.  

O nome foi uma homenagem à empresa “Móveis Bandeirantes”, que nos doou um novo jogo de camisas. A bola, agora bem surrada, era a mesma que o Dudu nos deu nos tempos do antigo time. Essa bola era a que tinha e ninguém reclamava.

Estreamos as novas camisas num belo domingo de manhã contra um time do Bairro Progresso. O jogo seguia bem e tinha tudo para ser uma bonita festa domingueira não fosse o vexame do furo da bola. Foi isso mesmo! A bola furou! 20 minutos de jogo e a bola furou. O time visitante esperando para continuar com o jogo e a nossa vergonha era grande.

Domingo de manhã comprar uma bola nova onde? Também ninguém tinha dinheiro ali naquela hora. O jeito foi seguir uma sugestão de um torcedor que via a nossa aflição.

“Ali na esquina mora o Antonio Almeida e ele treina um time de futebol e tem várias bolas guardadas, talvez ele empreste uma!”

“O sujeito é tenso pra caramba duvido que ele empreste uma bola para vocês!” - comentou outro torcedor -.

O Pancho (companheiro que resolvia tudo) disse que tinha coragem para ir lá ao vizinho e pedir uma bola emprestada. Fui com ele pra dar força.  

“E se o cara me destratar lá na porta da casa dele? – ia dizendo o Pancho –”

“Aí voltamos numa boa. Pelo menos tentamos, não é? – eu disse para animar.

“Se esse Antonio Almeida é um cara tenso ele vai me destratar na porta da casa dele. Vai dizer que se a gente quiser mesmo jogar futebol a primeira coisa a pensar é na própria bola. Vamos dar outro jeito e esquecer esse cara...”

E eu insistia: “Calma... Pancho! Vamos com fé! O pessoal está esperando para continuar o jogo e o único jeito é pedir essa bola emprestada!”

 E o Pancho ia prejulgando: “Esse cara é tenso e vai me destratar, vai me destratar, vai destratar...”

 

Chegamos à casa, bati palmas, o senhor Antonio Almeida abriu a porta e, sem mais nem menos, o atormentado Pancho apontou o dedo na cara do homem e disse exasperado: “O Senhor enfie essas suas bolas lá fundo da última gaveta!” - deu meia volta e voltou pisando duro -.

O homem ficou lá na porta, com cara de espanto, sem entender nada. Então pedi desculpas e expliquei sobre a nossa emergência. E não é que o cara era fino, educado e prestativo? Entendeu o nosso caso, emprestou duas bolas e ainda foi pro campo torcer por nós.        

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Marcadores: Enio Ferreira

terça-feira, 24 de junho de 2014

 

 O caso da ema

O Palmeiras Clube era apenas um salão de dança na Avenida 19 e não tinha piscina, o Ituiutaba Clube tinha piscina, mas, só para os sócios, para os humildes sem chance. Então, a opção para a nossa jovem turma era nadar no poção do São Lourenço. 

Só que a gente não achava isso ruim e era até mais divertido: - nadar em água corrente é melhor e mais emocionante que a piscina. Hoje está fora de moda, proliferaram piscinas, mas antes desses eventos os jovens, para recreação na água, só tinham as piscinas naturais que se formavam nas curvas dos rios.      

Do centro da cidade até ao “poção” era uma esticada de uns cinco quilômetros de alegria e poeira estrada afora e, disputar corrida até lá era o máximo, quem chegava por último não entrava na água, ficava de fora vigiando as roupas. O mais veloz era o João Feio, que corria mais que o papa-léguas.   

Numa dessas idas uma ema atravessou a estrada e o João Feio que tinha supremacia nas pernas foi desafiado a pegá-la. Ele saltou a cerca da fazenda e disparou na pastaria atrás da inofensiva ave: Guinada para um lado, guinada para o outro, e a assustada ema ia se safando da perseguição implacável. E a turma incentivando: Pega! Pega! 

Já que nenhum de nós quis esperar pelo João Feio que sumiu no capinzal correndo atrás da ema, seguimos todos diretos para o poção do São Lourenço. Passamos boas horas de aventura e diversão na água e ao cair da tarde, cansados, com fome, pegamos a estrada de volta.      

Mas de repente o que nos aparece atravessando a estrada? A ema correndo do João Feio! Manca, depenada, esbaforida e, atrás dela, o João Feio, ofegante e cambaleando, com as pernas duras de câimbra. Esse dia ele voltou carregado pra casa. #

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Marcadores: Enio Ferreira

sexta-feira, 13 de junho de 2014

 

Histórias do nosso futebol

Por onde anda o Totó?  

Enio Ferreira – ALAMI

Por onde andam todos? Aquela turma de garotos amarelados de poeira, de pés no chão, que corriam atrás de uma bola, esquecidos de tudo que não fosse bola de futebol?  Que faziam de qualquer espaço de terreno desocupado um campinho para jogar?

 

Para onde foram todos aqueles garotos, aqueles campinhos, aquela a poeira, aquela bola de borracha que furava quando “um perna-de-pau” lhe aplicava um bicudo?

Por certo que ainda estão por aí! Os garotos, a bola, os campinhos, embora, é claro, tudo modernizado! A bola é de couro, os garotos são limpos e uniformizados, usando chuteiras e, a poeira foi trocada pela grama viçosa e verdinha.         

   É... A vida anda. Caminha a passos largos, e aqueles garotos do meu tempo, todos, irrevogavelmente, se diluíram na vida adulta. Depois de “homens feitos” cada um tem que enfrentar a dura realidade, nua e crua... Suar a camisa para conseguir “matar” o seu leão de cada dia.  

Que aquela época foi boa, isso sim é que foi! Principalmente porque éramos todos jovens e por isso as garotas proliferavam na beira do campo. Talvez por causa dessas garotas mesmo que o time perdia algum jogo que parecia fácil, pois, querendo se exibir pra elas esquecia o adversário.       

Mas o jogador que arrancava suspiros das moças era o Totó. E foi por sua causa que aconteceu a confusão que interrompeu a vida do nosso time: A mãe dele, que estava entre a torcida na beira do campo, saiu às tapas e puxões de cabelos com uma mulher que se atreveu a comentar que o belo Totó tinha bunda de mulher, gerando uma briga das grandes entre os familiares.        

Os vizinhos reclamaram da briga, o dono mandou cercar o terreno com arame farpado e acabou com o campinho e, eu acho ter sido esse o motivo que deu fim ao nosso saudoso “Três Coqueiros Futebol Clube”    

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quinta-feira, 17 de abril de 2014

 

Histórias do nosso futebol

Quem viu, viu!

Enio Ferreira  

Muita saudade daquela turma, os craques do ”Três Coqueiros Futebol Clube”. O time durou somente o tempo da nossa juventude e foi uma época muito boa. 

Não chamo a atenção para o nosso singelo e empoeirado campinho, nem para as camisas verdes tão bem cuidadas pelas mães; nem tão pouco para a beleza das moças que floriam na beira do campo, muito menos para o Dudu que jogava na posição que queria por que era o dono da bola. Falo do goleiro, não do Pancho que era o titular, mas do goleiro reserva o Mancado. 

Também não falo do Mancado só por que tinha uma perna mais curta e por isso balançava ao caminhar e daí o apelido. Falo do Mancado que estava na turma desde o início e por isso tinha vaga garantida no time, mas se fosse pelo futebol coitado... Na linha não dava pra ele, então tentava ser goleiro.           

Mancado ficou famoso jogando no gol, mas não pelas grandes defesas, foi mais pelos frangos memoráveis que tomou. Imaginem que certa vez num jogo contra o... Agora não me lembro se foi contra o Guarani do Progresso, ou o Palmeiras da Praça 13 de Maio ou, ainda, o Cruzeiro da

Junqueira... Ou foi contra o Córrego da Chácara? Acho que foi um desses aí. Lembro que ganhávamos de 4 a 0 quando, aos vinte minutos do segundo tempo, o nosso goleiro se machucou. Na reserva estava o Mancado. Aí complicou. Ninguém confiava nele e, eu mesmo fui um que se ofereceu para ficar no gol, mas o Dudu disse que o jogo tava fácil e tínhamos que dar uma chance para o Mancado... É difícil de acreditar, mas foi isso que aconteceu: aos 42 minutos já estava 4 a 4 – o Mancado tomou 4 gols em 24 minutos. E, ainda, aos 45, terminando o jogo, aconteceu uma falta contra nós. Eu, que estava perto do gol, falei: “Mancado, o empate ainda serve pra nós, pega essa!” Mas infelizmente não deu outra, o atacante chutou lá da intermediária, Mancado foi na bola, escorregou e a bola entrou! O Neneco quis reclamar, mas ele saiu com essa: “À lá Zico, uai! Pegar como?”                

Certa vez estávamos o time quase todo, passando um fim de semana na praia lá da cidade de São Simão. No sábado á tarde nos convidaram para um racha contra um time de jogadores profissionais goianos que, também, estavam por lá à passeio. Foi a primeira e a única vez que enfrentamos um time profissional e, por incrível que pareça, ganhamos! Quem estava no nosso gol era o Mancado. Nesse jogo ele pegou tudo! Até pênalti defendeu! O time deles ficou tão impressionado que o seu técnico quis contratar o Mancado:  

Mancado, à proposta, respondeu com as mãos erguidas para o Céu: “Essas defesas quem viu, viu, quem não viu, nunca mais!”                               

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

 

Terra Fértil


* Dedico essa à Adelaide Pajuaba Nehme (importante cronista - acadêmica da ALAMI)

Na viagem para as ÍNDIAS na qual Pedro Álvares Cabral, no ano de 1.500, acabou foi descobrindo o Brasil, uma das suas treze caravelas recolheu uma senhora que estava num pequeno barco à deriva em alto mar. Ela estava há muitos dias sem se alimentar, com insolação, bem fraquinha, quase morrendo. Os marinheiros cuidaram bem dela e já estava quase recuperada quando chegaram a terra firme. Na alegria e na confusão da chegada ninguém se lembrou daquela senhora. 

A senhora desceu com dificuldades da caravela, se misturou aos índios, foi bem aceita por eles e, recuperada, construiu uma casinha e ficou morando nessa terra que se chamaria Brasil.     

Ela, muito esperta, ia se virando para viver, e de um abacateiro que havia na frente da sua casinha colhia as frutas para se alimentar e trocar por outras coisas de sua necessidade. Vivia sossegada esperando a vida melhorar, mas só uma coisa a deixava nervosa: os indiozinhos subiam no abacateiro e lhe comiam os abacates. As frutas serviam para serem negociadas, não gostava de ser roubada.
         

Uma noite bateu-lhe à porta um velho índio em busca de socorro; fora picado por uma cobra e estava mal. Pediu que ela corresse até um local determinado e colhesse duas folhas de certa planta e fizesse um chá para cortar o efeito do veneno. A senhora obedeceu e fez tudo o mais rápido possível para assim salvar o velho índio. Ele acordou no dia seguinte curado. Despedindo-se, disse que era o Feiticeiro da sua tribo e que ela lhe pedisse o que quisesse.        

Só peço que a pessoa que subir no meu abacateiro não possa descer sem a minha ordem – respondeu a senhora.          

- Se esse é o seu desejo, assim será! – respondeu o índio-feiticeiro.    

Na manhã seguinte encontrou cinco indiozinhos em cima do abacateiro.    

- Oh! Senhora perdoe-nos! Salve-nos, nos deixando descer!   

 Ah! Pois vocês diziam que não eram ladrões dos meus abacates! Por esta vez, vá! Se subirem aí de novo hão de ficar para sempre! Os indiozinhos desceram e nunca mais voltaram ao abacateiro.    

Um dia de manhã entrou em sua casa uma mulher bem feia, nariguda, com uma foice na mão, dizendo: - Sou a Morte e estou aqui para buscar-te!

Já? Estou ainda muito nova e com saúde. Dá-me pelo menos mais um ano! – disse a senhora.   

Não pode ser – respondeu a Morte.

Faça-me ao menos um favor: suba no meu abacateiro e colha-me um abacate. Quero comê-lo visto ser o último! – implorou a senhora.    

A Morte subiu no abacateiro e colheu a fruta, mas não pode descer, pôs-se a chamar a senhora. Esta respondeu: “Não tenha pressa, aí ficarás para todos os séculos. És má e tens feito a tristeza da humanidade...”    

E a Morte ficou em cima do abacateiro.    

A Morte, presa no alto do abacateiro, para conseguir a permissão para descer, teve que fazer um trato com a senhora: Poupar-lhe a vida enquanto ela morasse no Brasil, caso ela saia das terras brasileiras o trato poderá ser desfeito.  

O nome dessa senhora proprietária do abacateiro é Dona Corrupção e quanto mais o tempo passa mais viçosa ela fica.      

Por isso enquanto não for colocada num barco à deriva no meio do mar, como fizeram com ela antigamente algum país decente, Dona Corrupção viverá cada dia mais saudável no nosso Brasil.  

 

(Texto adaptado de Tia Miséria - antigo conto português)       

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segunda, 17 de março-feira de 2014

 

História do nosso futbole

 

Amor à camisa 

 

*Dedico essa ao Arinos Luiz Carvalho (grande amigo!)     

No meu tempo de jogador de futebol quem não tinha cacife para jogar na Associação Ituiutabana ou no Ituiutaba Esporte acabava indo para os times da periferia. Juntava-se uma turma de jovens fominhas por bola limpava algum espaço de terreno desocupado, arrumava paus para montar os gols, alguém sugeria um nome e pronto, aí já estava montado um time. O meu era o Três Coqueiros Futebol Clube.

Nesse esquema os jogadores, além de jogar, colaboravam com algo a mais. O Dudu, mais riquinho, doou a bola, o Pancho com os irmãos doaram o jogo de camisas; eu era o secretário, fazia as fichas.

Fazer as fichas era fácil, eu sabia o nome de todos ali e, se não sabia escrevia o apelido mesmo. Não sei se isso é coisa só de periferia, (onde sempre morei) mas o que não faltava era nome difícil de falar ou de escrever, muito K, Y, W, que no fim acabava mesmo em apelido: Kaká, Zoínho, Rebite, Galego, Trombinha, Carlim Neném, Bezerro, Tão, Neneco, Pelé não, esse não tinha.  

Um dia treinou com a gente dois rapazinhos que chegaram da fazenda e o Jovino (ele era quem organizava as coisas no time) os mandou falarem comigo e fazerem a ficha. Todos quiseram saber o motivo deles mudarem para cidade numa época em que rapazes sonhavam com a vida rural, essas coisas de nadar em rio, andar a cavalo, muita fruta, leite no curral... (na enxada e no sol quente ninguém pensava). Disseram que vinham por ser aqui uma cidade de ponto facultativo: Eu não devia, mas perguntei – ponto facultativo? “É, meu pai falou que tá vindo muita faculdade pra cá!”.     

O primeiro rapaz se chamava Welklysson e na hora de escrever na ficha avisei pra ele:   - Acho que vai ser difícil pra turma grudar esse nome na memória, vai lhe pintar um baita apelido! - Apelido eu não gosto! - ele me disse.

- Então é melhor você colocar uma plaqueta com seu nome no peito! – lhe  disse.

Contando ninguém acredita, mas não é que o Welklysson no dia seguinte chegou ao treino com uma plaqueta no lado esquerdo do peito em que o nome dele estava bem visível? (e a mãe dele devia ser boa no artesanato, pois a plaqueta estava bem feitinha)

Mas ali, no meio daquela turma e ainda com um nome complicado era difícil escapar do apelido: No domingo de manhã, antes do jogo, nosso técnico ao distribuir as camisas gritou: - Plaqueta! Você joga com a 8!

Daquela turma muitos eu não vi mais. O Plaqueta sei que foi estudar fora. Muitos hoje são doutores, empresários, fazendeiros e até políticos. Certa vez viajando de carro pelo sudoeste mineiro ouvi pelo rádio, no horário político: - “Para vereador vote em Plaqueta!” Lembrei-me do Welklysson.

(Num tempo em que se jogava por amor à camisa, o “Três Coqueiros” não fez feio, chegando, inclusive, num torneio, receber a Taça de Campeão. Já contei essa?

 

Crônicas Eugênio Franco

 

Eugênio Franco

 

AO HOMEM DA TERRA 

acadêmico da ALAMI - cadeira 99

          

            Esta crônica é uma homenagem a um homem que participou da II Grande Guerra e defendeu a democracia, o direito de propriedade. Ele era fazendeiro e depois que fez a partilha da terra aos filhos, esses foram política e arbitrariamente esbulhados do seu direito de propriedade e desapropriados pelo INCRA.

Nascido da terra, braços fortes e pele morena, o homem simples trabalha a terra, rasga suas entranhas  dia após dia, ano após ano. 

Ele  e a terra tem harmoniosa relação. Eles se conhecem e se gostam.

Eis que uma tal  democracia o chama e o leva a lugares estranhos e longínquos, onde ele deve lutar pela liberdade.

Em um lugar longínquo ele vê fogo, sangue, ódio e paixão. E  torna-se um guerreiro. A democracia é boa e justa.

Vencida a guerra, ele retorna, e, saudoso beija a terra. E  constrói seu abrigo pequeno e simples, e seguro, e aconchegante. E reina absoluto, raiz,  fruto e  apêndice da própria terra.

Olha para o céu e sabe quando vem a  chuva, o  vento, ou o sol. Nada o perturba; respeita a terra e ela aprendeu a respeitá-lo.

E divide sua vida entre o amor pela terra e o amor de uma mulher.

A querida mulher, de seu ventre fecundo pariu muitos filhos e a terra  pariu, de seu ventre dadivoso, muitos frutos.

Então a mulher amada perdeu o viço, pereceu e retornou à terra.

Ele se abalou, mas encontrou nova companheira e prosseguiu sua jornada.

Um dia, a democracia que era boa tirou-lhe a terra; a cansada e sofrida terra; banhada com o seu suor.

Então, o guerreiro já combalido da luta, tombou ferido ao ver sua querida terra ser maltratada, dilacerada, mutilada. Ele e a terra, choraram em silêncio... Sua dor era impenetrável.

E o homem pereceu e retornou ao pó. Talvez esteja ao lado da mulher que tanto amou.

E a terra, silenciosa, permanece triste

 

Sonhos e lembranças

Faminto, devoro as palavras a cada pensamento. E elas me queimam por dentro. E me dissolvem, sem que eu consiga vomitá-las. Por que então, insistir? Por que não deixar que permaneçam quietas?  Por que  revelar-me?

É uma vida comum, escrita na rotina simples dos dias que, se sucedem cada vez mais rápidos. E as longas madrugadas mal dormidas?

Como resistir a essa estranha força que me desgasta, que me trespassa como lança pontiaguda dilacerando minhas entranhas? Devo me desnudar de minhas verdades?

Eu tenho que liberar a minha história, ainda que seja por poucos momentos; ainda que seja levada pelo vento ou que se deforme como sombra. Ainda que se mostre inútil; ou que se transforme em nada.  Somente assim, aplacarei a minha fome e deitar-me-ei, tranqüilo, em minha solidão, em minhas reminiscências. Aí, poderei escavar a minha memória, começar minha busca.

 Lembrar-me-ei do garoto que insiste em se fazer presente em mim com seus pés descalços, com suas brincadeiras de herói e bandido, com seu jogo de bola, seus aviões de papel, com suas folhas coloridas de papel, com seus sonhos coloridos, suas estrelas cadentes, com seus sonhos.

 E a remota transfiguração, a travessia do adolescente inquieto e sedento e rebelde (mas não tão rebelde), ainda não foi totalmente sepultada.

Lembrar-me-ei do gosto adocicado da saliva que bebi no primeiro beijo. (Ou terá sido amargo?) É a Incandescência do sexo. É a sede da eternização. (Etérea é a primeira namorada que enfeitiça com olhos de maliciosa inocência!)!

E os beijos que vieram depois, pouco a pouco foram se diluindo,  tornando-se efêmeros e insípidos, (menos os do verdadeiro amor, que ainda me transubstancia em sua essência: amor-carne, amor-mente, amor-espírito, amor-amor.) Dos outros amores eu já me esqueci.

Os meus planos secretos, ah, esses eu não revelarei. Ainda nem foram elaborados...

Já as minhas saudades, as minhas dores e os meus medos eu posso compartilhar; a vida ensinou-me a compartilhar.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Os conceitos do pouco que aprendi são aplicados em mim mesmo a todo momento: minha geografia, minha ciência, meus desenhos mágicos, meus números mágicos, minhas poesias, (se é que abstrações podem ser chamadas de poesias).

A minha ansiedade então explode e lança seus estilhaços e suas fagulhas para todos os lados, com as palavras se despindo de qualquer sentido, ainda que expondo feridas ou espantando dores.

E assim eu soltarei meu grito dissonante. Assim eu libertarei o meu riso, vencerei os fantasmas que me enclausuram. 

E assim eu sonharei sonhos alados, que, entre nuvens e fumaça, me levarão aos confins; me levarão ao limiar da história e do tempo, me levarão ao limiar da vida.

 

Lição de vida

 

         Há muito tempo havia nas proximidades de nossa fazenda, uma pequena escola rural mantida pelo município.

         Os alunos que a freqüentavam eram  filhos de peões das fazendas das redondezas  e também da nossa. Eles iam a  pé, a cavalo, de carroça ou de bicicleta. Alguns tinham que andar longas distancias.

         Com o tempo, foram se cansando; muitos acabaram  por desistir e o prefeito mandou  fechar a escola, e o  prédio ficou abandonado.

Sem emprego, o professor se apresentou a meu pai e se ofereceu para trabalhar. Era um homem magro e baixo; humilde e tranqüilo;  inspirava confiança.

         Foi contratado como zelador, para vigiar e ajudar nos pequenos afazeres da casa e para cuidar dos animais domésticos: os porcos, os cachorros, os gatos e as galinhas; em troca receberia um pequeno salário, casa e comida.

         Como a casa principal era pequena e a família era grande, ele fez de um depósito de ferramentas ao lado da garagem da camionete,  um quarto limpo e aconchegante, com poucos e improvisados móveis: uma velha cama, uma cômoda onde guardava suas roupas e objetos pessoais, uma caixa de madeira cheia de livros e uma pequena mesa sobre a qual ficava uma lamparina a querosene e um antigo rádio a pilhas que ele ligava todas as noites para ouvir as notícias. Não gostava muito de música e nem um pouco de futebol.

Em pouco tempo todos se afeiçoaram a ele que, mesmo com hábitos de eremita, sabia se fazer alegre e brincalhão.

Às vezes permitia que eu folheasse seus livros empoeirados e às vezes lia algumas pequenas histórias para mim. Ficávamos conversando por um bom tempo.

         Na época das aulas, quando íamos à  cidade, ele fazia companhia para meu pai.          

         Certo dia, tendo voltado para as férias de final de ano, mamãe me avisou que era aniversário dele.

         — Vá cumprimentá-lo, está fazendo sessenta anos!

         Era  uma bela  manhã; eu havia me levantado há pouco e comia um pão de queijo à janela da sala. Ele ainda não tinha me visto, estava de costas lavando um balde em um pequeno tanque que havia no jardim; parecia conversar sozinho ou talvez cantarolar uma canção antiga.

         Pulei a janela e me aproximei.

         Ele usava uma barbicha branca e tinha os cabelos ralos e brancos que estavam despenteados. Estava distraído.

         Bati palmas e cumprimentei-o:

         — Bom dia!

         Ele levantou a cabeça e  com um ar sério, respondeu:

         — Bom dia!... Você me assustou!

         —  Me desculpe... É seu aniversário, hoje?

         Já  refeito do susto, sorriu.

         — É! – respondeu.

         Eu brinquei com ele e perguntei:

         — Parece que o senhor está mesmo ficando velho, hem?!

Ele ficou pensativo por uns instantes;  passou uma mão na cabeça e depois me olhou. Não sei porque, mas senti aquele corpo curvado e franzino agigantar-se diante de mim.

         E naquele momento, o homem simples, de gestos e palavras simples, pareceu-me transformar-se em um grande filósofo, ao fazer do óbvio, a sabedoria. Apoiou uma das mãos em meu ombro e olhando dentro de meus olhos, disse com serenidade:  

         — É  verdade,  meu filho,  é verdade... Mas só não fica velho quem morre novo!

Sem dizer mais nada, eu desviei o olhar, sai correndo e fui brincar.

Alguns anos depois, quando ele morreu, deixou um vazio naquela casa.

E aquelas palavras, ditas há mais de trinta anos, ainda ecoam como trovão, em meus ouvidos.  A  cada dia, a cada mudança em minha vida,  posso senti-las, posso  compreendê-las melhor.

         E  espero não   morrer novo.

Postado por cronica tijucana às 02:37 Nenhum comentário:

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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

 


Quando a lua  brilha na cidade grande.

      Eugenio Franco

Acadêmico da ALAMI -  cadeira 99  

 

         Ele havia chegado do interior e sentiu-se perdido, no mundo selvagem da cidade grande; os sons lhe doíam os ouvidos, tantos prédios lhe bloqueavam a visão.

         Ele se sentia solitário em meio a tanta gente; gente que andava sem rumo, gente que não tinha tempo para viver.

Quando saía, perdia-se na confusão de tantas ruas e de tantos carros que zumbiam, urravam e buzinavam.

Seus pulmões clamavam por ar, sua visão se turvava e sua voz não se fazia ouvir.

         O sol parecia embaçado e à noite a lua era sem brilho no meio de tantas luzes. E quase não havia estrelas.

         Dentro de seu apartamento sentia-se enjaulado, inquieto e infeliz.

E ele sonhava poder voltar,  sonhava com sua casa ampla e arejada, onde nos finais de tarde podia deitar-se na rede à varanda e observar o por do sol.

         Assim, pensativo sentado em sua poltrona, próximo à sacada do terceiro andar, olhava para lugar nenhum, quando percebeu que havia um galho de árvore balançando, levado por uma brisa leve.

Observou mais um pouco e viu pousar um alegre casal de pássaros; havia um ninho e provavelmente alguns ovos.

         O homem ficou absorto e perdeu a noção do tempo. Já havia escurecido quando levantou os olhos; por trás de uma fila de imensos prédios de janelas cintilantes, ele percebeu que a lua brilhava na cidade grande. E sorriu.

 

Por trás daquela serra

Acadêmico da ALAMI - cadeira 99

 

           Céu claro. Faz muito calor.

         Viajamos com os vidros abertos, o vento também está quente. Talvez eu devesse colocar um ar condicionado.

Meus óculos escuros, desses que se encontram em qualquer banca de camelô, amenizam a intensa claridade.

         Minha mulher me oferece água. Tiro o pé do acelerador, solto a mão direita do volante e pego o copo. A água está fria e eu sorvo devagar, apreciando cada gole, sem deixar de olhar para a estrada. Sinto que estou me refrescando por dentro.

Devolvo o copo e peço mais. A garrafa está quase vazia e recebo uma cota menor: dessa vez bebo depressa, pois um caminhão se aproxima de nós.

         A paisagem é nostálgica. Estamos descendo e à frente, podemos ver algumas árvores e uma ponte. Mais adiante estão as montanhas que crescem à medida que nos aproximamos.

 Algumas dezenas, talvez centenas de bois brancos pastam calmamente à nossa direita; o pasto está verde. Cada um de nós observa tudo.

         Por alguns décimos de segundo desvio o olhar da estrada, para o céu, onde algumas nuvens brancas, umas gordas e outras magras se formam e se deformam nas mais variadas figuras.  Volto os olhos para frente.

No banco traseiro as crianças também observam o céu e um dos irmãos descreve o que vê. Absorto  em meu silêncio interior, vagamente ouço o que o menino diz: cachorro! Elefante! Avião! Cavaleiro! Aquele é Deus!.. olha! tem até barba!

         As idéias daquela criança voam como as nuvens...

Distraído, piso no acelerador e o motor potente obedece, fazendo o velocímetro pular  para 140 km/h. Assustado, volto para 120 e tento manter assim; tenho certeza que é mais seguro.

Estamos subindo agora. O que se esconde por trás daquela serra?

Lá, em algum lugar, presumimos estar o oceano. Vamos nos instalar em uma casa de frente para a praia.

Já sinto cheiro do mar, ouço as ondas... quero ficar o dia todo sob uma sombra, tomando água de coco, bem gelada.

De vez em quando, uma cerveja e um espetinho de camarão. E gosto de ficar folheando um jornal.

Uma mulher bonita, pele queimada, em minúsculas roupas passa e chama a minha atenção...

Há quantas horas estamos viajando? Três horas? Quatro? Olho  para o relógio do painel e faço as contas. E sou senhor do meu tempo.

Estou tenso e sinto um pequeno desconforto nas pernas.

Uma curva à direita e o sol dá uma trégua. Preocupada com o filho, a mãe pede que ele troque de lugar. Daí a pouco uma nova curva e voltamos á esquerda; novamente o sol no meu rosto; novamente a mãe pede ao menino que troque de lugar. Ele resmunga antes de obedecer.

Uma placa anuncia que um quilômetro à frente, há um posto de gasolina e uma churrascaria: "a melhor da região". Lembro-me que estou com fome; tomara que a comida seja mesmo boa.

Nossa, que calor! quando voltarmos vou instalar um ar condicionado no carro. E um aparelho de som também; gosto de viajar ouvindo música  sertaneja. Mas isso vai depender do preço. Tenho algumas prioridades... mas acho também que posso alterar minhas prioridades.

Agora estou parando para almoçar...

 

Crônicas de Gladiston Júnior

 

Gladiston Júnior

 

Os Super-Heróis existem

 

“O heroísmo não consiste em não ter medo, mas sim em superá-lo” – Roberto Gómez Bolaños

Tudo aconteceu na segunda metade do ano de 1928, numa noite que poderia ser uma noite qualquer... poderia. Ao tentar se curar de um resfriado, Elsa Bolaños Cacho viu-se diante da morte ao tomar um remédio ‘abortivo’ que havia sido receitado pelo seu cunhado – e médico – que não sabia de sua gravidez. Nessas circunstâncias nasceu meu único super-herói. Nasceu Chespirito.

Antes de tornar-se Chespirito, Roberto Gómez Bolaños tentou ser jogador de futebol, mas pela sua estatura física não conseguiu. Tentou formar-se em Engenharia, mas preferiu brincar com bolinhas de gude a estudar. Após estes ‘fracassados’ sonhos Roberto descobriu sua vocação... seus super poderes. A escrita, a atuação e a direção no mundo cinematográfico. Apelidado de ‘Shakespearito’ (diminutivo de Shakespeare) na época pelo diretor Agustín P. Delgado, Roberto adotou o nome em uma versão mais castelhanizada – ou seja, Chespirito.

Nos episódios de Chaves, Chespirito não só nos presenteava com humor, mas também com imagens engraçadas e várias lições: encontrar a felicidade em coisas simples da vida, o erro e as consequências que uma mentira pode causar, os exageros dos pais que mimam seus filhos, pessoas que se preocupam com problemas da sociedade, mas não se mobilizam para ajudar a resolvê-los e a necessidade de assumir seus próprios atos. Sem violência, sem desrespeitar a sociedade, sem menosprezar os telespectadores... esse era o tipo de humor que Chespirito trazia para a gente. Um humor engraçado, básico, simples e com muitas lições de vida. Lições essas que só um super-herói de verdade pode transmitir. Lições essas que me transformou no Homem que sou hoje, no caráter que eu tenho... lições essas que transformaram pessoas de todo o planeta.

Como todo super-herói, Chespirito também era um homem comum. Roberto Gómes Bolaños perdeu o pai cedo, enfrentou diversas dificuldades financeiras com sua família. Apaixonou-se, sofreu por amor e pelos fracassos do cotidiano. Sonhou, como todo mundo sonha. Sonhou em ser jogador de futebol – era uma promessa quando jovem – mas era magro e pequeno demais. Quis ser engenheiro, mas não foi possível. Diante das tentativas que o transformou num belo Homem de caráter, Roberto tornou-se Chespirito. Sendo assim deixou-se de ser Roberto. Deixou-se de ser Gómez. Deixou-se de ser Bolaños. Passou a ser Chaves, Chapolin Colorado, Dr. Chapatin... menos Roberto Gómez Bolaños.

Deixo aqui minha breve, curta e simples homenagem ao meu primeiro e eterno grande herói. Alguém que eu tive, tenho e sempre vou ter a vontade de abraçá-lo e agradecê-lo pelas lições básicas que ele me proporcionou, lições importantes para a vida de uma pessoa. Foram anos rindo da mesma coisa, dos mesmos personagens, das mesmas histórias. Mas a maturidade – ou a falta dela – não permite pessoa nenhuma aprender tudo de uma só vez as lições dadas por Chespirito. Foi preciso um ano de cada vez para aprender que a felicidade vem do simples e do básico como o do barquinho de papel ou do carrinho de rolimã. Acima de tudo, Chespirito nos ensinou o que é a verdadeira felicidade. E por trás de Chespirito, Roberto Gómez Bolaños nos ensinou que o heroísmo não consiste em não ter medo, mas sim em superá-lo.

 

Mais textos de Gladiston Junior - http://www.gladistonjunior.com/

Postado por Arth Silva às 07:28 Um comentário:

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

 


A real definição do "Homem" 

 Gladiston Jr

 

Pensem no absurdo disso! É como perguntar “Qual a função de um fósforo”? Os existencialistas estão cada vez mais certos. Mas a questão sobre ‘o que é ser homem’ hoje em dia possui diversas teorias. Mas vamos deixar de lado o lado profissional. Vamos focar no lado sentimental. Homem que chora, digo, o homem sensível é algo que as mulheres procuram? Então porque defini-los como gays? O homem pode chorar, assim como a mulher pode trocar um pneu de carro (pelo menos ela sabe e eu não). Ser homem nada mais é (em minha opinião) assumir responsabilidades, ter postura diante de qualquer situação e principalmente amar. Ah, o amor, que coisa gay para um homem falar disso. Se falar de amor é gay para um homem, assumo que sou gay. Se chorar ou demonstrar sentimentos por pessoas próximas é gay, então assumo que sou tal. Acho que essa é a parte de ser homem. Assumir isso ou aquilo sem ligar para opiniões alheias. Antes expulso do espaço da casa, o homem hoje está sendo expulso do próprio espaço social ao lhe ser subtraído o papel de provedor. Seu refúgio? A ilusão. Ao invés de produzir realidades passa a consumir imagens. Ao perder as disputas reais, busca outro espaço onde possa vencê-las. Seus heróis, nos filmes de ação lutam por ele, nas novelas transam por ele, e os robôs produzem por ele carros na fábrica onde ele trabalhava. Ao menos assim ainda se sente inserido na sociedade, e como ela é rica e poderosa por trás das telas e vitrines. Mas ele luta sim, ontem destruiu todos os bandidos no videogame, transa pelo disque-sexo e pela Internet, e algum dia ainda vai comprar aquele carro fantástico quando ganhar na sena. Ao perder a sua força real, o homem de hoje retoca a sua imagem para não perder a pose; malha, mas hoje seus músculos não mais constroem, só servem para ele se exibir. Vive em um espaço tão virtual quanto o H de Homem. Toda via, homem que é homem assume que está apaixonado… assume que está feliz… assume que ama outro homem. Existem muitos homossexuais mais homens (e quem disse que não são?) que os que dizem serem tais. Então, a real definição do homem persiste em ser Homem. E se você discorda de todas as minhas palavras, seja homem suficiente para expressar sua opinião.

Postado por Arth Silva às 16:12 Um comentário:

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Crônicas do Hairton Dias da Silva

 

Rádio Jornalista Hairton Dias

 

Campinho do Funil, em meu tempo de criança

 

Esse fato se deu lá pelos idos de 1958, quando cheguei de mudança nessa cidade. Fui morar na Avenida 13 com ruas 28 e 30, enfrente a casa do saudoso amigo Janjão. Eu tinha apenas 11 anos de idade. Como todo garoto nessa idade, eu também adorava futebol e toda a tarde, após me familiarizar com a garotada da vizinhança, ia jogar bola num campinho que existia, logo abaixo de minha casa, na 13 com 30 e 32, o Campinho do Funil, pois seu formato era de um funil, largo em cima e ia se afunilando em baixo; onde mais tarde foi construída a residência do meu amigo Ubiratan Martins. Ali toda tarde a molecada se reunia para correr atrás de uma bola de borracha, e às vezes até feita de meia de futebol. Era uma alegria, a garotada não ficava sem ir ao Campinho do Funil bater uma bolinha. Eu me recordo o nome e apelido de alguns garotos que brincavam naquele campinho. Bodim, Vasco (hoje médico), Carlo Novais (engenheiro), Marco Aurélio (advogado), Cascão (piloto da TAM), Valdo (agrônomo), Nivalcir (psicólogo), Mudinho, Oripão (Botânico), Cabaça (teatrólogo), Bizerro (arquiteto), Gaguim e eu, Hairton (radialista e jornalista), dentre outros.

Mudei pra cá no mês de junho, período de férias escolares, porém com o início das aulas, meus pais me matricularam em uma escola que funcionava no Centro Espírita Eurípedes de Barsanufo, que existe até hoje, situado na Avenida 13 com 16 e 18, onde aprendi a ler e escrever. Fui estudar no período matutino, porém, na parte da tarde, minha mãe arrumou serviço pra mim na alfaiataria do Bolivar que era nosso primo. A alfaiataria dele funcionava na esquina da Rua 22 com Avenida 11. Eu estudava cedo e trabalhava à tarde, entregando as encomendas e buscando as calças e camisas da freguesia. Certo dia, quando o meu primo Bolivar me mandou buscar umas calças que estavam sendo feitas pela dona Maria Mélica moradora da Rua 32 com 3 e 3-A, no Bairro Progresso, eu ao invés de ir buscar o que me mandara o primo, fui direto para o Campinho do Funil, onde eu era goleiro de um dos times que naquele dia disputava quem era o melhor da localidade. Era mês de agosto, além de ventar muito tinha muita poeira. Todos os times queriam ser o melhor da rua, ninguém queria perder. No jogo contra o meu time, Vaselina Esporte Clube, quando o adversário (Arranca Toco F. Clube) chutava a bola no meu gol, eu pulava como um gato e defendia a bola, me esparramando todo na poeira. Nesse ínterim, o Bolivar que tinha que entregar as calças para o freguês que havia encomendado, saiu atrás de mim para ver o que tinha sucedido comigo que não chegava com as danadas das calças. Dei tanto azar, o Bolívar ao se dirigir a casa da dona Maria Mélica, onde eu devia estar, passou antes em sua residência que ficava na esquina, da 13 com a 30,  para deixar uma encomenda. De sua casa dava pra ver todo o campinho; a primeira pessoa que ele viu foi eu dando um daqueles mergulhos na bola, rolando pelo chão. Ele saiu calado, buscou as costuras e entregou para o freguês que estava esperando. Em seguida foi até a minha casa e narrou para minha mãe Laura, o que estava acontecendo. Muito aborrecida com o fato, ela mais que depressa se dirigiu ao campinho, onde me encontrou todo sujo de terra. Fiquei pálido quando a vi chegar. Ela me perguntou se eu não tinha que buscar algo para o primo Bolivar. Eu muito desapontado disse já ia buscar, mas ela me impediu dizendo, que ele já havia feito isso, e me mandou depressa ir pra casa, me chamando de moleque irresponsável. Cheguei rápido. Em seguida ela chegou e me passou um senhor sermão, e me obrigou a pedir desculpas ao primo, em seguida disse-me que ficaria de castigo o resto do mês, sem falar na coça que levei. Mas o Campinho do Funil ficou gravado como uma indelével recordação do tempo de criança. É bom lembrar que nesse mesmo dia que fui surpreendido pela minha mãe querida, eu havia destroncado o dedo minguinho com uma bolada, que em razão disso, até hoje esta torto...

Hairton Dias

 imprensahd@hotmail.com 

Postado por cronica tijucana às 12:57 Um comentário:

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terça-feira, 20 de maio de 2014

 

 Lurdinha – “A varredeira da cidade”

Hairton Dias

 

Por muito e muitos anos, o povo desta cidade teve a oportunidade de assistir a uma cena que a todos comovia e que se repetia dezenas de vezes: Lurdinha, de vassoura em punho, ora na Rua 20, na 22, na 15 ou na Av. 17. Na Praça da Prefeitura, não importa onde, sempre ali ela estava, quem sabe, varrendo o que as pessoas passam e jogam, sujando a rua, enfeando as calçadas, sujando a cidade, porém, Lurdinha ali estava limpando a vereda que por certo, um dia lhe serviria de estrada, para ir ao encontro de Deus, na sua outra morada. “Lurdinha”, assim era conhecida e por todos era chamada. Pessoa simples, de família muito humilde, porém de uma generosidade tamanha, com sua vassoura de coqueiro, cedo ou de madrugada, lá ia a Lurdinha mais uma vez cumprir sua jornada, sem nada pedir em troca, naquela tarefa danada. 

 

Varria, varria, de cabeça sempre agachada, se alguém chamava seu nome, ela não respondia nada, porém continuava sua sina, que era sua alegria, chegar ao final da rua com mais uma tarefa cumprida. Voltar à noitinha para casa era o que ela mais queria, e rezar para sua santinha, a nossa mãe Virgem Maria, para que cuidasse dela e não há deixasse ao relento, para que tivesse força nos braços e também no pensamento, que Jesus se lembrasse dela, nem que fosse por um momento. - (Foi o que aconteceu na quinta-feira Santa, 20 de março de 2008), Jesus veio buscar aquela que na terra soube os seus males limpar e a todos perdoar. 

 

Acometida por uma pneumonia e com essa explicação, teve uma parada cardíaca que venceu o seu coração, partindo desse mundo de dor, sofrimento e ilusão, mas foi ao encontro de Deus receber seu galardão. Lurdinha nasceu em Ituiutaba em 1924, tinha mais três irmãos, inclusive um deles vive nesta cidade, Mário, conhecido por Tigrilo; possui ainda sobrinhos e primos. No dia 24 de março de 2008, completaria 84 anos. Ela viveu seus últimos dias no Lar do Idoso “Pe. Lino José Correr”, onde era muito bem tratada.  

 

Agora, a nossa Lurdinha, com sua vassoura de “Luz” irá varrer as avenidas do céu, ao lado dos anjos e do nosso mestre Jesus. – Aquela que em vida por ninguém foi esquecida, pelas pessoas, pelas autoridades, foi uma exemplar trabalhadora, pois durante muitos anos, às ruas dessa cidade varreu, sem receber um salário se quer, sem mover qualquer ação trabalhista contra ninguém, sem reclamar de nada, ao contrário, nasceu, viveu e morreu na simplicidade, como simples são as grandes almas, assim como era a de Lurdinha.

Hairton Dias

imprensahd@gmail.com 

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quarta-feira, 14 de maio de 2014

 

Tributo à Jaci de Almeida

Hairton Dias

 

Dizem que a morte não existe, o que existe é apenas a passagem de um plano para outro. Acreditando nessa hipótese, podemos afirmar que o amigo Jaci continua vivo e fazendo o que sempre gostou de fazer, trabalhar com muita eficiência montando suas chapas gráficas para produzir com letras garrafais o slogan: “para ser feliz basta apenas amar ao próximo, como a si mesmo e Deus sobre todas as coisas”. Assim foi a vida de nosso grande companheiro Jaci, por mais de 36 anos trabalhou como Gráfico na Egil e ultimamente desempenhava a atividade de gráfico, como monitor na Fundação Cultural de Ituiutaba, onde ensinava aquilo que aprendeu a garotos que buscavam nessa atividade uma profissão. Com muito zelo e carinho, manuseava a pequena gráfica ali existente e ensinava com muito amor seus pupilos. Só que agora, o nosso grande mestre gráfico está em um plano superior, ao lado do mestre amado Jesus fazendo as impressões daquilo que o messias ensinou. É com Deus que o nosso Jaci agora está, deixando para nós, o seu exemplo de amor, do grande profissional que sempre foi.  Ao amigo, irmão e companheiro, a nossa homenagem, receba, pois amigo, do fundo dos nossos corações, as nossas preces de luz, e que seu exemplo de bom filho, bom pai, bom esposo, e acima de tudo, de bom amigo e companheiro, fique para sempre gravado nas páginas da eternidade e em nossos corações.

Como existe apenas um pequeno intervalo entre viver e morrer transcreveu aqui, mensagem psicografada, pelo médium Chico Xavier, para homenagear a sua memória Jaci. Gráfico por mais de 40 anos e monitor das oficinas da Fundação Cultural.

Se eu morrer antes de você:

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor, chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero.  Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.

E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: “foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus”. Ai, então, derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar da nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficarei muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de você ir para o Pai, ai, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui Ele nos preparou.

Você acredita nessas coisas? Então ore para que nós vivamos com quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos com quem sabe viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Mas, se eu morrer antes de você acho que não vou estranhar o céu... “Ser seu amigo... já é um pedaço dele!”

Hairton Dias

imprensahd@gmail.com 

Postado por cronica tijucana às 09h45:

 

Crônicas de Jarbas W. Avelar

Jarbas W. Avelar

 

 O MUNDO DO CRIME

              Os presídios brasileiros, reiterando o que é do conhecimento de todos, são controlados pelos sindicatos do crime organizado. O Primeiro Comando da Capital, o PCC, criado em São Paulo, se estendeu por todos os presídios do País.

Os sindicatos estabelecem leis não escritas que regem a vida dos presidiários, tem o domínio dos presídios e o poder de decisão sobre a vida e a morte de qualquer pessoa, dentro e fora deles.   

Se o preso for integrante do mundo do crime, ao chegar à cela é recebido “na cordialidade”. Essa é uma das muitas leis não escritas que regem a vida dos presidiários. Entretanto, se preso for novato, ele é recepcionado pelo “piloto”, sempre escoltado por 4 presos leais a ele, a quem é dispensado o tratamento de “senhor” por todos os presos e carcereiros. O “piloto” faz o papel de juiz; decide as desavenças entre os presidiários.

Após a eleição do presidiário ao cargo de “piloto”, por voto direto dos membros da organização, seu nome é levado ao líder do presídio, o único autorizado a fazer contatos com a cúpula da organização. Na cúpula do PCC está Marcos Herbas Camacho, o Marcola, e na cúpula do CV - Comando Vermelho, Fernandinho Beira-Mar. Embora presos e incomunicáveis em presídios de segurança máxima, seus assessores suprem suas ausências, fieis às estruturas das organizações. 

Primeira ordem ao novato: pagar R$500,00 pelo privilégio de dormir numa parte menos fedorenta da cela e R$300,00 por um colchonete. A ele é entregue um celular para fazer contato com a família e o número de uma conta poupança para o depósito dos R$800,00. A conta é de laranjas que recebem aluguel para ceder sua conta bancária para o crime. Para se livrar de assédio e estupro coletivo, o “piloto” negocia com o novato uma quantia a mais a ser depositada.

Feito o depósito, o “piloto” transmite ao novato as leis não escritas que disciplinam a vida nos presídios, momento em que se torna, compulsoriamente, integrante do crime organizado, comprometido com o pagamento de uma contribuição mensal, mesmo depois de solto.

Cresce, assim, o contingente da organização, sistematicamente, na chegada de cada novato aos presídios. Em lucro, o crime organizado supera muitos bancos e a tendência é emparelhar-se aos maiores num futuro muito próximo.

 

Em virtude dessa folgada situação financeira, o crime organizado dispõe de recursos para adquirir armamento sofisticado, patrocinar fugas mirabolantes, subornar policiais e carcereiros, dominar o tráfico de drogas, financiar assalto a banco, carro-forte, caminhões de carga, sequestros, etc., e o         ex-presidiário que queira empreender um negócio dispõe de crédito junto à organização a juros de 5% ao mês. Essa engrenagem assegura à organização crescimento acelerado e ininterrupto.

Faltas imperdoáveis que são punidas com a pena de morte: não pagar dívidas, caguetar companheiros ou desviar dinheiro da organização.

As celas são escritórios de trabalho. Ao telefone o dia todo, os “pilotos” mandam matar, organizam sequestros e acertam o patrocínio de assaltos. Um criminoso ligado ao crime organizado pode ligar para um “piloto” e pedir liberação de dinheiro para a compra de armas, ou para o que for necessário. Depois devolve a quantia emprestada e mais 10% do produto do assalto. O PCC financiou famigerado assalto dos R$170 milhões do Banco Central de Fortaleza.

Como se vê, temos nossas FARCs (Forças Armadas Colombianas) e seus afiliados não estão mascarados e camuflados na selva; estão transitando entre nós pelas ruas.

 

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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

       
EVENTO SUPRAPARTIDÁRIO 

Jarbas W. Avelar

 

Uma crise de âmbito nacional levou a classe política a convencionar um momento de trégua, nos embates por interesses partidários e regionais, e a criação de uma comissão mista, formada por representantes de todos os partidos políticos e de todos os estados da federação.

Acordados quanto à pauta da reunião, ao dia e ao local, onde realizá-la, para lá se dirigiram políticos de todos os Estados.

Em virtude do horário, que já se avançava noite adentro, exaustos e convencidos da impossibilidade de esgotar a pauta, às 23 horas, suspenderam a reunião para uma pausa, acordado seu reinício no dia seguinte, às 8 horas.

Todos restabelecidos, bem trajados, com ares de quem dormira um sono repousante e reparador, dirigiram-se ao local da reunião.

Entretanto, a aparência dos representantes da comissão do Estado de Minas Gerais despertou a atenção dos demais. Os mineiros estavam com olheiras, barba por fazer, cabelos desalinhados e a mesma roupa amarfanhada do dia anterior.

Logo, logo, foram tomados por intensa preocupação no sentido de se precaverem em relação aos mineiros. Tudo indicava que, em vez de  descansar, capciosos e velhacos como são na política, passaram a noite, trabalhando, elaborando estratégias, para lograr alguma vantagem para Minas, em prejuízo dos demais Estados.

 

Este consenso fez com que um dos participantes, que desfrutava de relativa liberdade junto aos representantes de Minas, se aproximasse de um deles e, em conversa ao pé do ouvido, perguntou:  O que a bancada de vocês ficou fazendo a noite toda, que não tiveram tempo para descansar, fazer a barba e se trocar?

Também ao pé do ouvido, o mineiro respondeu:  Lá em Minas, quando um grupo de pessoas se encontra para conversar, o primeiro que deixar o grupo é “queimado” pelos demais. Em razão disto, ninguém foi dormir.              
     

*Jarbas W. Avelar

Advogado e Escritor

jarbasavelar@yahoo.com.br

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sábado, 17 de outubro de 2015

 

Uma realidade oculta em grandes centros urbanos

Quando estudante de Direito em São Paulo, voluntariamente me aproximei da instituição sem fins lucrativos, de âmbito internacional, Lar de Paraplégicos, que tem por objeto estatutário dar assistência a pessoas portadoras desta deficiência, bem como às suas famílias que, consternadas pelo infortúnio do parente enfermo, cercam-no de atenções e mimos em alguns casos em demasia, condicionando-o à permanente dependência, por obstruírem seu crescimento, seu progresso.

A instituição prioriza os grandes centros urbanos, onde o estresse e as interferências psicossociais exercem determinante influência nos sentimentos das pessoas, e, no caso de pessoas que têm parentes paraplégicos em casa, estas interferências são intensificadas pelo natural efeito, desgastante da longa convivência. Por precisarem da companhia constante de um familiar, conseqüentemente, privam-no de participar de eventos sociais e recreativos.

O desgaste causado por esta convivência altera o humor de todos da família. O sentimento de consternação é substituído pela sensação de que são punidos, sem que sejam culpados pela fatalidade de terem um paraplégico na família. Por sua vez, esta sensação evolui para ressentimentos, estágio que os faz se sentirem no direito de acomodar o parente paraplégico  que passou a ser um estorvo, num cômodo isolado da casa, sob o pretexto de lhe darem espaço privativo para nele viver a seu modo. Há casos em que ele é transferido para cômodos, nos fundos dos quintais, onde fica recluso. São recorrentes as denúncias de tratamentos desumanos.

Muito embora confirmados os maus tratos, há familiares que oferecem resistência a intervenções da instituição. Negam a existência do parente paraplégico, e dificultam o acesso. Vencidas a resistência e as dificuldades, os agentes credenciados assistem o paraplégico recluso; muitas vezes, em lugares sem as mínimas condições de higiene e salubridade, e ele se esconde ou avança, como um animal selvagem, tal seu estado de desordem mental.

Com autorização dos familiares, é levado para um Lar de Paraplégicos, onde passa a conviver com seus iguais. Em questão de dias, ele recupera sua auto-estima e se desperta para a busca de sua auto-suficiência; a exemplo dos demais. O Lar é administrado por seus moradores, sucessivamente, com gestões de um ano.

As mulheres se dedicam a afazeres domésticos, à confecção de roupas para crianças e ao artesanato: pintura em tecido, bordado, confecção de bijuteria, tiara... Os homens se voltam  para a fabricação, em madeira, de casinhas e mobílias para criança brincar, tamancos, para crianças e adultos, carrinhos de brinquedo... Nos fins de semana, promovem bazar para venda dos produtos às pessoas que os visitam.

 Lembro-me do morador de um dos Lares, que adaptou um carrinho de pipoca à sua cadeira de rodas, e de um fato, revestido de muita ternura: o nascimento de uma menininha, filha de um casal de paraplégicos; também moradores de um dos Lares. Ela encheu o Lar de alegria, energia e vitalidade.

*Jarbas W. Avelar

Advogado e Escritor                                                                                                                                                    

jarbasavelar@yahoo.com.br

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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

 

Tenho direito a dois!

JarbasW.Avelar                                                                                                                                                

 De retorno à terra natal, e estabelecido na área da educação, fiquei chocado com o número de pedintes nas ruas. Deparava-me com um aqui, outro ali, outro acolá... Esta fatalidade me causou desassossego. O que fazer? Ignorar? Não! Seria castigado pelo sentimento de culpa! São meus conterrâneos, meus irmãos...

 Com o passar dos dias, senti os sintomas da tortura psicológica, gerada pela inércia. Tinha de fazer alguma coisa por aquelas pessoas que viviam em um vácuo. Vida sem sentido. Viviam por viver, desapegadas de perspectivas, ideais. Vegetavam.

 Enquanto não me ocorria o que por elas fazer, espontaneamente, dei R$1,00 a um pedinte que apareceu, em uma quinta-feira, em minha escola, pedindo “um auxílio”. Na segunda-feira, da semana seguinte, voltou. Dei-lhe outra moeda de R$1,00. Na quinta-feira, da mesma semana, retornou, e, mais uma vez, dei-lhe R$1,00. Notei que se tornara freguês. Puxei assunto para assimilar seu “modus vivendi”. Resignado, falava com naturalidade e sem ressentimentos.

Na segunda-feira seguinte, ele veio, trazendo um amigo. Dei R$1,00 a cada um. Um mês depois, a freguesia aumentara. Contei oito. Para disciplinar o fluxo, combinamos de virem às quintas-feiras.

O constante aumento de fregueses e minha aproximação deles serviram de lenitivo para amenizar a ânsia por encontrar uma solução para o quadro de mendicância da cidade.

Em uma das quintas-feiras, um dos mais antigos não apareceu. O que teria acontecido? Adoecera... falecera... Coitado! Mas, na semana seguinte, ele apareceu. Senti alívio. Em que pese seu lastimável estado de pobreza, estava saudável. Entreguei-lhe a costumeira moeda de R$1,00.

Com a moeda na palma da mão esquerda e olhando em mim, li, em sua fisionomia, indignação. O clima de admoestação foi por ele quebrado, ao dizer: Eu num vim na semana passada, tenho direito a dois!  Não me contive e, involuntariamente, soltei uma gargalhada. Os demais, que aguardavam a vez para receber seu adjutório, descontraidamente, riram de sua franqueza, e passaram a chamá-lo de “Tenho direito a dois”.

 A partir de então, nosso convívio ficou mais afável, de igual para igual. Eles, isentos dos recalques comuns em pessoas desfavorecidas, e eu me desvestia dos resquícios de privilegiado, clima ideal para despertar neles interesse por atividades de natureza econômica, que lhes rendessem dinheiro sem terem de  pedir. Por exemplo: podar jardins e árvores, lavar carros, engraxar sapatos, distribuir panfletos publicitários, vender bilhetes de jogos das casas lotéricas. Inspirei-me, neste item, em experiência adquirida, em São Paulo, como assistente de Lares de Paraplégicos. Oportunamente, farei abordagem a essa passagem.       

Simultaneamente, passei a orientá-los a ir à “Farmacinha da Terra”, entidade que se dedica à manipulação e distribuição, gratuita, de remédios caseiros, e, implantado o Bolsa-Família, conseguimos inscrever a maior parte deles. Mais recentemente, alguns foram contemplados no programa Minha Casa, Minha Vida.

Por vezes, encontro um ou outro pelas ruas; agora, com aparência mais agradável. Dedico-lhes um dedinho de prosa, momento em que nos lembramos, festivamente, do episódio “Tenho direito a dois”. 

*Jarbas W. Avelar

jarbasavelar@yahoo.com.br

Advogado e Escritor 

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quinta-feira, 23 de julho de 2015

Um causo contado por quem sabe contar

 *Jarbas W. Avelar

O saudoso José Marciano de Morais era fazendeiro, em Campo Alegre, agricultor, pecuarista, oleiro, fabricante da famosa cachaça JM e reconhecido como notável caçador; na época, não havia restrições legais para este tipo de lazer. Em um dos recreativos e amistosos bate-papos, que habitualmente ocorriam em família, recebeu a visita de Zeca Quirino, apelidado de gato, e de Antônio Franco, filho do Senhor Alfredo Franco e de Dona Genoveva.

Zé Marciano contava um de seus memoráveis causos, e muito bem contado por ser ele o protagonista, enquanto Zuzu, Zulmira Carvalho, cuidava de afazeres domésticos, por perto. Ela se casara, posteriormente, com Ostinho, irmão do Isac; creio que seu nome seria Washington.

Seguindo seu estilo pessoal, regado com espontaneidade e empolgação, Zé Marciano narrava uma de suas caçadas, posicionado como se estivesse em uma tocaia. Na espreita, fazia gestos como se tivesse a carabina em punho, apontada para um trieiro, por onde a caça tinha por hábito transitar, deixando pegadas.

Enquanto articulava seus comentários, enriquecidos com minuciosos detalhes, sentia-se um clima de suspense no ar, com ansiosa expectativa pelo tiro, único e certeiro. Se errasse, não haveria oportunidade para o segundo. A caça se assustaria e fugiria em desabalada carreira pelo matagal.

Enquanto Zé Marciano discorria, meticulosamente, Zeca Quirino, por ter uma certa “queda” pela Zuzu, na época ainda solteira, não tirava os olhos dela, acompanhando sua movimentação na lida doméstica.

Com a intenção de advertir Zeca, que estava sendo descortês para com o anfitrião, por não prestar atenção na história que ele narrava, Antônio, zombeteiro, em tom de brincadeira, produziu o chiado, que se faz com a boca: “chiiiip! ”, quando se quer espantar um bichano, já que Zeca tinha o apelido de gato.

Zé Marciano não se deu conta da presença de Zuzu, tampouco das atenções de Zeca voltadas para ela. Entendeu que aquele “chiiiip” se tratava de uma contribuição de Antônio para o desfecho da história. Assim, em absoluta e intensa concentração, e absorvido pelo cenário da narrativa, com o dedo indicador, pressionou, transversalmente, os lábios gesto de quem pede silêncio  e respondeu baixinho, para não afugentar a caça, prestes a aparecer: “Antonce, ainda num tá na hora de atirá”.


*Jarbas W. Avelar 
Advogado e Escritor

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Crônicas José  Moreira Filho

 

Professor José Moreira Filho


Sociedade do medo 

José Moreira Filho

Há um sentimento que se avoluma cada dia mais na sociedade moderna, um sentimento nefasto para o qual parece não haver antídoto. Manifesta-se em todos os níveis sociais e por mais sofisticadas que sejam as parafernálias de segurança, não bastam para saciar seus efeitos. Chegamos ao ponto de em uma manhã bonita ao raiar do sol, olharmos para o céu e incrédulos nos perguntarmos: onde está Deus?

Na verdade, nosso ceticismo não é em relação a Deus propriamente, pois se cremos nele sabemos da perfeição da sua obra, perfeição essa que inclui o livre arbítrio do homem, que é onde está o caminho que tem sido traçado e que parece conduzir a humanidade cabalmente para o caos. Assim muda-se a pergunta: onde está o homem? Essa questão nos lembra Diógenes de Sinope, o filósofo grego que a plena luz do dia andava pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa, dizendo estar à procura de um homem honesto. Pois, infelizmente, essa obra que parece prima pela beleza, pela perfeição estética e pela razão, foi manchada pelo mau uso da liberdade. Aí, o plano da criação, que tem como objetivo a felicidade, rompe-se por conta da ingênua certeza da infinitude, que por sua vez conduz o homem à ganância, ao culto aos bens materiais, aos prazeres mundanos, caminho horizontal que alarga a quantidade, mas que definha a qualidade e cega a visão vertical que nos levaria para o alto.
Esse aludido sentimento é o MEDO! Medo, que faz o policial ao sair para o trabalho, dizer não saber se volta. Medo que a estudante ao sair da escola noturna requer companhia. Medo do cidadão ao chegar em casa após o trabalho por suspeitar de assalto. Medo do trânsito, medo de doenças contagiosas, medo do terrorismo, medo da pedofilia, medo dos acidentes naturais, medo da homofobia e por fim medo do sistema.
Parece que até passamos a temer o medo. Na verdade, é um sentimento que nos acompanha desde que começamos a deixar o amparo das asas maternas. Daí temermos a professora, o padre, o pastor, o dentista, o patrão, o desemprego, o estranho e muitas circunstâncias da vida. Mas na formação dessa cultura do medo, a mídia tem muita responsabilidade. Como o crime dá ibope, a televisão explora esse viés da informação e acaba por banalizá-lo. Com isso retira da sociedade a indignação, a sensação do absurdo quando vemos um ser humano sendo assassinado, esquartejado e espalhado em lugares ermos. O medo fica recluso, a insatisfação contida e as mudanças necessárias emperradas. Embora fale-se do medo como tema central do século XXI.
Por tudo isso somos uma sociedade que vive junto, globalizada, mas que não caminha junto. Suplantada pelo individualismo, alimenta-se de egoísmo não admitindo diferenças, tornando-se, portanto, intolerante, agressiva e excludente.
Portanto, é razoável nosso medo, mas não aceitável. Não podemos aceitar que o outro seja um inimigo em potencial, até prova em contrário. Senão, o caminho é esse mesmo que estamos trilhando, fabrico de armas cada vez com maior poder de destruição. O tráfico desenfreado de drogas, armas e influências e políticas públicas embasadas no interesse de grandes glomerados financeiros.
Não há dúvida, se a vítima é a sociedade, é ela que precisa se organizar para controlar a violência em todos os sentidos. Requer ação urgente e planejada de ONGS, Clubes de serviços, Comunidade de bairros, etc. É o caminho para minimizar esse sentimento que só tem crescido, principalmente diante do desinteresse de muitas autoridades perante tal situação, bem como o desespero provocado pelo desemprego.

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segunda-feira, 6 de junho de 2016

 

Máximo e mínimo

Na vida, muitas vezes, vivemos entre dois extremos: o máximo e o mínimo. A busca pela tal da otimização, em algumas situações, acaba levando o indivíduo à angústia, ao se sentir incapaz de cumprir determinadas metas exigidas pelo trabalho. Mas, na verdade, o dono de seu tempo é você mesmo, portanto só você pode determinar prioridades em sua vida. E essas prioridades dependem de sua valoração. Procure identificar o que é mais importante para você. Por exemplo, talvez levantar-se da cama meia hora mais cedo e fazer de seu simples cafezinho uma refeição, que aliás, segundo especialistas é a mais importante do dia. Dizematé que se deve tomar o café da manhã como um rei, almoçar como um príncipe e jantar como um mendigo. Pedagogia popular, mas que reflete um ensinamento nutricional que nossa saúde agradece.

Na verdade, eu costumo dizer que todo extremo é perigoso. Não se organizar e deixar as obrigações sempre para a última hora, obedecendo a lei do menor esforço, dispensando o mínimo de energia em suas obrigações, também não é nada produtivo e acaba conduzindo-o no final, ao mesmo estresse indesejado e maléfico produzido pela otimização extrema. Assim, o melhor mesmo é procurar selecionar seus compromissos, descartando aqueles que estão em excesso e desnecessários, seguindo a norma latina: In mediovirtus -no meio está a virtude. Pois urgente é tudo aquilo que não foi providenciado no tempo certo.

Nas grandes empresas hoje, o Calcanhar de Aquiles tem sido conseguir equilibrar a otimização do tempo com a qualidade de vida de seus colaboradores. E mesmo na vida pessoal é muito importante que se tenha o chamado foco. Pois aí há concentração de esforços e o resultado é garantido. Isso de se admitir a multifunção, pode levar à fragmentação de energia o que conduzirá fatalmente à perda de qualidade na tarefa.De acordo com Ricardo Barbosa, Project Manager Professional e diretor executivo da Innovia Training &Consulting “O ritmo alucinante das mudanças, a avalanche de dados e informações, a pressão do mercado para se produzir mais, com menor custo e tempo possíveis, reforçam a necessidade de gestão compartilhada e produtiva do tempo para garantir lucratividade, empregos bons e estáveis com qualidade de vida”, explica ele.

Por outro lado, não faz mal lembrar que, esse descontrole entre o máximo e o mínimo de atividades na vida, leva as pessoas a não saberem usar seu tempo livre quando esse lhe é facultado. Quem é exageradamente dedicado ao trabalho, não sabe lidar com o ócio. É comum ouvirmos dizer de tal pessoa que adoeceu após a aposentadoria. Para muitos, feriados ou dias de folga é motivo de pânico.

O conselho que se tem de psicólogos é tentar não se render aos apelos da tecnologia e querer usar todos os aplicativos de seus eletrônicos, que lhe roubariam um precioso tempo, que poderia ser usado para uma meditação, por exemplo, ou para uma sessão de “jogadas de conversa fora”, que com certeza lhe desopilaria o fígado com muito mais sucesso.

José Moreira Filho - ALAMI

moreira@baciotti.com

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O verde que ameniza

   Já conhecemos pela cromologia e cromoterapia, que as cores têm grande influência na nossa vida. Esse conhecimento já data de milênios, pois os orientais conseguiam a cura de várias enfermidades a partir da aplicação das cores. Dentre elas destacamos o verde. A cor verde é chamada a cor do equilíbrio e da harmonia, da cura e da verdade. Acreditamos ser por isso que a sabedoria da Natureza decorou o mundo usando principalmente a cor verde. Ao sentarmos embaixo de uma frondosa árvore, em dias de verão como tem sido o nosso nesse ano, e contemplarmos sua folhagem, podemos constatar o bem que nos faz. Infelizmente nem todos estão atentos para esse fato e tratam as árvores com somenos importância. Não plantam, não cuidam e não as protegem, se esquecendo do benefício que promovem enriquecendo o ambiente numa área devidamente arborizada. Em outra oportunidade já tentei alertar, inclusive autoridades competentes, para projetos que brindem a arborização inteligente. As matas, protetoras do ecossistema, estão sendo gradativamente dizimadas, prova disso é a migração de animais e principalmente pássaros, deixando seu habitat natural para encontrar guarida nas cidades, que em muitas regiões estão mais arborizadas que o campo.

É preciso que tomemos consciência da importância da arborização urbana, pois os benefícios são inúmeros. Por exemplo: redução da poluição devido aos processos de oxigenação, neutralizando seus efeitos na população, diminuição da temperatura e da poluição sonora, redução da força dos ventos, proteção da fauna, além de valorizar o espaço. Infelizmente encontramos em nossas calçadas, árvores com galhos beirando o chão, obrigando pedestres a andar pela rua, expondo-se ao trânsito de veículos. E ainda, com seus galhos sem poda, encobrindo as placas de sinalização. Carece, portanto, que responsáveis, particulares ou públicos tomem as devidas providências.

Seguindo o exemplo da Natureza, é que muitas pessoas adotam o verde como sua cor padrão, apostando na sua influência, acreditando que essa cor renova as energias, acalma o sistema nervoso, traz esperança, satisfação e equilibra a mente. Se prestarmos atenção, podemos perceber a sutileza da influência do verde, mesmo quando uma planta está ressequida pelo intenso calor e nós a brindamos com água fresca, ela responde. Ganha vida nova, se alegra e isso nos faz bem, mesmo que não o percebamos. Afinal, é um ser vivo recebendo carinho e atenção. Já está provado que o convívio com plantas ajuda a manter a saúde inclusive psicológica e é forte aliado na recuperação de doentes.

Adote o verde! Adote a conciliação! Adote a paz! O mundo precisa disso.

José Moreira Filho - acadêmico da ALAMI -cadeira 14
www.josemoreirafilho.com.br

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sábado, 25 de agosto de 2012

Deus é ela

*José Moreira Filho

Tenho pensado que Deus não deveria ser Ele, mas Ela. Isso porque são tantos os atributos de Deus presentes na mãe que seria mais lógico pensar um Deus feminino.

Deus é amor, e o maior reflexo de amor na terra está na mãe. Deus é perdão, e a mãe defende o filho até quando criminoso. Deus corrige e educa, e a mãe desde o berço ensina o melhor caminho a seu filho. Deus não castiga, simplesmente permite a ocorrência de situações adversas a nossa vontade e que nosso conhecimento não consegue compreender, e a mãe vê o filho chorar, brigar por algo que não lhe é permitido, mas que não será para seu bem. Deus conhece seus filhos um a um, é o bom pastor, e a mãe na madrugada, no escuro, sabe qual filho está chegando em casa somente pelo jeito da entrada. Como já disse João Paulo I, o Papa-sorriso: “Deus é Pai e Mãe”. Posição reforçada por Erasmo Carlos em sua canção Feminino Coração de Deus: “O coração de Deus é feminino / É a força de toda criação / Capricho do destino, a mãe da invenção”.

E por que então nos referimos a Deus como masculino, somente como pai? Talvez a história da humanidade nos esclareça isso. A supervalorização do homem, do macho e do provedor em detrimento da valorização da mulher por séculos, com a aquiescência da igreja, vem justificar de certa forma, essa conduta. A historiografia universal foi conduzida sempre sob a ótica masculina. Em todos os fatos históricos a presença masculina é marcante. Noé construiu a Arca, Moisés conduziu seu povo, Os maiores filósofos clássicos foram Sócrates, Platão e Aristóteles, as Grandes Navegações foram feitas por homens.  As Revoluções Industrial e Francesa idem.

Assim sendo parece natural que Deus seja um Homem, mas seria no mínimo justo de nossa parte, evidenciar no papel de mãe todas as características divinas. Deveríamos ter a gratidão social de reconhecer na mãe a presença de Deus e respeitá-la como tal.

É hora, portanto, de repensar essa teologia androcêntrica e perceber mais um Deus da bondade, do amor, do perdão. Um Deus protetor e carinhoso. Um Deus amigo e cúmplice.

Um Deus mãe.

*José Moreira Filho

moreira@baciotti.com 

 

Crônicas do José Queiroz

 

José Queiroz

Voltando a pé para casa

*Jose Queiroz


Marcolino, sem dinheiro, teve que voltar para casa à pé. Ele que mora num bairro distante foi ao centro da cidade fazer algumas compras, pagar contas de água, luz e telefone e, ainda, alguns carnês.

Quando tudo terminado, lá pelas 4 horas, tinha que voltar para casa. Marcolino notou que não tinha dinheiro para pagar o ônibus de volta. Como não conhecia quase ninguém na cidade (havia vindo há poucos meses de uma cidade menor), para pedir alguns trocados emprestados para a passagem, ficou sem saber o que fazer.

Não havia trazido o cartão do Banco, procurou no bolso e notou que só tinha uma folha no talão de cheques; sabia que no ônibus não aceitavam pagamento em cheque, então foi a um bar, pediu um lanche, comeu e deu um cheque de cinco reais para pagar (a despesa havia ficado em três reais), dizendo ao balconista: O troco é para pagar o ônibus...

O garçom sorridente, agradeceu, dizendo que era a primeira gorjeta que ganhava naquele dia... Marcolino, sem saber o que dizer, retirou-se sem o dinheiro da condução... Voltando para a casa a pé, chegou quase a noite, morto de cansado e nervoso, lembrando da cidadezinha de onde tinha vindo, lugar onde todo mundo conhece todo mundo!...

*Jose Queiroz
Professor de História - aposentado.

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Crônicas do Luciano Barbosa

 

Luciano Barbosa

Momentos  

 

A vida é feita de momentos   que vivenciamos todos os dias , sabendo que eles podem ser alegres ou tristes , com isto  um momento pode  durar apenas um  instante, como uma  vitória , um gesto de carinho , uma musica , , um filme , um casamento , um encontro , entre outras coisas  e podem ficar na lembrança para  sempre   devido a intensidade que viveu naquele momento , entao devemos  viver a vida da melhor maneira possivel   aproveitando o máximo nossos   momentos, pois tudo passa  na nossa  vida .

   Daí  a importância  de   se valorizar os   momentos que passam pela nossa vida  , eles  nos ensinam   a viver  cada vez melhor , aquele que nao tem saudade  , não tem lembrança  e porque apenas passou pela  vida  não viveu intensamente o momentos , não aprendeu com eles .   viva   cada momento    ninguém sabe o dia de amanha , o que vai acontecer, pois são os momentos  de agora  que vão  construir os de amanha .

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Marcadores: Luciano Barbosa Silva

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

 

A ganância   

Luciano Barbosa Silva

O   mundo esta cada vez mais  difícil porque as pessoas   andam muito egoístas só pensam  em si,  cada vez mais gananciosas, são capazes de tudo para conseguirem o que querem. Hoje  por causa da ganância  assistimos famílias sendo destruídas, pessoas  matando umas as  outras  , a natureza sendo devastada.

   A   ganância hoje fala mais  alto,  ninguém esta satisfeito quer  sempre mais, com isso  acaba passando por cima   dos outros  para conseguir o que quer, não  respeita mais nada para conseguir seus objetivos.

  Por causa   da ganância  as  empresas  estão cada vez mais preocupadas em ter lucros, não importando com meio ambiente, com as pessoas, produz  cada vez mais sem pensar nas  consequências.

  A   ganância   caba gerando  os  conflitos entre  países por causa   do poder, um que ser mais  forte que o outro   e  a população  que paga o preço.

   Se  o ser humano não deixar a ganância   de lado   o mundo estará cada vez mais   difícil, a  violência   aumentando, a  desigualdade  social, a natureza  sendo  destruída, consequentemente  estaremos  destruindo o mundo  que vivemos, então e preciso que  sejamos mais  companheiros, que respeitemos  mais as pessoas , que conquistemos nossos objetivos de forma justa  com luta sem precisar  passar por cima  de ninguém ,  que possamos  construir um mundo mais  cheio de paz  e amor, mas tudo isso depende de cada  um de  nos, pensem bem .

 

O Tempo

Luciano Barbosa Silva

Na  vida   tudo passa   rapidamente, não podemos perder  tempo, temos   que aproveitar o Máximo cada  momento,  viver da  melhor maneira possível,   estudando, trabalhando, brincando, amando, respeitando, seguindo os ensinamentos  de Deus .

      Cada um  é responsável pelo seu atos, cedo ou mais tarde vai pagar pelo que fez, por isto não se pode perder tempo  com coisas  ruins,  pensar bem  antes  de agir  por que pode ser tarde para se arrepender e voltar atrás .

 O  tempo  passa  não volta mais, não perca as oportunidades da vida , o que tiver de  fazer hoje faça,  se tiver de perdoar alguém perdoe, diga eu te amo ao seus pais, amigos, esposa , esposo , namorado (a), resolva   o que tiver de resolver  não deixe nada para depois, amanha pode ser tarde demais .

   Então viva intensamente, um momento, uma vitória, um gesto  de carinho, dura apenas   um instante, mas pode ficar na lembrança  para  sempre dependendo   da intensidade que viveu naquele momento, assim  tem que ser  a nossa  vida, viver tudo da melhor maneira possível, não apenas passar pela vida  sem  fazer nada  sem realmente viver.

   Dizemos   que não  temos tempo para nada que nossa  vida é uma correria,  na verdade o tempo  não corre, o dia tem 24hs  todos os dias, nos  e que viramos  escravos  do tempo   que estamos  correndo mais  em busca  de  certas coisas, com isso trabalhamos  mais,  não temos  tempo para nossa  família, para nossos amigos, para visitar um doente, para ir ao um abrigo  dos velhos, para observar a natureza, para  rezar, para seguir uma religião, vivemos  estressados, sem paciência, onde acontece as  brigas, o aumento de doenças  ,ai quando  sofremos  para   pensar o que fizemos     da nossa vida,  então procuramos mudar   a  ser pessoas   melhores, que não esperemos  a dor  bater em nossa vidas  para que possamos  mudar que aproveitemos melhor o nosso  tempo.

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Crônicas do Luciano Vilela

 

Luciano Vilela

 

O “Nossa Gente”

Nossa Gente ou Baiano Doido que era como meu

pai se referia a ele.

 

Era um peão do trecho, ou seja, fazia um serviço

aqui outro acolá, mas sempre estava caminhando o

trecho ou rodovias, e estradas de terra.

 

Um dia esse baiano apareceu lá na fazenda me perguntando

se tinha serviço. Eu disse: ”Nossa Gente, você ainda pega

no cabo da “duas caras” (enxada)? Ele disse: “Que isso

Nossa Gente, nessa época o chão fica grenado de

praga!

 

Pedi a ele que capinasse primeiro o pomar que na

língua dele “tava grenado” de (muita) praga.

 

Me sento no alpendre e escuto  a enxada repicar

na pedra brita.

 

Olho por de cima do muro e vejo o baiano

capinando as pragas e a brita que se espalhava ele juntava

no mesmo lugar.

 

Eu perguntei o que ele estava fazendo, ele disse:

”É que seu pai falou que não era para fazer bagunça, aí

eu tou pono a brita no mesmo lugar que estava antes deu

carpir”. 

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Marcadores: Luciano Vilela Teodoro

domingo, 30 de dezembro de 2012

 

O cão está solto em Venda Nova 
*Luciano Vilela Teodoro

Ouvi rumores de que o capeta tinha aparecido num tal de Vilarinho que era um bar que ficava nos subúrbios de Belo Horizonte e se recordo bem tinha uma pista de dança lá.

Era o ano de 1.990 eu estava na escola agrícola  perto de Belo Horizonte, alguns colegas diziam que o capeta tinha bebida 53 cervejas das grandes e quando ele arrotou fedeu enxofre.

Até uma rádio FM de B.H. fêz uma musiquinha pro danadinho: "só quero dançar só mais um pouquinho lá no Vilarinho não quero ser capeta não".

Ainda por cima inventaram um nome para ele: "Alex". Dizem que na hora dele tirar o chapéu deu para ver claramente seus chifres e deve ter grenado o tempo lá. Mais tarde descobriu-se que o "Alex" não passava de um alegre estudante norte-americano pensando por certo que o Halloween era por aqui ou se por acaso ele for o cão mesmo vocês não vão precisar de ir no inferno para ver coisa ruim, é só ir para os E.U.A.

Credo em Cruz, ainda bem que Deus é brasileiro.

Acadêmico da ALAMI - Cadeira 28

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sábado, 8 de setembro de 2012

 


Extra! Lançamento de livros do escritor Fulano no Rio Tijuco!
*Luciano Vilela Teodoro

 

Agora tá bom, tá fazendo menos calor. Eu havia preparado uma mesa de pão com mortadela e guaraná para os mendigos e analfabetos da minha cidade. Sentei numa mesa improvisada na ponte baixa do Tijuco. E comecei a por dedicatórias imaginárias nos meus livros que ninguém comprava e estavam a anos encalhados na livraria da cidade.  

Dedico esse livro a Netuno, se ele conseguir chegar ao mar. Dedico esse livro aos 15% de analfabetos de meu país. Dedico esse a mim mesmo por ter sobrevivido à literatura por treze anos.

Dedicou mais uns dez e os lançou no Rio Tijuco. O que eu estou preso por poluir o rio sim diz o guarda florestal. Mas meus livros são de papel biodegradável.

Então vai ser preso por vadiagem me pôs no camburão e me despedi dos mendigos.

P.S.: Dedico esse livro às editoras, se ele conseguir chegar no quinto dos infernos.  

 *Luciano Vilela Teodoro

luciano.teodoro@yahoo.com 

Luciano Vilela Teodoro

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Crônicas do Marco Túlio Faissol Tannús

 

Marco Túlio

 

 Ética?...Ética (dado por dado)

-Parte da crônica publicada no Jornal do Pontal em 09/06/2009-

 

De manhã bem cedo Dona Zenaide estava sentada no alpendre de sua casa, na 15 com a 18 e 20, bengala encostada na cadeira, mão direita alisando a mão esquerda abobalhada por um derrame. Chega de repente uma senhora mais simples, meio gorda, dizendo ter influência sobre 400 votos e queria dar apoio a seu genro, mas precisava falar com ele. Dona Zenaide, politiqueira havia muitos anos, mandou Sá Francelina apressar o Samir que o assunto era importante. Época de eleição concorria a prefeito, em 1962, Samir Tannús pelo PSD, Eurípides Alves de Freitas pela UDN e José Arsênio, pelo PTB. A coisa estava apertada e 400 votos eram sempre bem-vindos. Chega o Samir, cumprimenta a senhora e pergunta em que pode ajudar. A velha ataca direto: "Seu Samir, eu tenho um bar lá na vila Miisa que vive cheio de gente. Tenho 400 votos e quero apoiar o senhor, mas estou precisando de um balcão frigorífico novo. Os votos eu dou para quem me der o balcão." O candidato tentou escapulir: "Dona Maria, a senhora sabe que eu queria muito ajudar a senhora, mas minha campanha é pobre e eu não tenho condição. A senhora faz o seguinte: o Eurípides é empresário, tem dinheiro, vai lá e oferece para ele. Em todo caso, se ele não atender e a senhora quiser me dar a honra de ter seu apoio..." Nem terminou de falar e a velha retrucou certeira: "Ah, é gracinha? E você acha que dado por dado eu vou deixar de votar no Zé Arsênio?"###

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Marcadores: Marco Túlio Faissol Tannús


Quosque tandem, Catilina, abutere patientia nostra?

Marco Túlio Faissol Tannús

resumo.da.opera@hotmail.com

 

Foi grande a minha surpresa ao abrir a Folha de São Paulo, no Domingo, e deparar com o irreparável artigo de Frei Betto sobre o Senado Romano da era de Cristo. Pouco menos de um século antes do nascimento do Homem, discursava veemente da tribuna do Senado, Marco Túlio Cícero, senador de quem sou homônimo, mesmo não compartilhando de sua capacidade verbal, nem de sua cultura. Atacava de morte outro senador, Lúcio Sérgio Catilina, que a seu ver, esgueirava-se sorrateiramente pelos corredores do poder, ignorando a ética e o bem agir a fim de obter vantagens para si e para os seus. Pouco importava com o que dele pensavam os colegas ou a população. Havia até Senadores que o defendiam. 

Cícero exortava Catilina a deixar o Senado para que fossem preservados os superiores interesses do Estado. Pisava e repisava, de maneira clara, porém firme, toda a sorte de argumentos compatíveis com o respeito e o decoro. De suas palavras restou a frase símbolo que sintetiza muito bem o que, ainda hoje, todos nós gostaríamos de dizer: “Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?

Frei Betto foi exemplar ao entremear com secos comentários os trechos do discurso de Cícero, mostrando ao leitor que o que vivemos hoje não é novidade. É fácil intuir por suas palavras o Catilina contemporâneo que sequer foi mencionado. Porém, julgo importante ressaltar que aquele de outrora se traduz, nos dias de hoje, em muitos outros Catilinas que nos roubam a paciência e nos agastam com suas condutas reprováveis, despudorados e alheios à opinião de seus patrícios.

São Catilinas os funcionários públicos que nos destratam e nos ignoram. Que não comparecem no local de trabalho, mas mantêm seus vencimentos. Que não se empenham para prestar bons serviços. Que passam o tempo para que o tempo passe mais rápido.

São Catilinas os que utilizam de sua autoridade para contratar com recursos públicos funcionários que, como São Francisco, dividem seus vencimentos com aqueles que os contrataram e, algumas vezes, nem aparecem para assinar o contracheque.

São Catilinas as autoridades que agem com descaso e priorizam as campanhas publicitárias anunciando obras e realizações, umas reais, outras imaginárias, em detrimento das campanhas educativas e de esclarecimento sobre a epidemia de gripe suína que nos ataca e a todos preocupa.

São Catilinas os membros da corporação policial que utilizam informações estratégicas não para proteger o cidadão, mas para tirar proveito delas. Aqueles que descobrem o paradeiro dos traficantes internacionais para sequestrá-los e extorquir deles grandes somas de dinheiro sujo.

São Catilinas as notícias encomendadas, fabricadas e divulgadas sem compromisso com a verdade. Aquelas cujo objetivo não é informar, mas reconstruir a realidade segundo a vontade de uns poucos, a fim de manipular a consciência da massa desavisada.

Abusam de nossa paciência e de nossa inteligência os meios de comunicação que utilizam de seu poder de convencimento para expor, em cadeia nacional, sua disputa particular pela audiência e suas diferenças íntimas, em formato que mais parece briga baixa de bordel.

Até quando, Catilinas, abusareis de nossa paciência?

São muitas as coincidências entre a Roma daquela época e os nossos dias de hoje. Tanto a pouca vergonha de uns quanto a indignação de outros. Frei Betto lembra que o fim da história reservou a Catilina a morte no exílio no ano seguinte. Cícero foi expurgado do Senado e assassinado alguns anos depois. Incitatus, o cavalo de Calígula, foi nomeado Senador e, posteriormente, Cônsul do Império Romano. 

Se a história efetivamente se repete, resta-nos adivinhar a quem caberá o papel de Incitatus. ###   

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Prestígio

Nego Wirson era um senhor bem vestido, terno branco e chapéu quebrado, que, nos anos setenta, vivia pelos bares espalhando bom humor e ironia fina. Sessenta e poucos anos, mãos lisas de quem pouco trabalhou na vida, resolveu que precisava de um emprego para tratar de sua companheira a quem chamava carinhosamente de minha crioula. Fuçou aqui e ali e descobriu um posto vago de gari na Prefeitura. Conversando com o Nute, um fiscal seu amigo, ficou sabendo que precisava de um empurrãozinho e procurou o Samir. Telefone vai, telefone vem, tudo foi sendo ajeitado. Alguns dias depois, os dois se encontram no bar da esquina: "e aí Nego Wirson, deu tudo certo?" ao que o outro retrucou: "Eh! Samir. Seu prestígio é grande. É só falar seu nome naquela Prefeitura que porta vai abrindo e o povo vai batendo continência. Levei meus documentos, tirei foto por fora e por dentro, todo mundo me atendendo, mas na hora de assinar os papel, deram para trás. Me pediram desculpas quase chorando porque não atenderam seu pedido, mas eu não podia ser lixeiro com a minha idade". Fazendo cara de consternação, Samir retrucou: "Depois de tanto trabalho! Mas não fica chateado não!" A resposta veio rápida: "Chateado? Eu não! Mas você não acha esquisito que eu, com sessenta, não posso manobrar uma vassoura de gari, e o Geisel, com quase noventa, pode manobrar o Brasil? Mas uma coisa é certa: no dia em que o Geisel sair da Presidência e quiser ser lixeiro, pode tirar o cavalo da chuva porque aqui na Prefeitura de Ituiutaba não vai ter boca prá ele não!" ###


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Crônicas da Maria Adelina V, Cardoso Gomes

 

Xico e Maria Adelina

 

Naquele tempo (1959)

Naquele tempo infância tinha conotação diferente, de hoje em dia.

Carrinhos feitos rusticamente de caixotões no fundo do quintal,

patinete, estilingue eram brinquedos escolhidos pelos meninos.

As meninas adoravam as bonecas de pano, o fogãozinho de barro,

feito pelo avô atencioso, para brincar de casinha.

O balanço improvisado, amarrado no galho da mangueira apinhada de frutos tão doces, alvo dos estilingues dos meninos que saboreavam sob a sombra generosa, o fruto de graça, com graça...

Depois do jantar frugal, assentávamos no alpendre para apreciar 

o parco movimento da rua, observando atentamente, a volta dos trabalhadores pedalando energicamente,

suas velhas bicicletas, suspirando pelo  jantar.

Não tardava chegar os vagalumes para cintilar a noite...

Naquele tempo a graça estava na simplicidade, na espontânea paisagem, no embalo do vento indo e vindo, correndo parelha com o tempo...

Naquele tempo as manhãs ficavam interessantes no  debruçar nas janelas para apreciar os meninos entregando jornais, o verdureiro vendilhão pesando abobrinhas, mandiocas e limões,

no meio da rua.

Naquele tempo ouvíamos extasiados pelo rádio, a narração das novelas.

Aquele tempo ficou guardado, as melhores lembranças, sem páreo para substitutas lembranças...

Naquele tempo portas e janelas estava sempre aberta a espera do sol, ou de algum parente ou amigo, para trocar conversa, tomar café com pão de queijo, comer goiabada cascão com  queijo flamengo fresquinho. Naquele tempo receber, e ser recebido eram dádiva de DEUS.

Naquele tempo sentar-se  ao redor da mesa, para compartilhar pão e queijo, era ideal de vida.

Hoje o tempo veloz apressa, empurra, emperra tudo, fecha portas e janelas de medo. Naquele tempo, agregação familiar, amizades solidificadas pelas décadas, eram bênçãos preferidas pela  vida, feito raro nos dias de hoje, infelizmente. Naquele tempo.

Rendo-me aquele tempo, à aquele tempo!...  

 

Maria Adelina Vieira Cardoso  Gomes

Acadêmica da ALAMI

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terça-feira, 8 de julho de 2014

 

Maria Adelina

 

Outro dia ouvi no rádio

Outro dia ouvi no rádio, uma canção que dizia assim:

"Eu não nasci pro trabalho. Eu não nasci pra sofrer."

Pensei instantaneamente: Então nem deveria  ter nascido.

Os que não nascem para o trabalho, não cumprem  missão.

Não estabelecem o progresso, a  proposital evolução.

Se estivéssemos nas mãos, dos que não nascem para o trabalho, estaríamos ainda, morando em cavernas.

Estaríamos cobrindo  o corpo com folhas. DEUS nos livre desse desconforto, desconcertante.

Quanto a nós, não nascemos para ficar atoa, é um tédio ficar de papo pro ar.

Não nascemos pelas vias do acaso.

Não estamos nesse plano por  nenhum descuido.

Por isso em pleno outono, continuamos semeando a primavera.

Não  cansamos de viver a vida, oportuna, por todos os ângulos.

A vida é dádiva, para  os que tem olhos para VER, ouvidos para OUVIR, sentidos para SENTIR.

O que   aborrece nesse viver são os ruídos contrários, contraditórios ,da verdade MAIOR.

Contraponho: Nasci para o trabalho.

Quanto ao sofrimento, é questão pessoal, mas pensamos, e afirmamos que não há sofrimento sem fim.

E normalmente sofre indefinidamente, quem tem vocação pra sofrer.

Tudo no Universo induz a alegria, a paz, a harmonia, o bem estar...

Por fim, acho mesmo que os trabalhadores foram sorteados ,designados, para salvar o mundo do NADA.

Viva os trabalhadores.

Viva todos os trabalhadores...

Maria Adelina

Inverno 2014

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segunda-feira, 30 de julho

 

Morte


Sentido absoluto, coerente, re-definindo renascimento. Caracterizada pela foice, segue pelos milênios infinitos, encobertos pelos mistérios indecifráveis, intocáveis, encerrando ciclos.

Corte afiado, determinado pela sentença irrevogável, imposta desde a mais remota era, para o desfecho, o desligar...

Muitos negam falar do assunto. Outros ignoram sua presença.

Evita observar sua constante, irrevogável permanência entre nós no órgão debilitado, na bactéria afoita, no sinistro súbito...

Alguns outros descuidados não observam com que agilidade, ou paciente paciência, cumpre sua missão, dia, noite, madrugada.

Percebo claramente o corte afiado, que faz a ceifa necessária.

Com a mesma intensidade da na árvore...

Não estranho sua presença.

Nem me causa nenhuma estranheza, mal estar, ou arrepio, porque só você re-define precisamente onde desemboca a vida, aos avisados, e desavisados, ao coerente e incoerente.

Aos crédulos e céticos. Aos atentos e distraídos, aos justos  e injustos, aos feios e bonitos, aos abastados ou marginalizados...

Ninguém foge das suas mãos hábeis.

Assim, segue, prossegue encaminhando  todos, ao  comboio ofegante, apressado, para fazer a travessia  desconhecida, e tão necessária...

Maria Adelina V. Cardoso e Gomes

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terça-feira, 27 de maio de 2014

 

Inesquecível

Nunca cansava de dizer:   

Toda tarde o sol recolherá seus raios, espalhados pelos quatro cantos, para encaminhá-los a outras paragens.

Determinadamente fará ao roteiro delineado pela 
admirável PROVIDÊNCIA...             

As árvores verdolengas, nunca se cansam  de admirar, a poética transição.

Observa com atenção, que sempre haverá um pássaro contumaz, gorjeando, equilibrado na haste tenra de Lis. Mesmo que lá fora perdure misérias, guerras, isenções, contradições que tecem     

a violência, a natureza sábia, convicta,  dias e encaminhará noites  escuras elucidativas...

Mesmo assombrando os  sentidos, ameaçando a harmonia do universo, quebrando o sagrado silêncio que emana do céu, do sol, do ar, da lua, o mal será sempre combatido em todo tempo, por todos os lugares, porque a violência é inversa aos preceitos que regem  a vida.

Resguardada pela convicção da fé sagrada, esperava pelo  esplendor de cada amanhecer.

Esplendor encaminhado pela sabedoria Divina para salvar o dia da escuridão...

Nesse estado de absoluta paz, e discernimento, suavemente tocava a face, com a esponja polvilhada de pó de arroz translúcido...

Seu rosto  resplandecia, preenchia  todo espelho do velho toucador.

Inesquecível.

Maria Adelina

Maio 2014

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segunda-feira, 28 de abril de 2014

 

Matéria-Materialidade até quando?

Nesse redemoinho rodopiante, que envereda o existencialismo concreto, observamos forças vitais exaurindo adoecidas, por não habitarmos um mundo onde a consciência faça de fato, parte vital da vida.

 

Onde a integração entre a harmonia do universo, ainda não entrelaça significativamente com a vida humana.

 

Onde distorções são colocadas para confundir céu e abismos...

Onde respiramos fumaça poluentes, sobrecarregadas de materialismo ao derredor, e por toda parte, como haverá  fundamento lógico para SER e ESTAR conscientemente ?

 

Como poderemos evidenciar a verdade inserida, e estagnada na consciência, se preferimos  não pensar na inclusão da totalidade do ser?

Se  ainda não conseguimos integrar nossas forças vitais etéreas por desconhecimento da transcendência ,que é  proposta Divina para vida?

 

Como poderemos mudar o mundo intimo e o mundo aparente, sugerido pelas forças cósmicas, se descartamos a intuição, as emoções, os sinais?

Como sobrevivermos patinando sobre a matéria densa ,que toma forma, e envereda por  caminhos  confusos?

 

Porque ainda não aderimos ao espírito, que é o condensador do "circuito de todos os significados"?

Se o mundo trafega afoitamente sobre a matéria, e para a matéria  exclusivamente, onde iremos chegar?

 

Assim vamos nos perdendo por labirintos confusos,  sem volta, ainda que a vida anuncie todos os dias, e em  todas as horas ,que tudo existe em função da evolução e transcendência.

 

Matéria porque absolutamente,  toma todas as formas, e todos os lugares iludindo o tempo e  o espaço?

Se  não permanecerá, não acrescentará a essencialidade, que clama por nós?

Maria Adelina - ALAMI

www.cronicatijucana.com.br  

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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

 

Quando o espírito domina

 Maria Adelina V. Cardoso e Gomes

Fenômenos mediúnicos, ou de transcendência como queiram, acontecem a partir das emoções, no cerne das mais profundas emoções.

Difundem sobre os pensamentos com naturalidade, plasmam nas palavras, escrita e falada.

Os efeitos desses desdobramentos ainda são  vistos com desconfiança, descrença, pois habitamos no planeta que se deixou levar pelas mãos do  materialismo acirrado, contraditório, gerador de mortes prematuras e infelicidade perpetuada.

Sempre que se fala em fenômenos, é preciso demonstrá-los em manifestações materializadas, em transe, para que possam crer, e respeitar.

Mas as advertências e sinais seguem serenamente, no sol que esconde sua morada,  seus passos, mas retorna em todas as manhãs.

Na lua que desconhecemos seu paradeiro durante os dias, mas que  está presente no firmamento todas as noites, plena, destilando a mais pura luminosidade, instigando o mistério que compõe a vida  e a morte, na mais absoluta verdade.

Nos fenômenos que nos buscam porque cremos, para reverter as descrenças que cerram os sentidos, e deixa a  alma amortiçada.

Tudo é claro e compreensível quando o espiritual domina.

E se o material é perecível, e tem tempo de validade descrito, porque não  nos concentrarmos no espírito advindo da eternidade?

Não seria mais  amparador (ampara-dor) coerente e profícuo?

*Maria Adelina V. Cardoso e Gomes

www.cronicatijucana.blogspot.com.br

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


Paris, Paris, Paris!

Maria Adelina V. Cardoso e Gomes

Amo a paz, a alegria, a exuberância dos campos, dos jardins,

das flores de Minas Gerais.

O mistério das montanhas. O ruído suave das nascentes.

Não desejo as luzes de Nova York.

Nem a efervescência das ruas de Londres.

A sofisticação de Madri.

A inquietação da faixa de Gaza.

Permuto a calma dos campos. A serenidade dos jardins.

Os mistérios das montanhas de Minas Gerais,

pelo burburinho das vias de Montmartre,

Paris, Paris, Paris.

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É ISSO QUE TE DEIXO.

Maria Adelina V. Cardoso e Gomes

Deixo as recordações do passado que insistem, perduram em mim.

Deixo-te minha poesia. Deixo-te alegria que consolidou

minha vida.

Deixo-te a força para vencer todos os momentos difíceis.

Deixo-te a relação efetiva, efusiva que sempre tive com as flores, o mar, o céu, as estrelas, os animais.

Deixo-te meus sonhos embalados em papéis cor-de-rosa.

Deixo-te a indignação diante das injustiças, e absurdos sociais praticados, calçados na folga do poder.

Deixo-te meu pesar ao ver o fútil sobrepondo o essencial.

Deixo-te minha incompreensão pelos abusos, violência, descasos, praticados contra a vida humana.

Deixo-te meu amor pela vida, em todos os meus momentos.

Deixo-te a fé resistente sem sombra de dúvida.

Deixo-te a inquietação para desvendar os mistérios, que cobrem o tempo e a vida.

Deixo-te a solidariedade que caminhou comigo, pelas ruas, sentindo a  mesma indignação.

Deixou-te  o  desejo de recuperação da convivência estreitada na troca sincera, intensa, leal.

Deixo-te a consciência clara, que a morte continua a vida.

É isso que te deixo.

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Crônicas da Marleida Parreira Rocha

 

Marleida Rocha

 

O Valor do Pensamento Positivo                         

Marleida Parreira Rocha

 

  Muitos estudiosos observaram, pesquisaram e afirmam que nosso corpo é como um imã vivo que atrai tudo aquilo que ocupa a maior parte de nossos pensamentos, crenças e desejos e que, talvez, não conseguimos conquistar o que almejamos porque permitimos que as dúvidas, os medos e as inseguranças bloqueiem e interrompam a ação positiva do cérebro, emitindo vibrações contrárias, enfraquecendo nossas crenças, impedindo que sonhos se concretizem.

É preciso acreditar em nosso potencial, pedir a Deus que fortaleça a fé e fazer um exercício para limpar da mente os “vírus” que outros foram enviando ao “nosso sistema” quando nos julgaram incapazes, não creram em nossas possibilidades e lançaram sobre nós apenas críticas destrutivas.

Diante do Pai somos valorosos e não há ninguém que não seja portador de algum tipo de dom. O ser humano é dotado de defeitos e virtudes e é necessário que as boas qualidades sobressaiam às ruins. Pais e educadores têm em mãos  oportunidades raras de contribuir para o sucesso de filhos e alunos através do elogio, da crítica construtiva, do estímulo ao otimismo e à transmissão de valores indispensáveis á boa formação do indivíduo.

Segundo Sêneca, “Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.” Assim sendo, devemos estar vigilantes, deixando claro para nós mesmos o que realmente queremos, procurando acreditar, de verdade, que se o Criador permitir, é possível que aquilo que desejamos se realize, fomentando sempre atitudes e pensamentos positivos, incluindo boas energias em nosso campo vibracional.

“ Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece.” Jó 3:25

“Nunca espere algo que não deseja, e nunca deseje algo que não espera. A mente é um imã e atrai o que quer que corresponda ao seu estado dominante.” (Dr. Raymond Holliwell)

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domingo, 7 de fevereiro de 2016

 

Sabedoria

*Marleida Parreira Rocha

Estamos iniciando mais um ano, um portal desconhecido se abre à nossa frente, capítulos novos para as histórias de nossas vidas, momentos felizes ou surpresas que não gostaríamos de presenciar. A forma como pensamos e agimos com certeza contribuirá de maneira significativa para que tenhamos sucesso e sejamos abençoados nesse novo ciclo de nossa existência.

É através dos atos mais simples do dia-a-dia que revelamos o nosso caráter e precisamos estar vigilantes, pois, por um pequeno deslize de conduta, destruímos a boa imagem que construímos através de décadas aos olhos de nossos semelhantes. Certamente é sábio quem utiliza o conhecimento e as experiências acumuladas de forma sensata e elegante, porque diplomas e certificados muitos podem adquirir, mas a admiração e o respeito poucos conseguem conquistar. Alguns parecem acreditar que serão ouvidos pelos seus gritos, sem perceber que muitas vezes somos queridos ou repelidos de acordo com o tom de voz que empregamos. Outros só querem falar e se esquecem da relevância de saber ouvir, porque é certo que aprendemos muito mais ouvindo, que falando.

Devemos pedir a Deus que nos dê sabedoria para não criticar, sem antes tecer um elogio ou apontar uma solução; não julgar, para não correr o risco de ser injustos; não cobrar o que não formos capazes de oferecer; preferir auxiliar de que acomodar; agradecer ao invés de pedir; agregar mais que subtrair; conter-nos para não agir por impulso e depois nos arrepender; espalhar alegria e otimismo em vez de provocar intrigas e decepções; acolher sem excluir e ter sempre uma palavra de fé e conforto para os que porventura estiverem descrentes e desanimados.

*Marleida Parreira Rocha – Educadora
Ituiutaba, 28 de janeiro de 2016

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terça-feira, 21 de julho de 2015

 

 

Milagres

Marleida Parreira Rocha

 

“Existem dois modos de viver a vida:

Um é como se nada fosse milagre;

 o outro é como se tudo fosse um milagre.

Eu acredito no último.”

(Albert Einstein)

 

Nem mesmo quem teve o privilégio de presenciar um fato dito como milagre, pela sua natureza inexplicável, estranha e admirável, conseguirá descrever com exatidão os sentimentos aflorados em seu ser ao vivenciar a maravilha da transformação ou reversão de algo que, aos olhos humanos descrentes, parecia impossível, extraordinariamente realizado pela intervenção Divina.

Mas afinal, o que são milagres?

Para muitos eles não existem. Para outros, eles acontecem todos os dias: no despertar pela manhã, no brilho do sol, na chuva que molha a terra, no crescimento de uma semente, no nascimento de uma criança, em uma viagem bem sucedida, entre outros. Ainda existem aqueles que crêem que milagres são acontecimentos ou efeitos cuja causa escapa à razão humana e que raramente acontecem, pois os acontecimentos mencionados anteriormente já tornaram-se tão comuns e naturais que perderam a magia do encantamento.

Os membros do primeiro grupo citado só mudarão de opinião se repentinamente se tornarem testemunhas da cena de um fato incomum, com a clara  comprovação de uma mudança extraordinária. Assim mesmo, haverá aqueles que diante da comprovação milagrosa criarão argumentos para negar o sobrenatural.

O segundo grupo é composto de indivíduos gratos e fervorosos que aprenderam a desfrutar e apreciar as maravilhas do Criador, louvando a Deus pelas bênçãos recebidas cotidianamente, mesmo diante das adversidades.

O terceiro grupo crê, mas talvez as fatigas diárias tenham tomado tanto o seu tempo que têm deixado a vida “passar” diante de seus olhos, tendo perdido a capacidade de contemplação pela grandiosidade da perfeição do Pai.

O fato é que os milagres existem e estão disponíveis a todos que crêem, pois a fé é a força motriz que leva o ser humano a receber aquilo que tanto almeja. Aquele que crê busca em oração e súplicas  e encontra respostas a seus pedidos e aflições, porém nem sempre o que desejamos tanto será benéfico para nossas vidas, assim sendo,precisamos estar atentos às respostas  de Deus, que sonda os nossos corações e sabe o que realmente nos fará bem. Porque para o homem muitos caminhos parecem bons, mas afinal podem levar a destinos indesejáveis. “O coração humano traça planos, mas a resposta certa vem do Senhor.”

Serei sempre agradecida a Deus pelo milagre efetuado na vida de minha querida filha Jaqueline, que completa neste dia 21 de julho 22 anos de idade, pela graça Divina, tendo enfrentado um coma aparentemente irreversível após um atropelamento, há 7 anos atrás. Sua vida é a prova viva de que os milagres existem! Louvado seja Deus por permitir que ela continue alegrando a minha vida e a  de todos que a amam.

 

“Assim como o oceano só é belo com luar

Assim como a canção só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem só acontece se chover

Assim como o poeta só é grande se sofrer

Assim como viver sem ter amor não é viver

Não há você sem mim

E eu não existo sem você.”

(Tom Jobim)

Te amo filha!

Marleida Parreira Rocha - Educadora

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

 

Resgatando o afeto

 

Estamos vivenciando uma época de relações transitórias e superficiais. O ser humano está sozinho, embora rodeado de pessoas.

Houve um tempo em que ninguém tinha onde se colocar a sós. Sempre havia alguém disposto a narrar histórias mirabolantes e crianças interessadas em ouvi-las, com um brilho especial no olhar, para posteriormente tecer fantasias eternas em suas mentes descansadas.

Os indivíduos sentiam desejo em visitar, levando em sua bagagem um abraço ou uma palavra de conforto a quem, geralmente recebia com alegria, sentindo prazer em abrir a porta para os que chegassem, mesmo sem aviso prévio.

Havia disponibilidade para ouvir o outro, sem preocupar-se em dispor de escasso tempo livre para si mesmo e a solidariedade para auxiliar o próximo, sem aguardar retribuição.

As pessoas frequentavam igrejas para orar, não visando solicitar bênçãos para um grupo tão restrito.

Há uma crise existencial na sociedade contemporânea. O cidadão está inserido em um ambiente letrado e tecnológico, porém estão prevalecendo as relações tumultuadas e traumáticas. Nunca os consultórios psiquiátricos foram tão requisitados como na atualidade. A família que serviu de espelho para os civilistas não existe mais.Os pais possuem direitos e deveres para com os filhos, no entanto na exercem mais o controle sociocultural e ético religioso deles. O mercado, a mídia, “os games”, a informática estão provocando o chamado pensamento acelerado. Os programas de televisão, a moda, os vícios estão ocupando as mentes, deixando-as poluídas, sobrecarregadas, cansadas!

A família está se dissolvendo gradualmente, o organismo familiar se esfacelou, parecendo ter perdido os padrões de referência e se tornando vulnerável aos novos conceitos psicológicos. Os pais demonstram estarem confusos como seres humanos, perderam a instabilidade das relações conjugais. Os filhos, por sua vez, sem controle, não vislumbram a direção.

Para compensar a falta de tempo, os progenitores buscam de todas as formas, mesmo sacrificando-se, satisfazer as exigências da prole, sem perceber que objetos de destaque na mídia jamais preencherão a lacuna da falta de carinho, atenção e de diálogo. Aquele que não consegue atender aos incessantes apelos dos filhos, pela ânsia do consumismo, sente-se angustiado, frustrado e até culpado diante da esdrúxula competição atual.

Este novo cenário doméstico tem criado adultos com dificuldades de impor limites. Crianças e adolescentes passam a maior parte do tempo diante do computador, da televisão ou conectado ao celular... Sozinhos! Egoístas! Não querem ser incomodados.

Ninguém consegue olhar fixo no olho do outro, quiçá por receio de visualizar a sensibilidade alheia. É quase inexistente quem se sinta feliz em receber e ser um bom anfitrião, pois em seu parco tempo de lazer, não quer ser perturbado. Até as igrejas têm sido alvo de buscas por recompensas pessoais, que, quando não satisfeitas, provocam ausências.

Urge uma reflexão e uma conscientização por parte de pais e demais educadores para a necessidade de uma nova visão: a formação do caráter, a sensibilização dos sentimentos, a potencialização das virtudes, resgatando o afeto – que demonstra ser a mola propulsora das ações – o diálogo, o olho no olho, o respeito mútuo, a ética, procurando salientar esforços, elogiando, estimulando, motivando, descartando prováveis emulações e elevando a autoestima.

O indivíduo precisa ser olhado de forma holística e sentir-se acolhido, para que as relações nasçam no respeito ao espaço e ao papel de cada um em um ambiente equilibrado e, acima de tudo, feliz.

“Acima de tudo, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.”

 (Colossenses 3:14)

Marleida Parreira Rocha - Educadora

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segunda-feira, 13 de abril de 2015

 

Memória Seletiva

  Um cheiro, um lugar, uma música, podem transportar-nos num instante para o arquivo de nossas memórias, de várias etapas de nossa existência e muitas vezes nos surpreendemos sorrindo, recordando gestos ou palavras que nos ajudaram a moldar o  caráter de forma positiva, mas também podemos “acessar” no mesmo local lembranças de atitudes alheias que nos fizeram sentir diminuídos, infelizes, incompetentes, inúteis, deixando marcas profundas de feridas mal cicatrizadas. Alguns, conseguem seguir em frente em busca de seus ideais, apoiando-se no seu amor próprio e na esperança de dias melhores, por enxergar a vida de maneira otimista. Outros fixam os olhos da alma no retrovisor, como se o cérebro ficasse “atolado”, atormentados e presos a circunstâncias que lhe provocaram um turbilhão de sentimentos desfavoráveis que causaram mágoas, angústias e decepções, assumindo geralmente papeis  de vítimas, acomodando-se numa rotina de lamúrias , rendendo-se à tristeza e desmotivação. No entanto, com determinação, creio que qualquer ser humano é capaz de treinar o seu cérebro para selecionar suas memórias, numa espécie de filtro, deixando de fixar seus pensamentos em momentos ruins do seu passado, procurando ocupar sua mente com  fatos que lhe proporcionaram alegria, ainda que passageiros,  sendo gratos  por cada bênção recebida, como acordar todas as manhãs e poder admirar à cada dia um novo cenário desenhado pelo Criador; o sorriso de alguém que amamos; o abraço de uma pessoa querida; a capacidade de poder trabalhar e ajudar o próximo ou simplesmente pelo privilégio de falar com Deus a qualquer hora e em qualquer lugar. Se for possível, encha o ambiente com uma boa música de louvor, elogie as pessoas que te cercam, procurando valorizar mais as qualidades do que as falhas, tentando relacionar com as pessoas tratando-as como gostaria de ser tratado, se for necessária a crítica, que seja construtiva.

     Devemos estar cientes que ao permitirmos que sentimentos negativos inundam o nosso ser, seremos obrigados a conviver com eles, sofrendo assim as consequências dolorosas  de suas contra  indicações. Não podemos mudar o nosso passado, mas podemos tirar de todos os acontecimentos, bons ou ruins, experiências que, olhadas sob um ângulo sábio,  ajudarão a nos tornarmos cada vez mais fortes.

 

“Tudo que alguém fez para você no passado não tem poder sobre o presente. Só você pode dar esse poder.” Oprah

 

Marleida Parreira Rocha

Educadora

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   O PODER DAS PALAVRAS

Marleida Parreira Rocha - 

Educadora

 

As palavras nos lábios de sábios edificam, enaltecem, incentivam, estimulam, avivam, enobrecem, curam, cativam e provocam satisfação, entusiasmo, desejo de viver e ser produtivo. Na boca de insensatos que fazem mal uso das mesmas, acarretam ao outro desconforto, decepção, angústia, desânimo, mágoa e até o desejo de desistir da vida.   O ser humano experimenta ao longo de sua existência o gosto doce ou amargo destes dois “sabores”.

   Todo vencedor com certeza traz em sua bagagem palavras de encorajamento ou a lembrança de “falas” que despertaram em si o anseio de “lutar” e persistir na busca de seus ideais, entretanto os derrotados ou acomodados certamente cruzaram com “matadores de sonhos” que conseguiram penetrar em suas mentes disseminando sementes de pessimismo, rejeição, insegurança, medo... Que infelizmente criaram raízes difíceis de serem arrancadas.

    Precisamos refletir se nossas palavras tem sido bênção ou maldição na vida de nosso próximo, pois uma vez proferidas não têm como ser devolvidas. Alguns, impensadamente, acreditam que podem ferir profundamente o ser humano desferindo sobre ele palavras malditas oriundas lábios felinos e depois camuflar a lesão com um simples pedido de desculpas. Outros, incapazes de admitir ou perceber seu erro, seguem seu caminho semeando discórdia e destruição por onde passam, prejudicando a si mesmo e os demais que o cercam, tornando o s dias mais difíceis e o ambiente “pesado” com suas lamúrias, murmurações, intolerância, mau-humor, falta de ética, respeito e amor ao próximo.

     Que Deus nos ajude a viver de maneira que nossa ausência seja notada e até lamentada. Que nossa presença seja agradável e desejada. Que de nós possa sobressair muito mais as virtudes do que as falhas para que na retrospectiva de nossos atos possamos envergonhar pouco de nossos raros momentos de estupidez, já que não somos perfeitos. Se não pudermos ser a alavanca que impulsiona, que não sejamos também a pedra de tropeço na trajetória alheia.

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Crônicas de Neusa Marques Palis

 

 
Neusa Palis
 
17 de setembro de 2012 |
 
Bem nesses tempos de campanha, ao comentar sobre o assunto, não raro, ouço essa frase.
Até entendo, pois estamos acostumados a pensar em política como sistema de governo, poder, e acá, no nosso país, como uma sucessão infindável de maracutaias, roubalheiras e a praga da corrupção.
Que cidadão de bem se anima com  isso?
Quem está feliz em saber que o ex- presidente, em dois mandatos, angariou com seus rendimentos no cargo, a modesta fortuna de dois bilhões de dólares?
E infelicidade é só um detalhe, o que preocupa mesmo é o exemplo aos jovens,  que assim, aprendem que passar a perna, enriquecer de maneira ilícita e rápida é o caminho a seguir. Será que algum professor brasileiro, um médico, um dentista, um engenheiro, já ganhou dois bilhões de dólares em apenas oito anos?
E é bom lembrar que segundo as estatísticas, e a realidade, trabalhamos cinco dos doze meses do ano só por conta dos impostos.
É dinheirama demais.
Não fosse a roubalheira descarada, os hospitais teriam leito para todos; as escolas públicas estariam equipadas com computadores, a questão da merenda escolar já seria coisa do passado, o tal índice de educação, há muito já estaria resolvido.
Gostando ou não gostando, é preciso saber que, desde que nos organizamos em sociedade, desde os tempos mais remotos, a política está presente;  até nos namoros, na economia doméstica, nos habitantes do quarteirão e seus arranjos da boa ou má vizinhança, na administração da empresa, na cortesia do restaurante, na prestação dos serviços… enfim, é impossível viver em comunidade sem ser politizado.
O século passado, com o advento do individualismo e seus preceitos, até nos deu a ilusão de que pudéssemos se ater ao Eu, ao egocentrismo, mas não deu certo, e ser político é preciso.
E político não é só o vereador, o presidente, o prefeito, o senador. Políticos somos todos nós que escolhemos os que irão nos representar,  e sendo minimamente politizados, termos capacidade de organização e exigir que deixem o cargo quando o mesmos demonstram que estão lá apenas para benefício próprio.
Os apolíticos não exercem cidadania; e se reclamam, não passam de resmungos tolos, pois que, pelo comodismo, pela ignorância, já atestam que preferem a subserviência, o porão social, e todas as suas mazelas.
 
 * Neusa Marques Palis
nmpalis@yahoo.com.br

 

 

A boneca do Sr. Geraldo
 
 
O sr. Geraldo não era e nem nunca foi candidato a nenhum cargo político nessa vida, mas permanece em minhas lembranças, de maneira negativa, por causa de uma promessa.
A história é curta, as consequências emocionais é que foram imensas.
Eu tinha lá meus quatro anos e morava com meus pais na fazendo do meu avô. Sr Geraldo era o leiteiro, que em seu caminhão, vinha recolher o leite todas as manhãs e ao me ver,  apertava minhas bochechas e me cobria daqueles elogios que se fazem a uma garotinha daquela idade, me chamando de princesa, essas coisas…
Um dia, em meio aos elogios, inconsequentemente, disse: – Quando eu voltar, vou te trazer uma boneca.
É impossível descrever a alegria, a expectativa, mas posso garantir que na minha vidinha inocente e despreocupada, inaugurou-se a primeira ansiedade.
A cada manhã eu me preparava para o grande momento. O barulho do motor do caminhão do Sr. Geraldo parando lá na porteira era o bastante para que eu corresse timidamente para a varanda do casarão dos meus avós, próxima aos latões de leite.  Ele repetia os afagos e eu ficava espichando os olhinhos para a boléia, certa de que dessa vez, ali estaria a tão sonhada boneca.
Não suportando mais a frustração, contei à minha mãe, e falei que ia perguntar pelo presente, cobrar era inimaginável, eu pressentia, pela educação recebida. Fui terminantemente proibida. E ela ainda usou uma frase “era o dado por não dado”, ou seja, papo.
Esse ano, recortei dos jornais as promessas impressas feitas por todos os candidatos.
Mamãe, apesar do respeito que tenho, já não me impede mais que eu faça cobranças, e agora, já não é mais o dado por não dado, está escrito, é documento.
 

Neusa Marques Palis
nmpalis@yahoo.com.br

 

 

Pai nosso… 
 
…que estás no céu, ando um tanto ocupada demais e rezando um pouco de menos, é verdade, mas vou fazer um único pedido:
- Não daria para o Senhor voltar a passar outra temporada aqui na Terra?
Eu sei que aí é muito melhor; quer dizer, imagino, pois ainda prefiro ir ficando um pouco mais por aqui, tentando angariar bônus para tal merecimento, o Senhor sabe né. E vamos pensar, eu aí não devo fazer muita diferença, mas o Senhor aqui, faria toda.
Mas voltemos ao meu pedido, que eu disse que era único, e é, mas com um detalhe:
O Brasil não era do Seu tempo, mas era para cá que eu gostaria que o Senhor viesse. A paisagem é bonita, o problema é o povo.
Vou explicar: – a gente lá vinha vindo mais ou menos, entre trancos e barrancos, e até já ficamos famosos por desenvolver um tal jeitinho. Nada de pecado, era só muita criatividade e uma pitadinha de malícia pra “dar jeito” em tudo, porque desde sempre as coisas por aqui nunca foram fáceis.
Pois bem, perdemos o controle, e o tal jeitinho, que era até um charme, virou uma praga chamada corrupção, muito, muito mais devastadora do que a Praga dos Gafanhotos.
Inventaram uma tal Globalização, que acho que era isso mesmo que o Senhor queria, a mistura dos povos, com solidariedade, os mais ricos acudindo os mais pobres, mas deu tudo errado.
É tanta quinquilharia, gente falsa, serviços falsos, objetos falsos, que ninguém mais está sabendo separar o joio do trigo.
E aquilo que o Senhor disse que era mais fácil um camelo passar no buraco de uma agulha do que um rico adentrar o reino dos céus esqueça. Ou o povo não acredita nisso, ou resolveu fazer o céu por aqui mesmo, pois que é justamente para ficar cada vez mais rico, uns passando a perna nos outros, que a tal corrupção tomou conta.
Se vier, por favor, faça essa caridade, não chegue primeiro em Brasília, que é a nossa capital, pois não gostaria que o Senhor batesse em retirada imediatamente, nem que gastasse o tempo assistindo às infinidades de CPIs, que são as atividades que mais ocupam nossos políticos,  e nunca vão dar em nada. Quer dizer, dão: Notícias para os jornais e frisson nos nervos de um tantim de gente boa e crédula que ainda existe, e nem pergunte se esse tantim não tem vergonha na cara, pois que se tivéssemos, depois de um tal de Mensalão, a coisa já tinha tomado outro rumo.
Ah! Também pregar no Templo, já vou adiantar-lhe, não é mais como da outra vez não.
Templos é o que não nos faltam, aliás, a cada dia inaugura-se um, mas a intenção é outra, a única coisa que ainda permanece é usar o nome do Senhor, para… deixa o Senhor ver pessoalmente.
Também não pense que vai dando jeito separando as águas do mar para dar passagem a um povo escolhido, como fez da outra vez. Se as coisas continuarem do jeito que vão, vai ser muita trabalheira pra nada – só uns gatos pingados vão fazer a travessia; e de mais a mais, mar não vai resolver nada, as almas daqui estão indo de roldão é de Cachoeira em cachoeiras.
 
PS – Converse com Deus, insista para que ele lhe dê permissão, eu confio que o Senhor vai saber dar um jeitinho, (ops).
 
* Neusa Marques Palis
nmpalis@yahoo.com.br
 

 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

 

Dinheiro traz Felicidade        

Parece que ajuda a proporcioná-la sim, mas não do jeito que a gente costuma pensar, quanto mais, melhor, e pronto. Isso caracteriza riqueza, mas não felicidade.

Segundo o livro de Nilton Bonder, “A cabala do dinheiro”, esse universo tem regras próprias e divide-se em quatro planos:
Físico – O dinheiro que é gasto com nossas necessidades pessoais.
Emocional –Todos os gastos com responsabilidades com outras pessoas, incluindo doações e presentes para outras pessoas; família, por exemplo.
Intelectual – São investimentos em ações comunitárias, como os impostos, onde o benefício se reverte a todos.
Espiritual – Através de ajuda aos necessitados.
Esses quatro planos devem permanecer em equilíbrio, não necessitando que todos devam receber a mesma porcentagem, mas que nenhum seja deixado de lado.
Não há nenhum pecado em desejar ser rico e trabalhar para isso, mas é preciso ter em mente o desejo de riqueza para todos, e não apenas para si.
Sendo o dinheiro uma energia que tem que circular, ele explica que mesmo que se teime em retê-lo apenas para o benefício próprio, sem levar em conta os outros planos, perdas aparecem através de doenças, objetos que se danificam e outras formas de prejuízo que forçam o equilíbrio.
Indagado quanto aos mais pobres, ele explica que “ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa, nem tão rico que não possa recebê-la”, e que essa associação tão em moda de que tempo é dinheiro, pensando só em bens materiais, merece um certo cuidado, pois o dinheiro é uma das energias com as quais lidamos, mas não é a única, e todas precisam estar interligadas para proporcionar felicidade.
Assim, o tempo também requer outros empregos, como horas de lazer, horas que nossos entes queridos carecem da nossa companhia, horas de estudos e novos aprendizados, e mesmo o fazer nada, como repouso essencial para a saúde física e emocional.
E finalmente, vale lembrar que apesar do conforto que o dinheiro nos proporciona, há inúmeros outros bens que contribuem para a felicidade, mas dinheiro algum pode comprar.


Neusa Marques Palis
nmpalis@yahoo.com.br
 
 
 
 
 

Crônicas da Regina Souza Marques

 

                                
Celisa Tavares das Neves


Os tempos mudam aventurando novos cenários, capítulos, enfim… mudam.
Bem eu sei, pois, vivenciei tudo. Eu vi passar os capítulos desta história.
Mas, por minha grã alegria, ninguém pode mudar uma história continuada no bem, graças a Deus…
Da nossa desventura, a perda não muda os tempos, nem os anos de alegria e aprendizado.
Ao pensar na tristeza da solidão,tenho por certeza que você CELISA, foi ao longo dos anos um ícone na educação,convertendo lindas crianças e jovens à sua natureza de cidadania.
Os leoninos (Escola Estadual Lions) em luto chora, pois, Celisa que amávamos se foi.
Com choro, lembranças, mas quem diz que chorar, lamentar, consola e descansa?
Há-de ter chorado e que as lágrimas sejam por igual gratidão e alento aos corações agradecidos, promovendo o descanso merecido.
Contudo olhos marejados de quem ama, choram mais que os de ninguém, que o que é para maior bem a história, “sua história” seja eterna e viva, tenho já para maior certeza a minha eterna gratidão.
Celisa, lágrimas manso a manso, lavam a alma de quem fica saudoso, desta eterna mestra do bem. Sempre de mãos postas acolhia a todos, com a voz mansa acalmava, com os passos lentos promoviam a paz e a delicada sabedoria na humildade.
Celisa, nossa referência como educadora, obrigada por ter permitido fazer parte da sua vida.
Que nossa gratidão te sirva de descanso eterno, nas escolas celestes, como uma história de cristal.

24/09/2015
Regyna Marques

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

 

Justo ou injusto

Regyna Marques

 

A simplicidade promove decepções e tristezas. A crença no amigo nos torna cego e nos joga em grandes emboscadas, às vezes sem saída.

Como é triste a decepção, conhecer o outro lado da face, que, temos carinhos sentirmos frágeis sem chão.

O tempo é o amigo sincero, só ele nos mostra a verdade, só ele tira a máscara e mostra o clarão da maldade que escurece o nosso coração.

A gente fica sem caminhos, sem motivação, pois, quem parecia uma amiga, uma irmã, defendia, protegia, parecia que era uma amizade sincera, verdadeira, caiu sem escorregar.

O tempo amadurece nosso sentimento sincero, inocente, envelhece, até parece que o jogo virou e a tristeza nos faz pessoas mais infelizes e magoadas, sem saber o que fazer, mas o tempo ah... Sábio tempo retoma suas origens de removedor de cicatrizes e conserta tudo, nos faz ver o outro lado da moeda, a face verdadeira sem truques e maquiagens.

De que vale tudo que fizermos, sentirmos se não somos compreendidos, retribuídos, respeitados, amados?

Nada.

O que é justo ou injusto?

A convivência, os relacionamentos falam mais alto, e destroem ou fortalecem tudo, as vezes o peito sangrando, sem fala, sem ação, ou felizes como borboletas a voar num jardim florido, refaz de tudo, renovando novas esperanças.

Mesmo assim, as lágrimas surgem aos cântaros alegres ou tristes, diante de verdades irreparáveis, com perdas de uma convivência a temporal, sem motivação à felicidade.

A perda dói, dói muito!

Regyna Marques

www.cronicatijucana.blogspot.com.br 

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Crônicas do Saavedra Fontes

 

As marcas de nossos passos
Saavedra Fontes

No solo que eu pisei em minhas andanças, deixei marcas difíceis de serem apagadas, pois tenho vivido muito. É tanto o caminhar, que às vezes penso como puderam meus pés sustentar o peso de meu corpo e de minhas preocupações. Ando com os olhos nas nuvens, por isso são tantos os tropeços. Mas após cada queda sempre surge um homem novo, reequilibrado, feliz e este homem sou eu. A vida é assim mesmo, o problema é que nem todo mundo a reconhece como mestra, sempre a têm como algoz. Costumo dizer que a palavra mais linda do dicionário é “felicidade”, termo que engloba tudo o que é bom, amor, carinho, compreensão, prazer e muito mais.

Certa vez acolhi uma cadelinha “basset”, que havia sido atropelada no meio da rua e morreria se alguém não a socorresse. Foi um presente que recebi inesperadamente. Descobri com ela que a gratidão no mundo animal é muito mais explícita do que no homem. Não sei que nome teria antes, mas passei a chama-la de “felicidade”, tamanha era a alegria que ela transmitia. Reinou na minha casa por um curto tempo e morreu. Felicidade tinha as pernas curtas e a idade avançada, eu não sabia. Porém fazendo jus ao nome corria demais, chegou rápido ao fim. É o destino de toda felicidade ser efêmera... Mas deixou uma saudade enorme e um exemplo extraordinário de boa convivência.

Agora reflitam se felicidade não é isso mesmo. Eliminem do coração a inveja e o orgulho, o simples fato de superá-los causa imensa sensação de alegria. É como se numa batalha mortal fôssemos os vencedores, saindo ilesos e com imensa experiência para continuar vivendo. Há quem vê a felicidade como algo distante e impossível de ser alcançada, mas se enganam. Às vezes as menores participações são as que que nos envolvem de verdadeiro contentamento. Ser feliz é antes de tudo um exercício constante de nosso espírito, que sabendo moldar nossa personalidade nos faz pleno de satisfação e paz. Certa vez, há muitos anos, li no Reader Digest, que se a alguém acordar e começar a sorrir nas primeiras horas da manhã, inevitavelmente vai sorrir o resto do dia. Utilizei o conselho e confirmei a veracidade do fato.

Já dizia o um conhecido meu, “Luiz Fogueira”, assíduo filósofo de botequim, ao ser informado de que cachaça causa a cirrose e mata, retrucou “que o que tira a vida das pessoas é o pensamento”. Seu optimismo o mantém vivo até hoje, apesar do vício. Bens materiais, dinheiro, poder, que nada! Felicidade é saúde e bem estar, é o prazer de uma boa companhia, é uma família unida. Felicidade são os valores morais conquistados e o respeito adquirido durante nossa existência. Essas são as verdadeiras marcas de nossa passagem pela vida. Para consegui-las é preciso que a gente suporte o peso de nossa consciência e que pise forte o suficiente para deixar marcas, que permanecerão indeléveis como exemplo. Felicidade é chegar ao fim da vida e recolher nos filhos, através do olhar e dos gestos a gratidão por tê-los ensinado a caminhar.

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quarta-feira, 4 de maio de 2016

 

Os flintstones  

Saavedra Fontes

O norte americano tem o dom de criar fantasias incríveis no cinema e o desenho animado de Willian Hanna e Joseph Barbera é uma delas. Há mais de cinquenta anos o casal Fred e Wilma e seus amigos Barney e Beth vêm divertindo o público de todas as idades, com suas aventuras em Bedrock na era da pedra. Dino, o dinossauro de estimação dá o tom cômico e doméstico na vida do casal. Tivéssemos aqui no Brasil gênios iguais a esses para criar personagens semelhantes já os teríamos em profusão, porque modelos é que não faltam.

Fico imaginando Brasília nesse clima de “impeachment” nas mãos de Hanna e Barbera e de um estúdio cinematográfico competente. Ingredientes não faltam. Brasília seria a cidade de Bedrock. Políticos estariam correndo por entre os corredores de pedra maciça empunhando clavas e gritando impropérios, na luta pelo seu voto ou na defesa de sua inocência. Esse recebeu de propina milhões de lascas em negociatas fraudulentas, porque o mundo é o mesmo, só a era é que da pedra. Um baixinho barbudo e empinado com cara de cachaceiro, passa gritando entre os seus correligionários: -“habba-dabba-doo!”

Do lado de fora dos prédios onde rolam soltas as discussões, dois enormes bispotes, um de boca pra baixo e outro virado para cima. Grandes dinossauros esticam uma faixa de incitamento, sob as ordens Stealthy (*), rodeado de comparsas armados e ameaçadores. No momento a insatisfação com o governo de Bedrock era muito grande e facções se digladiavam para substituir o governo. Havia os que gritavam e os fala-macio, os fala-besteiras e exibicionistas de todos os tipos. Difícil é encontrar bom senso entre homens pré-históricos.

No palácio um casal discutia planos políticos para salvar o governo de derrota iminente. Arrogante, ele dava as ordens que ela, arrogante e meio, não cumpria. Acusavam-se mutuamente. Ela, afirmava haver descoberto a fórmula ideal para recuperar a economia de Bedrock, com a estocagem de vento, energia de baixo custo que poderia ser vendida para outras regiões. Ele a chamava de burra e fazia gestos ameaçadores à sua integridade física. – Onde fui amarrar minha égua? Ele se queixava”. Por fim, não conseguindo se entenderem, ela empina o queixo, levanta as narinas e o abandona falando sozinho. Ele ainda corre atrás gritando:

– DILMA!

E sua voz rouca e histérica percorreu todos os monumentos do planalto central, naturais e artificiais, despertando o tamanduá no cerrado e o veado campineiro, que alheios às ambições dos homens preferiam a proximidade dos cupinzeiros e da grama verde e fresca. De passagem, quatro turistas norte-americanos, Fred e Wilma, Barney e Beth, chegaram a comentar o atraso intelectual da dupla de baderneiros.

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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

 

                                    

Os caminhos da dúvida

Saavedra Fontes

Há muitos anos atrás eu me vi caminhando, sem sentido, pelo campo minado da dúvida. Nem a força da juventude conseguiu evitar o sofrimento. As respostas que eu queria não estavam em mim e procurá-las nos outros me parecia pouco confiável. A semente plantada em meu espírito pela minha mãe, na época de bom tamanho, aconselhou-me a orar. O problema é que as dúvidas começavam ali. Passei por caminhos tortuosos, procurei atalhos, evitei pedras e espinhos e segui. Algo me dizia que não devia parar ou me deixar vencer pelo cansaço. Cruzei com muita gente, igual ou pior do que eu passando pelo mesmo problema. O mais humilde de todos revelou-me o segredo: “- Não procure a verdade, ela por si só chegará até você”. A sabedoria e a verdade estariam com aqueles cuja simplicidade e modéstia no agir e no pensar são mais evidentes? Os livros sagrados de qualquer povo ou religião não exaltam os presunçosos, isto deve explicar alguma coisa.

Mas o que é a verdade? Pelo simples hábito de observar notamos que ela tem inúmeros significados e não é a mesma em cada um de nós. Para Tomás de Aquino ela é a expressão da realidade, isso explica em parte a dificuldade de traduzi-la de maneira absoluta. A realidade é mutante e no mundo globalizado como o nosso adquire formas particulares, sob o jugo constante da mídia sustentada pelo sistema capitalista. As religiões a define de acordo com os interesses de seus dogmas de fé, porque a crença é fundamental. A ciência a vê multifacetada, comprovando algumas e deixando outras para serem contestadas. Não existe a verdade absoluta,

A definição grega para a verdade é no mínimo curiosa, pois“aletheia” se traduz por aquilo que é visível aos olhos e à razão. Só que é muito pouco diante da nossa busca incessante o que podemos ver, se os problemas espirituais ficam concentrados na boa vontade de nossa fé e é um mistério. Talvez porque os gregos fossem artistas sua concepção de verdade fosse diferente. O pensamento prático dos romanos chamava a verdade de“veritas”, que em latim significa o que pode ser provado. Em hebraico “emunah” quer dizer confiança ou esperança de que o que será revelado virá por meio de Deus. Uma forma romântica e religiosa de transferir o problema.

Com o meu modesto cérebro levado a pensar, chego à conclusão de que a verdade é uma só, mas nos está sendo entregue em doses homeopáticas, de acordo com a evolução do homem e de suas pesquisas. Talvez Deus não tenha nada a ver com isso ou queira permitir, como Pai complacente e habilidoso, que a gente aprenda sozinho, apanhando, sofrendo ou descobrindo através dos privilegiados gênios da Humanidade.

Uma das grandes lições que levei na vida, ocorreu quando eu era ainda adolescente e rebelde. Fiz uma crítica, até certo ponto ofensiva, à crença que minha mãe depositava nos milagres de suas novenas a Santo Antônio. Naquele dia, ele havia prometido que no nono dia conseguiria a cura de uma epífora, uma retenção de lágrimas nos olhos de uma criança vizinha nossa, causada talvez pelo entupimento do canal lacrimal. Incrédulo, critiquei-a pelo fato de haver prometido que a cura ocorreria exatamente no último dia da novena. Cético, eu achava que poderiam ocorrer duas coisas: ou não surtiria efeito ou a cura poderia acontecer por vias naturais antes ou depois da data combinada. Levei o maior pito de dona Nenem, minha mãe, que não admitia que se duvidasse dos milagres de Santo Antônio. E não é que exatamente no nono dia da novena, pela primeira vez o menino acordou curado, de olhos bem abertos e sob os aplausos e a alegria de sua mãe. Descobri então que milagres existem e que as orações sejam elas de qualquer religião têm muito valor. Foi minha primeira verdade revelada.

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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

 

Honestidade                                                                   

Saavedra Fontes

É triste a constatação, perdemos a confiança em nossos semelhantes e a crise geral é de honestidade. Para sermos mais explícitos, já não existem mais ingênuos simples e otários, no mundo de hoje. Mesmo sem talento todos querem passar por espertos, como se o termo amenizasse a pecha de “desonesto”, que é a palavra correta.

O honesto nos dias atuais é visto como um visionário, sonhador, idealista sem futuro, nefelibata sem racionalidade e valor, visto com maus olhos pelos próximos e distantes que os têm como tolos, covardes ou falsos, na melhor das hipóteses. A maioria dos políticos é corrupta, não goza de bons conceitos, mas consegue sistematicamente se reeleger, uma aberração aceita pelos eleitores. Os meios de comunicação estão sempre nos revelando novos escândalos, que parecem se multiplicarem cada vez mais. Cristo foi transformado num produto de mercado tão atraente, que religiões se enfrentam na mídia como empresas de forte concorrência. E a nossa fé se definha, martirizada e surpresa.

Se para fugirmos ao estresse de uma vida cheia de trabalho e preocupações, escaparmos do tédio, torcermos por um clube de futebol depositando nele toda a nossa emoção, ficamos sujeitos  às decepções. Os acordos, arranjos e desarranjos escusos dos chamados cartolas, que vêm nesse esporte mais do que uma simples diversão do povo, são uma indústria de interesses particulares ambiciosos e pouco elogiáveis.

As chamadas loterias que infestam o país, nada mais são que estereótipos dos jogos de azar, oficializados pelo governo que os aceita de forma legalizada e os proíbe nos meios privados. Mesmo com sorteios ao ar livre e na presença de público numeroso são cercadas de dúvidas e descrenças, tudo porque a honestidade não é levada a sério e o espírito de corpo é ponto de honra entre a maioria dos parlamentares.

Por isso vinga entre nós a ideia de que o mundo é dos velhacos, as pessoas corretas não passam de tolas e sem ambição. Toda essa inversão de valores sempre existiu como parte de nossa herança cultural, e foi sedimentando-se com o progresso dos meios de comunicação, que provocam o sensacionalismo para angariar audiência sem o devido cuidado com a influência das palavras e das imagens. O rádio e principalmente a televisão, invadiram todos os lares, do mais humilde casebre a mais luxuosa mansão, levando o deboche, a hipocrisia, a luxuria, os maus exemplos, a falsa realidade que foi aceita como forma moderna e correta de viver.

A violência, a pornografia, a falta de escrúpulos de uma programação voltada para o baixo consumismo, iludindo jovens incautos e sem estrutura educacional, vão se associando à miséria do corpo e do espírito para transformar o Homem no lixo social. Por isso a violência generalizada e a ausência de leis severas que a contenha.

Postado por cronica tijucana às 09:28 Nenhum comentário:

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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

 

Quando um homem chora

Saavedra Fontes

Moro em Ituiutaba há mais de 30 anos. Nesse período passaram pelo meu portão centenas de pobres excluídos, vítimas da crueldade do vício. Traziam no corpo e na alma as cicatrizes próprias do álcool e das drogas, escravos que eram da dependência. Muitos pelo dó que me causaram deixaram os nomes e as imagens só não deixaram saudades. Acho que foi melhor partirem do que suportar a vida que levavam. Eu não conseguia fazer muito por eles, atendia-lhes no que fosse possível, mas nunca deixava de lhes dar uns trocados ou um prato de comida, roupas usadas, cobertores, agasalhos, calçados, o que possuía na ocasião à disposição. Mas notei nesses anos todos que mais apreciavam a atenção que eu lhes dedicava do que qualquer outra coisa. Muitos se sentiam orgulhosos quando eu lhes estendia a mão devolvendo o cumprimento amigável ou lhes ouvia pacientemente as queixas. Reginaldo, alegre e fanfarrão tinha consciência de que seu destino seria trágico e não se entristecia por isso. Fabinho, que chorava diante das palavras de consolo não dava provas de remorso e mais um número enorme de pobres desconhecidos. Nenhum deles foi santo, sei bem disso. Mas eram Seres Humanos e poderiam ter levado uma vida diferente com a sorte e a oportunidade que não veio, porque uma vez o vício instalado é difícil erradicá-lo de certas pessoas. Entretanto nunca chorei por eles.

Mas hoje não consigo evitar a tristeza imensa que me invade, quando um novo tipo de pedinte me aparece sempre às sextas-feiras, dia de se drogarem suponho. Trata-se de uma mulher moça ainda, mas consumida em suas feições pelos estragos causados pelo “crack”. Não choro por ela, mas pela filha que traz consigo. Criança inocente levada em via-sacra pelos caminhos da depravação. Prostituindo-se para atender os apelos de sua dependência química, entregue à sua sorte através justamente daquela que tem por obrigação protegê-la. Faz algum tempo que não vejo mais as duas juntas. Talvez a criança, que aparenta ter de onze a doze anos de idade, tenha sido levada pelo Juizado da Infância e Juventude e entregue a um futuro melhor, não sei. Tomara que sim, pois foi um dos quadros mais triste da minha vida ver as duas perambulando pelas ruas de Ituiutaba, entregues a um destino cruel. Fabinho morreu assassinado e Reginaldo talvez de overdose ou de uma das muitas infecções malignas que existem por aí.

Quando vi essa menina pela última vez na companhia da mãe, não pude evitar as lágrimas pela revolta que se apossou de mim. Pois os seus olhos eram de uma criança triste, pareciam pedir o socorro que não vinha nunca, uma vez que paspalhos como eu não têm condição de agir e não sabem como fazê-lo. Penitencio-me pela autopiedade que se apossou de mim, tentando convencer-me de que a fragilidade de uma idade avançada pode oferecer-me a redenção. Talvez um dia, estando ainda vivo, eu possa reconciliar-me comigo mesmo e afastar o remorso de um crime que não cometi, mas pela omissão de não ter conseguido atender aquele olhar sofrido de uma criança maltratada e infeliz. Hoje eu sei que nada poderia fazer a não ser escrever uma crônica a respeito. Quem sabe alguém possa mais do que eu, vendo aquele olhar infantil carregado de mágoas, inspirado por Deus a encontre e a salve de uma vida miserável.

Postado por cronica tijucana às 08:58 Nenhum comentário:

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Marcadores: Saavedra Fontesquinta-feira, 24 de julho de 2014

 

Fé, vida e morte

Saavedra Fontes                                                                                    

Vida e morte são os dois maiores mistérios que a humanidade tem que enfrentar. A não ser através da fé religiosa ninguém pode explicar porque nascemos e morremos ou de onde viemos e para onde vamos. Em algum momento, inconformado com o nosso destino, que nos leva inevitavelmente ao fim da vida depois de inúmeros transtornos, alguém entre os bárbaros da gênese, com o cérebro já evoluído, teve a brilhante ideia ou falsa convicção de criar a “fé”. E deveria ser uma coisa tão fortemente aguardada pelo homem, de forma intuitiva ou trágica, que acabou no decorrer dos tempos a fazer milhares e milhares de adeptos, que a introduziram na sua época cada um à sua maneira, para benefício próprio ou coletivo. E serviu para transformar em ilusões o medo, que transcende toda expectativa de conformismo e compreensão.

Os gregos, no ocidente, foram talvez os que melhores trataram do assunto, através de metáforas e símbolos mitológicos, impondo à superstição um ideal político, depois imitado por muitos outros povos. Se Hades reinava sobre os mortos, Tânatos era a personificação da morte, e como seu irmão gêmeo Hipnos, o sono, era filho de Érebo, as trevas e Nix, a noite. Morte, noite, sono e trevas eram figuras que se aproximavam do grande mistério sem explicá-lo.

Na opinião do cético uma simples equação matemática interpretaria melhor o fenômeno, que recusamos a entender: Nada = Vida + Morte = Nada. Todavia, toda e qualquer obra do pensamento é criação humana, permitindo que os termos da citada equação possam ser mudados, sem que isso venha a alterar sua incógnita fundamental. Nossa busca pela verdade, nosso anseio intuitivo pelos valores espirituais não nos permitem aceitar a morte como um fim, mas como um meio de prosseguir uma jornada rumo à evolução. È uma percepção natural de todos os homens, do mais inculto ao mais erudito, embora este por vaidade se rebele contra a idéia de submeter-se.

Daí o valor da FÉ. Fundamentá-la no poder histórico da Bíblia não é apenas uma ousadia, mas a consumação da nossa intrigante capacidade de busca eterna, que poderá um dia nos trazer a Verdade do jeito que ela é. Por que não crer com toda a disposição de nossa alma, se o contrário é triste, diminui nossa esperança, ameaça nossa paz de espírito e nos leva ao sarcasmo e à desilusão. Quantas vezes sentimos a presença daqueles que nos anteciparam no caminho de volta, mesmo sabendo da impossibilidade de que isso aconteça? Mas é uma sensação impossível de ser negada, que só não é corriqueira porque o nosso envolvimento com o mundo material nos absorve totalmente. Ao nascer abrimos os olhos para o mundo à nossa volta, só mais alguns poucos olham para dentro de si mesmos, para se surpreenderem ao descobrir impressa em nosso espírito a chama atávica da fé imorredoura. A vida é uma passagem, deixemo-la passar, mas continuemos na procura de sua origem. E a melhor ferramenta para tal é esta minúscula palavra de peso incalculável.###

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terça-feira, 15 de julho de 2014

 

O homem passa e a história fica

Saavedra Fontes        

Nós, que alcançamos o século XXI e vivemos a parafernália de uma época globalizada, sentimos certa saudade do mundo menos conhecido do início do século passado. Havia o mistério, a magia do desconhecido, as notícias chegavam atrasadas, mas com impacto verdadeiro. Hoje não, a gente acompanha in loco e até mesmo na hora exata as coisas que estão acontecendo. Dramas e tragédias ficam banalizados pela variedade e quantidade de ocorrências a tal ponto, que ninguém mais se surpreende. . Já não há testemunha viva dos fatos ocorridos em 1900, claro que não. Ou há? Como deve ter sido a recepção dos leitores pelo livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha, contando a saga de Antônio Conselheiro e a guerra de Canudos? Que confusão deve ter sido no Rio de Janeiro a política sanitarista de Oswaldo Cruz de combate à varíola e à febre amarela, gerando polêmica e incompreensão? E o voo de Santos Dumont com o seu 14-Bis, o que não deve ter dado o que falar? Mais ainda o alvoroço que deve ter causado Einstein com a sua Teoria da Relatividade, revolucionando as noções vigentes de tempo e espaço. E o pioneirismo e genialidade de  Henri Ford introduzindo a linha de produção industrial de seus carros ou o naufrágio do Titanic, matando mais de mil e quinhentas pessoas. Tudo isso e mais a guerra de 1914, a invenção do sutiã que substituiu o espartilho tradicional, a descoberta das ondas curtas que permitiram a radiodifusão internacional, a queda da bolsa de Nova Iorque gerando crise econômica internacional e pânico indescritível; a chegada dos antibióticos, todas essas coisas publicadas com entusiasmo e moderação para um público que começava a perceber que ainda veriam muito mais.

Era uma época de expansão extraordinária, tanto mais notável quanto menor era a nossa capacidade de imaginar o que estaria por vir. A aprovação do novo Código Eleitoral brasileiro, que instituía o voto secreto e o direito das mulheres votarem e serem votadas; os dias maravilhosos da organização da primeira Copa do Mundo de Futebol; o cinema de Mae West, a dança do Charlestown, a orquestra de Glen Miller, a Aquarela do Brasil de Ari Barroso, Pablo Picasso e as diabruras de Salvador Dali. Os horrores da Segunda Guerra Mundial com a invenção mais trágica do Homem, a bomba atômica, que arrasou as cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima, oferecendo à Humanidade uma síntese de sua crueldade.

O tempo é formador de notícias e estas fazem a história para a posteridade. O Homem foi à lua, inventou a minissaia e enquanto o ditador Franco morria na Espanha a ditadura era instaurada no Chile, na Argentina e no Brasil. E se dermos um salto maior chegamos a Bill Gates e Paul Allen que fundaram a Microsoft, a maior empresa de software do mundo. Nasce o primeiro bebê de proveta, cai o muro de Berlim e como pesadelo maior surge o vírus da AIDS. Isto é só o que o meu pobre cérebro pôde lembrar em algumas poucas horas de compromisso com os leitores. Poderíamos também falar da dengue, da gripe suína, das mudanças climáticas, mas trata-se de coisas mais recentes. O que pretendo mostrar é que o tempo passa rápido e com ele vamos nós, como participantes e testemunhas da História, a única coisa que sobrevive às nossas alegrias e tragédias.###

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quarta-feira, 2 de julho de 2014

 

O homem e o tempo

Saavedra Fontes

Feito borboleta de vôo incerto, levando nas asas filigranas de sonhos coloridos, imaginando-se belo, forte e eterno apesar da vida efêmera, lá vai o Homem - pobre Ser Humano -  tecendo um  roteiro a seu modo, como se o tempo fosse escravo de seus caprichos e não o inverso, essa triste verdade. Das criaturas é a mais perversa, a mais teimosa, a mais cheia de orgulho e presunção. Dotado de inteligência ele pode e deve reconhecer os seus erros e acertos, mas não é capaz manter estes e evitar a repetição daqueles. Tolhe-o no bom senso o egoísmo inato e nunca se dá conta de que não é o tempo que passa, mas simplesmente ele, viajante de muitas vidas, herdeiro de inúmeras experiências.

A maldição de Abel e Caim persiste até nos dias de hoje nas guerras fratricidas, na inveja que gera o ódio, na ambição que destrói a paz e a compreensão entre irmãos, na teimosia latente de anjo caído. O homem percebeu até hoje, que o tempo é convenção humana, criado para posicioná-lo dentro do processo histórico geral e particular, na defesa de sua identidade. Caso contrário o ele não seria o ator principal neste enorme teatro que é a vida, mas um simples coadjuvante sem nenhuma participação importante e deliberada. E se deixa levar pelas ilusões...

Mas há um momento em que tudo para e ele passa de ingênuo e tolo aventureiro a grave e circunspecto observador da vida. É quando envelhece. Não me refiro à decrepitude normal dos seres vivos, à deterioração da carne, dos músculos e dos órgãos vitais. Tampouco estou falando sobre a perda do viço da juventude e consequente tristeza, que deixam marcas reveladoras.  Quero lembrar que existe no Homem algo que sobrevive a tudo isso, e que ele vai naturalmente reconhecer através da intuição e da maturidade de seus pensamentos: a existência de seu espírito, de sua alma.

No ato de tomar conhecimento de sua vida interior, ele pode se deixar subjugar pela revolta ou crescer pelo entendimento, adquirindo aos poucos a noção de sua fragilidade. Procurando fortalecer-se, gerando para si estruturas morais condizentes com a  vontade de reerguer-se, para suportar a morte de todas as ilusões e pode defrontar-se com a realidade. É a maturidade que não nos chega obrigatoriamente com a idade, mas com as experiências diárias no exercício de viver. Não é próprio de o Homem retroagir nos conhecimentos adquiridos, mas é comum a sua rebeldia que o torna recalcitrante, tolo, pasmo e indefinido  na fase de crescimento interior. A felicidade está em compreender a finalidade da vida, que é passageira, mas maravilhosa se soubermos usufruí-la bem. E o tempo é mestre.

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terça-feira, 17 de junho de 2014

 

Quando a época é de crise

Saavedra Fontes

As ruas perdem o brilho da ensolarada alegria do verão e abastece a cidade de um ar de formalidade mal estabelecida. Os cumprimentos são pesados, medidos, o sorriso morre nos lábios fechados pela síndrome da preocupação. 

Falta o rumor dos passos apressados, o ruído de saias farfalhando, o barulho dos motores convencionais e das buzinas estridentes. Até o alarma contra roubo é falso no veículo estacionado na esquina, como é falso o bom humor do cambista, maluco pra se livrar do “pavão encalhado” ou de um “burro pela metade.

Os bares diurnos perdem o eco das vozes, habitualmente multiplicadas diante de uma garrafa de cerveja ou uma xícara de café. Um e outro frequentador assíduo se manifesta, praguejando contra as cadeiras vazias e o palco silencioso das discussões mundanas. O olhar é frio das pessoas que passam atarefadas, preocupadas com os problemas diários. É pálido o rosto do homem compromissado com dívidas cujos sonhos terminam no fim do mês... E como é louca a atitude do mendigo bêbedo, que se põe a dançar no meio da avenida, desafiando os veículos que passam e a mórbida seleção do destino que o fez o último dos homens.

Estranha é a manifestação de agrado no rosto familiar que acaba de nos acenar, taciturno e sombrio como as badaladas do sino da matriz em dobre fúnebre. Aqui, a sensação de fragilidade do homem maduro diante das raras opções de trabalho, solidariedade e compreensão. Ali, a inutilidade do gesto de tocar com os dedos a vitrine colorida e os sonhos vazios da possibilidade de consumo. Além, a extensão do remorso no pobre que perdeu a cabeça por tão pouco de forma inexplicável e brusca. A miséria e a fome. Os desejos impossíveis da criança... 

Duro é concluir que no cômputo geral existe um “quase”, essa forma de ironia que serve para separar as coisas. Quase um convite à revolta, quase um grito de dor, quase o desespero e a morte não fosse a incrível capacidade de alguns de ainda crer na vida e manter a esperança no amanhã. Mas a esperança e o otimismo sobrevivem entre os privilegiados das classes mais elevadas. 

Na hipocrisia dos que compram o seu voto por algumas promessas não cumpridas e nos olham de cima amparados no poder. Porque a  crise só atinge os pobres e miseráveis, que vivem e morrem esquecidos.

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sexta-feira, 9 de maio de 2014

 

Para que servem as lendas

Saavedra Fontes

Toda lenda é um disfarce da verdade. Da mesma forma que a parábola ela encanta pelo imaginário poético, ensina e nos ajuda a viver. Recordo-me de uma história que ouvi não sei onde, contada não sei por quem, que retrata com fidelidade nossa relação com o destino, com os anos, com os séculos, com os milênios...

“ERA UMA VEZ um velho rei de um lugar distante, que ambicionava ampliar seu reino, que estava ficando pequeno para os seus súditos que nasciam todos os anos. Das ameias da muralha de seu castelo olhava diariamente a linha misteriosa do horizonte e sonhava. Debilitado pela idade não se aventurava a enfrentar mares desconhecidos e só possuía duas filhas, que sendo mulheres não poderiam fazê-lo. Precisava encontrar terras além-mar, para gozar a glória da conquista enquanto ainda vivo fosse. Suas filhas, entediadas com a vida na corte, convenceram-no a confiar-lhes a perigosa missão.

Mandou construir enorme veleiro para elas, incluiu-os na velha frota, hasteou no mastro a bandeira com arma e brasão real. Exigiu que pintassem no casco o nome escolhido para a nova embarcação: TEMPO. Imaginou que batizando o navio com tal nome influenciaria a marujada a correr. A filha mais velha, bela, altiva e corajosa chamava-se ESPERANÇA, e já dera provas de seu valor. A segunda recebera no batismo o nome de FÉ, era também formosa, apenas um pouco tímida, recorrendo muitas vezes ao amparo da irmã. Venceram com facilidade a primeira etapa da longa viagem. Notaram que o barco era forte, resistente e muito veloz.

Depois de ultrapassarem vagas enormes, tempestades e calmarias enfrentaram doenças e tragédias, ameaças de motins e constantes períodos de desânimo, pois a rota era desconhecida e a viagem longa, muito longa... Os suprimentos foram ficando escassos, muitos morreram e poucos chegaram ao destino. Ao desembarcarem tomaram posse da terra em nome do rei, seu pai. Seduziram o gentio e fundaram colônias.

Ao tentarem voltar para comunicar ao velho rei o sucesso da empreitada verificaram que o grande veleiro, fundeado a certa distância, recusava-se a voltar. Solta as amarras escapou ao controle do timoneiro e seguiu a corrente, que o afastou lentamente dos olhos de todos. Como um navio fantasma penetrou  na penumbra marítima e desapareceu de vez.

E o velho rei, alquebrado e doente, morreu sem saber que havia perdido o TEMPO e suas diletas filhas ESPERANÇA  e FÉ. Esta, às vezes indagava se o navio havia afundado, mas sua irmã ESPERANÇA dizia que não, que o tempo não fora feito para naufragar, apenas para navegar. 

Perdemos o TEMPO, dizia a mais velha, mas podemos construir um novo. E ficaram famosas pela determinação. Que seja sempre assim, que o tempo passe, vá embora, mas nos deixe a esperança e a fé. Para isso é que servem as lendas...###

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segunda-feira, 7 de abril de 2014

 

A cegueira do homem moderno

Saavedra Fontes                                        

 Às vezes nos perguntamos por que pessoas de extraordinário valor, exemplos de vida em sua época, têm menos notoriedade e são menos reconhecidas do que astros e atletas, que nada fizeram de importante para a Humanidade a não ser diverti-la, embalando-a no mundo dos sonhos e da fantasia. Seriam a vaidade e a ingenuidade inatas no Homem, sempre dispostas a iludi-lo, impedindo-o de ver que somos frágeis passageiros em fase de evolução, as razões dessa insensatez? Seria o Ser Humano tão recalcitrante nos seus erros, a ponto de não haver eliminado as raízes de sua queda do Paraíso? É característica nossa reconhecer as boas obras, enaltecê-las, aplaudi-las quando resultado de sacrifícios, mas sempre a colocamos como sendo normais e próprias do dever a ser cumprido. Tomamos conhecimento, gravamos na memória por imposição escolar, mas as esquecemos quase que em seguida, não as trazendo para o dia-a-dia.

Entretanto uma performance esportiva ou artística vence o tempo, atravessa os séculos através da memória histórica, sendo reprisada com relevância. Principalmente agora, modernamente, em função da mídia, transforma-se em algo inesquecível para ser imitado. É assim que homens notáveis como Oswaldo Cruz, Einstein, Sabin, Madre Tereza de Calcutá, o casal Curie e muitos outros são menos lembrados em nosso cotidiano, como exemplo para as crianças, do que o artista de cinema ou TV,  o astro de futebol ou qualquer outro esporte, que são eternamente endeusados. O homem de hoje só reconhece a fama e o dinheiro, o resto é tolice na sua concepção de vida.

Não há nada de ruim no fato de procurarmos racionalmente os prazeres da vida, mas não podemos ignorar a morte. Se não vejamos: o homem de fé tem consciência de seu futuro espiritual e acredita saber o que lhe espera depois de sua passagem pela vida; o materialista tem a certeza, como ateu que é que tudo acaba aqui mesmo, todavia entende por convicção e raciocínio lógico que tudo que fizer de bom ou de mau irá refletir no mundo do qual faz parte, atingindo-o por consequência.

A dedução correta é que devemos trabalhar para o bem comum, esquecendo nossas ambições pessoais, renovando a todo instante nossos ideais fraternos de aspirações de paz e de proteção ambiental, visando a nossa sobrevivência e a de outras espécies, que conosco habitam este planeta por enquanto exuberante e lindo. Não podemos continuar cegos ao que acontece em nossa volta, precisamos compreender que para nos salvarmos teremos antes que salvar nosso habitat, o ambiente em que vivemos, erradicando de nossos hábitos a tradição das guerras, a destruição das florestas, a poluição crescente, a pobreza nos países subdesenvolvidos, as desigualdades sociais.

Em mais de dois mil anos de civilização não houve um único momento de trégua ou paz duradoura no mundo em que vivemos. Andamos criando as nossas próprias tragédias, que para serem evitadas temos que estabelecer  uma mentalidade nova dentro de um código universal que una todos os povos, todos os credos, todas as raças num único projeto, o de mudar o mundo modificando as pessoas.

Fatos assustadores são reincidentes em todas as partes do globo terrestre, atingindo principalmente as crianças. O desemprego, o sistema educacional falido, as drogas, um verdadeiro inferno onde impera a violência e a perversidade, transformando nossos jovens em bandidos precoces. Podemos culpar a incompetência e falta de sensibilidade dos governos, mais preocupados com a rotina política que mantém os governantes no poder. Podemos acusar a omissão da família, entregue ao egoísmo e comodismo, não apontando os caminhos pelos quais os filhos devem manter-se atentos e firmes. Não podemos negar a frustração e o imobilismo do setor educacional, entregue às teorias ultrapassadas e sem o incentivo de um ideal latente.

Uma análise sincera nos colocaria todos no banco dos réus, pois na realidade somos todos culpados, permitindo a mudança de valores infectada pelos exemplos contínuos de corrupção e impunidade; pela disputa de mercado consumidor evidente nas religiões de massa, fazendo-as incapazes de manter a fé e a esperança nos seus adeptos; porque somos irresponsáveis toda vez que aplaudimos e permitimos o livre acesso às obras de alto poder corrosivo da moral, seja ela nos livros, nos jornais, nas revistas, nos filmes e na televisão; e permitimos o mau exemplo para os nossos filhos toda vez que agimos como animais num cio interminável; ou quando deixamos de oferecer uma palavra de conforto ou um gesto de solidariedade àqueles que precisam.

Enquanto tudo isso acontece exemplos de valores menores ganham destaque em detrimento dos de maior amplitude, graças aos interesses comerciais dos meios de comunicação com alto poder de penetração, explorando o sensacionalismo e o escândalo como forma de superar a concorrência. A vida passa a ser um espetáculo de vaudeville, aparentemente alegre, sem sentido, banal, para simplesmente ser levada enquanto o coração e os pulmões a suportarem. Alternam-se os atos com a mudança da moral e dos costumes, como se a experiência particular de cada autor refletisse uma verdade única insofismável, que vai atingir acintosamente a maioria simplória, triste e despreparada da população. ###

 

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Crônicas do Whisner Fraga

 

 

Uma noite

Whisner Fraga é escritor.


Os pingos repisam o telhado de alumínio de uma construção aqui perto. O barulho não incomoda, mas é o bastante para me acordar. Ainda um pouco perdido, entre a indigência e o sonho, afino os olhos, descontamino a audição e estou quase pronto para me levantar. Sou curioso com chuvas. Os pés combinam o frio com o chão. O vento atiça a janela, que uiva. Olho para o lado, corro ao outro quarto: tudo dorme.
Não quero atrapalhar a mansidão da noite. Então vou para a sala. Desembaraço as franjas da cortina, contendo a ansiedade. Um cheiro de trinta anos me traz a criança de novo. O capim recém-podado sua uma verdade verde, distante. A fome então era vergonha e era comum, mas todos se ajudavam: havia horta por todo o canto, havia compaixão.
Minha mãe areava o piso e os solventes nos pegavam desprevenidos. Tomávamos leite depois, pois não sabíamos o que aquela química podia provocar na gente. Química ainda era algo místico para nós. Mas dava gosto ver o brilho mais tarde, a casa inteira resplandecente para as visitas que jamais tínhamos.
E aquela água toda era um flagelo: o mato que tomava um tempo do jardim. Tudo aquilo gostava de chuva e as pragas também. A noite não chega a ser assim, porque abro a veneziana e sugo a incoerência das horas estagnadas. Há um cerco de prédios e o concreto não é bom de prosa. Fazia um tempo que não chovia e agora era como andar de bicicleta: tudo brotava com naturalidade.
As gotas martelam espuma. Deve ser quase dia, mas eu não estou curioso para saber. É bom estar sozinho, é bom ser assombrado pelas lombadas de obras que jamais lerei. Um sobressalto quando penso que tudo aqui poderia estar inundado pela ignorância de uma enxurrada. Seria ruim que as letras que nunca lerei fossem carregadas da leitura de outros. Isso não saberemos. Só podemos saber um tantinho do agora. E mesmo assim muito pouco, quase uma fofoca.
Não me importa se não volto para a cama. A fragrância daquela poluição lavada é muito diferente da outra, de trinta anos. Tampouco a chuva é a mesma. Mas a memória preenche essas lacunas e transforma essa mistura em lembrança. Onde estão agora esses ruídos, essa condenação, esses fracassos que me despertaram? Onde estão os odores que enclausuramos em cada desapontamento?
A chuva. Ah, a chuva passa.

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segunda-feira, 11 de julho de 2016

 

O inato despropósito de incomodar os outros

Whisner Fraga é escritor. -ALAMI -


O casal ia distraído, imerso em uma felicidade particular, exteriorizada pelos comentários insignificantes, ditos baixinhos, pelos olhares, um pouco cúmplices, outro tanto narcisistas, pelas gargalhadas. E, é claro, a alegria alheia incomoda. Foi assim que um senhor os abordou. Parei ali perto para acompanhar os desdobramentos dessa impertinência.
– Vocês sabem que têm uma qualidade muito bacana, mas um defeito grande? –disparou o homem aos dois.
Os três se estudavam, achei que aconteceria uma retaliação ou pelo menos aqueles que vinham contentes ignorariam o comentário e continuariam a caminhar. Mas não. Houve silêncio durante um tempo razoável. Até que a curiosidade vence:
– Como assim?, o garoto replica.
– Vocês são lindos. Essa é a qualidade. E sabem disso. Esse é o defeito.
Pensei comigo que saber de algo não pode ser um problema. Nunca poderá ser. O que fazer com algo que sabemos, aí sim, pode ser complicado. Mas o casal parecia que não dava a mínima para o mundo e, sob meu ponto de vista, isso é algo bom. Continuei rondando. Levantava a cabeça para o céu, folheava um livro, mas desconfiava que os três sabiam de meu intuito. Será que o garoto ia prosseguir? A moça seguia abraçada a ele, em silêncio, orgulhosa do namorado.
– Obrigado, decidiu o rapaz, envaidecido com o elogio.
Parece que não ligaram para a crítica. Achei bom. O casal, sabedor de sua beleza, convencido da importância para eles próprios de sua graça, não se deram conta da crítica. Simplesmente a ignoraram. Absorveram muito bem o elogio – para eles talvez uma constatação apenas, e assim julgaram aquele homem uma pessoa boa e sensata.
Como defendi, eles sabiam que eram bonitos. Que mal há nisso? Há tanto tipo de beleza por aí! E, imagino, que eles se considerassem belos apenas um para o outro, que é o que realmente importa. Escrevo isso porque, sinceramente, eles não poderiam ser encaixados nesses padrões de beleza impostos pela indústria hoje. Não eram tão magros, não eram tão altos, não eram tão claros. Mas muito bonitos, tenho de concordar com o senhor ranzinza que os abordou.
Mas não defendo a abordagem. Sou a favor do livre direito de se caminhar pelas ruas de qualquer bairro sem ser assediado. Sou a favor da felicidade, doa a quem doer. Sou a favor do abraço e do passear sem destino, a favor do sorriso, dos comentários banais e da beleza de acordo com os critérios de quem a vê. O casal era lindo, mas isso só interessava a ele.

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terça-feira, 28 de junho de 2016

 

Domingo, de manhã

Whisner Fraga - ALAMI

Nasci num domingo, o que talvez explique um pouco essa melancolia levemente pragmática e esse vazio indômito e persistente. Corro ao calendário: Helena veio à luz em uma terça. Preocupo-me com o que deixarei para a menina, porque aquela utopia de mundo melhor e pessoas mais civilizadas caiu por terra, como esperado. Pergunto a Ana se o fato de termos tão poucos amigos não seria muito prejudicial para uma filha única. Aparentemente seria. Mas o que fazer?

Apelo para a memória e não consigo encontrar o momento em que a timidez me forçou a essa convivência limitada. Não que eu não goste do silêncio e da solidão. Até porque todos concordam que o isolamento é muitas vezes necessário, para que consigamos raciocinar longe do ruído recriminador e moralista dos outros. Helena aprenderá isso, mas espero que saiba dosar essa necessidade.

– Você não quer que busquemos a Duda para ficarem aqui em casa?

Dá de ombros a menina e sai em disparada para o quarto. Pouco depois traz alguns bonecos e pede para que brinque com ela. Sou ruim de brincadeiras infantis, mas cedo. É quase um sacrifício abandonar o livro, mas ela já não me deixava seguir a leitura.

– Papai, não é verdade que as folhas parecem pássaros?

Helena e sua curiosidade nos arrastam para outras suposições, para outros desdobramentos. Então está frio e, uma criança, o apartamento fechado, os gatos indóceis e a poluição são ingredientes certeiros para a rinite. Helena chega com o nariz entupido e decido que precisamos sair. São Paulo não é boa com as crianças: tudo é longe e demorado. Mas devemos passear: a casa se enjoou de nós e também precisa de solidão.

Vamos para o parque da Água Branca. Lá, a feira de alimentos orgânicos, as copas das árvores, o cheiro de bosta de cavalo, a companhia dos pombos, pavões, patos e gansos nos trazem de volta uma harmonia quase desesperada com a realidade. Tomamos um café supostamente mais puro, comemos um ovo mexido supostamente livre de antibióticos e outras ameaças. Em determinando instante, não temos escolha: o que havia para ser feito foi feito e precisamos voltar para o ar insalubre de nossa sala.

– Papai, você me ajuda a escolher outra meia, que esta molhou?

Não há meias o bastante no baú: esta não serve, esta também não. Ela quer uma antiderrapante com o desenho da Marie. Só que essa não existe, talvez nunca tenha existido. Se ela tivesse alguma amiga por perto talvez pudesse falar de sua frustração por não ter uma meia antiderrapante com o desenho da Marie. Decidimos que vamos ligar para a mãe da Duda e que buscaremos uma companhia para nosso domingo. Vamos contar a novidade para Helena, mas ela está encostada em uma almofada. E dorme.

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segunda-feira, 30 de maio de 2016

                                   

Duas séries  
Whisner Fraga 

 

A natureza dos relacionamentos humanos é essencialmente baseada em estruturas de poder, algumas consolidadas e outras em construção. Isso não é, aliás, exclusividade da espécie humana, mas não entrarei nesses meandros para não me alongar nessa discussão. Assim, o que ocorre hoje na política brasileira é somente um exemplo ou uma aplicação prática um pouco mais ampla e divulgada do que acontece num contexto menor na sociedade.

Traduzindo: essas intrigas, as trocas, os conchavos, as fofocas, as compras de votos, as traições, os vazamentos, permeiam toda a extensa fauna de conexões que construímos do nascimento à morte. Esses joguinhos quase intelectuais fazem a alegria de qualquer coletividade, desde a infância. Não existissem não seriam erigidas tantas filosofias e religiões e poderíamos focar na busca da felicidade e outros acasos.
Então, nesse contexto, eu tiver de manter o equilíbrio e parar de ler jornais e de acompanhar as notícias em geral sobre nosso país. Uma decisão razoável, embora tenha de lidar com a natural curiosidade sobre o que acontece no senado. Aí fui para o Netflix. Mais especificamente ao encontro de Houseofcards e de Orange isthe new black. Evidentemente para continuar com um pé na realidade.
Comparam o deputado de Houseofcards, Frank Underwood com o nosso Eduardo Cunha. Acho que foi a analogia mais comentada por aí. Não sei se é o caso. Underwood, sem dúvida, é muito mais carismático e os arranjos que ele tem de fazer bem mais complexos. A proximidade entre a mídia e a política é bem retratada na série, a menos de alguns eventuais exageros, que no frigir dos ovos fazem parte da ficção.
Orange isthe new black é mais ousada, mais inventiva. Não se prende a convenções. Quero dizer que bobagens que fazem os telespectadores das novelas brasileiras corarem não servem nem de introdução ao assunto por lá. Gosto dessa abordagem com toques surreais. Como em Houseofcards, há várias inovações narrativas.O trio clichê sexo-poder-grana marca presença o tempo todo em ambos os casos, mas não atrapalham o roteiro.
Acho que muitos brasileiros ainda não podem abandonar a TV aberta, infelizmente. E mesmo se pudessem, acho que sintonizariam as novelas em seus respectivos horários, normalmente. Uma questão cultural. Os mesmos telejornais de sempre, herdados dos avós. De minha parte, sempre recomendo a todos um passo além. É saudável. Amanhã retomo as leituras dos cadernos políticos. Mais leve, mais crítico ainda.

Whisner Fraga - ALAMI

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

 

Whisner Fraga é considerado um dos expoentes da geração zero zero.

whisnerfraga@yahoo.com.br

Carlinhos ajeita o braço de Pedro nos ombros da mãe. Mãe é colo. O menino se aquietae avança em seu sono cômodo e legítimo. O barulho, a música, o céu encrespado não o incomodam. Uma toalha cobre as costas nuas da criança e sua cabeça repousa na segurança da mãe. Mãe é colo. Pedro nem de longe lembra o menino arteiro e festivo de minutos antes. Cansou de levar o peso das coisas. Uma criança de dois anos não deveria ter fardo nenhum para transportar. Mas tem. É preciso entender e respeitar a carga de cada um.
A água está hostil. As ondas encrespadas surram o casco da embarcação. Nos equilibramos naquele marulhar sonolento, à espera dos peixes. Carlinhos desiste da pescaria e resolve se sentar ali perto de nós, ajudando na troca de anzóis. Estamos todos, até onde possível, em silêncio. Bebericamos uma cerveja enquanto os lambaris se escondem na bacia. Em breve serão iscas. Meu irmão, mais experiente, já está no terceiro tucunaré. Não temos inveja, pois a bebida está gelada e o dia está bonito.
É o último dia do ano, embora não saibamos ao certo o que isso significa. Não há ninguém saudoso, aparentemente. O vento se esfrega em nossa cara. De repente, algum animal espreita entre os arbustos. É raro algo silvestre se esgueirar pelos barrancos. Há muitos resorts transgredindo todas as leis de conservação ambiental. O bom é estar bem perto do rio e algumas toneladas de concreto não fazem diferença em nada. Algumas multas não tiram a vontade de viver. É o que devem pensar.
A chuva nos rodeia e um chuvisco nos pega de surpresa, nos refrescando. Há cerveja para todos e ela está gelada. Pedro vai para o colchão arrematar o sono. Miltinho cochila na proa. Dali a pouco, se as traíras não aparecerem, iremos para outro ponto. Ainda não se consegue interpretar precisamente o comportamento dos peixes, de forma que é preciso esquadrinhar o rio. As linhas se entrelaçam, mas não importa. Recolhemos os anzóis e trabalhamos os nós.
De vez em quando uma canoa atravessa. Um barco. O movimento não é grande. Esperávamos mais gente no último dia do ano. Não que desejássemos um rio cheio de naus. Sei que em breve haveria um réveillon, mas isso não me comove. Os calendários, como bem se sabe, são todos ficção. E só me sensibilizam ficções mais elaboradas. Quantos papas se meteram nessas minúcias? Quantos legisladores? Nem a simbologia do ano novo é instrumento que valha.
Em breve seria réveillon e eu talvez dormisse um pouco mais cedo do que de costume, devido ao barulho estúpido de rojões manchando o céu. Não gosto de ruídos inúteis. Findo o passeio, convoco Ana e Helena. Minha mãe também retorna conosco. Com o correr dos anos, não nos importamos mais com essa história de ano novo. Calendários são ficção. E o tempo?

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terça-feira, 8 de setembro de 2015


Feliz aniversário

Whisner Fraga é escritor.


Hoje Helena completa quatro anos e não vou dizer que esse tempo passou rápido demais, porque não quero difundir clichês. Mas que passou, passou. Quando ela nasceu, fiz uma promessa: escreveria um diário para ela. E, dia após dia, durante um ano, relatei algo de sua vida em um caderno improvisado. Não que o empenho tenha arrefecido, mas depois fiquei desleixado. Anotava, vez ou outra, o que ocorria, apenas os eventos principais: primeiros passos, primeiras palavras, primeiros sintomas de que fazia parte mais ativamente da humanidade.
Hoje ela faz quatro anos e, se formos pensar, cometemos inúmeros erros em sua educação. Não há mais tempo para corrigi-los, pois sabemos que uma cabeça se molda nesses anos introdutórios. Todavia, também estamos conscientes que acertamos muito. Afinal, a existência é mesmo assim: não há aquele que sempre acerta. O mais importante é sabermos discernir, nessa educação falha (como toda educação), onde teremos de atuar. Não sou idealista a ponto de achar que com diálogo tudo se resolve, mas que ele é uma boa ferramenta, isso é.
E é bom que se diga que optamos pelo diálogo. Com frequência nos sentamos com a menina e conversamos. Tentamos explicar até aquilo que, aparentemente, não está ao alcance de sua moral em formação. Algum dia, quem sabe, ela pode se lembrar do que orientamos e atuar em prol de seu aperfeiçoamento?Parece-nos que estamos aqui para nos aperfeiçoar. Para quê, afinal? Não importa. Para alguns, é um preparo para o que virá. Para outros, não é nada. De alguma maneira, entretanto, o importante é o respeito ao próximo.
Não somos radicais com nada, pois parece-nos que, assim, ela terá suas chances de escolhas respeitadas. Pensando bem, nunca fomos radicais em nenhum tema. Hoje ela faz quatro anos e já dedica seus vinte minutos diários a mandar mensagens no whatsapp. Aliás, aprendemos a usar esse aplicativo como auxiliar em sua alfabetização. É divertido. Hoje ela faz quatro anos e já me pede para ler livros junto a ela. Hoje ela faz quatro anos e faz muita birra por motivos fúteis. Hoje ela faz quatro anos e alugamos um pula-pula para que ela possa extravasar seu vigor infantil.
Queremos que ela seja feliz. Acho que o fundamental nessa vida é buscar a felicidade. Evidentemente que ela não pode vir às custas do sofrimento alheio, consideramos isso. A segunda coisa mais importante nessa breve existência é saber respirar. A terceira, contar. A respiração é o segredo para quase tudo. Se estamos irritados, basta respirarmos fundo, contarmos até cem, pausadamente. Certo, Helena? É imprescindível saber contar até cem, mesmo com quatro anos. Quer trazer desaforo para casa? Traga, traga sim. Faça suas escolhas.
Esperamos, Helena, que você seja feliz. E que aprenda com a felicidade. Aprenda sempre, com tudo. Esperamos, Helena, que mesmo com oito, com quinze, com quarenta anos, você venha nos dar o abraço amoroso e o beijo libertador, pois só você, como filha, sabe nos dedicar esse carinho que nos fortalece diante de um mundo cão.

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Marcadores: Whisner Fraga

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

 

Um dia de pai

Whisner Fraga é escritor.

A criança se agita na cadeira de rodas. Beethoven incomoda. O pai acarinha os cabelos da criança. Pelo menos eu imagino que seja o pai. A julgar pela brandura, pela paciência e pela dedicação, só pode ser o pai. Tento não olhar muito. O ambiente está atulhado de pessoas discretas e não quero me destoar delas. O maestro se esforça. Imagino que deve ter regido mais de cem vezes aquela sinfonia. Por isso está concentrado, mas distante. Não consegue mais se emocionar com os acordes.
A música vasculha nossa consciência e nos entregamos. De repente, experimento uma melancolia, uma pequena depressão. Lembro-me que minha filha não foi conosco e sinto saudade dela. O amor é uma ferida aberta na qual borrifam limão. Arrisco novamente uma espiada e o menino agora está no colo do pai. Pondero que não há nada mais enigmático do que a paternidade. Estamos impregnados de genes alheios. Somos muito pouco nós mesmos. Vivemos os outros dentro de nós.
Penso nos pais que morreram e isso aliado a um coro que canta “An die Freude” me deixa um pouco mais triste. Recordo-me de meu cunhado, que faleceu de Chagas. Só ele sabia preparar o leite do jeito que minha sobrinha gostava. Os pais têm esse dom da exclusividade. Os pais mortos são persuadidos a experimentar a santidade, porque não podem mais errar. Viro o rosto uma vez mais e a criança agora está calma, o que é estranho, pois a nona está chegando ao clímax.
De meu pai carrego a memória dos voos. Pirralho, eu o acompanhei de Ituiutaba a Barra do Garças. Se não me engano, porque a gente vai amalgamando invenções ao que aconteceu de fato. E a verdade passa a ter um toque de fantasia, de liberdade, embora não deixe de ser verdade.Era um avião pequeno, um teco-teco, e talvez passássemos alguns apuros, quem sabe? Fica o toque límpido dos rios, quando eu tentava alcançar a boca dos peixes com o anzol inexperiente. E nunca exumei um piau daquelas águas.
Pai é esse padecimento, esse paradoxo. Havia ainda as aprendizagens, quando eu montava o trator e desandava pelas escarpas da fazenda do patrão, sob os olhares vigilantes do velho. Naquela época já era velho. “Além do céu estrelado, mora um pai amado”, entoa o coro, em alemão. Mais um pouco e as palmas rebentarão. O público quer a sua hora. O pai ajeita o filho, sabe que terá de carregá-lo até o carro, mas não se preocupa. Teve uma noite esplêndida. Só espera que vivam para sempre, que saboreiem indefinidamente essa proximidade. Só espera que vivam para sempre, embora saiba que isso é impossível.

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Marcadores: Edgar Franco, Whisner Fraga

sexta-feira, 5 de junho de 2015


Como desviar à atenção do expectador para uma cena que nada acrescenta ao roteiro

Whisner Fraga

 
Flagraram o deputado com o dedo no iPhone. O dedo no iPhone bolinando os peitos de uma atriz pornográfica durante uma sessão na câmara.
Ah, estou inventando. Não sei se era um iPhone. As imagens que vi do episódio estavam borradas. Propositalmente borradas. Também não sei se ele acarinhava, com a ponta do indicador, os peitos de uma atriz pornográfica. Não sei sequer se ele assistia a um filme pornográfico. A imprensa não foi muito convincente a respeito.
Mas o deputado olhava para a tela de um celular. Isso sim. E depois este deputado convidou para perto outros companheiros parlamentares, que atenderam ao chamado. A julgar pela atenção que dispendiam ao que passava na tela do telefone, podia se tratar sim de um filme pornográfico.
O assunto que era discutido pelos políticos era, de fato, enfadonho. Reforma política. Talvez os nossos representantes pensassem que se tratava de um jogo de cartas marcadas. Talvez nossos deputados estivessem cansados dessa brincadeira suja a que denominam política. Talvez nossos deputados sejam viciados em filmes pornográficos, só isso.
Parecia haver algo mais interessante para se fazer do que ouvir políticos se divertirem com reforma política. E se havia algo mais interessante para se fazer: ora, por que não?
Flagraram o deputado encarando a tela de um telefone celular. Ao que tudo indica, assistia a um filme pornográfico. Em vez de se aprofundar sobre o tema em votação, talvez de relevância para a sociedade, o repórter preferiu se ater a um filme pornográfico a que um deputado assistia. Me veio a curiosidade: o repórter que registrou a cena já viu algum filme pornográfico em seu horário e local de trabalho?
Flagraram um deputado rindo de Marin e da CBF, mas não do futebol, porque é torcedor devoto do Corinthians. A imprensa não noticiou.
Flagraram o deputado confundindo o botão do painel de votação com um botão do sistema operacional de seu celular. Dizem que o engano é frequente, dada a complexidade tecnológica dos aparatos da casa.
Flagraram o deputado confraternizando com seus amigos, enquanto Eduardo Cunha, que não congraçava com ninguém, mandava e desmandava na câmara. O assunto era desimportante: reforma política. Como foram desimportantes outros assuntos que passaram triunfalmente pela assembleia: maioridade penal e a lei das terceirizações.
Enquanto flagravam o deputado assistindo a um filme supostamente pornográfico, a câmara aprovava o fim da reeleição e a doação de empresas a partidos políticos. Eu acho que a imprensa apenas conseguiu, com a ajuda do deputado que via um filme pornográfico, desviar a atenção do povo para o assunto verdadeiramente irrelevante.
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Marcadores: Whisner Fraga

segunda-feira, 30 de março de 2015

 

Velha amizade

23 de março de 2015

Whisner Fraga é escritor. 

Contato: whisnerfraga@gmail.com


Parece ser corriqueiro, acontece com todos: dormimos um dia, trabalhamos no outro, almoçamos, resolveu problemas, buscamos os filhos na escola e, de repente, se passaram quinze anos. Nessa brincadeira desfilaram prefeitos, governadores, deputados, presidentes e nos posicionamos segundo nossa cultura e nosso interesse. Amigos vêm e vão e nossa preocupação se concentra mais na família e nos colegas de trabalho. Nossos círculos se estreitam, esquecemos temporariamente os companheiros da infância, perdidos, como zumbis, no cotidiano.
Naquele dia meu amigo Joãozinho chegaria a São Paulo e combinamos que eu passaria mais tarde no hotel onde se hospedara. Nós, humanos, sempre falamos sobre o valor da amizade, mas o fato é que, depois de certo tempo, parece que pregamos para paredes e as paredes somos nós. Talvez seja a correria da capital, o cansaço, não sei. É como se não tivéssemos mais toda aquela disposição para cultivar as amizades. Então se passaram quinze anos, talvez, sem que nos encontrássemos, nós, que fomos como irmãos na infância.
Continuamos irmãos, é claro. Considero Dib, Merched também minha família. Não canso de dizer que parte de minha educação me foi passada por essa família libanesa, que tanto me ensinou. Aprendi com eles o amor aos animais, o respeito ao mais velho, a reverência à cultura de seu país, o apreço ao trabalho, à justiça. Aprendi muito mais e não tenho receio de dizer que parte do que me tornei devo a eles.
Fomos para um restaurante e lá, é óbvio, nos lembramos de como foi uma parte de nossas vidas. Não com aquele saudosismo doentio, mas com alegria. É bom encarar o passado como o que ele é: algo que passou e que deve ficar lá mesmo, para pesquisas eventuais. Muito do que passamos se perdeu: pessoas morreram, sumiram, foram tragadas por suas urgências, mas de alguma maneira ainda estão lá, no que viveram conosco.
Mas nada parecia superar as lembranças sobre futebol. Acordávamos às cinco da matina para jogar bola. Quando acordávamos, é claro. Muitas vezes eu não conseguia e chegava às sete, oito, para a pelada. Batíamos bola durante 8 horas seguidas, debaixo do sol escaldante de Ituiutaba. O Sílvio, diretor da escola Polivalente, amante do futebol, incentivava. Era sábado e ele nos deixava entrar – os colégios eram mais abertos à comunidade do que são hoje.
Ainda jogo. Dois dias por semana alguns colegas se reúnem aqui para uma pelada. Claro que agüentamos correr apenas uma hora, no máximo. Não temos mais aquele pique da pré-adolescência. Naquela quarta faltei ao compromisso para jantar com meu amigo. O futebol da memória foi mais empolgante do que o verdadeiro. Ficamos lá por horas, cada qual se lembrando de episódios daqueles anos 1980. Parecia que éramos vizinhos novamente e que as madrugadas de sábado seriam reservadas para as peladas no Polivalente.

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Marcadores: Whisner Fraga

quinta-feira, 6 de março de 2014


 

In memoriam

Whisner Fraga

Para uma criança, presenciar aquele senhor oferecendo a sua mansão em troca de uma casa de classe média, recém-construída, está claro, mas ainda de classe média-baixa, era coisa séria. Moleque leva tudo a sério demais. Fato é que, quando ele me pediu a opinião, fui taxativo: não. Eu gostava de meu quarto, que dividia com dois irmãos e que devia ter uns três metros quadrados de área útil, descontados os espaços ocupados pelas camas e pelo guarda-roupa.

Mais tarde, na adolescência, me aproximei mais deste senhor: cheguei a trabalhar para seu filho, em uma vídeolocadora. Aos sábados, o estabelecimento funcionava o dia todo, até o final da tarde. Não eram raras as aparições do pai de meu patrão, que me pedia que colocasse um filme para a gente assistir. Como o movimento era fraco depois das quatro, era sempre possível.

Certa vez, estávamos a ver "Trocando as bolas", com Eddie Murphy, um blockbuster bem previsível dos anos oitenta, hoje quase um clássico, quando começaram a desfilar mulheres de seios de fora pela tela, o que nos assustou bastante. Daí que ele quis checar: você colocou um filme de sacanagem? E terminamos por rir do mal-entendido. Acho que ele sabia que a Dona Dagmar, sua esposa, não aprovaria a atitude e, é claro, tampouco alguém de minha família.

Para mim, ir à Agropecuária Vianna do Castelo era uma aventura. O escritório situado no Edifício Ituiutaba, tinha tudo que representava o sonho de um jovem que sonhava com a literatura: a assinatura da revista Visão, duas ou três máquinas de datilografia e papel à vontade. É claro que eu passava apressado pelas colunas políticas da Visão para chegar logo aos textos sobre cinema e cultura. Eu não sei se o Sr. Bete, como o chamávamos, se interessava por artes, mas atesto que ele era um leitor atento, a julgar pelos óculos que nunca abandonavam os olhos fixos no jornal do dia.

Minha família deve muito a ele e se eu deixo para contar a razão no final desta crônica, é porque sempre foi muito difícil falar sobre o assunto. Minha mãe precisava urgentemente de uma cirurgia no cérebro e, é claro, não tínhamos dinheiro o suficiente para bancar a intervenção. Veio o Sr. Bete em nosso auxílio: bancou hospital, viagem e tudo o que não tínhamos direito. E pagou, até onde sei, os melhores médicos do país, pois o trabalho foi tão bom, que minha mãe não ficou com nenhuma sequela. 

Devemos muito ao Gilberto Cancella, mas, de minha parte, nunca poderei pagar, pois soube que ele faleceu no final do mês passado. Fiquei triste, como se fosse um amigo que partia. Durante muito tempo acalentei o desejo de voltar ao oitavo andar do Edifício Ituiutaba, para revisitar um pedaço da história deste senhor, mas acho que ela é muito mais bonita e interessante onde está: em minha memória.###

Whisner Fraga - ALAMI - Cadeira 58

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

 

Mitos tijucanos

*Whisner Fraga - ALAMI                         

 

          As prostitutas ou meretrizes ou hetairas ou cortesãs ou rameiras ou quengas ou, mais modernamente, garotas de programa, sempre colonizaram o imaginário dos homens, em todas as épocas e em todos os lugares. O sexo, principalmente nas cidades mineiras interioranas, é um tabu, o que serve apenas para avivar nossa curiosidade com relação ao assunto. Tratado assim, desde criança, aprendemos a relacionar sexualidade com proibição, o que pode ser bem ruim.

          Isso tudo para chegar a um boato: a existência de um prostíbulo em Ituiutaba. Antes de seguir, gostaria de deixar claro que entendo toda a questão da exploração sexual, do feminismo e as demais nuances relacionadas ao uso do corpo como forma de negócio. A questão é que estou escrevendo uma crônica e tento simplesmente relatar fatos, adicionando a eles uma interpretação rasteira de minha visão de mundo e uma mentira ou outra. Esclarecido isto, defendo que a voz do povo é a voz de Deus. Se comentam por aí que há um lupanar engastado em alguma casa afastada da minha cidade natal, é porque deve ser verdade. E fofocam muito sobre isso.

          Fato é que desde minha adolescência sempre tive medo dessas mulheres que extraem lucro do próprio corpo. Fui educado para ser um cavalheiro e, de acordo com minhas leituras e dogmas, isso engloba o prazer feminino também. Como satisfazer uma dama de bordel era questão sem resposta, que cotidianamente eu me impunha. De modo que corria a notícia da existência de uma casa gerenciada por um tal de Jorginho, um negociante homossexual, cujo nome e ações saracoteavam de boca em boca.

          Não verifiquei por mim a existência de tal empresa, primeiro porque a idade me proibia, segundo porque havia a questão do temor. Mas, sendo ou não verdade, o certo é que ouvi tanta maledicência sobre randevus tijucanos, que, de certa forma, isso me ajudou na construção de minha base moral, baseada na aceitação e na crítica a uma cultura que fazia parte do meu tempo. Foram coronéis, casados, pais, que sustentavam putas, foram xerifes que exigiam exclusividade, foram menores presos com a boca na botija, foram moças lindas, encantadoras, desgarradas da família que adotaram a libidinosidade como meio de vida. Mitos inculcados em minhas confusões.

            De maneira que esta semana, lendo um jornal do início do mês, fiquei sabendo da morte trágica deste mesmo Jorginho, alvo dos boatos citados no terceiro parágrafo. Para mim, todo falecimento é um acaso muito triste e me senti chateado com a notícia do assassinato. Lembro-me, e novamente ressalto aqui que não sei se o evento aconteceu de fato ou se faz parte da mitologia, de certa vez que Jorginho saiu com uma fantasia espalhafatosa pelas ruas ituiutabanas, durante um carnaval. Fantasia caríssima, que fazia frente àquelas usadas pelas musas do carnaval carioca. Eu não vi, portanto não posso dizer se foi acontecimento verídico. Tantos e tantos rumores sobre ele que minha cabeça se perde agora.

            O homossexualismo ainda não foi bem assimilado em nossa sociedade, de forma que um preconceito camuflado, silencioso, ainda impera na comunidade. Jorginho certamente foi vítima do “mito da igualdade sexual”, que afirma haver uma compreensão geral que todos somos iguais. Como nos lembrou Huxley, o problema é que “alguns são mais iguais do que outros”.

            De todo modo, esta crônica é somente uma homenagem a essa figura que fez parte da história de Ituiutaba, não só pela sua atuação política, que sobre ela nada sei, mas talvez principalmente por não ter se contentado em ser um observador da vida, mas alguém que, bem ou mal, certo ou errado, preencheu, com sua coragem, páginas das lendas de minha cidade, que sem sua presença seriam muito mais tediosas.

* Whisner Fraga é escritor. 

Contato: wf@whisnerfraga.com.br

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Crônicas do Wilter Furtado

 

 

O medo, de um sobrevivente, picado por um mosquito

Wilter Furtado
               
Esta estória, tem que ser contada logo, senão ela pode morrer, juntamente com o único sobrevivente de tantas tragédias. Aconteceu em "Bobil", um País longínquo, habitado por um povo feliz. Naquele País, existiam vários hospitais públicos, com verbas do dinheiro do povo, suficientes, permitindo-lhes, sempre, ampliação e modernização de equipamentos, UTIs, instalações, ambulâncias, fornecimento de medicamentos, e; sobretudo, servidos por profissionais extremamente capacitados, em todas as especialidades médicas. Todos os profissionais, trabalhavam em horários humanamente suportáveis, eram bem remunerados, e também, muito felizes. Atendiam, e assistiam toda população, principalmente a população carente, rigorosamente em tempo e hora, marcados, com requintes de riqueza, atenção, respeito à vida e à dignidade humana. Todos eram iguais, como previa, a Constituição do "Bobil"!
               É bem verdade que aqueles hospitais, jamais estavam lotados, porque as políticas educacionais, de investimentos, de saneamento básico e de infraestruturas, de saúde preventiva e de pesquisas, eram tão efetivas, que pouca gente ficava doente. Quando ficavam, não eram casos complicados. Ah! aqueles hospitais, eram dirigidos por administradores, profissionais de carreira, sem vinculação política. Suas gestões, eram auditadas, as contas eram transparentes, e publicadas com regularidade. Mas, de repente, tudo estava ficando muito sem graça, porque a saúde daquele povo, era tratada, apenas como saúde, e com seriedade. Depois de muitas reuniões de bastidores, os políticos concluíram que ninguém, se não fosse político, conseguiria discutir a saúde, com tanta eloquência, sabedoria e convicção. A saúde, é coisa muito chata, quando não é tratada como campanha política, ou fonte de dividendos políticos. E assim, a saúde, no "Bobil", não resistiu aos sinais de modernidade. Precisava ser "socializada" e potencializada, como fator político. Precisava ser transformada, em projeto do poder.
               Foi ai, que a primeira desgraça, abateu-se sobre "Bobil". Contrariando a própria Constituição, a decisão política foi de "socializar" a saúde, para atender - leia-se, dominar - apenas, as classes pobres da população. O resto da população, que "se dane"! Para isso, criaram um tal de SUS - "Sistema Único da Safadagem", substituindo a educação, os investimento em infraestruturas, o saneamento básico, e tantos outros programas. Era um belo e enorme projeto, e que só os políticos saberiam gerir. E isso foi feito, substituindo os hospitais, criando-se inclusive, uma aproximação maior do político, com as classes menos favorecidas através dos P.S - "Prontos Sofrimentos", também geridos por políticos. Afinal, quem deve ficar mais próximo do povo, a saúde, ou os políticos? A partir daí, as verbas, embora maiores, já não eram suficientes. Os hospitais foram sucateados, os profissionais da saúde foram desvalorizados e desestimulados, ficando sem condições de trabalho. Era um palco de horrores. Faltavam remédios, e o que se via, cotidianamente, eram cenas horríveis de pessoas moribundas, espalhadas nos corredores; eram pavorosos, os ais, e os alaridos, de corpos contorcidos e desprotegidos, a espera de uma vaga, de um médico, de uma cama, e de um alivio para a dor da doença. Era chocante!          
               As coisas foram piorando, e o povo não tinha mais, disposição para trabalhar. Era melhor, ficar doente e assistido. As cidades, se transformavam-se em montanhas de lixo, que sem espaços adequados, ou providências enérgicas, foram se espalhando, para os terrenos baldios de especuladores, e; para o entorno das periferias, rumo à zona rural. Novas doenças surgiram, e espalharam-se rapidamente, agora, sem limites territoriais. Abria-se assim, espaços, para o primeiro ataque, de um exército de mosquitos invasores, denominado carinhosamente de "exército dengoso". Esse narrador, como a maioria da população, não conseguiu ficar ileso, da sensação de que poderia morrer, sofrendo, por dias e dias, dos terríveis efeitos daqueles ataques. Por Deus, e com a ajuda de um único defensor, chamado Tylenol, sobreviveu.
               Dai para frente, as desgraças espalhadas pelo "exército dengoso", não pararam de acontecer, principalmente nos períodos chuvosos. O "dengoso", já não teme mais, o único tanque existente no País para combatê-lo, conhecido como "Fumacê". Onde tem fumaça, é sinal de que tem fogo! Mais uma vez, esse narrador, impotente, desprotegido, sem saber como se defender, foi novamente atingido. Mais sofrimento, mais tensão, mais medo. Está apavorado! O medo maior, agora, é de que esse "exercito" de mutantes, construa, já no próximo ataque, e antes de efetivas ações dos políticos, resistências ao único herói nacional, Tylenol.  Quem, irá continuar a estória, do "Bobil" ?       
Wilter@com4.com.br    
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

 

Uma boa notícia: a "zona" vai fechar

wilter@com4.com.br
 
            Ultimamente, tem sido difícil selecionar boas noticias nos noticiários do Brasil e do mundo, principalmente quando se fala de cultura e educação. Os espaços sociais que serviam ao desenvolvimento da cultura e da formação do indivíduo estão cada vez menores, pelo fechamento de salas de cinema e teatros; pelo desleixo político com as bibliotecas e museus; pelos pífios investimentos em educação e em incentivos à cultura, às artes e à literatura, e; pela mercantilização e politização do ensino. Ocupando aqueles espaços aparecem outras formas de manifestações sem nenhum compromisso com a formação do indivíduo, com a cultura e com o desenvolvimento social. Ao contrário, são espaços ocupados pela mídia dominante para massificar o que chamam de entretenimento, extremamente nefasto à sociedade.
            Na última semana permeando o cenário consegui pinçar uma boa noticia que se for verdadeira, trará um grande ganho para nossa cultura e para o resgate do respeito às nossas famílias. Pelo o que li, em breve, será fechada uma das mais perigosas zonas anti-culturais e de alienação do nosso País, representada por alguns programas de televisão. Segundo a noticia, o reality show Big Brother acabará. Alias é brincadeira chamar aquilo de realidade, e como diria o gaúcho, chamar aquele bando de insanos de irmandade é escrachetar com a nossa inteligência. Só se for para encenar relações incestuosas como parte de nossa cultura. Denominada pelo programa de "a casa mais desejada e vigiada do Brasil" fico a imaginar o que aconteceria no seu interior se não possuísse tantas câmeras, estrategicamente colocadas para angariar audiência e faturar alto, e; sem nenhuma preocupação com o estrago que tudo que lá acontece, provoca nos lares brasileiros.
            Oxalá possamos assistir a ruína das paredes de uma casa cujo interior não retrata nada ou quase nada de nossa realidade a não ser, a inconsequência de um bando de desocupados, desestruturados e "filhinhos do sistema", buscando espaços nos camarins "globais" ou nas páginas da playboy; além dos carros e presentes que levam, pela "coragem" que demonstram para disputar um prêmio de R$ 1,5 milhão. Para acumular esse valor um trabalhador braçal que ganha um salário, gastaria um pouco mais de 200 anos trabalhando ininterruptamente. Logo, aquilo não representa realidade nenhuma.
            É de indignar. Enquanto os "heróis", "anjos" e "lideres" - personagens criadas pelo programa - vivem nababescamente, milhões de brasileiros vivem em barracos construídos nas favelas empinadas nas escoras dos morros; víveres agonizantes por falta de infra-estrutura, de saúde, de escolas; sem dignidade, à margem do emprego, da cultura e subjugados ao comando de marginais. Enquanto os "ídolos" criados pelas imbecilidades discursadas no programa, enroscam-se debaixo de edredons e de mantas riquíssimas e sobre lençóis de cetins, para a prática de bacanais e promiscuidades, milhões de brasileiros não tem sequer uma cama para dormir. Dá para imaginar o que R$ 1,5 milhão pode fazer para uma dessas comunidades?
            Faltam adjetivos para qualificar corretamente as (ir) realidades do programa e de seus participantes. Participando de festas lindas pelo luxo e dantescas pela essência, comendo caviar e bebendo champanhe francesa e whisk escocês, nus ou seminus à beira de piscinas ou nos incontáveis aposentos da casa, colocam diante dos olhos dos incautos, intermináveis seções de luxúria e pornografia, sempre regadas por um linguajar chulo e aviltante. Paradoxalmente não faltam ainda no dia a dia daqueles "herois" manifestações de intrigas, violência e de outros delitos sociais. 
            Pode ser que os adeptos de tudo aquilo digam que é falso moralismo criticar aquele programa, e que tudo se resolve com o controle remoto da televisão. Realmente, é óbvio que o programa se torna uma opção, para quem possuiu mesmo que o mínimo de formação cultural. O que se questiona é exatamente a pressão que ele exerce sobre os desaculturados, pela força substitutiva que a grande mídia exerce na socialização de tanta coisa imprestável, criando zonas perigosas de anti-cultura e deseducação.       
 
wilter@com4.com.br
                            

terça-feira, 21 de agosto de 2012

 

Onde estão nossos jovens?

*Prof. Msc Wilter Furtado
 
 
Procuro sempre, às vésperas de qualquer eleição, fazer uma análise pessoal e silenciosa sobre o futuro do nosso povo, a partir do perfil e dos discursos dos candidatos aos cargos disputados. Confesso que a cada eleição que passa essa minha preocupação aumenta, diante da degradação total e crescente que vem tomando conta do cenário sociopolítico do Brasil. Nossa sociedade chegou a níveis intoleráveis de corrupção, de falta de ética, de corporativismo, desumanização, irresponsabilidade, imoralidade, peleguismo, paternalismo, descaramento e de afronta à nossa inteligência.
            Minhas análises estão sempre frustrando as minhas esperanças. A cada dia me convenço mais que a culpa de tudo o que vem acontecendo conosco, e que em contraponto, a solução para tudo isso, está na educação. Tive o privilégio de fazer parte de uma geração de jovens, iluminados. De jovens que participavam ativamente dos movimentos sociais e políticos; que se inspiravam em ídolos e líderes - que aliás existiam - verdadeiramente engajados com as causas sociais e políticas, e; cuja educação, antes de pensar na formação profissional ancorava-se e respeitava os valores, crenças e princípios de formação do homem, enquanto indivíduo social. Uma educação em que a cultura e o conhecimento andavam juntos. Uma educação em que os jovens e as instituições, não negavam suas participações e responsabilidade em tudo e por todos.
            Infelizmente, hoje os discursos de toda sociedade são populistas, vazios, castradores, inconsistentes, aéticos, para não dizer horripilantes. Sem nenhuma inspiração filosófica, são apenas  manifestações de incompetência, acordos, conchavos e de jogos de interesses. As inspirações e aspirações partidárias não saem do seio das laudas dos Estatutos dos partidos, totalmente desfigurados pelo sistema político que por sinal, é construído pelo sistema educacional.
            Procuro suporte e esperança, nos jovens. Busco sinais, líderes e ídolos para o jovem, analisando o cenário educacional e sócio-profissional. Procuro vê-lo através de suas participações nas salas de aula e no trabalho e a ingerência que poderia exercer nos Grêmios das Escolas, nos Diretórios Acadêmicos e Empresas Júnior. Olhando mais para fora busco o jovem também nas Associações Comunitárias, Profissionais, Religiosas, na Mídia, nas Associações Culturais, no Teatro, na Música, nas Empresas, e também não o encontro, na forma esperada. Não o encontro porque estou buscando-o onde ele não está... Porque em todas as manifestações socioeconômicas e culturais, como berço, fonte e meios de sua formação política, profissional e cultural, faltam a educação e os exemplos. Afinal, onde estão nossos jovens aos quais, atribuo a responsabilidade por resgatar nossa educação política e cultura?
            Sem dúvida estão escondidos atrás da nuvem negra do nosso sistema educacional caótico. Estão a ouvir e aceitar os "filósofos modernos" de que nossa educação é excelente e que aumentamos o número de universidades - de qualidade desejável -; que temos milhões de alfabetizados, sem se preocupar que sejam alfabetizados funcionais - aqueles mal conseguem ler e escrever coisas do gênero "o boi baba", "a menina é bonita"; que não sabem voltar um troco a quem dá cinquenta reais para cobrar dezoito reais; não conseguem pensar, nem ressignificar nada. Mesmo assim, estão aprovados! São jovens felizes porque o discurso coaduna com a esdrúxula cultura que o ensino no Brasil tem que ser assim mesmo, sem qualidade, rápido e superficial, porque precisamos formar para o mercado de trabalho. Que mercado é esse que eu não consigo vê-lo fixo e concreto, se a dinâmica socioeconômica está a todo minuto mudando os serviços, os produtos, a mão-de-obra, os desejos e necessidades sociais? - São jovens condicionados a aceitar e não discutir por exemplo, o discurso de que surgiu no País uma nova classe média (40 milhões) que é a salvação do nosso povo e capitalismo, atribuindo o fato, às migalhas distribuídas pelos programas sociais; esquecendo-se de todos os fundamentos socioeconômicos que movimentam o mundo a cada instante. Ao contrário, o discurso ousa e abusa dos coitados desaculturados, e incautos, afirmando que as coisas não estão melhores ainda, por conta de um tal neo-liberalismo e de uma tal globalização.
            Estou certo que outro modelo de educação possa mostrar a nossos jovens que fazer política não é apenas participar da política partidária, e conduzi-los a uma participação mais efetiva e direta em todos os movimentos sociais. Mas precisam saber que são eles que poderão mudar tudo, inclusive a política partidária. Por isso, precisamos pensar e discutir mais, a educação nosso jovem. Precisamos conscientizar que infelizmente nossos jovens estão inseridos num meio sociocultural massificado e alienante, carente de ídolos e de líderes; um meio no qual não conseguimos localizar muitos indivíduos cujos discursos e ações, se aproximem dos fundamentos e das filosofias pregados por um Nelson Mandela, Mahatma Ghandi, John Kenedy, Juscelino Kubitschek, Madre Tereza, Che Guevara etc (poderia encher laudas). Sei que muitos não saberão do que e de quem estou falando. É porque na nossa educação e cultura estamos acostumados a perder muito tempo em discussões para explicar que o paternalismo, ainda justifica a esmagadora popularidade de uma "presidenta" que está "contenta" com tudo, desde que a educação oriente o povo para o consumo. Quero ver até quando essas situações se sustentarão!
 
 
*Wilter Furtado
wilter@com4.com.br
 
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“Queria gritar para pararmos, para descermos do Fusca e nos sentarmos na praça.”
 
Whisner Fraga 

Whisner Fraga

Íamos os quatro naquele fim de tarde, o disco do Kreator se agitando no toca-CDs: “Future now/ It’s already decided for you/ You have all you nedd/ So don’t ask for more.”. Íamos desiludidos e a música alta quase nos intimidava. Minha oração estava afiada na memória: “Choro por ver que os dias passam breves/ E te esqueces de mim quando tu fores;/ Como as brisas que passam doudas, leves/ E não tornam atrás a ver as flores”. Não ouço mais nada, nem ninguém: “Tu és o louco da imortal loucura;/ O louco da loucura mais suprema./ A terra é sempre a tua negra algema,/ Prende-te nela a extrema desventura.”

Alternava Kreator, Teófilo Braga e Cruz e Sousa. Teófilo Braga, Kreator e Cruz e Sousa. Cruz e Sousa, Teófilo Braga e Kreator. E começava tudo de novo. Havia uma boa razão para tudo isso: era véspera de fim de férias e eu teria de retornar aos estudos, a um cotidiano de estudante de engenharia que deixava pouco para a vadiagem. Era prova atrás de prova, equação atrás de equação, projeto atrás de projeto e não tínhamos tempo para assimilar o próprio crescimento.

Íamos os quatro em silêncio porque só um ficaria em Ituiutaba. Os demais, cada um para seu canto. E, apesar da amizade, nesse interim, nessa brecha entre duas férias, não nos falávamos. Não tínhamos sequer o telefone um do outro. A internet ainda seria inventada. Era proposital o barulho dentro do carro: Kreator devia nos silenciar. Teófilo Braga devia nos silenciar. Cruz e Sousa devia nos silenciar.

Até que a música acaba e um zunido transpõe nosso mutismo. “O quê?”. Não, ninguém disse nada. Sabíamos que a partir dali, a coisa pioraria. Aos poucos, nos aproximaríamos do diploma, aos poucos aceitaríamos um emprego sabe-se lá onde, aos poucos construiríamos nosso futuro, sem muita escolha. E assim, família, trabalho e responsabilidades destruiriam nossa amizade. Talvez, se houvesse entre nós um que fosse perseverante, esse destino não seria tão impiedoso assim. Talvez, se houvesse um que fosse aquilo a que chamamos de “elo”. Talvez, se houvesse um que exigisse de todos um compromisso qualquer. Mas não havia.

Por isso o carro deslizava pelas ruas quase desertas no fim de tarde de uma cidade pequena e estávamos em silêncio. Só a cabeça tentava decifrar o que Teófilo Braga, Cruz e Sousa e Kreator tinham em comum. Por que os três se embaralhavam, se revezavam em meu pensamento. Queria gritar para pararmos, para descermos do Fusca e nos sentarmos na praça. E antes de nos ajeitarmos nos bancos, eu desejava pedir a todos um abraço. Que nos abraçássemos, os quatro. Que nos disséssemos que a vida era boa e nossa amizade indestrutível. Que arrumaríamos um tempo para nos encontrarmos em um feriado qualquer. Que seríamos sempre quem sempre fomos. Que escreveríamos cartas uns aos outros. Que. Que. Que. Mesmo que fosse mentira.

Postado por HD

15/o2/2017

 

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